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PROBLEMA VIRA SOLUÇãO - Automotive Business

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<strong>Automotive</strong><br />

ABRIL 2012<br />

ano 4 • número14<br />

mercedes-benz<br />

•ECOSPORT REINAUGURA<br />

A FORD EM CAMAÇARI<br />

• NOVO FIAT SIENA CRESCE<br />

NA ONDA DO MERCADO<br />

• NOVA lINhA DE lEVES<br />

ERA SEGREDO NA MAN<br />

• UM FÓRUM QUE ACABOU<br />

COM MESMICES DO SETOR<br />

problema vira solução<br />

Saiba como o preSidente Jürgen Ziegler comandou a tranSformação<br />

de JuiZ de fora em uma daS fábricaS de caminhõeS maiS produtivaS do<br />

mundo e devolveu o fôlego que faltava à marca alemã


índice<br />

24 MATÉRIA DE CAPA | MERCEDES-BENZ<br />

<strong>PROBLEMA</strong> <strong>VIRA</strong><br />

SOLUÇÃO<br />

Saiba como o presidente Jürgen Ziegler<br />

comandou a transformação de Juiz de Fora<br />

em uma das fábricas de caminhões<br />

mais produtivas do mundo e devolveu<br />

o fôlego que faltava à marca alemã<br />

8 ALTA RODA<br />

MOTORES DE 1 LITRO EM QUEDA<br />

O mercado anda meio de lado<br />

12 PONTO DE VISTA<br />

NOVO REGIME AUTOMOTIVO<br />

Boas intenções. E os resultados?<br />

16 MÁQUINAS AGRÍCOLAS<br />

MUDANÇAS NOS VENTOS<br />

Cenário de crescimento zero<br />

18 NOVO PORTAL<br />

AUTOMOTIVE BUSINESS<br />

COMO CONQUISTAR OS NAVEGADORES<br />

20-22 CAMINHÕES<br />

METRO-SCHACMAN<br />

Fábrica em Pernambuco<br />

JAC & NAVISTAR<br />

Acordo para o Brasil<br />

SHIYAN YUNLIHONG<br />

Planta em Camaquã (RS)<br />

DAF CAMINHÕES<br />

Caparelli desenvolve rede<br />

FOTON AUMARK<br />

Merluzzi assume operação<br />

30 MAN LA<br />

REVOLUÇÃO EM RESENDE<br />

Phevos e fábrica nova


34 FÓRUM<br />

AUTOMOTIVE BUSINESS<br />

VIDA NOVA EM EVENTOS<br />

DA INDÚSTRIA<br />

42 CAMAÇARI 2.0<br />

ECOSPORT REINAUGURA FORD<br />

Nova fase, sem Marcos de Oliveira<br />

48 ESTRATÉGIA<br />

CITROËN NA VITRINE DO LUXO<br />

A força da marca premium<br />

54 GRAND SIENA<br />

A CONQUISTA DO ESPAÇO<br />

Sedã cresce na onda do mercado<br />

60 AUTOMEC PESADOS<br />

EM MARCHA LENTA<br />

Feira do aftermarket não decola<br />

62 MONTADORA<br />

HONDA ESPANTA MÁ FASE<br />

Sumaré de volta aos trilhos<br />

64 AGRALE<br />

A ORDEM É CRESCER<br />

Montadora emplaca 50 anos<br />

70 PRÊMIO GM<br />

SUPPLIER OF THE YEAR<br />

CSN foi melhor fornecedora<br />

76 MERCADO<br />

IMPLEMENTOS MUDAM DIREÇÃO<br />

Alcides Braga assume a Anfir<br />

77 PRÊMIO ZF<br />

EMPRESA RECONHECE ALIADAS<br />

Grupo incentiva a inovação<br />

79<br />

FUNDIÇÃO<br />

TUPY DESAFIA LÓGICA<br />

Em blocos, é a maior do mundo<br />

80 ELETRÔNICA VEICULAR<br />

NOVIDADES A BORDO<br />

Regime automotivo populariza atrações<br />

87 EDUCAÇÃO EXECUTIVA<br />

CORRIDA À ESCOLA<br />

Instituições promovem capacitação<br />

90<br />

COBIÇA<br />

O CLÁSSICO<br />

Acessórios não tão dispensáveis<br />

<strong>Automotive</strong>BUSINESS • 5


EDITORIAL<br />

6 • <strong>Automotive</strong>BUSINESS<br />

Paulo Ricardo Braga<br />

Editor<br />

paulobraga@automotivebusiness.com.br<br />

EM TEMPO DE GOOGLE E<br />

FACEBOOK, O QUE ELUCUBRAR<br />

PARA CONQUISTAR VOCÊ?<br />

Criamos novidades para colocar você em conexão com a indústria<br />

automobilística. Elucubramos. Foi assim com o III Fórum <strong>Automotive</strong><br />

<strong>Business</strong>, que aplicou dose extra de networking para exorcizar a<br />

mesmice dos eventos do setor e ganhou recorde de participantes.<br />

Editora de portal, revista, newsletter, webTV e fóruns, <strong>Automotive</strong><br />

<strong>Business</strong> tem a responsabilidade de oferecer marcos seguros para decisão e<br />

planejamento. “Todas as informações estão disponíveis sem que as pessoas<br />

tenham de pagar por isso. Trabalhamos para que tudo aconteça como<br />

resultado da receita publicitária obtida com práticas saudáveis”, diz a diretora<br />

de marketing Paula Braga.<br />

O portal www.automotivebusiness.com.br, que acaba de estrear, depois<br />

da quarta reformulação, evidencia essa realidade e incorpora ferramentas atuais,<br />

como compartilhamento de notícias e vídeos. Links que não correm atrás dos<br />

visitantes permitem a aquisição de livros. A mídia digital dá acesso à revista<br />

impressa, que aponta para a digital por meio de QRcodes.<br />

O portal <strong>Automotive</strong> <strong>Business</strong> é o 8.902 o mais visitado do País, segundo<br />

o Alexa Traffic Rank (27 de abril). Nada mau para um website especializado<br />

que recebe por dia 9.500 a 10.500 visitas de profissionais relacionados à<br />

indústria automobilística. “O número vai crescer, com a incorporação da<br />

webTV ao portal”, garante Paula Braga. O portal é jovem, de 1999, mas muito<br />

possivelmente é o site de economia e negócios do setor automotivo com o<br />

maior número de leitores do Brasil, com 1,2 milhão de pageviews em abril.<br />

Cada visitante dedicou dez minutos, em média, à busca de informações.<br />

O sistema tornou-se interativo, recebendo comentários dos leitores. Uma<br />

newsletter é disparada diariamente a 25 mil interessados, que podem acessar<br />

o mesmo conteúdo pelo celular em formato especial (m.automotivebusiness.<br />

com.br) incluindo vídeos. Seis jornalistas, uma dezena de colunistas e duas<br />

dezenas de colaboradores abastecem o noticiário, suprido também pela<br />

Agência Estado. O Portal AB e seu novo projeto são dirigidos por Paula<br />

Braga. O noticiário é coordenado por Pedro Kutney e Paulo Braga (editores),<br />

Giovanna Riato (subeditora e editora da ABTV) e os repórteres Mário Cúrcio,<br />

Sueli Reis e Camila Franco, ao lado de Thais Celestino e Marcos Ambroselli,<br />

responsáveis pela captação de imagens e edição das entrevistas e programas.<br />

Até a próxima edição.<br />

REVISTA<br />

www.automotivebusiness.com.br<br />

Editada por <strong>Automotive</strong> <strong>Business</strong>, empresa<br />

associada à All Right! Comunicação Ltda.<br />

Tiragem de 12.000 exemplares, com<br />

distribuição direta a executivos de fabricantes<br />

de veículos, autopeças, distribuidores,<br />

entidades setoriais, governo, consultorias,<br />

empresas de engenharia, transporte e logística<br />

e setor acadêmico.<br />

Diretores<br />

Maria Theresa de Borthole Braga<br />

Paula Braga Prado<br />

Paulo Ricardo Braga<br />

Editor<br />

Paulo Ricardo Braga<br />

(Jornalista, MTPS 8858)<br />

Redação<br />

Camila Franco, Giovanna Riato, Mário<br />

Curcio, Paulo Ricardo Braga, Pedro Kutney e<br />

Sueli Reis<br />

Colaboradores desta edição<br />

Camila Boff, Fernando Calmon, Jairo Morelli,<br />

Luciana Duarte, Natalia Gómez, Rosa<br />

Symanski, Stephan Keese<br />

Design e diagramação<br />

Ricardo Alves de Souza<br />

Fotografia, produção e capa<br />

Estúdio Luis Prado<br />

Tel. 11 5092-4686<br />

www.luisprado.com.br<br />

Publicidade<br />

Paula B. Prado<br />

Carina Costa<br />

Greice Ribeiro<br />

Monalisa Naves<br />

Atendimento ao leitor,<br />

CRM e database<br />

Josiane Lira<br />

Fernanda Luchetti<br />

Comunicação e eventos<br />

Carolina Piovacari<br />

Media Center e WebTV<br />

Marcos Ambroselli<br />

Thais Celestino<br />

Impressão<br />

Margraf<br />

Distribuição<br />

ACF Acácias, São Paulo<br />

Redação e publicidade<br />

Av. Iraí, 393, conjs. 51 a 53, Moema,<br />

04082-001, São Paulo, SP,<br />

tel. 11 5095-8888<br />

redacao@automotivebusiness.com.br


ALTA RODA<br />

Fernando Calmon é<br />

jornalista especializado na<br />

indústria automobilística<br />

fernando@calmon.jor.br<br />

Leia a coluna Alta Roda<br />

também no portal<br />

<strong>Automotive</strong> <strong>Business</strong>.<br />

patrocinadora<br />

8 • <strong>Automotive</strong>BUSINESS<br />

luis prado<br />

MOTORES DE 1 LITRO<br />

EM QUEDA<br />

o<br />

mercado automo ­<br />

bilístico este ano<br />

continua, ainda,<br />

andando meio de lado e há<br />

algumas explicações para<br />

isso. Primeiramente porque<br />

a base comparativa<br />

com o mesmo período do<br />

ano passado é muito elevada.<br />

O primeiro semestre do<br />

ano passado mostrou crescimento<br />

de 10% nas vendas<br />

em relação a 2010, enquanto<br />

no segundo semestre<br />

já havia estagnação.<br />

O segundo ponto – e<br />

mais importante – deve­<br />

­se ao aumento da inadimplência<br />

(passou de 3% para<br />

5,5% em atrasos nos pagamentos<br />

superiores a 90<br />

dias). Tal fenômeno tornou<br />

bancos mais seletivos ao<br />

liberar novos créditos, em<br />

especial para os chamados<br />

modelos de entrada<br />

ou de menor preço. Esse<br />

indicador demora um pouco<br />

para recuar. O devedor<br />

só sai da lista de inadimplentes<br />

depois de renegociar<br />

e liquidar os atrasados,<br />

mesmo que volte a<br />

pagar em dia de imediato.<br />

Existe, no entanto, outro<br />

aspecto menos avaliado.<br />

Desde o início do ano<br />

o governo federal vem falando<br />

em queda de juros<br />

nos financiamentos em<br />

geral. Ora, quem compra<br />

carro a prestações adia<br />

sua decisão, na esperança<br />

de poder pagar menos.<br />

Embora os juros do CDC<br />

(crédito direto ao consumidor)<br />

no ramo de veículos<br />

estejam entre os mais<br />

baixos, qualquer mudança<br />

tem potencial de impacto<br />

positivo sobre o mercado.<br />

Se uma prestação cai de<br />

R$ 500,00 para R$ 450,00,<br />

mantido o prazo do empréstimo,<br />

agrega milhares<br />

de novos compradores.<br />

Fenômeno interessante,<br />

dentro do quadro atual,<br />

é a contínua queda de<br />

participação dos motores<br />

de 1 litro de cilindrada nas<br />

vendas totais, que se aprofunda<br />

em 2012. A coluna,<br />

em seus 13 anos de publicação,<br />

sempre chamou<br />

a atenção para o favorecimento<br />

tributário errado<br />

para essa motorização. Ela<br />

nasceu de modo tortuoso<br />

no governo Collor de Mello<br />

em 1990, três anos antes<br />

do advento do “carro popular”.<br />

Aliás, o precursor<br />

foi exatamente o Fusca, no<br />

governo Itamar, que só tinha<br />

motor de 1,6 litro...<br />

A legislação levou a sérias<br />

distorções de mercado,<br />

a ponto de em 2001 os<br />

carros equipados com motor<br />

de 1 litro responderem<br />

por 71% das vendas. Houve<br />

uma geração de brasileiros<br />

que se arrastavam em estradas<br />

e subidas por ser induzido<br />

a comprar um automóvel<br />

inadequado nas relações<br />

peso/potência e pe­<br />

so/torque. O cenário só começou<br />

a mudar a partir de<br />

2002, quando se estreitou<br />

a diferença de IPI e a “preferência”<br />

começou a cair<br />

lentamente. Em março último,<br />

a participação desses<br />

motores caiu para apenas<br />

40%, recorde de baixa.<br />

Há razões para isso, inclusive<br />

as dificuldades relatadas<br />

com financiamentos<br />

e o aumento do poder<br />

aquisitivo. Mas o comprador<br />

também se convenceu<br />

de que perde pouco (ou<br />

nada, na maioria dos casos)<br />

em termos de economia<br />

de combustível e ganha<br />

muito em prazer ao dirigir,<br />

se fugisse dos motores<br />

pequenos e inadequados<br />

aos carros e suas condições<br />

de uso.<br />

Ao governo caberia corrigir<br />

esses erros do passado.<br />

Há espaço, sim, para<br />

motores de baixa cilindrada,<br />

desde que conjugados<br />

a pesos e propostas<br />

de veículos coerentes.<br />

O consumo normatizado<br />

seria o melhor critério das<br />

alíquotas do IPI, em substituição<br />

à cilindrada. Caberia<br />

à engenharia e à criatividade<br />

técnica estabelecer<br />

a melhor relação entre<br />

preço final, desempenho e<br />

economia. Bastaria lançar<br />

mão de recursos modernos:<br />

turbocompressor, injeção<br />

direta de combustível<br />

e novos materiais.


fROTA nacional de veículos<br />

atingiu quase 35 milhões<br />

de unidades, ao final<br />

de 2011, segundo estatísticas<br />

do Sindipeças,<br />

incluindo automóveis e<br />

comerciais leves e pesados.<br />

São 5,5 habitantes/<br />

veículo, semelhante à Argentina,<br />

mas atrás do México.<br />

Somam­se, ainda,<br />

11,6 milhões de motos.<br />

Números mais confiáveis<br />

que os do Denatran, que<br />

despreza o sucateamento.<br />

DEPOIS de três anos<br />

no mercado, o City 2013<br />

recebeu retoques em para­choques,<br />

grades e lanternas<br />

traseiras. Em algumas<br />

versões, novas rodas.<br />

Freios ABS estão agora<br />

em toda a linha. Tanque<br />

de combustível passou de<br />

42 para 47 litros. A Honda<br />

também enxugou o<br />

número de versões e, afirma,<br />

manteve preços médios<br />

inalterados.<br />

DUSTER tem avançado<br />

nas vendas, pelo menos<br />

enquanto novos concorrentes<br />

não chegam, pela<br />

relação preço/benefício<br />

muito boa. Estilo pode<br />

se discutir, mas proposta<br />

é honesta, no dia a<br />

dia, com posição alta ao<br />

volante típica de SUV. Sai<br />

bem equipado de série.<br />

Opção de câmbio automático<br />

de quatro marchas<br />

e seleção manual<br />

vai bem, apesar de limitações<br />

de projeto.<br />

divulgação<br />

PARA a BMW o novo regime<br />

da indústria automobilística<br />

exige outras avaliações<br />

de médio e longo prazos.<br />

A marca alemã não deseja<br />

abrir mão de ter fabricação<br />

local. Legislação faz<br />

algumas exigências que<br />

impactam os custos e o<br />

volume dos investimentos.<br />

Movimentos de concorrentes<br />

diretos, como Mercedes­Benz<br />

e Audi, também<br />

entram nessas conjeturas.<br />

MAHINDRA pretende<br />

fazer produto mais adaptado<br />

ao Brasil, quando decidir<br />

anunciar seu investimento<br />

em unidade industrial<br />

no Rio Grande do Sul.<br />

Além de reformulação estilística,<br />

em relação ao<br />

existente na Índia, já sabe<br />

que o brasileiro gosta de<br />

modelos robustos, mas<br />

não abre mão de conforto<br />

de marcha. Nisso, nossa<br />

engenharia de suspensões<br />

dá bailes.<br />

cRUZE Sport6 engrossa<br />

disputa entre hatches médios­compactos,<br />

de visual<br />

tão atual como o do Peugeot<br />

308. Espaço interno igual ao<br />

do sedã Cruze, mesmo motor<br />

de 1,8 l/144 cv, câmbio manual<br />

ou automático de seis marchas<br />

e até teto solar na versão<br />

de topo LTZ. Suspensões<br />

e direção muito bons.<br />

Preços, puxados por equipamentos,<br />

de R$ 64.900 a<br />

R$ 79.400, limitarão vendas.<br />

VERSA apresenta estilo algo<br />

controverso. No entanto,<br />

destaca espaço interno,<br />

motor adequado e preço<br />

realmente diferenciado,<br />

pelo que oferece, a partir<br />

de R$ 35.590. Redução de<br />

oferta em função das cotas<br />

de automóveis me xicanos<br />

atrapalhará planos da<br />

Nissan. Incomodam bancos<br />

dianteiros de assentos curto<br />

demais, incompatíveis<br />

com a proposta de modelo<br />

espaçoso.<br />

FERnAnDO CALMOn<br />

RODA VIVA<br />

NãO fOI AcIDENTE –<br />

Para quem deseja acompanhar<br />

debates sobre<br />

embriaguez ao volante<br />

e assinar petição pública<br />

há um site bem estruturado:www.naofoiacidente.org.Participa<br />

de redes sociais (Facebook<br />

e Twitter). Iniciativas<br />

desse naipe são bem­<br />

­vindas para engajar pessoas<br />

por mais segurança<br />

no trânsito.<br />

RAcIONALIZAR o número<br />

de versões foi a estratégia<br />

da Mercedes­Benz<br />

para seu roadster SLK enfrentar<br />

o aumento do IPI.<br />

Antes havia três opções,<br />

agora só a de R$ 249.990<br />

e, mais adiante, a AMG<br />

sob encomenda. Fábrica<br />

espera redução próxima a<br />

50% na comercialização<br />

de 2012 em relação a 2011.<br />

Ano passado compras foram<br />

antecipadas para fugir<br />

do imposto.<br />

<strong>Automotive</strong>BUSINESS • 9


PONTO DE VISTA | Stephan keeSe<br />

A INDÚSTRIA<br />

GANHA<br />

TEMPO PARA<br />

SE REINVENTAR<br />

E ATINGIR<br />

CAPACIDADE<br />

DE COMPETIR<br />

SUPERIOR<br />

À ATUAL<br />

Stephan KeeSe é<br />

sócio-diretor da Roland Berger<br />

www.automotivebusiness.com.br/<br />

rolandberger_abril2012.pdf<br />

12 • <strong>Automotive</strong>BUSINESS<br />

NOVO REGIME<br />

AUTOMOTIVO. BOAS<br />

INTENÇÕES, MAS COM<br />

BONS RESULTADOS?<br />

Nos últimos anos<br />

ocorreu um boom<br />

na indústria automotiva<br />

brasileira com o<br />

qual muitos sonharam por<br />

décadas, mas que poucos<br />

realmente acreditaram<br />

que ocorreria. Apenas<br />

entre 2008 e 2011, o crescimento<br />

do mercado chegou<br />

a incríveis 25%, de 2,7<br />

milhões para 3,5 milhões<br />

de veículos. Mas, infelizmente,<br />

a produção local<br />

não foi capaz de avançar<br />

na mesma velocidade.<br />

O aumento dos custos<br />

de produção, combinado<br />

ao fortalecimento do real,<br />

tornou as exportações<br />

para fora do Mercosul virtualmente<br />

impossíveis ou,<br />

ao menos, muito pouco<br />

lucrativas. Enquanto<br />

a produção local para exportação<br />

diminuiu, montadoras<br />

globais começaram<br />

a aproveitar os baixos<br />

custos de produção de algumas<br />

regiões para satisfazer<br />

o grande apetite dos<br />

consumidores brasileiros<br />

por novos veículos. Ao final,<br />

a evolução da produção<br />

local não chegou a alcançar<br />

nem metade do<br />

aumento das vendas, com<br />

uma média de 10% entre<br />

2008 e 2010, de 2,9 milhões<br />

para 3,2 milhões de<br />

veículos.<br />

Quando as montadoras<br />

chinesas e coreanas,<br />

suportadas por seus governos,<br />

começaram a aumentar<br />

o foco no Brasil,<br />

o novo regime automotivo<br />

foi implementado para<br />

fortalecer a indústria automotiva<br />

brasileira e impedir<br />

a crescente quantidade de<br />

veículos importados, que<br />

em 2011 corresponderam<br />

a 24% do volume de emplacamentos<br />

no País.<br />

O fortalecimento da indústria<br />

nacional em relação<br />

aos demais países é a<br />

ideia-chave por trás do capitalismo<br />

e de economias<br />

modernas. Como exemplo,<br />

a indústria automotiva<br />

coreana baseou-se em um<br />

esforço simultâneo de um<br />

seleto grupo de empresas<br />

locais e do governo. Esse<br />

arranjo foi claramente suportado<br />

por uma agenda<br />

conjunta e um plano estratégico.<br />

Acompanhada<br />

de pesadas barreiras comerciais<br />

para proteger as<br />

então frágeis empresas locais,<br />

essa cooperação fo-<br />

cou em investimentos tecnológicos<br />

de longo prazo<br />

para fortalecer a capacidade<br />

local e elevar a competitividade<br />

global da recémnascida<br />

indústria.<br />

A situação atual no Brasil<br />

é muito diferente, já<br />

que a indústria é madura<br />

e as empresas, globais.<br />

E, com certeza, nenhuma<br />

das montadoras<br />

presentes no País necessita<br />

de proteção para desenvolver<br />

novas tecnologias<br />

automotivas. Estas<br />

companhias apenas têm<br />

pouco interesse ou incentivo<br />

para oferecer tecnologias<br />

e equipamentos de<br />

ponta nos veículos brasileiros<br />

a preços competitivos.<br />

Por que não? Bom, a<br />

existência de barreiras comerciais<br />

e de altas taxas<br />

de importação auxiliando<br />

a manter afastadas modernas<br />

e bem equipadas<br />

plataformas globais vêm à<br />

mente. Esta situação soa<br />

familiar?<br />

Com o novo regime automotivo,<br />

o governo brasileiro<br />

está retomando um<br />

modelo ultrapassado que,<br />

por si só, pode ser prejudicial<br />

ou até mesmo fa-


tal para sua indústria: protecionismo.<br />

Para provar<br />

meu ponto, vamos analisar<br />

os principais objetivos<br />

e critérios do novo decreto<br />

do regime automotivo.<br />

Com certeza, um dos<br />

objetivos é fortalecer a indústria<br />

local e incentivar<br />

o consumidor a comprar<br />

veículos brasileiros. Para<br />

isto, o governo elevou o IPI<br />

em 30 pontos porcentuais<br />

e concedeu uma redução<br />

para veículos que sejam<br />

produzidos atendendo<br />

cinco diferentes critérios –<br />

cuja maioria força as montadoras<br />

a atingir nível de<br />

conteúdo local muito alto,<br />

presumidamente 50-55%<br />

medidos sobre o total de<br />

despesas com materiais.<br />

escala<br />

Este fator vai em direção<br />

completamente oposta às<br />

práticas atuais da indústria<br />

automotiva, que busca<br />

fornecedores globais<br />

para alavancar vantagens<br />

de custos nacionais e,<br />

mais importante, ampliar<br />

as economias de escala.<br />

O Brasil é um país caro<br />

para produzir, considerando<br />

o crescente custo da<br />

mão de obra, o alto custo<br />

de matéria-prima, de energia<br />

e logística e um complexo<br />

e caro sistema tributário,<br />

além de uma pesada<br />

burocracia. A única consequência<br />

lógica de um<br />

elevado nível de conteúdo<br />

local em um país com<br />

altos custos é o progresso<br />

do preço dos componentes<br />

e, ao final, avanço<br />

do custo do produto final.<br />

Com o aumento do preço<br />

dos veículos, a indústria<br />

automotiva deverá repensar<br />

seu sonho de vender<br />

5 milhões ou 6 milhões de<br />

unidades por ano.<br />

O segundo objetivo das<br />

novas medidas é o estímulo<br />

a investimentos. Para incentivar<br />

as montadoras a<br />

produzir localmente, pelo<br />

novo decreto, o governo demanda<br />

que dez de 12 processos<br />

sejam realizados localmente<br />

– o que implica<br />

que praticamente todo o<br />

veículo precisa ser fabricado<br />

no Brasil, incluindo a estamparia,<br />

a soldagem e a<br />

montagem do próprio veículo,<br />

do motor, do chassi e<br />

até mesmo da transmissão.<br />

Estas demandas até poderão<br />

ser facilmente atingidas<br />

pelas líderes do mercado,<br />

em virtude dos significativos<br />

volumes de produção,<br />

mas para uma nova montadora<br />

é praticamente impossível<br />

desenvolver um<br />

plano de negócios que suporte<br />

o investimento em uma<br />

nova fábrica.<br />

Vamos assumir que uma<br />

montadora premium muito<br />

conhecida esteja interessada<br />

em investir no<br />

País com a produção, em<br />

longo prazo, de 50 mil unidades<br />

por ano. Para este<br />

volume, não é economicamente<br />

viável localizar nem<br />

o motor, nem a (complexa)<br />

transmissão, nem a<br />

estamparia. A localização<br />

de todos estes processos<br />

tornaria os veículos muito<br />

mais caros do que os atuais<br />

importados, mesmo<br />

Critério de Conteúdo regional<br />

considerando o aumento<br />

do IPI. Consequentemente,<br />

este critério impede<br />

investimentos adicionais<br />

que não apenas trariam<br />

tecnologias de ponta ao<br />

Brasil, mas também criariam<br />

empregos adicionais.<br />

Pelo mesmo raciocínio,<br />

até montadoras muito<br />

maiores enfrentarão problemas<br />

para atender ao<br />

requisito de localizar uma<br />

parte significativa de seus<br />

investimentos em pesquisa<br />

e desenvolvimen-<br />

, regulação automotiva no BraSil<br />

Fonte: Roland Berger<br />

1) De acordo com as expectativas Sindipeças (associação de fornecedores)<br />

Fonte: Roland Berger<br />

<strong>Automotive</strong>BUSINESS • 13


PONTO DE VISTA | Stephan keeSe<br />

to, uma vez que precisam<br />

olhar para suas estratégias<br />

de P&D e de organização<br />

por uma perspectiva global,<br />

não podendo considerar<br />

preferências locais de<br />

cada país.<br />

eMPReGO<br />

Um objetivo final do novo<br />

decreto automotivo é proteger<br />

empregos locais.<br />

Considerando este critério<br />

e os custos reais de produção<br />

no País, é incerto<br />

como isto poderá ser atin-<br />

, Critério de inveStimento p&d<br />

Critério de proCeSSoS<br />

14 • <strong>Automotive</strong>BUSINESS<br />

gido – não é segredo para<br />

ninguém que a maioria das<br />

montadoras e fornecedores<br />

presentes no Brasil sofre<br />

de sérios problemas de<br />

rentabilidade, decorrentes<br />

de uma combinação do aumento<br />

dos custo de mão de<br />

obra e de baixos índices de<br />

produtividade e automação.<br />

A principal resposta para que<br />

a indústria possa compensar<br />

o avanço nos custos causado<br />

pelo novo decreto automotivo<br />

será automação, o que sempre<br />

custa empregos.<br />

A melhor forma de assegurar<br />

o nível de emprego<br />

na indústria automotiva<br />

no longo prazo é assegurar<br />

que o crescimento da produção<br />

nacional seja motivado<br />

por produtos competitivos<br />

tanto no mercado<br />

local quanto no global. E,<br />

para isto, uma economia<br />

não precisa de protecionismo,<br />

mas sim de uma<br />

estratégia.<br />

cOMPetitividade<br />

É exatamente este planeja-<br />

Fonte: Roland Berger<br />

Fonte: Roland Berger<br />

mento que precisa ser desenvolvido<br />

agora para que<br />

seja possível aproveitar os<br />

próximos cinco anos do<br />

novo regime automotivo,<br />

reduzir os custos de produção<br />

da indústria automotiva<br />

e elevar os níveis de<br />

competência e tecnologia<br />

das empresas nacionais e<br />

internacionais presentes no<br />

Brasil. Ele precisa ser criado<br />

em conjunto entre o governo,<br />

a indústria e as associações<br />

de classe e terá de<br />

compatibilizar vantagens e<br />

desvantagens entre todas<br />

as partes. Pela redução do<br />

custo da mão de obra, do<br />

suporte e do incentivo a<br />

novos investimentos e automação<br />

e do desenvolvimento<br />

de importantes polos<br />

tecnológicos, o Brasil<br />

ainda poderá tirar um grande<br />

proveito de sua importante<br />

história de produção<br />

automotiva.<br />

Em resumo, o novo regime<br />

automotivo não é<br />

de todo mau. Ele dá à indústria<br />

o tempo necessário<br />

para que ela se reinvente<br />

e possa atingir um nível<br />

de competitividade global<br />

superior ao atual. No entanto,<br />

se esta oportunidade<br />

não for aproveitada e<br />

suportada por uma estratégia<br />

conjunta, este tempo<br />

terá sido perdido e o Brasil<br />

continuará sendo o que é<br />

hoje – um enorme mercado<br />

interno desconectado<br />

do resto do mundo. Vamos<br />

impedir que isto ocorra e<br />

trabalhar juntos para tornar<br />

o País um importante<br />

player no mercado automotivo<br />

mundial. n


MÁQUINAS AGRÍCOLAS<br />

MUDANÇAS NOS VeNTOs<br />

CENÁRIO É DE CRESCIMENTO ZERO NAS VENDAS EM 2012<br />

Os bons ventos que pairavam<br />

sobre o campo do mercado<br />

brasileiro de máquinas<br />

agrícolas parecem agora soprar com<br />

menos intensidade. Após registrar em<br />

2010 o segundo melhor ano em vendas<br />

ao atacado, com 68,4 mil unidades,<br />

perdendo apenas para o desempenho<br />

de 1976 (80,2 mil), as primeiras projeções<br />

da Anfavea para 2012 apontam<br />

que o mercado deve consumir em princípio,<br />

o mesmo volume de 2011, que<br />

ficou em 65,3 mil novas máquinas. O<br />

cenário de crescimento zero nas vendas<br />

ainda assim seria positivo, segundo Milton<br />

Rego, vice-presidente da entidade.<br />

O resultado negativo no primeiro trimestre,<br />

cuja queda foi de 3,3% sobre<br />

mesmo período de 2011, não desanimou<br />

o setor. “Apesar de negativo, é um<br />

desempenho dentro do esperado para<br />

este ano. A partir de abril começam as<br />

vendas mais acentuadas em tratores, o<br />

que geralmente ocorre até outubro, por<br />

causa da sazonalidade”, explica.<br />

milTON regO, vice-presidente da<br />

Anfavea na área de máquinas agrícolas<br />

16 • <strong>Automotive</strong>BUSINESS<br />

sueli reis<br />

O segmento de tratores continuará<br />

impulsionando o mercado, mesmo<br />

com o menor ritmo das vendas por<br />

meio dos programas de fomento à<br />

agricultura familiar, como o Mais Alimentos,<br />

observado principalmente nas<br />

regiões Sul e Sudeste.<br />

A AGCO, grupo líder no mercado<br />

de tratores e dona das marcas Massey<br />

Ferguson e Valtra, espera repetir<br />

o patamar do ano passado. O diretor<br />

comercial da Massey Ferguson,<br />

Carlito Eckert, projeta encerrar 2012<br />

com os mesmos 30% de participação,<br />

com vendas semelhantes a 14 mil tratores<br />

e 700 colheitadeiras de 2011.<br />

O gerente comercial da Valtra, Luiz<br />

Cambuhy, informa que a expectativa<br />

é positiva, apesar de a forte estiagem<br />

na região Sul ter atingido as vendas<br />

no primeiro trimestre, mas aposta no<br />

potencial das regiões Norte, Nordeste<br />

e Centro-Oeste do País. A marca projeta<br />

entregar 12 mil tratores este ano<br />

e ampliar sua participação de 5% para<br />

7% no mercado de colheitadeiras,<br />

algo como 265 unidades.<br />

Já para o segmento de pesados do<br />

setor, Eckert lembra do impulso das linhas<br />

de financiamento para os médios<br />

e grandes produtores, como o programa<br />

PSI Agrícola, que tem mobilizado<br />

a maior parte dos negócios do setor.<br />

“Com a recente renovação do programa<br />

até dezembro de 2013, anunciado<br />

pelo governo no pacote do Brasil Maior,<br />

o produtor rural poderá programar seus<br />

investimentos e viabilizar um crescimento<br />

em produtividade fomentado<br />

por máquinas mais modernas e que<br />

propiciem menores índices de perda.”<br />

EXPORTAÇÕES<br />

Enquanto o mercado interno torce para<br />

que tudo continue como está, o cenário<br />

para as exportações se revela ainda<br />

mais desafiador. Por enquanto, a Anfavea<br />

estima que as vendas externas também<br />

encerrem 2012 com mesmo volume<br />

do ano passado, 18,4 mil unidades.<br />

Contudo, Rego alertou que o País continua<br />

enfrentando dificuldades com a<br />

Argentina, por causa das restrições às<br />

importações e liberação das licenças.<br />

No ano passado, o país vizinho foi responsável<br />

por 57% da queda das vendas<br />

ao exterior, revelou o vice-presidente da<br />

Anfavea. “Nossa previsão inicial é de<br />

que não haverá queda nas exportações<br />

este ano. Entretanto, se a situação com<br />

a Argentina não se regularizar, vamos<br />

ter de trabalhar com um cenário de<br />

queda para 2012.”<br />

O gerente de exportações da Valtra,<br />

Roberto Mauro Marques, aponta outros<br />

fatores que devem afetar os negócios<br />

além das fronteiras, principalmente na<br />

América Latina, região que ocupa a pri


meira posição em importância para as<br />

exportações do segmento. “Existe um<br />

reflexo da seca, que atingiu as regiões<br />

brasileiras e os países vizinhos como<br />

Uruguai, Bolívia e especialmente o Paraguai,<br />

que deve ter uma redução de<br />

até 40% em seu mercado de tratores.<br />

Vemos também o Chile com redução<br />

no seu mercado de tratores pela crise<br />

europeia, por ter uma economia totalmente<br />

aberta. Com isto deve ocorrer<br />

uma redução do mercado com relação<br />

a 2011, mas esperamos manter o patamar<br />

de volume de 2011 auxiliado pelas<br />

possibilidades na Venezuela.”<br />

Fora da América Latina, o País também<br />

enfrenta problemas, conforme relata<br />

Milton Rego. As máquinas nacionais<br />

vêm perdendo espaço nos Estados Unidos,<br />

segundo mercado em importância.<br />

“Nossa falta de competitividade tem re-<br />

duzido o porcentual de participação no<br />

mercado norte-americano pelo menos<br />

nos últimos seis anos, e perdemos para<br />

matrizes europeias e para empresas instaladas<br />

na Índia e Turquia.”<br />

Também por falta de competitividade,<br />

as vendas têm caído na África,<br />

terceiro principal mercado consumidor<br />

de máquinas agrícolas produzidas no<br />

Brasil. Porém, segundo o representante<br />

da Anfavea, ainda há alguma expectativa<br />

positiva com relação ao continente,<br />

que está aderindo ao programa Mais<br />

Alimentos, numa iniciativa do Ministério<br />

do Desenvolvimento Agrário (MDA) brasileiro<br />

com países como Gana, Zimbábue,<br />

Moçambique, Senegal e Quênia.<br />

“Esperamos que esta seja a oportunidade<br />

para a retomada dos produtos brasileiros<br />

na África”, conclui. n<br />

<strong>Automotive</strong>BUSINESS • 17


NOVO PORTAL | AUTOMOTIVE BUSINESS<br />

8.902 O PORTAL ELUCUBRA<br />

PARA SER O PRIMEIRO<br />

O<br />

portal <strong>Automotive</strong> <strong>Business</strong> reestreia<br />

com novidades, como a possibilidade<br />

de compartilhar notícias e vídeos e a<br />

comodidade de aquisição de livros em links que<br />

não correm atrás dos visitantes. Especializado<br />

em mercado, negócios, marketing e lançamentos<br />

da indústria automobilística, o website www.<br />

automotivebusiness.com.br privilegia as notícias<br />

mais importantes do dia e a análise de colunistas.<br />

Todas as seções foram remodeladas e ampliadas,<br />

com espaços dedicados a lançamentos de<br />

veículos, estatísticas, projeções, calendário de<br />

eventos e publicações relevantes ao setor. As<br />

entrevistas e programas da ABwebTV ganharam<br />

nova seção, com mais opções de acesso.<br />

Com o novo sistema, a interatividade avança<br />

para receber comentários dos visitantes, tendo<br />

18 • <strong>Automotive</strong>BUSINESS<br />

AUTOMOTIVE BUSINESS TORNA-SE<br />

INTERATIVO E PERMITE COMPARTILHAR<br />

NOTÍCIAS E VÍDEOS. DESCUBRA<br />

OUTRAS BOAS NOVIDADES<br />

o editor o papel de eliminar interveniências<br />

julgadas descabidas. O sistema de busca<br />

também ganhou destaque e agilidade. Ficou<br />

melhor a paginação dos artigos dos colunistas,<br />

as estatísticas, o quem é quem que organiza<br />

executivos e empresas, a agenda de eventos, as<br />

estatísticas e forecasts.<br />

Uma newsletter diária, originada das notícias<br />

do portal, é enviada a 25 mil assinantes que<br />

optam pelo recebimento gratuito. É possível<br />

ter acesso às mesmas informações pelo celular<br />

(no endereço m.automotivebusiness.com.br),<br />

incluindo vídeos.<br />

O Portal AB e seu novo projeto é coordenado<br />

por Paula Braga, diretora de <strong>Automotive</strong> <strong>Business</strong><br />

e apresentadora da ABwebTV. A equipe editorial<br />

é formada pelo diretor (e fundador) Paulo Ricardo<br />

Braga, o editor Pedro Kutney, a subeditora Giovanna<br />

Riato e editora da ABwebTV, e os repórteres Mário<br />

Curcio, Sueli Reis e Camila Franco. A ABwebTV<br />

conta ainda com Thais Celestino e Marcos<br />

Ambroselli, responsáveis pela captação de imagens e<br />

edição das entrevistas e programas.<br />

PREFERÊNCIA DOS NAVEGADORES – <strong>Automotive</strong> <strong>Business</strong><br />

figura como 8.902 o website mais visitado do País no<br />

Alexa Traffic Rank (em 27 de abril). Nada mau para um portal<br />

especializado, que recebe 9.500 a 10.500 acessos de profissionais<br />

da indústria automobilística por dia. No ar desde<br />

março de 1999, é muito possivelmente o site de economia<br />

e negócios do setor automotivo com o maior número de leitores<br />

no Brasil. O volume de páginas acessadas (pageviews)<br />

chegou a 1,2 milhão em abril e cada visitante utilizou, em<br />

média, 10 minutos na busca. “O número vai crescer, com a<br />

incorporação da ABwebTV ao portal”, garante a diretora de<br />

marketing de <strong>Automotive</strong> <strong>Business</strong>, Paula Braga.


CAMINHÕES<br />

METRO-SCHACMAN CONFIRMA<br />

FÁBRICA EM PERNAMBUCO<br />

A<br />

Metro-Schacman, importadora<br />

de caminhões chineses<br />

fabricados pela Shaanxi Heavy<br />

Duty, escolheu Pernambuco para<br />

erguer a primeira fábrica da marca<br />

no Brasil. João Comelli, diretor de<br />

produto e sócio da empresa, informa<br />

que serão investidos US$ 600 milhões<br />

para construir um parque industrial,<br />

com cinco unidades fabris, até o fim<br />

de 2013. “O complexo produzirá motores<br />

e transmissões da marca Weihai<br />

e ainda caminhões e ônibus chineses,<br />

além de equipamentos para construção<br />

civil”, detalha.<br />

No acordo firmado entre as partes,<br />

a Metro-Schacman aplicará US$ 294<br />

milhões, utilizando capital próprio e de<br />

possíveis investidores; os US$ 306 milhões<br />

restantes serão recursos dos próprios<br />

parceiros chineses. Inicialmente,<br />

a planta brasileira montará em sistema<br />

CKD (partes desmontadas, importadas<br />

da China) cerca de 2 mil unidades/<br />

ano, entre conjuntos e caminhões extrapesados”,<br />

revela o executivo.<br />

No início de abril, a Metro-Schacman<br />

desembarcou no Porto do Re-<br />

20 • <strong>Automotive</strong>BUSINESS<br />

LUCiANA DUARtE<br />

cife, na capital pernambucana, um<br />

segundo lote com 99 caminhões chineses.<br />

Segundo Comelli, os veículos<br />

serão comercializados em 16 concessionárias<br />

da marca. “Desde janeiro<br />

aguardávamos esses caminhões para<br />

iniciar a operação no País”, diz. O empresário<br />

justifica o atraso pela espera<br />

do governo federal em sancionar o<br />

Decreto 7.567, que criou o novo regime<br />

automotivo, com a concessão<br />

de crédito de IPI, só a partir de 2013,<br />

para empresas que decidirem fabricar<br />

veículos no País. “No fim das contas<br />

chegamos à conclusão que mesmo<br />

sob o impacto do decreto e do<br />

aumento do imposto em 30 pontos<br />

porcentuais a operação é rentável”,<br />

garante Comelli.<br />

A cada dois meses, o executivo pretende<br />

importar 200 caminhões para<br />

abastecer a central de distribuição localizada<br />

em Pernambuco. O Porto do<br />

Recife deverá receber 1,2 mil caminhões<br />

em um ano de operação. Para<br />

agilizar a comercialização de seus<br />

produtos, a Metro-Schacman promoveu<br />

reestruturação na área comercial.<br />

Um novo diretor, Francisco Frare, que<br />

atuou na área de pós-venda na Iveco,<br />

assumiu a função no lugar de João<br />

Capussi.<br />

A importadora vai comercializar três<br />

opções de cavalos mecânicos: o carro-chefe<br />

no País será o TT 420 6×4,<br />

indicado para tracionar combinações<br />

de veículos de carga, e as opções TT<br />

385 6×4 e TT 385 4×2. Durante a<br />

Fenatran, em outubro passado, Comelli<br />

confirmou que a marca chinesa<br />

importará os modelos LT 385 6×4<br />

LorryTruck (cabine e chassi) e o DT<br />

385 6×4 DumpTruck (basculante),<br />

na opção de 420 cavalos, mas não<br />

informou uma data.<br />

Os caminhões Schacman são feitos<br />

sob encomenda na Shaanxi. O<br />

empresário já utiliza os veículos em<br />

seus negócios de construção civil<br />

e mineração em Angola, na África.<br />

Para atender à legislação brasileira de<br />

emissões estabelecida pelo Proconve<br />

P7 desde o início deste ano, os modelos<br />

importados chegam com motores<br />

Euro 5 fornecidos pela Cummins, que<br />

fez a validação no Brasil.


NAViStAR COMERCiALiZARÁ<br />

CAMiNHÕES JAC NO PAÍS<br />

urante o Salão International de Pequim (Auto Chi-<br />

Dna 2012), a Navistar International Corporation e<br />

a Anhui Jianghuai Automobile (JAC) anunciaram a<br />

assinatura de uma carta de intenção para novos negócios,<br />

que incluem a comercialização de caminhões<br />

leves e médios no Brasil. De acordo com o presidente<br />

e CEO da Navistar South America, Waldey Sanchez,<br />

por meio desta parceria a International Caminhões<br />

atuará em novos segmentos, ampliando seu portfólio<br />

de modelos de caminhões: “Na China, já temos<br />

uma parceria com a JAC para produção de motores<br />

diesel MaxxForce. Este novo entendimento expande a<br />

cooperação entre nossas empresas, trazendo novas<br />

oportunidades para a rede de concessionárias International<br />

Caminhões no Brasil.”<br />

SHiYAN YUNLiHONG tERÁ<br />

FÁBRiCA EM CAMAQUÃ (RS)<br />

fabricante chinesa de veículos comerciais Shiyan<br />

A Yunlihong, divisão da Dongfeng Motor Corporation,<br />

assinou protocolo com o governo do Rio Grande<br />

do Sul para instalar fábrica em Camaquã, com investimento<br />

de R$ 185 milhões. A presidente da montadora,<br />

Lian Bing Yun, prevê a montagem, em 2013, de<br />

comerciais leves e caminhões médios, com gradativa<br />

nacionalização de componentes. A operação industrial<br />

vai gerar 455 postos de trabalho.<br />

CAPARELLi VAi EStENDER A<br />

REDE DE DiStRiBUiÇÃO DAF<br />

L uiz Caparelli, novo diretor de desenvolvimento de<br />

concessionárias da DAF Caminhões do Brasil, pretende<br />

anunciar as primeiras nomeações ao longo de<br />

2012. “Queremos escolher 20 a 25 grupos econômicos<br />

para estruturar 120 revendas no País”, disse. A<br />

DAF Caminhões do Brasil investe US$ 200 milhões<br />

na construção de sua fábrica em Ponta Grossa, Paraná.<br />

A partir de 2013, a empresa comercializará os<br />

modelos XF e CF. Caparelli foi gerente de vendas da<br />

divisão de ônibus da Volvo para a América Latina. Iniciou<br />

a carreira na Engesa em 1982 e atuou na Subaru,<br />

Daihatsu, Kia Motors e BMW.


CAMINHÕES<br />

MERluzzI COMANDA<br />

FOtON NO BRASiL<br />

FÁBRICA DE CAMINHõES TERÁ CONTROlE DOS CHINESES<br />

A<br />

Foton Aumark<br />

do Brasil anunciou<br />

Orlando<br />

Merluzzi como vice-presidente<br />

de operações<br />

no País. O executivo<br />

de 49 anos, que terá<br />

participação societária<br />

na empresa, possui 26<br />

anos de experiência no<br />

setor automotivo, dos<br />

quais vinte foram dedicados<br />

ao segmento<br />

de caminhões, em<br />

atividades de planejamento,<br />

marketing,<br />

vendas e gestão de<br />

concessionárias. Engenheiro<br />

de produção e administrador<br />

de empresas, ele foi responsável até<br />

recentemente pelo desenvolvimento<br />

da rede da Iveco, onde permanceceu<br />

por seis anos, e terá como desafio fazer<br />

deslanchar a operação da marca<br />

chinesa, que possui matriz em Várzea<br />

Paulista, cidade próxima a São Paulo.<br />

Nos próximos meses o objetivo é ter<br />

uma dezena de concessionárias em<br />

operação para comercializar caminhões<br />

de 2,8 a 9 toneladas.<br />

rEdE dE dIStrIbuIdorES<br />

No auge da carreira, entusiasmado<br />

com o desafio de representar uma das<br />

maiores montadoras de caminhões<br />

do mundo (a Foton Motor Group, líder<br />

em vendas na China com mais de 700<br />

mil veículos/ano), Merluzzi recebeu o<br />

convite do presidente da empresa no<br />

País, Luiz Carlos Mendonça de Barros,<br />

e já está carregado de respon-<br />

22 • <strong>Automotive</strong>BUSINESS<br />

ORLANDO MERLUZZi, vicepresidente<br />

da Foton Aumark do Brasil<br />

sabilidades. Em entrevista exclusiva a<br />

<strong>Automotive</strong> <strong>Business</strong> ele revelou que<br />

tem como meta abrir 80 revendas até<br />

o final de 2016. “Em agosto vamos<br />

inaugurar a primeira em Guarulhos,<br />

seguida de outra em Alphaville”, conta.<br />

Ele projeta uma cobertura territorial<br />

gradual e sem atropelos.<br />

Trezentos e cinqüenta caminhões<br />

da marca já desembarcaram no Brasil<br />

e outros 400 devem chegar nos<br />

próximos meses para abastecer a<br />

rede. A importadora vai comercializar<br />

os semileves Aumark 1031 (3,4 t de<br />

PBT) e leves 1051 (6,5 t de PBT) e<br />

1089 (8,5 t de PBT). Merluzzi reconhece<br />

que superar os volumes da<br />

concorrência no disputado segmento<br />

de caminhões semileves, conhecido<br />

como de entrada, exige esforço<br />

para conquistar a preferência do<br />

transportador autônomo. “Esse mercado<br />

é varejo puro e a manobra que<br />

faremos é dar suporte<br />

ao cliente, principalmente<br />

no pós-venda.<br />

Outro diferencial é oferecer<br />

o Aumark 1031<br />

(3,4 t de PBT) com vários<br />

itens de série, algo<br />

que os concorrentes<br />

não fazem”, afirma.<br />

O executivo não informa<br />

os preços dos<br />

veículos, mas garante<br />

que os modelos serão<br />

oferecidos a valores<br />

competitivos, apesar<br />

do aumento em 30<br />

pontos porcentuais sobre<br />

os veículos importados.<br />

“Nossa expectativa é que o<br />

governo viabilize a entrada de novos<br />

investidores para a operação da Foton<br />

crescer”, diz. Ele espera comercializar<br />

os produtos por meio de bancos privados<br />

locais e instituições chinesas.<br />

“Ainda não temos detalhes, mas estou<br />

muito confortável em ofertar produtos<br />

de qualidade com motores Cummins<br />

e transmissões ZF, mundialmente reconhecidos”,<br />

completa.<br />

FÁbrICA EM 2016<br />

Sem revelar detalhes, Merluzzi garante<br />

que a Foton está de olho no<br />

País há muito tempo e iniciará a<br />

construção da fábrica de caminhões<br />

no Brasil em 2016. “O local ainda<br />

será definido”, diz. A Foton Aumark<br />

do Brasil passará a operar apenas<br />

como distribuidora – a produção<br />

será responsabilidade dos chineses.<br />

(Luciana Duarte) n


CAMINHÕES | MERCEDES-BENZ<br />

A PLANTA mineira foi reinaugurada<br />

em maio para produzir caminhões<br />

MERCEDES TRANSFORMA<br />

<strong>PROBLEMA</strong> EM sOLuçãO<br />

JUIZ DE FORA RENASCE COMO FÁBRICA DE CAMINHÕES,<br />

Em janeiro de 2010, quando<br />

sentou na cadeira de presidente<br />

da Mercedes-Benz do Brasil,<br />

Jürgen Ziegler tinha dois problemas<br />

importantes a resolver. O primeiro era<br />

a falta de capacidade de produção na<br />

cinquentenária fábrica da companhia<br />

em São Bernardo do Campo (SP),<br />

insuficiente para defender a já perdida<br />

liderança da marca no acelerado<br />

mercado brasileiro de caminhões. A<br />

outra questão era o que fazer com a<br />

ociosa planta de automóveis de Juiz<br />

24 • <strong>Automotive</strong>BUSINESS<br />

UMA DAS MAIS PRODUTIVAS DO MUNDO, E DEVOLVE<br />

À MARCA ALEMÃ O FÔLEGO QUE FALTAVA PARA<br />

ACOMPANHAR O CRESCIMENTO DO MERCADO<br />

PEDRO KuTNEY, DE JUIZ DE FORA, MG<br />

de Fora (MG), inaugurada em 1999,<br />

que em uma década de operação<br />

mal conseguiu preencher 20% de seu<br />

potencial de 70 mil unidades/ano,<br />

em uma sequência de tentativas e<br />

erros por onde passaram o Classe A<br />

(1999-2005), o Classe C (2001-2007)<br />

e o CLC (2007-2010). Ziegler convenceu<br />

então a matriz em Stuttgart, na<br />

Alemanha, a fazer do problema uma<br />

solução: transformar Juiz de Fora em<br />

fábrica de caminhões.<br />

Com o mundo desenvolvido em<br />

crise, antes de promover qualquer<br />

ampliação era necessário levantar<br />

recursos localmente. Assim, apenas<br />

dois meses depois de sua chegada ao<br />

Brasil, Ziegler apôs sua assinatura em<br />

um contrato de financiamento bilionário<br />

com o BNDES, no valor de R$ 1,2<br />

bilhão, que tornou possível o plano de<br />

investimento da companhia no Brasil<br />

de R$ 1,5 bilhão de 2010 a 2013 – o<br />

maior já feito por uma fabricante de<br />

caminhões no País. A ideia foi usar<br />

40% dos aportes para renovar total-


mente a linha de produtos e os outros<br />

60% para expandir a capacidade de<br />

produção em São Bernardo do Campo<br />

e transformar Juiz de Fora. O jogo<br />

estava feito. “Só com um programa<br />

arrojado de investimento poderíamos<br />

atender o crescimento do mercado e<br />

retomar a liderança”, disse Ziegler em<br />

várias ocasiões. Agora, ao completar<br />

32 anos de carreira no Grupo Daimler,<br />

o executivo começa a ver o plano frutificar<br />

em solo mineiro.<br />

Ao custo de R$ 450 milhões e um<br />

ano e meio de obras, a unidade de Juiz<br />

de Fora foi convertida em montadora<br />

de caminhões. Após uma década de<br />

incertezas, a reinauguração oficial foi<br />

em 3 de maio, com a presença de executivos<br />

da Daimler Trucks e autoridades<br />

governamentais, incluindo o mineiro<br />

Fernando Pimentel, ministro do Desenvolvimento.<br />

Mas a Mercedes-Benz<br />

começou a pagar o alto investimento<br />

feito desde o início de 2011, com a<br />

produção de cerca de 2 mil unidades<br />

dos caminhões Accelo (leve) e Actros<br />

(pesado) durante o primeiro trimestre.<br />

FÔLEGO RENOVADO<br />

Assim a planta de Juiz de Fora deixou<br />

para trás o estigma de “elefante<br />

Inaugurada em 1999, a<br />

unidade de Juiz de Fora não<br />

atingiu 20% do potencial de<br />

70 mil unidades/ano<br />

A planta produziu o<br />

CLAssE A (1999-2005), o<br />

CLAssE C (2001-2007)<br />

e o CLC (2007-2010)<br />

Ao custo de<br />

R$ 450 milhões<br />

e um ano e meio de obras, a<br />

unidade de Juiz de Fora foi<br />

convertida em montadora de<br />

caminhões. Quando estiver em<br />

plena carga, poderá fazer até<br />

50 mil veículos/ano em três<br />

turnos – este ano deve fazer<br />

12 mil, sendo 9 mil Accelo<br />

e 3 mil Actros<br />

fERNANDO PiMENTEL, à esquerda<br />

de Ronald Linsmayer, assiste a uma<br />

demonstração sobre lean manufacturing<br />

Só COM UM<br />

PROGRAMA<br />

ARROJADO DE<br />

INVESTIMENTO<br />

PODERíAMOS<br />

ATENDER O<br />

CRESCIMENTO DO<br />

MERCADO E RETOMAR<br />

A LIDERANçA<br />

JüRgEN ZiEgLER, presidente da<br />

Mercedes-Benz do Brasil<br />

branco” e renasce como exemplo de<br />

eficiência e produtividade, ao replicar<br />

as melhores práticas mundiais de manufatura<br />

em cada uma das etapas de<br />

montagem, além de criar processos<br />

inovadores capazes de reduzir significativamente<br />

os custos de fabricação.<br />

Mais importante: a unidade mineira<br />

fornece agora à Mercedes-Benz do Brasil<br />

o fôlego de capacidade produtiva de<br />

caminhões que começava a faltar em<br />

<strong>Automotive</strong>BUSINESS • 25


CAMINHÕES | MERCEDES-BENZ<br />

São Bernardo do Campo, que em 2011<br />

passou perto do teto de 80 mil unidades/ano<br />

– isso sem colocar na conta<br />

os chassis de ônibus, eixos, câmbios e<br />

motores também fabricados na planta<br />

do ABC paulista, ocupada por operações<br />

industriais quase na totalidade de<br />

seu milhão de metros quadrados.<br />

Quando estiver a plena carga, Juiz<br />

de Fora poderá fazer até 50 mil veículos/ano<br />

em três turnos – este ano deve<br />

fazer 12 mil, sendo 9 mil Accelo e 3 mil<br />

Actros. Com isso, ganha importância<br />

capital na estratégia da empresa para<br />

acompanhar e liderar o aumento da<br />

demanda por caminhões no mercado<br />

brasileiro e em 45 países da América<br />

Latina. Em um mercado estimado<br />

de 300 mil caminhões/ano a partir de<br />

2015, a Mercedes-Benz sozinha poderá<br />

dar conta de quase metade, com capacidade<br />

para 130 mil unidades/ano.<br />

E, se for necessário, também há<br />

ainda muito espaço para crescer em<br />

Minas Gerais, pois as instalações industriais<br />

de 170 mil metros quadrados<br />

são uma pequena fração do terreno de<br />

2,8 milhões de metros quadrados, dos<br />

quais 50% ainda podem ser ocupados<br />

por prédios e pátios – o restante é área<br />

de preservação ambiental, com Mata<br />

Atlântica intocada.<br />

“A decisão de investir aqui está diretamente<br />

ligada às perspectivas de<br />

forte expansão econômica no Brasil.<br />

Este país tem enorme potencial de<br />

crescimento sustentável nos próximos<br />

anos, deverá precisar de muitos caminhões<br />

nos setores agropecuário, de<br />

mineração e construção civil”, confia<br />

Ronald Linsmayer, vice-presidente de<br />

operações no Brasil e COO da Daimler<br />

América Latina. “Em 20 anos, de 1983<br />

a 2003, nossa média de produção em<br />

São Bernardo foi de 38 mil veículos/<br />

ano. Em 2004, quando chegamos a<br />

49 mil, achamos que era um pico anormal.<br />

Não era. O volume continuou a<br />

avançar ano após ano até os 80 mil de<br />

2011. Chegamos ao limite lá e vimos<br />

26 • <strong>Automotive</strong>BUSINESS<br />

A DECISÃO DE<br />

INVESTIR AQUI ESTÁ<br />

DIRETAMENTE LIGADA<br />

ÀS PERSPECTIVAS DE<br />

FORTE ExPANSÃO<br />

ECONÔMICA<br />

NO BRASIL<br />

RONALD LiNsMAYER,<br />

vice-presidente de operações da<br />

Mercedes-Benz do Brasil<br />

uma oportunidade em Juiz de Fora,<br />

onde já tínhamos instalações, espaço<br />

para ampliações e mão de obra qualificada”,<br />

justifica o chefe de operações.<br />

Antes de começar a operação, durante<br />

quase um ano em que a fábrica passou<br />

pela conversão, 400 empregados da<br />

linha de produção mineira passaram por<br />

treinamento em São Bernardo para fazer<br />

caminhões e 50 foram para Wörth, na<br />

Alemanha, onde aprenderam a montar<br />

o Actros. Na volta, eles atuaram como<br />

multiplicadores de conhecimento.<br />

9 MiL ACCELO devem ser<br />

produzidos em Juiz de Fora este ano<br />

Hoje Juiz de Fora conta com 900<br />

funcionários, trabalhando em um<br />

só turno. Este número já chegou a<br />

1,5 mil quando o Classe A era feito<br />

lá, em ritmo sempre muito abaixo<br />

da capacidade instalada. A empresa<br />

prefere não adiantar suas necessidades<br />

de contratações futuras, mas a<br />

placa de “admite-se” pode em breve<br />

ser colocada outra vez na porta da fábrica,<br />

que tem potencial para empregar<br />

mais de 2 mil pessoas se produzir<br />

em capacidade máxima de 50 mil<br />

unidades/ano – e algumas centenas<br />

mais em caso de expansão. Ao que<br />

tudo indica, produtividade e esperança<br />

estão de volta à fábrica mineira da<br />

Mercedes-Benz.<br />

“Com Juiz de Fora e as ampliações<br />

que fizemos em São Bernardo, nos preparamos<br />

para crescer com o mercado”,<br />

afirmou Ziegler, lembrando da importância<br />

do Brasil na estratégia global de<br />

crescimento da Daimler Trucks. O País se<br />

transformou no segundo maior mercado<br />

da marca de caminhões Mercedes-Benz.<br />

Para Ziegler, retomar a liderança virou<br />

questão de honra: “Se possível, vamos fazer<br />

isso amanhã”, costuma brincar, com<br />

o tom sério dos alemães.


OPORTUNIDADES PARA FORNECEDORES<br />

MAxION, SEEBER E RANDON SÃO PARCEIROS ESTRATéGICOS NO SITE DA MONTADORA<br />

EM JUIZ DE FORA, MG, MAS HÁ OUTROS A CAMINHO<br />

Existem ainda poucos fabricantes de autopeças conectados<br />

à produção da fábrica de Juiz de Fora, MG, mas desde<br />

o primeiro dia da operação a Mercedes-Benz tratou de trazer<br />

para os galpões 101 e 102, dentro do terreno da fábrica,<br />

quatro fornecedores estratégicos para a montagem de<br />

caminhões: a Maxion, que faz a junção das longarinas no<br />

local e entrega as estruturas dos chassis prontas para montagem;<br />

a Seeber, que pinta peças plásticas; a Randon, que<br />

executa a pré-montagem de agregados (como pedaleiras<br />

e radiadores, por exemplo), e a Grammer, fabricante de<br />

bancos. Também aqui há muito espaço para ampliações<br />

e outros parceiros, pois os quatro ocupam pouco mais da<br />

metade dos 36 mil metros quadrados dos dois galpões.<br />

“Por enquanto é o suficiente”, diz Ronald Linsmayer,<br />

vice-presidente de operações no Brasil e COO da Daimler<br />

América Latina. “Mas é claro que essa busca por fornecedores<br />

precisa avançar e nós com eles, até porque vamos<br />

aumentar muito o índice de nacionalização do Actros (dos<br />

25% atuais a meta é atingir 60% até o fim de 2014).” Ele<br />

conta que já existem conversações avançadas com um fa-<br />

A MAxiON faz a junção das longarinas e<br />

entrega os chassis prontos para montagem<br />

bricante de bancos, suprimento ideal para ter ao lado da<br />

linha de produção, pois a logística de transporte de itens<br />

volumosos é sempre mais complicada e improdutiva.<br />

A ideia é ter integração máxima com a unidade de São Bernardo<br />

do Campo (SP), compartilhando parceiros já existentes.<br />

Linsmayer ressalta que não necessariamente todos precisarão<br />

ficar dentro da área da fábrica, como os três que já chegaram.<br />

“Muitos galpões industriais estão sendo construídos<br />

em toda a região, que poderão abrigar futuros fornecedores.”<br />

O executivo afirma que a estratégia é manter a manufatura<br />

100% sob responsabilidade da Mercedes-Benz. “É<br />

nosso core business, assegura nossa qualidade, é um diferencial<br />

para a marca”, enfatiza – é a antítese do sistema<br />

modular adotado pela Volkswagen Caminhões e Ônibus<br />

(hoje MAN Latin America), no qual os fornecedores participam<br />

intimamente da produção dos veículos. Operações de<br />

pré-montagem de componentes são compartilhadas com<br />

fornecedores (como é o caso dos três instalados na fábrica),<br />

mas a Mercedes não abre mão da montagem final.<br />

Logística, manutenção e serviços são terceirizados.<br />

<strong>Automotive</strong>BUSINESS • 27


CAMINHÕES | MERCEDES-BENZ<br />

ZiEgLER e Linsmayer: em Juiz de<br />

Fora, o fôlego que faltava à marca<br />

A<br />

fábrica da Mercedes-Benz em<br />

Juiz de Fora (MG) é hoje um<br />

curioso exemplo de green field<br />

(planta que nasce do zero) criada em<br />

cima de uma brown field (unidade já<br />

construída). Isso porque fazer caminhões<br />

é bastante diferente de produzir carros.<br />

Assim, com exceção de paredes e tetos,<br />

tudo teve de ser reconstruído. Alguns<br />

dos equipamentos de pintura (principalmente<br />

o prédio, a parte mais cara dessa<br />

instalação) e robôs de soldagem foram<br />

reaproveitados, mas a maior parte do<br />

maquinário foi trocada. Com isso, as<br />

mais modernas e eficientes tecnologias<br />

de manufatura puderam ser introduzidas.<br />

Ronald Linsmayer, vice-presidente de<br />

operações no Brasil e COO da Daimler<br />

América Latina, ao falar da nova linha de<br />

produção, não esconde o sorriso de engenheiro<br />

que ganhou todos os “brinquedos”<br />

que queria. “Começamos do zero<br />

um projeto que agora serve de referência<br />

global para o grupo. Em 18 meses<br />

criamos aqui a mais moderna fábrica<br />

de caminhões do mundo”, comemora.<br />

“Quando decidimos transformar Juiz de<br />

Fora em fábrica de caminhões (2010),<br />

começamos a buscar as melhores práticas<br />

mundiais nas melhores unidades de<br />

produção, os benchmarks.”<br />

Segundo o executivo, foram avaliados<br />

e comparados, em cada planta visitada,<br />

conceitos de logística, tecnologia,<br />

manutenção, verticalização, produção e<br />

até custos fixos e remuneração dos empregados.<br />

“Analisamos tudo, juntamos<br />

28 • <strong>Automotive</strong>BUSINESS<br />

e adaptamos para criar aqui o melhor<br />

dos mundos em uma fábrica limpa”,<br />

conta. Ainda não está tudo pronto em<br />

Juiz de Fora: a pintura começa a funcionar<br />

no segundo semestre e a linha<br />

de armação (soldagem), com alto grau<br />

de robotização, deve ficar pronta no<br />

começo de 2013. A planta só não terá<br />

estamparia – essas partes continuam a<br />

ser feitas em São Bernardo do Campo,<br />

SP, na Alemanha ou por fornecedores.<br />

Por enquanto, as cabines do leve Accelo<br />

e do pesado Actros chegam inteiras<br />

e já pintadas, entrando diretamente na<br />

montagem final, única etapa do processo<br />

que funciona plenamente até agora.<br />

No horizonte de nove meses à frente,<br />

a produção será acelerada substancialmente<br />

com a chegada das carrocerias<br />

completamente desmontadas.<br />

“Hoje, transportamos muito ar dentro<br />

das cabines inteiras (são acomodadas<br />

seis por carreta no caso do Accelo).<br />

Um caminhão poderá trazer muito<br />

mais suprimento acomodando as peças<br />

soltas”, diz Linsmayer.<br />

Quando as desvantagens logísticas<br />

tiverem sido superadas, a Mercedes-<br />

-Benz terá uma das mais eficientes<br />

fábricas do mundo. “Ainda não conseguimos<br />

fechar todas as contas, estamos<br />

analisando, mas com todos os<br />

processos mais produtivos que introduzimos<br />

já dá para dizer que os custos<br />

de produção em Juiz de Fora são dois<br />

dígitos porcentuais menores do que<br />

em São Bernardo”, diz o executivo.<br />

A MATRiZ alemã endossou soluções<br />

inéditas, com sistema puxado just in<br />

sequence, surpreendente organização da<br />

manufatura e AGVs na linha de montagem<br />

JUIZ DE FORA,<br />

O MELHOR DOs MuNDOs<br />

No caso do Actros, o modelo só<br />

tem 25% de nacionalização e quase<br />

tudo vem da Alemanha. O objetivo é<br />

atingir o índice de 60% até 2014, fundamental<br />

para que possa ser financiado<br />

no Brasil com as taxas atrativas<br />

do BNDES Finame. Enquanto isso não<br />

acontece, as partes desmontadas do<br />

modelo extrapesado chegam ao porto<br />

do Rio de Janeiro e seguem de trem para<br />

um porto seco perto da fábrica, onde<br />

são desembaraçadas e vão para a montagem.<br />

No futuro, essa linha de trem<br />

poderá ter um ramal dentro da unidade<br />

industrial, facilitando a logística.<br />

Já o Accelo é quase 90% nacional,<br />

mas por enquanto a maioria dos itens<br />

vem de São Bernardo, a 500 quilômetros<br />

de distância por rodovia. Portanto,<br />

parece mais difícil trazer os componentes<br />

nacionais do Accelo do que os importados<br />

do Actros.<br />

SOLUÇÕES INÉDITAS<br />

Ao avaliar só o que já funciona, é notória<br />

a modernidade da fábrica mineira da<br />

Mercedes-Benz. Tudo é muito limpo e<br />

claro, não há estoques e sobra espaço<br />

para futuras expansões. Os componentes<br />

chegam “puxados” por sistema computadorizado<br />

de pedidos, just in time e<br />

just in sequence, no momento certo e<br />

na quantidade/especificação exatas. As<br />

peças chegam às linhas de maneira sequenciada<br />

em bandejas para o operador,<br />

o que evita perda de tempo ou erros na<br />

escolha do componente a montar.


Juiz de Fora é a primeira fábrica de caminhões<br />

do mundo a usar AGVs (sigla<br />

de Automated Guided Vehicles) em quase<br />

todo o trajeto da linha de montagem<br />

final. São 36 carrinhos-robôs elétricos<br />

que se autoconduzem por indução magnética,<br />

guiados por uma trilha no chão<br />

– e se alguém passar na frente eles param<br />

automaticamente. Os AGVs rodam<br />

dentro dos canais de produção levando<br />

chassis e cabines, substituindo com<br />

enormes vantagens produtivas as tradicionais<br />

esteiras rolantes ou teleféricos.<br />

“Na linha de arrasto, quando há algum<br />

problema é preciso parar tudo até resolver.<br />

Com o AGV, basta puxar a peça para<br />

fora e o resto continua fluindo”, explica<br />

um empolgado Linsmayer ao apontar os<br />

carrinhos rodando pela fábrica, observado<br />

de perto com um sorriso por Jürgen<br />

Ziegler, presidente da Mercedes-Benz do<br />

Brasil e CEO da Daimler América Latina.<br />

Foi ele quem convenceu a matriz a pagar<br />

pela ideia pouco ortodoxa. “Quando<br />

dissemos que ia ser tudo com AGVs, o<br />

pessoal nos olhou de maneira estranha”,<br />

brinca Ziegler.<br />

Outra inovação está no controle de<br />

qualidade. As auditorias são realizadas<br />

em três pontos durante a montagem,<br />

antes da inspeção final. “Com isso, os<br />

erros não passam adiante, quando fica<br />

mais difícil fazer correções no veículo já<br />

montado. Se precisar, tiramos o AGV da<br />

linha. Aqui as unidades têm de chegar<br />

perfeitas ao fim da linha, sem necessidade<br />

de mandar para um ponto de reparo”,<br />

explica Linsmayer.<br />

QUALIDADE<br />

Em toda a extensão dos canais de montagem,<br />

telas informam em tempo real o<br />

volume produzido, a meta para o dia e<br />

a situação naquela hora. Também são<br />

informadas as metas de qualidade em<br />

contraste com os resultados das auditorias<br />

para cada modelo em tempo real,<br />

na forma de defeitos críticos encontrados<br />

por veículo pronto – pelo que foi possível<br />

constatar, ambos os números são sempre<br />

inferiores a um por unidade. “Para resolver<br />

qualquer problema é preciso saber<br />

que eles existem”, lembra Ziegler.<br />

Pode até parecer um “parque de diversões”<br />

da engenharia de manufatura,<br />

mas a planta Juiz de Fora foi pensada<br />

para apagar (e pagar) o passado de<br />

prejuízos com muita produtividade em<br />

cada detalhe – e assim atender aos anseios<br />

por retorno do investimento dos<br />

membros da direção e do conselho da<br />

companhia. Agora a fábrica faz o que o<br />

mercado quer comprar, de forma rápida<br />

e eficaz, com capacidade que, a partir de<br />

2014, poderá chegar a 50 mil unidades/<br />

ano, em três turnos de trabalho. n


caminhões<br />

Enquanto a Mercedes-Benz reconstruía<br />

moderna e produtiva<br />

unidade de Juiz de Fora, MG,<br />

para recuperar preciosos pontos perdidos<br />

no mercado de caminhões,<br />

a MAN colocava em marcha plano<br />

igualmente poderoso para revigorar<br />

a operação centrada em Resende,<br />

no sul-fluminense. A estratégia<br />

passa pela construção de<br />

um parque de fornecedores e<br />

um centro logístico, já anunciados,<br />

mas a surpresa está no<br />

lançamento de uma família de<br />

caminhões leves, conhecida internamente<br />

na empresa como<br />

Phevos, em desenvolvimento<br />

na Alemanha.<br />

No fechamento desta edição,<br />

o pacote passava por retoques<br />

e por negociações finais com o<br />

30 • <strong>Automotive</strong>BUSINESS<br />

ROBERTO CORTES<br />

COMANDA A<br />

REVOLUÇÃO DA<br />

MAN LA EM RESENDE<br />

VEM Aí UM pACOtE DE NOViDADES<br />

pARA MULtipLiCAR A CApACiDADE<br />

DE pRODUÇÃO: O pARqUE DE<br />

fORNECEDORES, O CENtRO LOgíStiCO,<br />

UMA LiNhA DE CAMiNhõES LEVES E<br />

pOSSíVELMENtE UMA NOVA fábRiCA<br />

paulO RiCaRdO BRaga e pEdRO kuTnEy<br />

governo do Estado do Rio de Janeiro<br />

visando à ampliação da unidade de<br />

Resende. Encerrado o ciclo de investimentos,<br />

que receberá mais do que<br />

o R$ 1 bilhão prometido até 2016, a<br />

empresa terá capacidade para montar<br />

quase cem mil veículos comerciais<br />

por ano. Como referência da expres-<br />

COMplEXO da<br />

MAN LA em Resende<br />

são desse volume, em 2011, ano de<br />

recordes, o País fabricou 172.902 caminhões<br />

e 34.672 chassis de ônibus.<br />

LEAN DE NOVO<br />

Com a fábrica de Resende, RJ, congestionada<br />

em 2011, uma das preocupações<br />

da MAN Latin America era<br />

abrir espaço para o diretor de<br />

produção e logística, Adilson<br />

Dezoto, reorganizar a manufatura<br />

dentro dos princípios lean<br />

que caracterizaram o Consórcio<br />

Modular desde o início das<br />

operações, há pouco mais de<br />

quinze anos. A montadora estava<br />

empenhada também em<br />

ganhar área extra para estruturar<br />

as linhas de montagem dos<br />

caminhões extrapesados MAN<br />

que fazem a estreia no País.


REpRESEnTanTES da Man la, Meritor, Randon e Suspensys deram a partida à construção do parque<br />

de fornecedores que permitirá desafogar as linhas de montagem do consórcio modular em Resende<br />

A resposta a essas duas questões<br />

veio com o lançamento da pedra<br />

fundamental das novas instalações<br />

da Meritor e Suspensys no Parque de<br />

Fornecedores, que logo terá também<br />

a presença da Maxion e, em nova<br />

etapa, dos demais parceiros que operam<br />

dentro da fábrica do Consórcio<br />

Modular e terão unidades extras para<br />

racionalizar o atendimento das linhas<br />

de montagem.<br />

Apesar do recuo nas vendas de<br />

caminhões no primeiro trimestre de<br />

2012, que diminuiu o ritmo nas linhas<br />

de montagem em Resende, a decisão<br />

de avançar na implantação do parque,<br />

próximo à fábrica, é irreversível, já que<br />

a MAN precisa ganhar fôlego para a<br />

nova cartada no mercado brasileiro,<br />

que inclui significativo aumento de<br />

capacidade produtiva e o lançamento<br />

da família de veículos leves.<br />

FORNECEDORES<br />

A cerimônia que deu partida ao parque<br />

de fornecedores, em terreno do polo<br />

industrial da região, levou a Resende<br />

o presidente mundial da Meritor, Chip<br />

McClure; David Abramo Randon, presidente<br />

da Randon; Silvio Barros, diretor<br />

geral da Meritor para a América do<br />

Sul; Timothy Bowes, presidente mundial<br />

da divisão de caminhões Meritor; e<br />

Erino Tonon, vice-presidente de operações<br />

da Randon.<br />

Antes do lançamento da pedra fundamental,<br />

os representantes das duas<br />

empresas estiveram reunidos no escritório<br />

da MAN, no Jabaquara, em São<br />

Paulo, para analisar a evolução do projeto,<br />

que terá aporte de R$ 85 milhões<br />

e deve trazer receita de R$ 1 bilhão por<br />

ano às duas parceiras. “Os aportes no<br />

empreendimento serão somados aos<br />

nossos investimentos diretos de R$ 1<br />

bilhão entre 2012 e 2016 para ampliação<br />

das operações no País e construção<br />

do futuro centro logístico de vendas”,<br />

destacou Roberto Cortes, CEO<br />

da MAN Latin America.<br />

Meritor, Suspensys e Maxion<br />

contratarão 700 pessoas para as<br />

novas iniciativas e ficarão próximas da<br />

fábrica, facilitando a pré-montagem,<br />

logística e distribuição de peças para a<br />

linha de montagem dos caminhões e<br />

ônibus Volkswagen e dos extrapesados<br />

dEZOTO: desafio de recuperar<br />

os níveis de lean manufacturing<br />

<strong>Automotive</strong>BUSINESS • 31


CAMINHÕES<br />

CAmiNhõES<br />

32 • <strong>Automotive</strong>BUSINESS<br />

COnSÓRCiO MOdulaR<br />

monta caminhões MAN e VW<br />

MAN. A Maxion fará o fechamento dos<br />

quadros de chassis, cabendo à Meritor<br />

a montagem de eixos com cubos,<br />

freios e tambores para incorporação<br />

aos veículos. A Suspensys, joint venture<br />

entre Meritor e Randon, terá responsabilidade<br />

pela usinagem e montagem<br />

de cubos, tambores, freios e submontagem<br />

dos kits de suspensão.<br />

EXPORTAÇõES<br />

A MAN Latin America lidera há nove<br />

anos as vendas de caminhões acima<br />

de 5,5 toneladas de peso bruto total<br />

no País e reivindica o título de maior<br />

fabricante e exportadora desses produtos.<br />

A unidade de Resende é a base<br />

de suprimento de componentes e sistemas<br />

para as linhas de montagem da<br />

unidade de Querétaro, no México, e<br />

fornece conjuntos para os caminhões<br />

Constellation, com direção do lado direito,<br />

que são destinados ao mercado<br />

sul-africano. n


fábRiCA NOVA OU UM<br />

pUxADÃO pARA ExpANDiR A<br />

pRODUÇÃO NO CONSóRCiO<br />

MODULAR DE RESENDE?<br />

RObERtO CORtES DEixA NO AR pOSSíVEiS SiNERgiAS<br />

As implicações do projeto Phevos serão grandes em Resende, onde a MAN<br />

LA coordena o consórcio modular que fabrica os veículos das marcas<br />

Volkswagen e MAN. Com o início de produção dos caminhões extrapesados<br />

da marca MAN, o aperto na linha de montagem em Resende continua a crescer.<br />

E com a chegada dos veículos do projeto Phevos não é possível imaginar<br />

que possa faltar espaço na unidade atual para atender à demanda. Roberto<br />

Cortes já disse que há muita área disponível para ampliação das instalações<br />

atuais. Há dúvida sobre a construção de uma planta totalmente nova, ao lado<br />

da atual, ou a expansão com um “puxadinho” – no caso, um puxadão.<br />

O atual plano de investimento da MAN LA, de R$ 1 bilhão no período<br />

2012-2016, projeta a elevação da capacidade de Resende das atuais 82 mil<br />

unidades/ano para 100 mil. Contudo, Cortes quer chegar a esse nível já em<br />

2014, para atender à forte demanda prevista no Brasil e outros países sul-<br />

-americanos, por isso deve gastar os recursos antes do fim do programa.<br />

Também será preciso fazer frente à concorrência para sustentar a liderança<br />

de mercado, especialmente contra a Mercedes-Benz, que com a fábrica de<br />

Juiz de Fora (MG) operacional, eleva também em 2014 sua capacidade no<br />

País para perto de 130 mil caminhões/ano.<br />

<strong>Automotive</strong>BUSINESS • 33


FÓRUM aUtoMotive bUsiness<br />

FÓRMULAS PARA<br />

LIVRAR-SE DO<br />

IPI GORDO<br />

34 • <strong>Automotive</strong>BUSINESS


o III fórum dA IndústrIA AutomobIlístIcA foI um evento<br />

verde, cArbono zero, pArA AvAlIAr os cenárIos<br />

do regIme AutomotIvo. com feIrA de tecnologIA,<br />

três workshops de relAcIonAmento e dose extrA<br />

de networkIng, escApou dAs mesmIces de outros<br />

encontros do setor e bAteu recorde de pArtIcIpAntes<br />

<strong>Automotive</strong>BUSINESS • 35


FÓRUM aUtoMotive bUsiness<br />

O<br />

anúncio de regras complementares para o regime<br />

automotivo, à véspera do III Fórum da Indústria<br />

Automobilística, promovido por <strong>Automotive</strong> <strong>Business</strong><br />

em 9 de abril no majestoso Golden Hall, no complexo<br />

constituído pelo hotel Sheraton WTC e Shopping D&D, em<br />

São Paulo, provocou uma corrida para afinar o programa<br />

do encontro. Com as mudanças de impacto propostas para<br />

produção e comercialização de veículos, sob a regência do<br />

chamado IPI gordo, foi preciso redirecionar o tom das palestras<br />

e debates propostos aos convidados de montadoras,<br />

autopeças, consultorias, governo, Anfavea e Sindipeças.<br />

A mobilização dos organizadores<br />

para atualizar o programa foi acompanhada<br />

de um boom de inscrições<br />

na última hora, que levou ao recorde<br />

de 946 participantes e possivelmente<br />

ao maior evento do gênero no setor<br />

– sem contar o staff de 135 pessoas<br />

empenhado em estruturar o evento<br />

e os serviços de apoio, multimídia de<br />

última geração, sofisticada edição das<br />

imagens e uma alteração radical no<br />

projeto com um palco central, aproximando<br />

as duas áreas da plateia dos<br />

palestrantes. “Quisemos inovar e acredito<br />

que surpreendemos os participantes”,<br />

assegura Paula Braga Prado,<br />

diretora do fórum.<br />

“A arquitetura foi brilhante”, considerou<br />

o diretor de assuntos corporativos<br />

da JAC Motors, Eduardo Pincigher.<br />

“Foi tudo muito bem planejado, organizado<br />

e executado. Várias inovações<br />

trouxeram um toque muito especial”,<br />

relatou Alberto Rejman, diretor sênior<br />

de engenharia da General Motors, que<br />

levou cinco profissionais da sua equipe<br />

36 • <strong>Automotive</strong>BUSINESS<br />

“Antes de organizar<br />

nossos eventos,<br />

perguntamos aos leitores<br />

do portal <strong>Automotive</strong><br />

<strong>Business</strong> o que<br />

esperam deles”,<br />

revela a diretora de marketing,<br />

PAulA BRAGA PRADO<br />

AS PROPOSTAS INOVADORAS<br />

DO FÓRUM ATENDERAM<br />

AS EXPECTATIVAS DE MAIS DE 90%<br />

DOS PARTICIPANTES, PROVANDO<br />

QUE HÁ VIDA NOVA NOS<br />

EVENTOS DO SETOR<br />

para os workshops de relacionamento. “Foi muito gratificante<br />

participar de um evento de tão alto nível, bem organizado<br />

e com público de qualidade. Sem dúvida alguma, o fórum é<br />

hoje uma referência no setor automobilístico”, observou Renato<br />

Crespo, gerente executivo de suprimentos da Volkswagen<br />

na América do Sul.<br />

“Mais que propor uma arquitetura para mexer com a rotina<br />

dos participantes, o fórum tratou de propor um programa<br />

de alto nível para acabar com mesmice de simpósios e<br />

congressos do setor, recheados de fórmulas ultrapassadas”,<br />

disse Paula. A fórmula trouxe como ingredientes uma feira<br />

de produtos e tecnologias com 45 expositores,<br />

workshops de relacionamento<br />

para a cadeia de suprimentos, carreira<br />

profissional e inovação, pesquisa<br />

eletrônica em tempo real para colher a<br />

opinião dos participantes e um incentivo<br />

especial ao networking.<br />

As ações promocionais se multiplicaram,<br />

com ações como a presença da<br />

modelo Gianne Albertoni no estande da<br />

Bosch, e o sorteio de dezenas de equipamentos<br />

como tablets e netbooks.<br />

Para alguns expositores havia a preocupação<br />

extra de influenciar a eleição<br />

dos melhores cases do Prêmio REI, que<br />

reconhece as melhores iniciativas da indústria<br />

automobilísticas sob o ponto de<br />

vista da excelência e inovação.<br />

O IV Fórum <strong>Automotive</strong> <strong>Business</strong><br />

já tem data definida. Será em 1º de<br />

abril de 2013, também no Golden Hall<br />

WTC. “Quem gosta de inovação pode<br />

perfeitamente transformar um primeiro<br />

de abril em fator de surpresa”, garante<br />

Paula. “Vamos mostrar as verdades<br />

do setor.”


FÓRUM aUtoMotive bUsiness<br />

PESQUISA COM<br />

OS PARTICIPANTES<br />

MOSTROU<br />

QUE O NOVO<br />

PACOTE DARÁ<br />

APENAS FôLEgO<br />

PROVISÓRIO à<br />

INDúSTRIA<br />

pesqUisa<br />

Maílson da Nóbrega, ex-ministro da<br />

Fazenda e sócio-diretor da Tendências<br />

Consultoria, é um palestrante que empolga<br />

a plateia. Com desembaraço,<br />

transpira familiaridade com as nuances<br />

da economia e credibilidade – a<br />

mesma que sua empresa conquistou<br />

ao fazer projeções vencedoras sobre o<br />

comportamento da inflação, câmbio e<br />

evolução do PIB. A apresentação no<br />

fórum rendeu as melhores notas nas<br />

avaliações da audiência, interessada<br />

em compreender a evolução da economia<br />

e a nova etapa do regime automotivo,<br />

antecipada pelo governo em 4<br />

de abril, cinco dias antes do encontro<br />

promovido por <strong>Automotive</strong> <strong>Business</strong>.<br />

O providencial anúncio,<br />

conduzido com solenidade<br />

em Brasília como<br />

uma nova etapa do<br />

Plano Brasil Maior, provocou<br />

uma disparada<br />

nas inscrições para o fórum<br />

automotivo, atraindo<br />

diferentes players da<br />

cadeia de produção de<br />

componentes e veículos.<br />

Clayton Campanhola,<br />

diretor da ABDI,<br />

a Agência Brasileira<br />

de Desenvolvimento<br />

38 • <strong>Automotive</strong>BUSINESS<br />

industrial, foi indicado pela cúpula do<br />

Ministério do Desenvolvimento, Indústria<br />

e Comércio, para apresentar o novo<br />

pacote durante o evento.<br />

Na abertura do encontro, uma pesquisa<br />

eletrônica em tempo real mobilizou<br />

cerca de 380 votantes e apontou<br />

as expectativas dos participantes em<br />

relação à nova etapa do regime automotivo.<br />

Para 64,8% deles, as soluções<br />

para estimular a competitividade exigem<br />

urgência, mas devem ser analisadas<br />

sem precipitação e o governo<br />

deve buscar consenso com empresas<br />

e trabalhadores. As opiniões dividiram-<br />

-se quanto à melhor forma de promover<br />

esse diálogo: 34,9% aprovaram a<br />

instalação dos conselhos de competiti-<br />

PAulO CARDAmOne, diretor da IHS, e mARCOs<br />

lutz, CEO da Cosan: cenários para a indústria e o etanol<br />

letíCIA COstA, sócia-diretora da Prada: soluções<br />

propostas pelo governo foram pontuais e insuficientes<br />

vidade pelo governo, mas 45,6% acreditam<br />

que seria melhor substituir esse<br />

mecanismo por um diálogo direto do<br />

governo com entidades do setor.<br />

Para 71,2%, um maior grau de<br />

competitividade só virá com a soma<br />

de medidas conjunturais e uma reforma<br />

estrutural e 56,1% consideraram<br />

que o novo pacote dará apenas fôlego<br />

provisório à indústria, sem garantir<br />

maior poder de competir. Nem todos<br />

concordaram que as restrições às<br />

importações representam o melhor<br />

caminho para o setor: 49,7% das<br />

respostas aprovaram maior liberdade<br />

nas importações e no conteúdo local<br />

de autopeças.<br />

O novo pacote tenta passar a limpo<br />

o anterior, que resumia<br />

tentativas de defender a<br />

indústria local, sem mexer<br />

na essência dos problemas<br />

que travam o avanço do<br />

setor e os ganhos de competitividade.<br />

A segunda etapa<br />

do regime automotivo,<br />

contida na Medida Provisória<br />

563 e no Decreto 7.716,<br />

representa um passo avante,<br />

mas não traz grandes<br />

sacadas, não aponta soluções<br />

efetivas em direção à<br />

competitividade e não tem


cacife para esvaziar a cesta do custo<br />

Brasil nem mudar a dura realidade de<br />

que produzir no Brasil hoje é tão caro<br />

quanto nos Estados Unidos e custa<br />

mais que no México, como mostra levantamento<br />

da Pricewaterhouse.<br />

O inusitado interesse pelo Fórum<br />

<strong>Automotive</strong> <strong>Business</strong> reforça o fato<br />

de nunca se falar tanto quanto agora<br />

sobre o futuro do setor, seja na mídia,<br />

no governo, na Anfavea, Sindipeças,<br />

seja no parque industrial. Em nenhum<br />

tempo foram reviradas as questões<br />

centrais que afetam a cadeia de produção<br />

e o impacto das transformações<br />

na indústria automobilística mundial<br />

sobre o País. O que está em xeque é<br />

a capacidade de manter a posição<br />

conquistada entre os quatro ou cinco<br />

maiores produtores e mercados mundiais,<br />

diante do cerco de fabricantes<br />

internacionais ávidos por vender seus<br />

produtos no Brasil em momento de<br />

dificuldades cambiais e enormes fragilidades<br />

de nossa infraestrutura.<br />

“Ficamos encurralados dentro de<br />

nossas próprias fronteiras diante do<br />

ataque ao mercado doméstico por<br />

concorrentes estrangeiros agressivos,<br />

PAulO ButORI, presidente do Sindipeças, e mAílsOn<br />

DA nóBReGA, sócio-diretor da Tendências Consultoria<br />

especialmente os asiáticos. Queremos<br />

mudar essa incômoda realidade”, disse<br />

Paulo Butori, presidente do Sindipeças,<br />

entidade dos fabricantes de autopeças.<br />

Ponto positivo pode ser a instalação<br />

dos Conselhos de Competitividade,<br />

que devem reunir 600 representantes<br />

do governo, empresários e trabalhado-<br />

<strong>Automotive</strong>BUSINESS • 39


FÓRUM aUtoMotive bUsiness<br />

painÉis De Debates pRoMoviDos DURante o FÓRUM<br />

Diretores de compra FRAnCIsCO ROmeRO (Fiat),<br />

VICtOR BARRetO (Volvo), ORlAnDO CICeROne (GM),<br />

e JOãO PImentel (Ford)<br />

séRGIO HABIB, presidente da JAC Motors, ReInAlDO<br />

muRAtORI, diretor de engenharia da Mitsubishi Motors,<br />

luIs CuRI, CEO da Chery Brasil, e mARCO AntOnIO<br />

DAVIlA, presidente da DAF Caminhões<br />

Diretores de vendas ReInAlDO seRAFIm (Volvo), tânIA<br />

sIlVestRI (Mercedes-Benz), AlCIDes CAVAlCAntI (Iveco)<br />

e RICARDO AlOuCHe (MAN LA)<br />

luIz mOAn YABIku JR., primeiro vice-presidente da<br />

Anfavea, ClAYtOn CAmPAnHOlA, diretor da ABDI,<br />

ROBeRtO CORtes, presidente da MAN LA<br />

WoRKsHops De ReLaCionaMento<br />

O fórum promoveu encontros de relacionamento na área de inovação,<br />

com apoio do Sindipeças, da cadeia de suprimentos e carreira profissional


es para a discussão de temas setoriais<br />

e construção de agendas estratégicas.<br />

Há conselhos para os segmentos de<br />

petróleo e gás, automotivo, produtos<br />

metalúrgicos, energias renováveis e<br />

serviços logísticos, entre outros. Embora<br />

se possa colocar em dúvida a<br />

efetividade de conselhos como esses,<br />

a ideia é interessante e deve ser colocada<br />

à prova.<br />

R$ 60 biLHÕes<br />

É importante definir caminhos para o<br />

País ganhar escala de produção e as<br />

estratégias para tornar-se um player<br />

representativo, com assento no grupo<br />

de países que vai gerenciar a inteligência<br />

automotiva global. Não queremos<br />

ser apenas manufatureiros, embora tenhamos<br />

a ambição de ter um parque<br />

industrial plenamente ocupado.<br />

Há outras questões a responder. O<br />

que fazer em relação à eletrônica embarcada,<br />

hoje quase 100% asiática no<br />

hardware? Nosso core deve ser o carro<br />

compacto com motor flex? Como ficará<br />

o programa do etanol? Como abrir caminho<br />

para as exportações? Devemos<br />

ser líderes apenas entre os emergentes?<br />

Como inibir as importações de produtos<br />

piratas e de má qualidade? Quais as<br />

barreiras não alfandegárias justas que<br />

devem ser adotadas pelo País?<br />

<strong>Automotive</strong> <strong>Business</strong> calcula que os<br />

investimentos de montadoras e auto-<br />

peças somarão R$ 60 bilhões entre<br />

2012 e 2015. A Anfavea estima que as<br />

montadoras associadas farão aportes<br />

de US$ 22 bilhões, enquanto empresas<br />

filiadas ao Sindipeças vão aplicar US$<br />

2,5 bilhões ao ano para acompanhar o<br />

ritmo. Serão outros US$ 10 bilhões.<br />

O restante do pacote virá de newcomers,<br />

que vão acrescentar US$ 3,5<br />

bilhões com as iniciativas da Chery,<br />

Hyundai Brasil, JAC Motors, DAF,<br />

Shiyan Yunlihong, Suzuki, Effa/Lifan,<br />

Metro-Schacman, SsangYong, Changan<br />

e Haima e outros empreendimentos<br />

a caminho. n<br />

<strong>Automotive</strong>BUSINESS • 41


FORD CAMAÇARI | ECOSPORT<br />

NOVO ECOSPORT REINAUGURA<br />

Ford eM CAMAÇArI<br />

FÁbrica baiaNa<br />

eNTra em NOVa FaSe<br />

de SUa eVOLUçÃO,<br />

cOm PeSadOS<br />

iNVeSTimeNTOS em<br />

mOderNiZaçÃO e<br />

amPLiaçÃO Para<br />

300 miL UNidadeS/aNO<br />

pedro kutney, de camaçari (ba)<br />

42 • <strong>Automotive</strong>BUSINESS<br />

MArCoS de oLIVeIrA, presidente da Ford Brasil e Mercosul, anunciou a<br />

determinação de se aposentar, logo após a apresentação do novo EcoSport, em Camaçari (BA)<br />

O<br />

tempo passou rápido na<br />

ensolarada Camaçari, na<br />

Bahia, onde há dez anos a<br />

Ford colocou em prática um dos mais<br />

ousados projetos de manufatura automotiva<br />

já executados – uma espécie<br />

de reinvenção do “fordismo”, de<br />

Henry Ford, que no início do século<br />

20 criou a linha de montagem e um<br />

carro, o Modelo T, que revolucionou<br />

a indústria e tornou possível a motorização<br />

em grande escala do mundo<br />

inteiro. Nas terras tropicais baianas, o<br />

fordismo foi recriado com a divisão do<br />

capital: em vez de fabricar e montar<br />

a maioria dos próprios componentes,<br />

como fizeram todos os fabricantes de<br />

veículos até a década de 1970, a Ford<br />

tornou Camaçari possível ao trazer 28<br />

fornecedores para dentro da linha de<br />

montagem, dividindo a operação e<br />

seus custos. Com isso, cerca de 60%<br />

do valor dos veículos feitos na fábrica<br />

baiana são produzidos dentro da própria<br />

unidade, numa rara combinação<br />

de alta produtividade com generosos<br />

incentivos fiscais recebidos dos governos<br />

estadual e federal, que eleva<br />

sensivelmente as margens de lucro<br />

dos produtos feitos pela montadora<br />

na Bahia.<br />

O carro que inaugurou essa fórmula,<br />

em maio de 2002, foi o Fiesta<br />

hatch, um ano após a apresentação<br />

global. Em fevereiro de 2003 surgia<br />

o EcoSport, miniutilitário esportivo<br />

revelado no final de 2002, projetado<br />

para o Brasil e outros mercados sul-


-americanos, para consumidores que<br />

ainda não podiam pagar por um SUV<br />

legítimo. Em Camaçari, o EcoSport<br />

e o Fiesta cumpriram a missão de<br />

salvar os negócios da Ford no País,<br />

devolvendo à empresa rentabilidade e<br />

capacidade de produção e de desenvolvimento<br />

local de engenharia – algo<br />

que havia sido perdido nos anos de<br />

sociedade com a Volkswagen na Autolatina,<br />

de 1987 a 1996.<br />

De lá para cá, já se foram mais<br />

de 1,5 milhão de EcoSport e Fiesta<br />

produzidos, que mais do que pagaram<br />

o investimento inicial anunciado<br />

pela Ford em Camaçari, de US$ 1,2<br />

bilhão. Hoje a planta tem 8,5 mil empregados<br />

(incluindo os fornecedores<br />

que atuam dentro da linha de montagem)<br />

e responde por 6,5% da fabricação<br />

nacional de veículos. Cerca de<br />

20% da produção é exportada para<br />

países latino-americanos, com uma<br />

azeitada logística de carros e componentes<br />

via porto particular da Ford<br />

em Aratu.<br />

A capacidade de produção de 250<br />

mil unidades/ano em três turnos está<br />

próxima do teto desde 2006/2007,<br />

deixando pouco espaço para a renovação<br />

de processos e produtos.<br />

Foi quando começaram as especulações<br />

sobre como a Ford iria expandir<br />

a unidade. O primeiro lance<br />

dessa estratégia aconteceu no fim<br />

de 2006, com a aquisição da pequena<br />

Troller, no Ceará, e a aprovação<br />

com o governo federal da transferência<br />

de sua carta de incentivos fiscais,<br />

que aumentou de 35% para praticamente<br />

100% o desconto no IPI para<br />

os carros montados na região até<br />

2010. No fim de 2009, em outra manobra<br />

política, com a promessa de<br />

investir R$ 4,5 bilhões em suas operações<br />

brasileiras de 2010 a 2015,<br />

sendo R$ 2,5 bilhões em Camaçari,<br />

a Ford conseguiu prorrogar por mais<br />

cinco anos os benefícios que recebe<br />

na Bahia..<br />

NOVA ERA<br />

Com incentivos e financiamento via<br />

BNDES garantidos, a alta rentabilidade<br />

de Camaçari foi preservada e assim<br />

a planta baiana entra em uma nova<br />

era, com a produção de novos veículos<br />

globais, projetados ali mesmo pela<br />

equipe do Centro de Desenvolvimento<br />

de Produto e Design (CDPD), um dos<br />

oito da companhia no mundo, onde<br />

trabalham 1,5 mil engenheiros e designers.<br />

A capacidade está sendo ampliada<br />

para 300 mil unidades/ano, incluindo<br />

sensíveis melhorias produtivas.<br />

A envelhecida linha de Camaçari<br />

começa a ser remodelada com o início<br />

da produção, em abril, do novo<br />

EcoSport, primeiro produto global (só<br />

para mercados emergentes) desenvolvido<br />

pela Ford na América do Sul,<br />

sob a liderança do CDPD baiano. “Os<br />

novos investimentos trazem equipamentos<br />

modernos para a fábrica, em<br />

linha com as melhores práticas mundiais”,<br />

afirma Cícero Melo, gerente de<br />

manufatura da Ford em Camaçari,<br />

que acompanha a evolução da unida-<br />

OS NOVOS<br />

iNVeSTimeNTOS<br />

TraZem<br />

eqUiPameNTOS<br />

mOderNOS Para a<br />

FÁbrica, em LiNha<br />

cOm aS meLhOreS<br />

PrÁTicaS mUNdiaiS<br />

CíCero MeLo, gerente de<br />

manufatura da Ford Camaçari<br />

de em quase toda sua existência – ele<br />

chegou em março de 2002, no início<br />

da produção das primeiras unidades.<br />

Agora Melo acompanha a segunda<br />

grande onda de desenvolvimento<br />

em Camaçari. A planta toda passa<br />

por profundas modernizações. Para<br />

receber o EcoSport global e o projeto<br />

que virá logo depois – o novo Ka,<br />

que deve começar a ser produzido na<br />

Bahia antes do fim de 2013 –, toda a<br />

linha de produção foi reprojetada virtualmente.<br />

“Esse recurso possibilitou<br />

mais rapidez na modelagem da linha<br />

que vai montar os novos veículos”, diz<br />

o engenheiro. Aliás, capacidade virtual<br />

é o que não falta na Ford Camaçari:<br />

todos os produtos e processos<br />

projetados lá passam por milhares de<br />

horas de simulações em computador.<br />

Entre as melhorias que a fábrica<br />

recebe, Melo cita a duplicação do número<br />

de robôs (agora são 650) que<br />

fazem a soldagem das carrocerias,<br />

com 500 novas pinças de solda. “Ganhamos<br />

em eficiência, consumo de<br />

energia e qualidade”, explica. Após a<br />

<strong>Automotive</strong>BUSINESS • 43


FORD CAMAÇARI | ECOSPORT<br />

armação, 100% das carrocerias passam<br />

por checagem computadorizada<br />

de geometria. Na pintura, três robôs<br />

fazem o selamento. Cada célula de<br />

produção é monitorada por câmeras<br />

digitais que acompanham a montagem<br />

final. “No fim das contas, agora<br />

temos acabamento mais preciso, o<br />

que aumenta a qualidade final para o<br />

cliente”, destaca Melo.<br />

A estamparia de Camaçari, onde são<br />

prensadas todas as partes de aço da<br />

carroceria, é exemplo latente de como<br />

os novos produtos trazem consigo<br />

grande aumento de eficiência produtiva.<br />

A planta ganhou uma nova linha robotizada<br />

com quatro prensas Schuller,<br />

que ocupam 2,6 mil metros quadrados<br />

e custaram R$ 70 milhões – o maquinário<br />

foi produzido no Brasil e os robôs<br />

vieram da Alemanha. A linha produz<br />

900 peças por hora, ao ritmo de quinze<br />

golpes por minuto, mais que o dobro<br />

dos sete por minuto das prensas antigas,<br />

que fazem 420 peças/hora. A troca<br />

de ferramentas (os moldes de estamparia)<br />

é feita em apenas oito minutos,<br />

apenas um terço do tempo gasto antes.<br />

Uma ponte rolante totalmente automatizada<br />

com capacidade para 50 toneladas<br />

carrega conjuntos de até quatro<br />

moldes empilhados, o que reduziu em<br />

50% o espaço gasto com o armazenamento<br />

das ferramentas.<br />

Ironicamente, a linha de prensas<br />

também é exemplo da desindustriali-<br />

o noVo eCoSport abre a<br />

segunda 44 • era <strong>Automotive</strong>BUSINESS<br />

na evolução de Camaçari<br />

zação no País, causada pela perda de<br />

competitividade internacional. Aldo<br />

Morgan, gerente da estamparia de Camaçari,<br />

explica que todas as ferramentas<br />

do novo EcoSport foram importadas<br />

da China. Cada peça pode custar<br />

de R$ 3 milhões a R$ 8 milhões. “Mas<br />

custariam o dobro se fossem feitas no<br />

Brasil”, conta o engenheiro.<br />

EVOLUÇÃO<br />

O início da produção do novo<br />

EcoSport marca o começo da segunda<br />

era de evolução de Camaçari. No<br />

próximo ano esse processo continua<br />

com a chegada do novo Ka, mais um<br />

projeto global em desenvolvimento no<br />

centro baiano de engenharia e design.<br />

Também entra em operação no segundo<br />

semestre de 2013 uma nova<br />

fábrica de motores, com investimento<br />

anunciado de R$ 400 milhões e capacidade<br />

para 210 mil unidades/ano.<br />

Localizada em área de 24 mil metros<br />

quadrados dentro do complexo industrial<br />

de Camaçari, a unidade vai produzir<br />

motores que vão equipar o novo Ka.<br />

São os propulsores Fox, também completamente<br />

novos, de três cilindros,<br />

com bloco de ferro fornecido pela Tupy,<br />

de Joinville (SC).<br />

No modelo participativo de produção<br />

da Ford Camaçari, os fornecedores<br />

precisam crescer em conjunto. “É uma<br />

evolução constante, não pode parar.<br />

Os fornecedores estão mudando e se<br />

modernizando”, diz Cícero Melo. Mas<br />

até hoje Camaçari é um grande campo<br />

aberto para a cadeia de suprimentos.<br />

Isso porque a maioria dos 28 sistemistas<br />

integrados à produção apenas executa<br />

operações de montagem. A maior<br />

parte dos componentes ainda continua<br />

sendo “importada” de suas unidades<br />

no Sudeste do País.<br />

Apenas alguns poucos fornecedores<br />

que integram a linha de montagem têm<br />

projetos de expansão que extrapolam<br />

os muros da fábrica da Ford. Exemplo<br />

disso é a divisão Cosma da gigante<br />

Magna, principal integrador de componentes<br />

de chassi da Ford. Além de atuar<br />

diretamente na montagem dos carros,<br />

a sistemista já tem duas unidades em<br />

Camaçari (uma delas comprada da<br />

ThyssenKrupp em dezembro passado)<br />

e investe US$ 35 milhões para instalar<br />

mais uma terceira planta no município,<br />

com 21 mil metros quadrados e 300<br />

empregados diretos.<br />

Outro fornecedor que está chegando<br />

é o grupo Ítalo Lanfredi, que anunciou<br />

em 2011 investimentos de US$ 70 milhões<br />

para produzir peças fundidas e<br />

usinadas para a indústria automotiva<br />

em Camaçari. Será a primeira grande<br />

fundição voltada para o setor na Bahia,<br />

com capacidade para produzir 48 mil<br />

toneladas/ano a partir de 2013, quando<br />

entrar em operação.<br />

“Ao fazer aqui veículos globais, que<br />

serão produzidos também em outros<br />

países, ganhamos maior escala de<br />

negociação com os fornecedores.<br />

Isso faz com que nós e eles sejamos<br />

mais competitivos”, diz Marcos de<br />

Oliveira, presidente da Ford Brasil e<br />

Mercosul, que deixará o posto em 30<br />

de junho com a determinação de se<br />

aposentar. Ele avalia que novos fornecedores<br />

chegarão com o tempo e<br />

construirão a evolução de Camaçari<br />

para um polo automotivo mais completo.<br />

Existe pela frente, portanto,<br />

outra década de revolução a ser feita<br />

pelo fordismo baiano.


FORD CAMAÇARI | ecOSPOrT<br />

a hiSTÓria dO FOrdiSmO<br />

ÀS AVeSSAS de camaçari<br />

Em 1999, a Ford só contabilizava<br />

prejuízos no Brasil. Havia acabado<br />

de sair da sociedade com<br />

a Volkswagen na Autolatina (1987-<br />

1996) e tinha perdido capacidade de<br />

desenvolvimento. Para piorar, a fábrica<br />

que iria construir em Guaíba, no<br />

Rio Grande do Sul, onde pretendia<br />

produzir 150 mil Fiesta por ano, foi<br />

praticamente expulsa do Estado pelo<br />

governador Olívio Dutra. “O novo governo<br />

não se interessava e se negou a<br />

fazer toda a infraestrutura que precisávamos<br />

lá. A planta ia custar três vezes<br />

mais. Não teve jeito. Precisamos<br />

abandonar o projeto, que já estava<br />

seis meses atrasado”, lembra Luc de<br />

Ferran, na época diretor de desenvolvimento<br />

da Ford no Brasil, então<br />

encarregado de coordenar a construção<br />

da nova unidade. Em meio à<br />

crise que se instalou, Ferran tratou de<br />

sair em busca de um novo local em<br />

tempo recorde, e assim aprofundou a<br />

LuC de FerrAn,<br />

Fellow da SAE Brasil<br />

ideia de recriar uma velha receita consagrada<br />

(mas esquecida) da própria<br />

Ford: o chamado “fordismo”, com a<br />

verticalização da produção.<br />

“Verticalizar era a única maneira de<br />

viabilizar uma fábrica em um lugar<br />

como Camaçari”, afirma Ferran. “É<br />

como os chineses fazem hoje: eles<br />

não esperam pelos fornecedores, tomam<br />

a decisão e puxam a cadeia de<br />

suprimentos para onde vão.” Como<br />

seria impossível fazer isso só com<br />

recursos próprios, a solução do tipo<br />

ovo-de-Colombo foi colocar os fornecedores<br />

dentro da linha de produção,<br />

recriando assim o fordismo às<br />

avessas. “Comecei a pensar nessa<br />

fórmula há muitos anos. Lembrei-me<br />

de 1963, quando ainda era estudante<br />

de engenharia na Poli-USP e fui fuçar<br />

diversas fábricas no mundo. Os<br />

fabricantes produziam quase todos<br />

os componentes, até vidros. Depois,<br />

nos anos seguintes, venderam tudo,<br />

terceirizaram tudo. O que fizemos em<br />

Camaçari foi recriar esse processo,<br />

mas com divisão do capital investido<br />

entre a Ford e seus parceiros no<br />

negócio”, conta o engenheiro, lembrando<br />

que 60% dos custos de um<br />

carro montado na fábrica baiana são<br />

produzidos no próprio local.<br />

“Em Dearborn (sede mundial da<br />

Ford nos Estados Unidos) todos os<br />

diretores me chamavam de louco ao<br />

querer criar essa fórmula, mas<br />

ninguém apresentou solução<br />

melhor”, recorda Ferran.<br />

Antes disso, porém,<br />

foi preciso quebrar todos<br />

os paradigmas no que diz<br />

respeito a projetar e construir<br />

uma fábrica, a começar<br />

pela escolha do local. De<br />

seis Estados possíveis, sobraram três:<br />

Espírito Santo, Pernambuco e Bahia.<br />

“Lembro que, após sair de Guaíba, fizemos<br />

a pré-seleção gastando apenas<br />

uma semana para avaliar cada local”,<br />

conta o ex-diretor da Ford.<br />

EM BUSCA DO LOCAL<br />

Ferran revela que no Espírito Santo o<br />

local oferecido ficava ao lado de um<br />

rio, o que levaria meses para obter as<br />

licenças ambientais. Em Pernambuco,<br />

a cidade era Ipojuca, ao lado do<br />

Porto de Suape que começava a ser<br />

construído. “Era tudo mangue, na<br />

mesma área onde ofereceram para a<br />

Fiat. Outro problema ambiental. Seria<br />

muito difícil construir ali.” Por fim, Ferran<br />

foi apresentado a Camaçari e se<br />

apaixonou pelo lugar, todo descampado,<br />

pronto para receber indústrias<br />

(a fábrica da coreana Asia Motors iria<br />

ser instalada ali) e perto do mar.<br />

O engenheiro lembra que o contrato<br />

com o Estado da Bahia para a<br />

instalação da fábrica foi assinado em<br />

23 de dezembro de 1999 – poucos<br />

meses antes a Ford havia conseguido<br />

aprovar, com significativa ajuda do ex-<br />

-governador baiano e então senador<br />

Antonio Carlos Magalhães, a extensão<br />

de parte dos benefícios concedidos a<br />

montadoras que quisessem se instalar<br />

no Nordeste do País. Dali em diante,<br />

foram apenas 14 meses para ir<br />

do zero a uma fábrica de automóveis<br />

completa. A construção foi feita em<br />

três turnos e Ferran, em jornadas diárias<br />

de trabalho nunca inferiores a dez<br />

horas, acompanhou pessoalmente<br />

cada muro levantado, enquanto Vagner<br />

Galeote, então diretor de compras<br />

(hoje diretor de manufatura e atual<br />

presidente da SAE Brasil), arquitetava


a amarração da rede de fornecedores<br />

que iriam trabalhar juntos com a Ford.<br />

Ainda no ano 2000, Ferran fretou<br />

um voo para trazer de Dearborn direto<br />

para Camaçari 240 engenheiros que<br />

estavam em treinamento na sede da<br />

companhia, para projetar o EcoSport.<br />

Eles inauguraram o Centro de Desenvolvimento<br />

de Produto e Design da<br />

Ford no Brasil.<br />

Em 2001 a linha de produção começou<br />

a rodar para testes, produzindo<br />

a picape Courrier. “Não dá para<br />

começar a fazer produto novo em fábrica<br />

nova”, ensina Ferran. “Levamos<br />

alguns meses até acertar tudo, mesmo<br />

depois da inauguração oficial (em<br />

setembro de 2001).” Somente em<br />

2002 o Fiesta entrou em produção,<br />

dando início a uma fórmula completamente<br />

nova de fabricação – ainda<br />

que baseada no velho fordismo –, em<br />

que fornecedores viraram montadores<br />

de veículos.<br />

Em 2004, Luc de Ferran se aposentou<br />

como vice-presidente de desenvolvimento<br />

de produto e manufatura<br />

da Ford South America, mas ainda<br />

vive perto de sua criação, à beira do<br />

mar da Bahia. Em reconhecimento<br />

à sua contribuição para o setor, em<br />

2007 Ferran foi o primeiro brasileiro a<br />

CoMpLexo dA Ford em<br />

Camaçari completou 10 anos<br />

ser indicado SAE Fellow da sociedade<br />

de engenharia automotiva internacional,<br />

uma espécie de rol da fama da associação.<br />

Ele continua na ativa como<br />

consultor de diversas empresas. Do<br />

novo EcoSport diz saber pouco, mas<br />

tem uma certeza: “Vamos precisar de<br />

mais três ou quatro fábricas iguais a<br />

Camaçari se realmente quisermos<br />

produzir cinco ou seis milhões de veículos<br />

por ano.” n<br />

<strong>Automotive</strong>BUSINESS • 47


Ruy Hizatugo<br />

estratégia<br />

A citRoËn NA<br />

VITRINE DO LUXO<br />

Quando assumiu a presidência da Citroën do<br />

Brasil, em novembro, o italiano Francesco<br />

Abbruzzesi sabia que 2012 seria um ano desafiador,<br />

depois de a marca francesa fechar 2011 em alta,<br />

com vendas acima de 90 mil veículos e um avanço de 7,1%,<br />

três vezes mais que a média das concorrentes no Brasil. O<br />

executivo italiano enfrenta este ano um mercado domésti-<br />

48 • <strong>Automotive</strong>BUSINESS<br />

Giovanna Riato e Paulo RicaRdo BRaGa<br />

O pREsIDENTE FRANcEscO AbbRUzzEsI VALORIzA A ImAgEm DE<br />

mARcA premium, A qUALIDADE DOs sERVIçOs E NãO qUER<br />

INcENTIVAR DEscONTOs pARA ATRAIR cOmpRADOREs<br />

co marcado por grande disputa por participação, avanço de<br />

newcomers, restrições ao crédito e dificuldade de ajustes às<br />

regras do novo regime automotivo.<br />

Nos escritórios da rua James Joule, próxima à Av. Luis<br />

Carlos Berrini, em São Paulo, ele recebeu <strong>Automotive</strong> <strong>Business</strong><br />

para explicar suas estratégias de negócio e o plano<br />

de acentuar a diferenciação da marca, definido em sinto-


a CitRoën EmPlaCou<br />

90.000 vEíCuloS Em 2011,<br />

avançanDo 7,1% naS<br />

vEnDaS. PaRa 2012 PRojEta<br />

a ComERCialização DE<br />

100.000 uniDaDES E 2,7% DE<br />

PaRtiCiPação<br />

nia com o chefe, Carlos Gomes, presidente<br />

da PSA Peugeot Citroën para a<br />

América Latina, que o escolheu para<br />

conduzir a operação da Citroën no<br />

País. Para garantir 2,7% de participação<br />

no mercado este ano, Abbruzzesi<br />

acelera a ampliação da rede de distribuição<br />

e coloca em ação programa<br />

para garantir o reconhecimento dos<br />

produtos e serviços dentro da categoria<br />

premium, uma condição que não<br />

ocorre em todas as partes do globo.<br />

“Há diversas iniciativas em marcha<br />

para garantir que nossa promessa<br />

de marca seja percebida e se transforme<br />

na experiência do cliente com<br />

nossos produtos e serviços”, observa.<br />

Ele reconhece que a introdução<br />

na vitRinE – o DS3, que chega em julho, estará no<br />

espaço conceito da Citroën na oscar Freire, em São Paulo.<br />

o carro terá motor 1.6 de 165 cv, o mesmo do 3008<br />

da Citroën no Brasil foi bem-sucedida<br />

sob a liderança de Sérgio Habib,<br />

empresário que comandou a operação<br />

durante a abertura de mercado<br />

promovida nos anos 1990 e ainda<br />

possui expressiva participação na<br />

rede de concessionárias. Na época,<br />

Habib optou por um posicionamento<br />

elitista, quando poucas fabricantes<br />

disputavam o segmento. Hoje o<br />

objetivo é preservar essa conquista e<br />

evidenciar um conteúdo tecnológico<br />

atrativo diante do aumento da oferta<br />

de automóveis da categoria conhecida<br />

como B premium. “Agora a maior<br />

parte das montadoras tem um carro<br />

para brigar com o C3, nosso modelo<br />

de entrada”, aponta.<br />

FiM do tanQuinHo – Com o<br />

Flex Start nos motores EC5, a Citroën<br />

eliminará o reservatório auxiliar. a marca<br />

quer antecipar a introdução de aBS e<br />

airbags, obrigatórios a partir de 2014<br />

REDE SAUDÁVEL<br />

O revendedor é parte essencial dos<br />

planos da companhia para o País. Há<br />

uma política de preços rígida, com<br />

descontos controlados para evitar<br />

desgaste na distribuição. Com a garantia<br />

de três anos para os veículos<br />

e revisões com preço determinado,<br />

a montadora quer se livrar de vez da<br />

fama que já teve, de oferecer carros<br />

com alto custo de manutenção. Hoje<br />

o índice de serviço, que indica a disponibilidade<br />

de componentes em até<br />

24 horas, está na casa dos 97%. A ordem<br />

é não roubar tempo em revisões<br />

e serviços corriqueiros, uma situação<br />

que incomoda o cliente.<br />

Embora não explicite a fórmula da<br />

<strong>Automotive</strong>BUSINESS • 49


estratégia<br />

ONDE TEmOs<br />

REVENDA<br />

ALcANçAmOs<br />

pARTIcIpAçãO<br />

sIgNIFIcATIVA.<br />

NOssO DEsAFIO<br />

EsTá NA cObERTURA<br />

FRancESco aBBRuZZESi,<br />

presidente da Citroën do Brasil<br />

rentabilidade dos concessionários, o<br />

executivo valoriza o pós-venda e esclarece<br />

que a receita com serviços<br />

e peças deve cobrir 60% a 70% dos<br />

custos fixos. A Citroën tem incentivado<br />

também a comercialização de carros<br />

usados, ainda que envolvam outras<br />

marcas. A ideia é que todas as faces do<br />

negócio sejam percebidas com alto valor<br />

e contribuam para elevar a liquidez<br />

50 • <strong>Automotive</strong>BUSINESS<br />

financeira dos distribuidores, que têm<br />

incentivo para um giro rápido de estoques<br />

de veículos e peças. Outra frente<br />

de receita é o business to business,<br />

que une a empresa e seus revendedores<br />

no atendimento a frotistas e locadoras.<br />

Estes clientes absorvem 21% a<br />

25% dos veículos comercializados no<br />

País, segundo o executivo.<br />

Nesse compasso, Abbruzzesi preten-<br />

caRRo vERdE – o aircross inaugurou o<br />

esforço pela sustentabilidade no Brasil, com<br />

20 kg de materiais verdes, incluindo plásticos<br />

e fibras, e 85% de conteúdo reciclável<br />

Ruy Hizatugo<br />

de expandir a rede atual, de 165 revendas,<br />

para 185 até o fim do ano e chegar<br />

a 228 até 2015. “Nas cidades em que<br />

temos revenda alcançamos participação<br />

significativa. Nosso desafio está na<br />

cobertura”, explica. A intenção é avançar<br />

fora do eixo Rio-São Paulo, com a<br />

instalação de concessionárias em cidades<br />

com mais de 200 mil habitantes.<br />

Apesar da grande quantidade de municípios<br />

com esse perfil no País, o executivo<br />

lembra que, por ter posicionamento<br />

de alto nível, há limitações na escolha<br />

das regiões. Uma das prioridades atualmente<br />

é o Nordeste. Há ainda intenção<br />

de diversificar o número de grupos envolvidos<br />

na distribuição. O empresário<br />

Sérgio Habib tem 40 revendas Citroën e<br />

deve continuar tocando o negócio mesmo<br />

com o desenvolvimento de outras<br />

atividades, como a produção de veículos<br />

chineses no País.<br />

PLATAFORMAS<br />

Abbruzzesi prefere não revelar as novidades<br />

na área de produtos, que incluem<br />

a renovação da plataforma C3<br />

em breve. Apesar disso, ele garante<br />

que a cartilha inclui inovação, alto<br />

conteúdo tecnológico e apelo sustentável.<br />

O Aircross, apontado pelo<br />

executivo como uma das estrelas da<br />

marca, inaugurou essa filosofia no<br />

Brasil. O carro tem 20 kg de materiais<br />

verdes, incluindo plásticos e fibras, e<br />

85% de conteúdo reciclável.<br />

A marca quer antecipar a introdução<br />

de itens como ABS e airbags, obrigatórios<br />

a partir de 2014, e dos motores<br />

flex sem reservatório auxiliar (o tanquinho),<br />

desenvolvidos com auxílio da<br />

Bosch e já presentes no Peugeot 308<br />

(motor EC5, Flex Start). Atualmente<br />

o portfólio de propulsores Peugeot e<br />

Citroën tem capacidades de 1,4, 1,6 e<br />

2 litros.<br />

O novo presidente admite que há<br />

um intenso trabalho para modernização<br />

do powertrain, na direção de<br />

motores com maior eficiência energé


estratégia<br />

tica. “Na Europa temos sido bastante<br />

agressivos em relação à redução de<br />

emissões, buscando níveis abaixo de<br />

100 gramas de dióxido de carbono<br />

por quilômetro”, observa. Para chegar<br />

a metas dessa ordem no Brasil serão<br />

necessárias tecnologias avançadas,<br />

ainda não presentes no mercado, como<br />

turboalimentação, injeção direta,<br />

DA cHAmps ELYsÉE À OscAR FREIRE<br />

Para ampliar a experiência do cliente<br />

com a marca, a companhia criou<br />

um espaço-conceito na rua Oscar Freire,<br />

na esquina com a rua da Consolação,<br />

nos Jardins, em São Paulo. Em<br />

localização nobre, o empreendimento<br />

não tem objetivo comercial e tratará<br />

de expandir a experiência sensorial do<br />

consumidor com os atributos da<br />

marca, a origem francesa e<br />

a cultura local. Inspirada no<br />

espaço C42 existente na Champs Elysée,<br />

em Paris, o local terá boutique, bistrô, área de exposição<br />

de veículos especiais e área para eventos culturais. “A<br />

52 • <strong>Automotive</strong>BUSINESS<br />

redução de atrito e massa, controle<br />

eficiente de válvulas. Não estão descartados<br />

o uso de blocos de alumínio<br />

e configurações de três cilindros.<br />

E como fica a relação com a marca<br />

irmã, Peugeot? “Há inúmeras<br />

sinergias, especialmente na área industrial,<br />

com a utilização da mesma<br />

fábrica e equipes de logística e com-<br />

A psA pEUgEOT<br />

cITROëN INVEsTIRá<br />

R$ 2,3 BilHõES pARA<br />

AmpLIAR A pLANTA DE<br />

pORTO REAL, Rj<br />

pras atuando em conjunto”, explica.<br />

Há independência na área de design<br />

e projeto de engenharia, apesar do<br />

compartilhamento de tecnologias de<br />

componentes e sistemas. Em volume<br />

de vendas houve uma inversão das<br />

posições no ano passado, quando a<br />

Citroën superou a parceira pela primeira<br />

vez no Brasil.<br />

A racionalização das plataformas disponíveis<br />

é segredo do negócio para a<br />

competitividade e deverá conduzir a parceria<br />

estabelecida com a General Motors<br />

recentemente. Na região, as plataformas<br />

compactas de Peugeot e Citroën são<br />

montadas em Porto Real (RJ) e as maiores,<br />

como a do C4, na Argentina. n<br />

intenção é sempre apresentar<br />

ali um carro-conceito”,<br />

explica Abbruzzesi. O primeiro<br />

veículo a ser exibido<br />

no espaço, no entanto é de<br />

série: o DS3. O modelo será<br />

comercializado no Brasil<br />

a partir de julho<br />

com a missão de<br />

consolidar a imagem da Citroën.<br />

Equipado com motor 1.6 de 16 válvulas<br />

e 165 cavalos, o mesmo do 3008, e câmbio manual<br />

de seis velocidades, o carro vai brigar no mercado com<br />

compactos de imagem como o Audi A1 e o Mini Cooper.


fiat | grand siena<br />

a COnQUisTa dO ESPAÇO<br />

Ao entrar na adolescência, o<br />

sedã pequeno da Fiat cresceu<br />

por todos os lados, tornou-<br />

-se gente grande, ganhou tamanho e<br />

pronome de tratamento para mostrar<br />

essa qualidade. Virou Grand Siena<br />

para acompanhar o crescimento do<br />

mercado que o criou em 1997 – e se<br />

tornou mais exigente nesse período.<br />

Depois de 15 anos, três reestilizações<br />

e 813 mil unidades vendidas até o fim<br />

de 2011, o carro foi completamente<br />

remodelado, ao custo do investimento<br />

de R$ 700 milhões – parte importante<br />

dos aportes programados pela Fiat no<br />

54 • <strong>Automotive</strong>BUSINESS<br />

sedã COmpaCTO prOdUzidO em BeTim<br />

CresCe na Onda dO merCadO<br />

PEdrO kutnEy, dE SAntiAgO, ChilE<br />

Brasil, de R$ 10 bilhões até 2014. O<br />

Siena mudou tanto que o próprio fabricante<br />

agora quer apagar o seu DNA de<br />

irmão do hatch Palio, lançado um ano<br />

antes. “Não dá para dizer mais que é<br />

um derivado do hatch, pois ele foi concebido<br />

desde o primeiro traço para ser<br />

um sedã”, explica Carlos Eugênio Dutra,<br />

diretor de estratégia de produto da<br />

Fiat para a América Latina.<br />

“Concluímos que era hora de levar o<br />

Siena para outro patamar”, afirma Dutra,<br />

para justificar a profunda mudança<br />

pela qual o carro passou. Assim como<br />

já havia ocorrido com o novo Palio,<br />

lançado no fim de 2011, o que moveu<br />

essa conclusão da equipe de desenvolvimento<br />

e marketing da Fiat foi a<br />

ascensão social do consumidor brasileiro,<br />

que passou a exigir coisa melhor.<br />

Por isso o Siena embarcou na onda<br />

do cheap space, ou “espaço barato”.<br />

Ou seja, do carro que ganha conforto<br />

e alguma sofisticação sem exceder no<br />

preço – estratégia que começou a ser<br />

esboçada pela Renault com o Dacia<br />

Logan em 2007 e, bem mais recentemente,<br />

com refinamento pouco maior,<br />

pela General Motors com o Cobalt e<br />

pela Nissan com o Versa.


O tEtrAfuEl vem<br />

equipado com<br />

sistema da Magneti Marelli<br />

Um passO adianTe nas 4 VersÕes<br />

Grand Siena é outro carro, foi<br />

O totalmente redesenhado pelas<br />

equipes de design da Fiat no Brasil e na<br />

Itália. Faróis e lanternas proeminentes,<br />

em conjunto com vincos no capô e laterais,<br />

agregaram um pouco de esportividade<br />

à clássica sisudez dos sedãs.<br />

Os sedãs ampliados são os principais<br />

concorrentes do Grand Siena, que<br />

chegou em abril às concessionárias da<br />

Fiat no Brasil em quatro versões.<br />

A versão Tetrafuel vem equipada<br />

com o sistema desenvolvido pela<br />

Magneti Marelli que permite rodar<br />

com gasolina pura, misturada com<br />

20% de etanol (caso do Brasil), 100%<br />

de etanol ou gás natural – o carro já<br />

vem com tanque extra de GNV para<br />

isso e promete fazer sucesso com seu<br />

principal público consumidor no País,<br />

os taxistas.<br />

Para Lélio Ramos, diretor de operações<br />

comerciais da Fiat, o Grand<br />

Siena chega no momento certo para<br />

defender a liderança de dez anos do<br />

fabricante em um ambiente de consumo<br />

mais exigente. “Vendemos 90<br />

mil unidades do Siena em 2011, que<br />

corresponderam a 12% de nossas vendas<br />

no País. O carro está no segundo<br />

maior segmento do mercado brasilei-<br />

ro, é muito importante para nossa estratégia”,<br />

diz. “Nossas pesquisas confirmaram<br />

que precisávamos oferecer o<br />

‘passo adiante’ para esse cliente, com<br />

um produto mais sofisticado. Por isso<br />

não estamos lançando uma reestilização,<br />

mas um novo carro.”<br />

Ramos calcula que 70% das vendas<br />

serão da versão Attractive 1.4, outros<br />

25% da Essence e os 5% restantes das<br />

versões Dualogic e Tetrafuel juntas.<br />

Como principais atrativos em relação<br />

à concorrência, o Grand Siena oferece<br />

diversos equipamentos que outros<br />

do mesmo segmento nem sequer têm<br />

como opcionais. Citando exemplos de<br />

preço, Ramos diz que a opção 1.4 é<br />

3% mais barata que o Chevrolet Cobalt<br />

com motor equivalente e a 1.6 é 9%<br />

mais em conta do que a mesma versão<br />

do Volkswagen Voyage.<br />

Grand Siena - as 4 versões<br />

•Attractive 1.4 Flex<br />

(88 cv com álcool) R$ 38.710<br />

•Essence 1.6 Flex (117 cv) R$ 43.470<br />

•Essence 1.6 Dualogic<br />

(Câmbio automatizado) R$ 45.900<br />

• Tetrafuel 1.4 R$ 48.210<br />

Quem não tiver como dar o “passo<br />

adiante” já poderá ficar com a geração<br />

anterior do Siena, nas versões EL 1.0<br />

e EL 1.4 (a versão Fire deixou de ser<br />

fabricada). Ambas ficaram R$ 2.850<br />

mais baratas (R$ 31.180 a 1.0 e R$<br />

33.300 a 1.4). Uma redução e tanto,<br />

que só comprova o excesso de peso<br />

nos valores cobrados no Brasil por<br />

modelos que oferecem pouco em relação<br />

ao que cobram.<br />

Nas contas da Fiat, a chegada do<br />

Grand Siena (por enquanto, fabricado<br />

só no Brasil) deve acrescentar 30 mil<br />

unidades/ano às vendas da família. A<br />

expectativa é vender 80 mil Grand Siena<br />

e 40 mil dos modelos EL (que são<br />

feitos só na Argentina).<br />

<strong>Automotive</strong>BUSINESS • 55


fiat | grand siena<br />

sedã ampLiadO e Bem eQUipadO<br />

nO prOjeTO BaseadO em TUrim<br />

Deu trabalho reprojetar o Siena.<br />

Claudio Demaria, diretor de<br />

desenvolvimento de produtos<br />

da Fiat para a América Latina, afirma<br />

que o projeto envolveu boa parte das<br />

equipes de engenharia e design no<br />

Brasil e na Itália, com 452 pessoas ao<br />

todo. Durante pouco mais de um ano<br />

foram computadas por Demaria 750<br />

mil horas de desenvolvimento, para<br />

desenhar 47 novos componentes, refazer<br />

292 cálculos de engenharia e realizar<br />

71 mil testes. Foram usados 373<br />

carros, que rodaram 2 milhões de qui-<br />

56 • <strong>Automotive</strong>BUSINESS<br />

lômetros no período de validações. “Foi<br />

um desafio para a engenharia”, resume.<br />

O resultado, garante Demaria, é um<br />

produto evoluído, bem melhor, com<br />

ganho de 10% no espaço interno e<br />

volume geral 15% maior, “mas apenas<br />

18 quilos mais pesado”, informa.<br />

O engenheiro também destaca<br />

o maior conforto acústico e estabilidade<br />

aprimorada com as novas dimensões<br />

e suspensões (a dianteira<br />

foi projetada especialmente para o<br />

Grand Siena e a traseira é baseada na<br />

do Punto). No curto teste de estrada<br />

feito na região dos vinhedos do Vale<br />

Casablanca, a 70 km de Santiago, no<br />

Chile, ambas as qualidades puderam<br />

ser comprovadas.<br />

O Grand Siena também<br />

foi totalmente<br />

redesenhado por dentro.<br />

O interior foi beneficiado<br />

pela carroceria<br />

maior, oferecendo conforto de carros<br />

de categorias superiores. O porta-<br />

-malas cresceu 20 litros e agora pode<br />

acomodar 520 litros de bagagens.<br />

Em comparação com o modelo anterior,<br />

o Grand Siena ganhou 134 milímetros<br />

no comprimento, 61 mm na<br />

largura, 53 mm na altura e 137 mm na<br />

distância entre eixos. Somando tudo, o<br />

resultado é um carro bem maior e mais<br />

confortável para até cinco ocupantes,<br />

igual ao de sedãs médios bem mais caros<br />

– a começar pelo próprio Fiat Linea,<br />

do qual o primo menor deverá roubar<br />

alguns clientes mais racionais, que baseiam<br />

a compra na boa relação custo-<br />

-benefício do modelo.<br />

Desde a versão mais básica, a Fiat<br />

agregou diversos itens de conforto e<br />

segurança muitas vezes só presentes<br />

em modelos de categorias superiores.<br />

O Grand Siena Attractive 1.4 já vem de<br />

série com direção assistida, travas e vi-


BeLini já faz a sOma de fiaT<br />

e ChrysLer na amériCa LaTina<br />

exeCUTiVO deixa nO ar pOssíVeis sinergias<br />

Na exposição aos jornalistas durante o lançamento do Fiat Grand Siena,<br />

no Chile, Cledorvino Belini usou o aumento de tamanho da nova geração<br />

do sedã como metáfora para o crescimento do grupo empresarial<br />

que dirige. “O Siena cresce assim como o Grupo Fiat Chrysler”, disse,<br />

assumindo de vez a integração das duas companhias também na América<br />

Latina – e deixando no ar a assunção de maior cooperação entre as<br />

unidades na região. “Crescemos a escala, reduzimos os custos e compartilhamos<br />

inovação”, resumiu.<br />

Falando desta vez oficialmente como presidente do Grupo Fiat Chrysler<br />

América Latina, replicando aqui a nova estrutura organizacional global<br />

da empresa criada em meados do ano passado, Belini já tratou de somar<br />

as coisas. Disse que as 13 marcas que agora integram a companhia<br />

venderam juntas em 2011 o total de 4,2 milhões de veículos nos mercados<br />

em que atua, com meta de atingir 6 milhões até 2014. “Apesar das<br />

incertezas que cercam a economia global, estamos conquistando ótimos<br />

resultados”, afirmou, citando a recuperação da Chrysler nos Estados Unidos<br />

em 2011, com aumento de 26% nas vendas, a expansão de 66% do<br />

faturamento global do grupo, para 59,6 bilhões de euros, e a redução da<br />

dívida líquida.<br />

Para levar adiante a estratégia de crescimento do grupo, Belini informa<br />

que Chrysler e Fiat vão fazer juntas no mundo todo 50 lançamentos de<br />

produtos este ano. “Isso comprova nossa confiança no futuro.”<br />

Em 2011, a América Latina contribuiu com quase um quarto (23%)<br />

das vendas globais, com um milhão de unidades “e perspectiva de crescimento<br />

de 4% ao ano”, projetou Belini, destacando em especial a expansão<br />

contínua do mercado brasileiro, com crescimento consistente do PIB<br />

e aumento da classe média. “Para preservar esse ciclo virtuoso agora é<br />

necessário romper os gargalos de infraestrutura e competitividade com<br />

investimentos e inovação”, defendeu. “Só assim vamos enfrentar a crise.”<br />

Belini também já soma os lançamentos do grupo no Brasil, que em<br />

2012 devem ser 20 no total. “Nessa conta já lançamos os novos Dodge<br />

Durango, o Jeep Compass, o Chrysler 300C, nosso mais luxuoso modelo,<br />

e agora apresentamos o Grand Siena”, disse.<br />

58 • <strong>Automotive</strong>BUSINESS<br />

dros acionados eletricamente, airbags<br />

frontais duplos e freios com ABS e EBD<br />

(sistemas antitravamento e de distribuição<br />

eletrônica de frenagem). Com o aumento<br />

dos equipamentos de segurança<br />

ativa, a Fiat também começa a se adequar<br />

à legislação que exige, até 2014,<br />

a inclusão gradual de airbags frontais e<br />

ABS em todos os veículos produzidos<br />

no País. Como opcionais, o Grand Siena<br />

ainda terá sidebags (laterais), teto solar,<br />

sistema de som e diversos tipos de<br />

personalizações internas, com apliques<br />

no painel e tecidos diferentes para os<br />

bancos. Na versão 1.6 o ar-condicionado<br />

e rodas de liga leve de 16 polegadas<br />

estão incluídos no preço.<br />

O Grand Siena Tetrafuel 1.4 tem todos<br />

os equipamentos necessários para<br />

rodar com gasolina (pura ou misturada<br />

com álcool), etanol hidratado ou gás<br />

natural, incluindo os tanques de armazenamento<br />

do GNV instalados dentro<br />

do porta-malas. A escolha do combustível<br />

é feita no painel de controle.<br />

O motor 1.4 desenvolve 85 cv com gasolina,<br />

88 cv com etanol e 75 cv com<br />

GNV (7 cv a mais do que na geração<br />

anterior do sistema).<br />

O Grand Siena é de fato uma evolução<br />

de projeto, que desde logo<br />

aponta o caminho do aumento do<br />

valor agregado, sem elevação de preço,<br />

como fórmula ideal para ganhar<br />

competitividade em um mercado<br />

que também evolui. Cledorvino Belini,<br />

presidente do Grupo Fiat Chrysler<br />

América Latina, em sua breve mensagem<br />

a respeito do lançamento do<br />

novo carro, lembrou da significação<br />

do local escolhido para a apresentação,<br />

a vinícola Viña Mar: “Um exemplo<br />

de ambiente onde os produtos<br />

ficam melhores com o passar dos<br />

anos.” Para justificar o crescimento<br />

físico e “intelectual” do carro e seu<br />

mercado, usou uma frase do cientista<br />

Albert Einsten: “A mente que se<br />

abre a uma nova ideia jamais voltará<br />

ao seu tamanho original.” n


automec<br />

em marCHa leNTa<br />

A<br />

Automec, principal<br />

feira para o mercado<br />

de reposição<br />

automotiva na América<br />

Latina, cresceu tanto nos<br />

anos anteriores que não<br />

coube mais no Anhembi,<br />

em São Paulo. A solução<br />

encontrada pelas<br />

entidades que atendem<br />

o segmento foi promover<br />

um split, dividindo o<br />

evento: em anos pares a<br />

exposição é dirigida para<br />

veículos pesados e comerciais e nos<br />

ímpares, para leves. A edição deste<br />

ano, a terceira depois da separação,<br />

revelou limitações, embora seu diretor,<br />

Hércules Rico, considere que a<br />

feira internacional especializada em<br />

peças, equipamentos e serviços tenha<br />

se consolidado como principal iniciativa<br />

do gênero para realização de negócios<br />

e atualização sobre tendências<br />

no segmento de peças.<br />

Rico enfatiza que o encontro deste<br />

ano, promovido pela Reed Alcantara<br />

no Anhembi em São Paulo, de 10 a<br />

14 de abril, recebeu público qualificado<br />

e informa que 25,9% dos visitantes<br />

ocupavam cargos de diretoria, 25,1%<br />

eram gerentes, 13,1%, chefes ou supervisores,<br />

e 8,4% eram presidentes<br />

de empresas.<br />

Os visitantes encontraram uma<br />

feira limitada, sem o glamour das Automecs<br />

dos leves ou das Fenatrans,<br />

como a do final do ano passado, que<br />

marcou o lançamento dos veículos<br />

60 • <strong>Automotive</strong>BUSINESS<br />

a exposição de aftermarket dos pesados e<br />

comerciais aiNda Não decoLoU<br />

jairo morelli, com redação ab<br />

comerciais com powertrain Proconve<br />

P7 (Euro 5). Apesar disso, o presidente<br />

do Sindirepa-SP, Antonio Fiola, resumiu<br />

que: “A exposição teve grande<br />

importância para os reparadores e<br />

mostrou a força do setor de veículos<br />

pesados.” Apesar de as vendas de caminhões<br />

apontarem para baixo nos<br />

primeiros meses do ano, travadas<br />

pela mudança na legislação de emissões,<br />

houve uma série de lançamentos<br />

e negócios na Automec, já que o<br />

mercado de reposição não costuma<br />

sofrer impacto do emplacamento de<br />

veículos no curto prazo e depende<br />

da evolução da frota, dos fretes e do<br />

comportamento da economia.<br />

Importadores da Rússia, Chile, Argentina,<br />

Peru, Colômbia, Equador e<br />

África do Sul marcaram presença nas<br />

rodadas de negócios realizadas pelo<br />

Sindipeças, em parceria com a Apex-<br />

-Brasil, Agência Brasileira de Promoção<br />

de Exportações e Investimentos.<br />

Além dos compradores convidados,<br />

outros empresários do exterior<br />

vieram conhecer e fazer<br />

negócios. “Recebemos<br />

muitas pessoas dos países<br />

do sul, que são nossos focos<br />

de exportação. Realizamos<br />

cerca de 400 contatos<br />

para vendas futuras”, comemorou<br />

Marcos Camargo,<br />

gerente de vendas da<br />

Birkson <strong>Automotive</strong>. Bons<br />

contatos foram confirmados<br />

também pelo gerente<br />

de marketing da Tecnomotor,<br />

Lorenzo Piccolli.<br />

O alerta da obrigatoriedade da<br />

certificação de autopeças para a comercialização<br />

no mercado de reposição<br />

no País não afastou dezenas de<br />

fabricantes chineses. Interessados na<br />

demanda crescente de componentes<br />

para o aftermarket de caminhões e<br />

ônibus, eles estiveram ativos na feira,<br />

como fizeram nas edições para veículos<br />

leves.<br />

INCENTIVO<br />

O evento de cinco dias recebeu 542<br />

marcas expositoras e teve a presença<br />

do ministro Guido Mantega, da Fazenda,<br />

na abertura. Ele sinalizou que<br />

o Governo Federal continuará estimulando<br />

o consumo interno e deverá<br />

melhorar as condições competitivas<br />

de preço e custo.<br />

Entre as medidas, estão os estímulos<br />

ao consumo de autopeças<br />

nacionais por meio do novo regime<br />

automotivo, desoneração da folha de


pagamento no setor e elevação do<br />

volume de crédito com redução dos<br />

juros e aumento de prazos de pagamento.<br />

As medidas devem incentivar<br />

o setor nos próximos anos, com<br />

reflexos no segmento de autopeças<br />

para pesados.<br />

Durante a Automec, o engenheiro<br />

Luso Martorano Ventura esclareceu<br />

as mudanças no segmento de veículos<br />

pesados a diesel para atender<br />

o Programa de Controle da Poluição<br />

do Ar por Veículos Automotores<br />

– Proconve P7. Em vigor desde<br />

janeiro, a nova legislação estabelece<br />

limites de emissões rígidos, exigindo<br />

novas tecnologias para o powertrain<br />

de caminhões e ônibus. O consultor<br />

e diretor da Mobilidade Engenharia<br />

apresentou detalhes sobre a operação<br />

dos veículos e tirou dúvidas<br />

dos profissionais.<br />

O evento recebeu também o Encontro<br />

Nacional da Rede de Retíficas,<br />

que apresentou a nova parceria com<br />

a Rede União Nacional de Peças visando<br />

às negociações em bloco para<br />

compra de peças para motores, garantindo<br />

preços melhores estabelecimentos<br />

aos associados.<br />

HÉrCUleS riCo, diretor da<br />

Automec Pesados & Comerciais<br />

REPERCUSSÃO<br />

Danilo Zille Dutra, gerente de vendas<br />

da Lontra, relatou um bom astral da<br />

Automec. “Fechamos 40 negócios<br />

na feira, com visitantes do Mercosul”,<br />

disse. A Dana recebeu visitantes de<br />

países como Chile, Peru, Paraguai<br />

e Colômbia e o gerente de planejamento<br />

de produto para o mercado<br />

de reposição, Osmar Maia, informou<br />

que a empresa ficou muito satisfeita<br />

com a Feira. Omar Secchi, diretor da<br />

Rodoplast, gostou dos resultados obtidos<br />

e assegurou que estará presente<br />

na próxima edição, decisão tomada<br />

também por Cláudio Antonio, sócio-<br />

-diretor da Speedmaq.<br />

O evento contou com o apoio das<br />

principais entidades do setor no País.<br />

Theophil Jaggi, responsável pela área<br />

de feiras e eventos do Sindipeças,<br />

destacou a realização de 429 reuniões<br />

com representantes de 51 empresas<br />

brasileiras, atendendo ao Projeto<br />

Comprador, promovido pelo Sindipeças<br />

em parceria com a Apex-Brasil.<br />

Para o Sindirepa-SP, a feira garantiu<br />

a aproximação com o reparador<br />

e a interação entre os Sindirepas<br />

de vários Estados. Em conjunto<br />

com o Sincopeças-SP, a entidade<br />

organizou palestra com o supervisor<br />

de fiscalização de documentos<br />

digitais da Secretaria da Fazenda de<br />

São Paulo, Marcelo Fernandez, que<br />

explicou a implantação do Sistema<br />

Autenticador e Transmissor da Nota<br />

Fiscal – Cupom Fiscal Eletrônico,<br />

que gera dúvidas entre os empresários<br />

do varejo e da reparação. n


MONTADORA<br />

HoNDA ESPANTA MÁ FASE<br />

EFEiTo do TErrEMoTo E TSuNAMi No JAPão é coiSA do PASSAdo<br />

No ano em que a unidade de<br />

Sumaré completará 15 anos,<br />

a Honda quer mostrar que<br />

volta aos trilhos depois do baque<br />

sofrido em 2011 com o terremoto<br />

seguido de tsunami no Japão e, mais<br />

tarde, com as enchentes na Tailândia.<br />

As consequências desses fenômenos<br />

naturais já não impactam mais<br />

a produção, garantiu o engenheiro<br />

mecânico e supervisor de assuntos<br />

institucionais, Alfredo Guedes Júnior.<br />

A fábrica paulista deixou de operar<br />

em três turnos e agora faz 525 carros<br />

em apenas dois períodos, chegando<br />

a 595 quando promove duas horas<br />

extras ao dia. O número pode subir<br />

a 630 unidades, divididas entre os sedãs<br />

Civic (foto), City e o monovolume<br />

Fit. O terceiro turno, além de caro por<br />

conta dos encargos trabalhistas, traz<br />

dificuldades como o transporte do<br />

pessoal nesse período.<br />

Os carros são feitos sempre em<br />

lotes de 60 unidades de um mesmo<br />

modelo e versão. A produção completa<br />

de um carro leva 13 horas e meia.<br />

Cem por cento das unidades são ins-<br />

liNHA do Civic pode ser<br />

ampliada na planta de Sumaré<br />

62 • <strong>Automotive</strong>BUSINESS<br />

Mário CurCio<br />

pecionadas rigorosamente, submetidas<br />

a testes de infiltração de água e<br />

rodam numa pista de testes.<br />

Guedes Júnior descarta a produção<br />

do Brio no País: “Teria de ser outro<br />

projeto, talvez até com a mesma plataforma.<br />

No leste asiático, o conceito<br />

de carro compacto é outro. Esse modelo<br />

vendido lá fora custaria R$ 41 mil<br />

aqui e não serviria como modelo de<br />

entrada. Em curto prazo não teremos<br />

um carro assim.”<br />

Uma mudança não descartada seria<br />

a transferência total para a Argentina<br />

da produção do City: “Se houver<br />

um aumento significativo da demanda<br />

do Civic, isso poderá ocorrer”,<br />

admite Guedes Júnior. Atualmente, o<br />

país vizinho monta em CKD um volume<br />

pequeno do City, apenas para<br />

abastecer o próprio mercado.<br />

A produção do Fit, porém, está<br />

garantida em Sumaré. O Brasil não<br />

importará os carros que começaram<br />

a ser feitos em nova fábrica mexicana<br />

da Honda: “Ela fará o Fit para a<br />

América do Norte”, explica o executivo<br />

da Honda. “A produção brasileira<br />

do carro continuará abastecendo as<br />

Américas do Sul e Central e também<br />

alguns países do Caribe.”<br />

Os setores mais recentes e que<br />

demandaram investimentos elevados<br />

são os de injeção de plásticos (para-<br />

-choques, painéis e outros) e de fundição<br />

e usinagem de blocos e cabeçotes.<br />

Tudo faz parte de um ciclo de<br />

investimentos de US$ 1 bilhão que<br />

terminará em 2014.<br />

Por conta de atualizações na fábrica,<br />

o Civic tem hoje entre 70%<br />

e 80% de índice de nacionalização.<br />

City e Fit cumprem por volta de<br />

80%. As peças importadas vêm do<br />

Japão, Estados Unidos e Tailândia.<br />

Os componentes nacionais são fornecidos<br />

por 110 fabricantes.<br />

A modernização de Sumaré favoreceu<br />

também o centro de treinamento,<br />

que existe ali desde o início de 1998.<br />

Recebeu uma reforma recente e está<br />

30% maior. Por ali passam profissionais<br />

dos segmentos de carro e moto.<br />

A área dos automóveis teve melhorias<br />

e a das motos recebeu 14 novas bancadas.<br />

O chão tem pintura epóxi e cada<br />

posto de trabalho tem seu elevador<br />

e um quadro de ferramentas.<br />

Há quase 15 anos, o ex-presidente<br />

Fernando Henrique Cardoso e o então<br />

governador Mário Covas inauguraram<br />

a unidade de Sumaré, que<br />

ocupa 190.389 m², em terreno de 1,7<br />

milhão m2, e emprega 3.166 funcionários.<br />

Foi em outubro de 1997. “Naquela<br />

época eram feitos 50 automóveis<br />

por dia”, recorda Guedes Júnior.<br />

Em 2003 começou a produção do Fit<br />

e em 2009, a do City, que desde 2011<br />

também é montado na Argentina. n


AGRALE | 50 ANOS<br />

a ForÇa da agrale é a<br />

raPIdeZ naS decISÕeS.<br />

QUando nÃo TemoS<br />

PoSSIBIlIdade de comPeTIr<br />

em camPo aBerTo,<br />

eXPloramoS nIcHoS<br />

ordem é CRESCER<br />

agrale reVISITa a TraJeTÓrIa como monTadora nacIonal e<br />

TraÇa PlanoS Para creScImenTo com renoVaÇÃo doS ProdUToS<br />

Completar 50 anos com planos<br />

para continuar crescendo de<br />

maneira sólida e sustentável<br />

não é para qualquer um. Porém, em<br />

2012, essa é a pauta que rege a Agrale,<br />

fabricante de veículos de Caxias do<br />

Sul (RS) com capital 100% nacional.<br />

Consciente de seu real tamanho, em<br />

mercado caracterizado pela presença<br />

de grandes empresas internacionais,<br />

a empresa abriu espaço no cenário<br />

automotivo nacional antes de avançar<br />

64 • <strong>Automotive</strong>BUSINESS<br />

HugO ZAttERA, presidente da Agrale<br />

CAMILA BOFF<br />

no exterior, ocupando nichos de mercado.<br />

Líder nos segmentos de chassis<br />

de ônibus leves e tratores de baixa<br />

potência, com 50% do mercado em<br />

cada uma dessas categorias, a Agrale<br />

demonstrou ser competitiva também<br />

em caminhões leves e médios e avançou<br />

26% das vendas em 2011.<br />

A Agrisa, precursora da Agrale, surgiu<br />

na região metropolitana de Porto<br />

Alegre em 1962. A compra pelo grupo<br />

caxiense Francisco Stedile se deu<br />

três anos depois, com o foco mantido<br />

na produção de microtratores de duas<br />

rodas, equipamento de valor para<br />

a incipiente mecanização da agricultura<br />

familiar. O Agrale 415, primeiro<br />

microtrator de quatro rodas, veio em<br />

1968 e foi integrado à linha 4.100.<br />

Uma das conquistas da<br />

Agrale nas cinco décadas<br />

de existência foi a consolidação<br />

de um parque<br />

fabril moderno e estrategicamente<br />

situado,<br />

apoiado em três sedes. Há três anos<br />

teve início a operação da planta em<br />

Mercedes, na Argentina, um marco no<br />

processo de internacionalização, mobilizando<br />

77 profissionais na montagem<br />

de caminhões a partir de suprimentos<br />

enviados pela operação brasileira. Cerca<br />

de 15% da produção no país vizinho<br />

é destinada a exportações.<br />

PARTICIPAÇÃO<br />

Com os pés no chão, mesmo depois<br />

de registrar crescimento de 16% em<br />

2011, o presidente da Agrale, Hugo<br />

Zattera, avalia ainda os reflexos que<br />

a crise europeia pode trazer no desempenho<br />

da companhia em 2012,<br />

enquanto estima recuo na produção<br />

nacional de veículos comerciais pelo<br />

efeito do Proconve P7, que provoca<br />

elevação no preço dos veículos por<br />

conta das novas tecnologias. A queda<br />

na demanda é projetada em 10%<br />

a 15% para chassis de ônibus e em<br />

5% a 10% nos caminhões. A fabrican


AS tRêS FáBRICAS dA AgRALE em Caxias do Sul, RS: a primeira, de 1975, abriga o centro<br />

administrativo, a produção de componentes e montagem de tratores e motores. A segunda, de<br />

1985, é dedicada à montagem de veículos. A terceira, de 1990, produz cabines e componentes.<br />

te de Caxias do Sul, porém, pretende<br />

elevar a participação em ambos os<br />

segmentos, perseguindo resultados<br />

equivalentes aos de 2011.<br />

O cenário econômico de 2012,<br />

com países desenvolvidos em crise<br />

querendo desovar seus produtos em<br />

mercados ainda não saturados, como<br />

o brasileiro, e o avanço da China<br />

alertam Zattera. Para ele, esses movimentos<br />

sugerem cuidados especiais<br />

com o nível de atividade do parque<br />

industrial brasileiro, que pode ser levado<br />

a pisar suavemente no freio. Medidas<br />

como o aumento de 30 pontos<br />

no IPI de veículos com menos de 65%<br />

de conteúdo nacional, na visão do<br />

presidente da montadora brasileira,<br />

servem como passo para a organização<br />

industrial do País. “Será preciso,<br />

no entanto, enfrentar os problemas<br />

internos, enquanto questões logísticas,<br />

burocracia e uma pesada cesta<br />

de custos ameaçam nossa competitividade<br />

aqui e lá fora”, analisa.<br />

Para se firmar em cenário com tais<br />

desafios, a Agrale repete a receita de<br />

crescer com ganhos de eficiência nas<br />

operações, como faz desde a fundação,<br />

e buscar a ocupação de nichos<br />

do mercado automotivo. Nascida a<br />

partir dos tratores de duas rodas, a<br />

empresa cresceu com o ingresso em<br />

segmentos como o de transporte de<br />

passageiros e cargas e motocicletas.<br />

“Somos rápidos em nossas decisões<br />

e essa é a força da Agrale. Quando<br />

não temos possibilidade de competir<br />

em campo aberto, exploramos nichos”,<br />

afirma.<br />

A Agrale é vista com orgulho na região<br />

de Caxias do Sul, que abriga uma<br />

indústria vigorosa de veículos comerciais<br />

e componentes para a indústria<br />

de transportes empenhada em valorizar<br />

produtos e serviços nacionais. Zattera<br />

avalia que 70% dos produtos de seu<br />

portfólio são resultado de trabalho interno.<br />

“Há espaço para uma empresa como<br />

a nossa crescer. Criamos produtos<br />

com uma engenharia muito atuante e<br />

alcançamos uma rapidez de decisão e<br />

entrega que outros não têm”, observa.<br />

Localizada no segundo maior polo<br />

metalmecânico do País, mas distante<br />

dos grandes centros de distribuição<br />

e consumo, a Agrale carrega traços<br />

importantes do DNA caxiense. “O isolamento<br />

levou os imigrantes italianos<br />

que colonizaram a Serra Gaúcha a<br />

buscar o desenvolvimento da região e<br />

a industrialização. Com a Agrale não<br />

foi diferente”, compara.<br />

aVanÇo com a mecanIZaÇÃo agrÍcola<br />

Em estreita ligação com o trabalho rural, a história<br />

da Agrale foi marcada pela forte participação nas fases<br />

de mecanização da agricultura, na década de 1970<br />

e mais recentemente com a renovação da frota. “Esse<br />

processo é fundamental para que a produção no campo<br />

cresça e acompanhe a demanda por alimentos”, defende<br />

Zattera.<br />

A Agrale projeta para 2012 repetir a média de 1,9<br />

mil tratores comercializada nos dois últimos anos. No<br />

segmento de baixa potência, a empresa detém mais de<br />

50% de participação do mercado e oferece como vanta-<br />

gem competitiva o consumo médio de apenas um litro<br />

de diesel por hora trabalhada.<br />

O programa Mais Alimentos do governo federal, estimulado<br />

por uma linha de crédito subsidiada para incentivar a<br />

agricultura familiar na compra de novas máquinas e implementos<br />

agrícolas, teve impacto expressivo na produção<br />

de tratores e renovação da frota agrícola. “É um programa<br />

muito bem adequado ao produtor rural. Já conseguimos<br />

atingir os médios produtores, mas precisamos vencer a<br />

dificuldade para acessar os pequenos”, conclui Zattera,<br />

torcendo para o amadurecimento do projeto.<br />

<strong>Automotive</strong>BUSINESS • 65


AGRALE | 50 ANOS<br />

camInHÕeS<br />

e cHaSSIS<br />

agora<br />

SÃo P7<br />

Agrale aproveitou a adequação<br />

A obrigatória aos padrões Proconve<br />

P7 (Euro 5) para renovar a linha de<br />

caminhões. A marca chegou à nova<br />

geração potencializando as características<br />

de segurança e conforto dos<br />

modelos anteriores e avançou na<br />

motorização, oferecendo maior capacidades<br />

de carga. Com PBT entre<br />

6.500 kg e 22.000 kg, a linha oferece<br />

os modelos 6500, 8700, 10000 e<br />

14000, também em 6X2, com terceiro<br />

eixo original de fábrica.<br />

O visual da linha 2012, desenvolvido<br />

em parceria com o escritório<br />

Questto|Nó, rendeu à Agrale o Prêmio<br />

Design do Museu da Casa Brasileira<br />

e foi acompanhado de inovações<br />

no sistema produtivo da nova<br />

cabine, com melhor aproveitamento<br />

das matérias-primas. Houve atenção<br />

especial ao uso de materiais recicláveis,<br />

no exterior e revestimentos internos.<br />

A construção modular reduziu o<br />

número de componentes, depois de<br />

três anos de trabalho envolvendo engenheiros<br />

da empresa e profissionais<br />

do estúdio de design.<br />

Em 2011 a montadora comercializou<br />

957 caminhões, 26% a mais que<br />

em 2010, mas a antecipação das<br />

compras por causa das mudanças<br />

na legislação de emissões não foi expressiva.<br />

“Ainda não tivemos demanda<br />

significativa para Euro 5, o que é<br />

normal enquanto ainda temos Euro<br />

66 • <strong>Automotive</strong>BUSINESS<br />

3 à venda e existe certa hesitação do<br />

consumidor nessa fase de transição”,<br />

explica Zattera.<br />

CHASSI LÍDER<br />

A Agrale ocupa a terceira posição entre<br />

as fabricantes de chassis de ônibus<br />

leves e médios, liderando entre os<br />

leves, com 50% de participação. As<br />

5.263 unidades fornecidas em 2011,<br />

957 caminhões<br />

Agrale foram vendidos em 2011,<br />

26% mais do que em 2010<br />

1.900 é o número de vendas<br />

de tratores projetado para 2012,<br />

o mesmo dos últimos dois anos<br />

R$ 760 milhões foi a<br />

receita líquida da Agrale em 2011<br />

695 concessionárias<br />

distribuem os produtos da marca<br />

no Brasil e no exterior<br />

1.823 profissionais<br />

atenderam as operações do<br />

grupo em 2011<br />

que representaram crescimento de<br />

10% em relação a 2010, tiveram como<br />

endereço a Volare, empresa do<br />

grupo Marcopolo e principal fabricante<br />

brasileiro na categoria de pequenos<br />

ônibus. Com PBT de 5.250 kg a<br />

8.500 kg, os chassis Agrale equipam<br />

os miniônibus Volare modelos V5, V6,<br />

V8, W8 e W9. A empresa também fornece<br />

para a Linha W FLY, incluindo o<br />

modelo Limousine.<br />

A mais completa família de chassis<br />

micro e mídi do mercado tem entre<br />

as opções motor traseiro, piso baixo,<br />

suspensão pneumática, transmissão<br />

automática e diferentes opções de<br />

aproveitamento do salão. O grande<br />

atrativo é o menor custo do mercado.<br />

Um dos principais indutores de<br />

vendas na área é o programa Caminho<br />

da Escola, lançado em 2007<br />

pelo governo federal com objetivo de<br />

proporcionar transporte de melhor<br />

qualidade a estudantes de diversas<br />

regiões do País, inclusive em áreas<br />

de difícil acesso pela falta de estrutura<br />

e relevo irregular.<br />

Os chassis de micro e midibus também<br />

passaram pela remodelação exigida<br />

pelo Proconve P7. Os modelos MA<br />

8.7 e MA 15.0 são equipados, respectivamente,<br />

com motores Cummins ISF<br />

3.8 e MWM International MaxxForce 4.8<br />

e utilizam o sistema de pós-tratamento<br />

SCR, de redução catalítica, com injeção<br />

no escapamento do Arla 32.


PRÊMIO AUTOMOTIVE BUSINESS 2012<br />

Reconhecimento à Excelência e Inovação<br />

Profissional do Ano<br />

Empresa do Ano<br />

Automóvel<br />

Comercial Leve<br />

Caminhão e Ônibus<br />

Elétrico e Híbrido<br />

Engenharia, Tecnologia e Inovação<br />

Responsabilidade Socioambiental<br />

Marketing e Propaganda<br />

Logística<br />

Autopeças - Metálicos<br />

Autopeças - Powertrain<br />

Autopeças - Químicos<br />

Autopeças - Eletroeletrônicos<br />

Autopeças - Sistemista<br />

www.automotivebusiness.com.br<br />

Tel. 11 5095-8888


AGRALE | 50 ANOS<br />

MARRUÁ: VOCAÇÃO PARA SERVIÇOS<br />

om proposta inovadora no segmento de utilitários, em 2004 a Agrale<br />

Clançou a família de viaturas 4x4 Marruá, para uso das forças armadas<br />

e em serviços pesados como reflorestamento ou manutenção de redes<br />

de energia, onde as estradas sequer chegaram, e mineração, a até 800<br />

metros de profundidade.<br />

A versatilidade para o segmento de serviços multiplicou as vendas<br />

do comercial leve da Agrale. Em 2011 cerca de 350 unidades foram<br />

comercializadas, número que deve ser superado este ano com a versão P7,<br />

que recebeu novo painel de instrumentos, motorização Cummins ISF 2.8<br />

e sistema SCR. A linha 2012 apresentou o Marruá AM 100 CD e AM 200<br />

CC, de cabine simples ou dupla, com ou sem caçamba, e<br />

capacidade de carga entre 1.000 e 2.000 kg. O projeto sob<br />

medida para atender requisitos técnicos do Exército leva a<br />

uma previsão de vendas maiores do Marruá para as forças<br />

armadas brasileiras e também para outros países como<br />

Argentina, Paraguai, Equador e Peru.<br />

aumento significativo da produção e vendas da<br />

O Agrale nos anos recentes teve como elemento<br />

preponderante o fato da empresa não ter crescido<br />

sozinha. Entre os fatores que contribuíram para o bom<br />

desempenho no mercado nacional e no exterior estão<br />

acordos tecnológicos relevantes. Em 1998 teve início<br />

em suas instalações de Caxias do Sul a montagem dos<br />

caminhões médios e pesados da International. O modelo<br />

de produção contemplado pela Navistar, proprietária<br />

da marca, foi pioneiro no Mercosul. Entre as tarefas sob<br />

responsabilidade da Agrale está o relacionamento com<br />

fornecedores de componentes e sistemas.<br />

Em 2012 a International pretende dobrar a produção<br />

na planta de Caxias, chegando a 20 unidades por dia.<br />

A Agrale não confirma a estratégia, mas garante disponibilidade<br />

de recursos para atender o parceiro. “Nossa<br />

68 • <strong>Automotive</strong>BUSINESS<br />

350<br />

utilitáriOs marruá fOram<br />

COmerCializadOs em 2011 e as<br />

vendas devem CresCer este anO<br />

APOSTA EM PARCERIAS<br />

PARA CRESCER<br />

5.263 Chassis leves e médiOs<br />

fOram entregues pela agrale<br />

à vOlare para a prOduçãO de<br />

pequenOs ônibus em 2011<br />

capacidade instalada pode atender essa meta e vamos<br />

cumpri-la”, garante Zattera. Embora a Navistar já tenha<br />

anunciado a construção de uma fábrica própria, assegurou<br />

que manterá a montagem também na planta da<br />

Agrale, que considera muito eficiente. Outra parceria importante,<br />

ativa desde 1998, é o acordo firmado com a<br />

Marcopolo para fornecimento do chassi utilizado nos microônibus<br />

Volare. O negócio entre as empresas vizinhas<br />

já contabilizou o suprimento de mais de 40 mil unidades<br />

e coloca a Agrale na liderança do segmento de chassis<br />

leves há 13 anos. Ao longo da história a Agrale estabeleceu<br />

acordos e parcerias com a italiana Cagiva SPA, para<br />

produção de motocicletas e ciclomotores, e com a Zetor,<br />

fabricante europeia de tratores e motores a diesel, para a<br />

introdução de uma gama de tratores agrícolas médios, a<br />

atual linha 5000. n


SUPPLIER OF THE YEAR | prêmio Gm<br />

BOB SOcia, vice-presidente global de compras e cadeia de suprimentos da GM, MaRcOS MunHOz, vice-presidente da GM do<br />

Brasil, Luiz fERnandO MaRtinEz, diretor executivo comercial da CSN - Companhia Siderúrgica Nacional, GRacE LiEBLEin,<br />

presidente da GM do Brasil, e EdGaRd PEzzO, vice-presidente global de compras e cadeia de suprimentos da GM América do Sul<br />

70 • <strong>Automotive</strong>BUSINESS<br />

csn Foi o MELHOR<br />

fORnEcEdOR pArA<br />

A GenerAl motors<br />

com o temA trAdição,<br />

conFiAnçA e<br />

trAnsFormAção, o supplier<br />

oF the YeAr homenAGeou<br />

38 pArceiros dA Gm<br />

A<br />

CSN – Companhia Siderúrgica Nacional foi apontada<br />

pela General Motors do Brasil o melhor fornecedor<br />

de 2011 durante o tradicional Supplier of the<br />

Year, quando a montadora homenageou 38 fornecedores.<br />

O tema do encontro, realizado dia 3 de abril, em São Paulo,<br />

em quadragésima edição, foi tradição, confiança e transformação.<br />

“A premiação é uma forma de a companhia<br />

reconhecer o desempenho de nossos parceiros da cadeia<br />

de suprimentos”, observou Edgard Pezzo, vice-presidente<br />

global de compras e cadeia de suprimentos da GM Améri-


SUPPLIER OF THE YEAR | prêmio Gm<br />

ca do Sul, explicando que os critérios<br />

de avaliação utilizados foram qualidade,<br />

serviço, tecnologia e competitividade.<br />

“O processo de escolha é<br />

multifuncional e envolve várias áreas<br />

da companhia, que analisam minuciosamente<br />

todos os fornecedores,<br />

elegendo os melhores nas respectivas<br />

áreas”, afirmou executivo. As 38<br />

empresas, entre elas a própria Companhia<br />

Siderúrgica Nacional, receberam<br />

o certificado de mérito.<br />

PARCERIA EFETIVA<br />

Bob Socia, vice-presidente global de<br />

compras e cadeia de suprimentos da<br />

GM, destacou às quinhentas pessoas<br />

72 • <strong>Automotive</strong>BUSINESS<br />

presentes ao evento de premiação<br />

ter sido fundamental para os recentes<br />

resultados positivos obtidos pela<br />

empresa no mundo o relacionamento<br />

da General Motors com toda a cadeia<br />

de fornecedores, “como fruto de uma<br />

efetiva parceria”.<br />

O prêmio Supplier of the Year teve<br />

início no Brasil em 1972. Segundo a<br />

empresa, com o sucesso, comprometimento<br />

e resultados locais, a iniciativa<br />

foi adotada mundialmente pela<br />

corporação. No Brasil, cerca de 6.500<br />

candidatos disputaram os prêmios,<br />

divididos em quatro categorias: materiais<br />

diretos, materiais indiretos, peças<br />

de reposição e logística.<br />

estAmos trAzendo<br />

Ao mercAdo nove<br />

novos produtos<br />

e AmpliAndo<br />

As opções<br />

pArA nossos<br />

consumidores<br />

e, pArA isso,<br />

contAmos com<br />

o suporte e o<br />

envolvimento<br />

dos nossos<br />

Fornecedores<br />

GRacE LiEBLEin, presidente da<br />

General Motors do Brasil<br />

TRANSFORMAÇÃO<br />

Após a entrega do prêmio a Luiz<br />

Fernando Martinez, diretor executivo<br />

comercial da CSN, Grace Lieblein,<br />

presidente da General Motors do<br />

Brasil, destacou que a montadora<br />

vive um momento de transformação<br />

profunda no país, resultado de um<br />

programa de investimento superior<br />

a R$ 5 bilhões, para o período<br />

compreendido entre 2008 e 2012.<br />

“Estamos trazendo ao mercado nove<br />

novos produtos e ampliando as<br />

opções para nossos consumidores<br />

e, para isso, contamos com o suporte<br />

e o envolvimento dos nossos<br />

fornecedores”.


SUPPLIER OF THE YEAR | prêmio Gm<br />

EMPRESAS quE REcEbERAM<br />

cERtificAdo dE MéRito dA gM<br />

PoR tER-SE dEStAcAdo coMo<br />

foRnEcEdoRAS EM 2011<br />

•Uliana Indústria Metalúrgica<br />

•Kwang Jin Machine<br />

•Bruning Tecnometal<br />

•CSN – Companhia Siderúrgica Nacional<br />

•Niken Indústria e Comércio Metalúrgica<br />

•Basf<br />

•Sogefi Filtration<br />

•Mubea do Brasil<br />

•Metalac SPS<br />

•Bridgestone do Brasil<br />

•Kostal Eletromecânica<br />

•Thomas KL<br />

•Behr Brasil<br />

•ABC Group do Brasil<br />

•Autoneum Brasil Têxteis Acústicos<br />

•Continental Brasil<br />

•Intertrim Autopeças<br />

•Chris Cintos de Segurança<br />

•Takata Petri<br />

74 • <strong>Automotive</strong>BUSINESS<br />

•Siadrex Indústria Metalúrgica<br />

•Metalkraft Injeção e Usinagem<br />

•MWM International<br />

•Remy <strong>Automotive</strong><br />

•WHB Fundição<br />

•AV Manufacturing<br />

•Flowcenter do Brasil<br />

•M. Shimizu Elétrica e Pneumática<br />

•STTAS do Brasil<br />

•White Martins Gases Indústria<br />

•Intecnial S.A.<br />

•Salles Chemistri<br />

•CDS – Condomínio de Soluções<br />

•PST Eletrônica<br />

•Tegma Gestão Logística<br />

•Cisa Trading<br />

•Veloce Logística<br />

•Brazul Transporte de Veículos<br />

•Cargolift Logística e Transportes<br />

o prêmio supplier<br />

oF the YeAr é<br />

umA FormA de<br />

A compAnhiA<br />

reconhecer o<br />

desempenho de<br />

nossos pArceiros<br />

dA cAdeiA de<br />

suprimentos<br />

EdGaRd PEzzO, vice-presidente<br />

global de compras e cadeia de<br />

suprimentos da GM América do Sul


VELocE já é uMA REcoRdiStA EM<br />

PREMiAçõES dA gEnERAL MotoRS<br />

Criada em 2009, a Veloce já coleciona uma série de premiações da<br />

General Motors. Em apenas dois anos, a operadora logística recebeu<br />

seis reconhecimentos pela atuação no Brasil e Argentina e foi buscar<br />

o troféu internacional Supplier of the Year Award for Logistics Services<br />

em Detroit, ao lado de outras 81 empresas que prestam serviços<br />

para a montadora norte-americana em 13 países. Em fevereiro, a GM<br />

certificou a operadora por permanecer 12 meses sem acidentes nas<br />

operações em sua unidade de Sorocaba, SP. Fundada em 2009, a<br />

companhia é uma empresa do Grupo Mitsui, presente em 69 países<br />

e com mais de 40 mil empregados. Líder no transporte rodoviário de<br />

cargas entre Brasil e Argentina, a Veloce também presta serviços como<br />

milk run, cross docking, movimentação interna, gestão de armazenagem,<br />

controle de embalagens, logística reversa, transportes doméstico<br />

e internacional e documentação internacional. A Veloce conta com 500<br />

funcionários, 475 carretas do tipo sider, 300 parceiros de transporte e<br />

20 bases operacionais no Brasil e na Argentina.<br />

BiLL HuRLES, diretor global de supply chain<br />

da GM, Ruy GaLvãO, diretor de operações<br />

da Veloce, PauLO GuEdES, presidente da<br />

Veloce, e cHRiStinE KRatHwOHL, diretora<br />

global de logística da GM


mercado<br />

ALCIDES BRAGA ASSUME<br />

A PRESIDÊNCIA DA ANFIR<br />

lcides Braga, 48 anos, diretor e sócio-fundador da Truckvan, uma das<br />

a principais produtoras de baús e carretas customizadas do País, foi eleito<br />

presidente da Anfir, Associação Nacional dos Fabricantes de Implementos<br />

Rodoviários. Membro da diretoria da entidade nos últimos três mandatos,<br />

ele substituirá Rafael Wolf Campos, presidente da Boreal. A Anfir reune 154<br />

associadas e 1.813 afiliadas, relacionadas ao segmento de transporte de cargas.<br />

ESCOLARBUS 4X4 ENTRA<br />

NO CAMINHO DA ESCOLA<br />

76 • <strong>Automotive</strong>BUSINESS<br />

Paquito Masia<br />

Escolarbus 4X4, da Volare,<br />

o é o primeiro miniônibus<br />

nacional com tração nas quatro<br />

rodas desenvolvido para trafegar<br />

em locais de difícil acesso, muitas<br />

vezes sem estradas, para atender o<br />

Programa Caminho da Escola. O<br />

modelo contou com a parceria da<br />

Agrale e da Dana na definição do<br />

powertrain e tem capacidade para<br />

transportar 26 alunos e cadeira de<br />

rodas para embarque de portadores<br />

de necessidades especiais.<br />

PRESIDENTE DA<br />

ABRACICLO<br />

M arcos Fermanian é o novo<br />

presidente da Associação<br />

Brasileira dos Fabricantes de Motocicletas,<br />

Ciclomotores, Motonetas,<br />

Bicicletas e Similares (Abraciclo)<br />

para o biênio 2012-2014,<br />

substituindo Roberto Yoshio Akiyama,<br />

da Honda. Economista, Fermanian<br />

iniciou a carreira na Honda<br />

em 1987 e está no comando da<br />

divisão de serviços financeiros. José<br />

Eduardo Gonçalves é o diretor<br />

executivo da entidade e Moacyr Alberto<br />

Paes assessora a presidência.<br />

BUSINESS INTELLIGENCE<br />

mpreendedores experientes, três<br />

Eengenheiros decidiram somar<br />

esforços para oferecer serviços aos<br />

newcomers que desembarcam<br />

no País na esteira do novo regime<br />

automotivo e enfrentam dificuldades<br />

para decifrar a legislação e<br />

encontrar suporte na área de supply<br />

chain. A <strong>Business</strong> Intelligence<br />

Alliance reúne Alberto Limena, da<br />

ProDeal, Marcos Rama, da Rama<br />

Empresarial, e Arnaldo Pellizzaro,<br />

da ABI Consult. Contato:<br />

g3@g3bia.com.br, tel. 11 5521-1457.


PRÊMIO ZF<br />

TRAbALHAR POR<br />

UMA gESTÃO<br />

DA INOVAÇÃO<br />

TECNOLógICA<br />

é UM CAMINHO<br />

SEM VOLTA PARA O<br />

fORNECEDOR<br />

WIlSON BRICIO,<br />

presidente do Grupo ZF<br />

zf PREMIA fORNECEDORES<br />

E INCENTIVA A INOVAÇÃO<br />

EMPRESA RECONHECEU PLAYERS ALINHADOS A SEUS PRINCÍPIOS<br />

Em reunião com parceiros de negócios dia 12 de<br />

abril, em São Paulo, o Grupo ZF premiou as dez<br />

empresas mais alinhadas com seus principios de<br />

inovação, tecnologia e sustentabilidade. Mais ainda: o<br />

programa do Encontro de Fornecedores apontou cami-<br />

nhos para a indústria automobilística promover pesquisa<br />

e desenvolvimento e atingir as propostas de inovação, como<br />

recomenda o novo regime automotivo. Participaram<br />

do evento 320 diretores e gerentes. “A competitividade<br />

atual do nosso mercado determina a busca por inovação.


prêmio zf<br />

fORNECEDORES PREMIADOS<br />

• aço<br />

Vallourec & Mannessman<br />

• alUMínio<br />

Alcoa Alumínio<br />

• Forjados<br />

ZM<br />

• FUndidos<br />

Fundição Regali Brasil<br />

• Materiais de Fricção<br />

Zanaflex Borrachas<br />

E isso não é algo que você compra<br />

em algum lugar. É preciso trabalhar<br />

por ela, criar uma cultura dentro da<br />

empresa e fomentar iniciativas”, disse<br />

Wilson Bricio, presidente do Grupo<br />

ZF, destacando os esforços realizados<br />

pela Câmara Brasil-Alemanha<br />

para acelerar o processo de inovação<br />

em pequenas e médias empresas.<br />

“Trabalhar por uma gestão da inovação<br />

tecnológica é um caminho sem<br />

volta para o fornecedor”, observou.<br />

Carlos Thenorio, diretor de gestão<br />

• Plásticos e Borrachas<br />

Tectubos Tecnologia em Tubos<br />

• standard<br />

Metalúrgica Nematec<br />

• Usinados<br />

Siadrex Indústria Metalúrgica<br />

• Materiais não<br />

ProdUtivos<br />

GV Energy & Associados<br />

• sUstentaBilidade<br />

Tractebel Energia<br />

de materiais do Grupo ZF, salientou<br />

como a inovação pode servir para o<br />

crescimento conjunto da empresa e<br />

fornecedores. “Quando recebemos<br />

produtos mais completos, reduzimos<br />

etapas e processos industriais e<br />

os custos, mas nunca sem perder a<br />

qualidade. Por isso, estamos desenvolvendo<br />

meios para nossos parceiros<br />

profissionalizarem sistemas de inovação.<br />

Ainda em 2012, planejamos uma<br />

missão de fornecedores para a Alemanha<br />

com o objetivo de intercâmbio<br />

de tecnologia entre empresas brasileiras<br />

e alemãs”, enfatizou o executivo.<br />

Antes da premiação, os executivos<br />

dos fornecedores assistiram à palestra<br />

Inovação e Competitividade, de João<br />

Fernando Gomes de Oliveira, presidente<br />

do Instituto de Pesquisas Tecnológicas<br />

(IPT). “A demanda por tecnologia<br />

no Brasil corre o risco de ser<br />

suprida não por empresas brasileiras,<br />

mas sim via importação. Por isso, o<br />

investimento em inovação deve estar<br />

na agenda do País. E existem instrumentos<br />

públicos para captar recursos,<br />

como o BNDES e a Fapesp nas esferas<br />

federal e estadual, respectivamente,<br />

que alimentam financeiramente os<br />

projetos aprovados”, observou.<br />

Entre as empresas premiadas, a<br />

Tractebel Energia abastece o Grupo<br />

ZF e venceu em Sustentabilidade pela<br />

primeira vez. “Desde 1998, nosso foco<br />

foi trabalhar na categoria e a partir<br />

de 2005 figuramos no índice correspondente<br />

da Bovespa. Nosso projeto<br />

vencedor, sobre coletores solares, é<br />

uma ação em que aquecedores de<br />

água são feitos com garrafas pet e<br />

instalados em colégios, creches e<br />

centros comunitários de Santa Catarina”,<br />

explicou Gabriel Mann, gerente<br />

de comercialização de energia. n


fundição<br />

TUPY desafia a lÓGica<br />

Brasileira e competitiva, catariNeNse torNa-se a maior faBricaNte muNdial de Blocos<br />

Enquanto a indústria brasileira<br />

questiona a capacidade de competir<br />

globalmente, a Tupy corre<br />

na contramão. A catarinense investiu<br />

US$ 439 milhões na compra das<br />

fundições mexicanas Cifunsa Diesel<br />

e Technocast e tornou-se a maior<br />

fabricante mundial de blocos e cabeçotes<br />

de ferro para motores, capaz<br />

de processar 852 mil toneladas/ano<br />

em componentes automotivos.<br />

Metade da produção da Tupy no<br />

Brasil, de 540 mil toneladas/ano,<br />

oriundas de Joinville (SC) e Mauá<br />

(SP), segue para outros países, desafiando<br />

a lógica. Há casos curiosos<br />

de fornecimentos, como os blocos<br />

do motor do caminhão extrapesado<br />

TGX, da MAN, que são exportados de<br />

Joinville para a Alemanha e agora voltam<br />

para Resende (RJ), onde são incorporados<br />

aos veículos montados no<br />

País. Há também outro case parecido<br />

envolvendo a DAF, que deve comprar<br />

da Tupy os blocos e cabeçotes a serem<br />

usinados na Holanda, para depois<br />

voltarem como motores que vão<br />

equipar os caminhões da marca montados<br />

em Ponta Grossa (PR) a partir<br />

de 2013. Há ainda clientes especiais<br />

como a Ford, que encomenda nada<br />

menos de 200 mil blocos/ano produzidos<br />

em ferro vermicular para os motores<br />

V8 de 6,7 litros da F250 e F350.<br />

A estratégia de avançar para o México<br />

tem explicação na conquista de<br />

um mercado em expansão, representado<br />

pelo segmento de máquinas<br />

agrícolas e de construção. Até agora<br />

uma empresa com 89% do faturamento<br />

originado no fornecimento ao<br />

setor automotivo, a Tupy passa a comercializar<br />

produtos em partes iguais<br />

para veículos leves, caminhões, ônibus,<br />

máquinas agrícolas e de cons-<br />

FERNANDO CESTARI DE RIZZO:<br />

aposta em crescimento dos negócios<br />

trução. “Este último segmento traz<br />

boas oportunidades no mercado<br />

internacional”, garante Fernando<br />

Cestari de Rizzo, vice-presidente da<br />

empresa – engenheiro cuja carreira<br />

começou na Sofunge, três anos antes<br />

de a fundição da Mercedes-Benz<br />

ser adquirida pela Tupy, em 1995.<br />

Com o negócio no México a Tupy<br />

tornou-se a principal parceira da Caterpillar<br />

e John Deere no segmento,<br />

além de ampliar a lista generosa de<br />

clientes no exterior, que inclui nomes<br />

como Cummins, Ford, Perkins, Audi,<br />

MAN, DAF, Iveco, Chrysler, Navistar,<br />

Komatsu e Kubota. No Brasil, a marca<br />

atende todas as marcas de veículos<br />

comerciais e está presente também<br />

no segmento de leves. A DAF<br />

está ultimando a forma de fazer suas<br />

encomendas à empresa, para produção<br />

local, que deve incluir, além de<br />

blocos, cabeçotes e virabrequins, outros<br />

componentes de ferro fundido.<br />

NO LIMITE<br />

As fundições da Tupy em Mauá e<br />

Joinville trabalham no limite e só haverá<br />

fôlego novo com a operação da<br />

unidade C, em Joinville, que terá capacidade<br />

para 70 mil toneladas/ano,<br />

depois de receber investimento de R$<br />

40 milhões para apressar a inauguração,<br />

marcada para o fim deste mês.<br />

A empresa aplica R$ 29 milhões em<br />

Mauá. A operação no México tem<br />

também a carteira de pedidos cheia,<br />

atendendo clientes locais, dos EUA,<br />

Europa e Ásia.<br />

Com avanço no mercado brasileiro<br />

e exportando metade da produção, a<br />

fundição catarinense driblou as dificuldades<br />

logísticas e cambiais para<br />

tornar-se lucrativa. Em 2011, faturou<br />

R$ 2,18 bilhões, dos quais R$ 203,4<br />

milhões entraram na conta do lucro<br />

líquido. A empresa emprega 9,5 mil<br />

profissionais no País e vende os produtos<br />

de ferro a 40 países.<br />

A Tupy prepara-se para fornecer os<br />

blocos do motor que a Ford vai montar<br />

em Camaçari (BA) para equipar o<br />

novo Ka. Será um propulsor 1.0 de<br />

três cilindros, produzido também na<br />

Índia, África do Sul e Europa. A MAN<br />

será outro cliente importante, com<br />

a substituição de motores da Cummins<br />

e MWM International pela linha<br />

própria de propulsores. “Vamos fornecer<br />

blocos na faixa de 140 a 280<br />

cavalos”, revelou Rizzo. “Haverá esforço<br />

grande também de outras marcas<br />

para enquadramento em novas<br />

regras de eficiência energética.”<br />

Em outra frente, a empresa, por<br />

meio da VM Motores, vai abastecer o<br />

Grupo Fiat, com blocos de motores<br />

hoje utilizados pela Chrysler no SUV<br />

Cherokee, entre outros modelos, que<br />

serão utilizados em veículos montados<br />

na Itália, como Maserati. n<br />

(Paulo Ricardo Braga e Sueli Reis)<br />

<strong>Automotive</strong>BUSINESS • 79


ELETRÔNICA VEICULAR<br />

novIdAdes a BoRDo<br />

As AtrAções dos<br />

cArrões podem<br />

se popULArIZAr<br />

com o IncentIvo<br />

80 • <strong>Automotive</strong>BUSINESS<br />

do regIme<br />

AUtomotIvo<br />

Rosa symanski, Com equipe<br />

automotive <strong>Business</strong><br />

o AvAnço dA economIA, do poder<br />

AqUIsItIvo e dA AnsIedAde do<br />

consUmIdor por novIdAdes pressIonA<br />

A IndústrIA AUtomobILístIcA nA<br />

IntrodUção dA eLetrônIcA embArcAdA<br />

Flávio Campos, diretor de engenharia da Delphi<br />

As maravilhas da eletrônica veicular, ainda um privilégio de quem<br />

pode comprar um carro do nível do brasileiro Civic LXS, que custa<br />

R$ 69,7 mil, podem popularizar-se no médio prazo até mesmo entre<br />

veículos de entrada, com grau significativo de componentes nacionais,<br />

se o novo regime automotivo for bem-sucedido e promover a disseminação<br />

de tecnologias embarcadas ainda não disponíveis em razão de custos<br />

elevados e baixa escala. Engenheiros brasileiros dominam as arquiteturas<br />

eletroeletrônicas necessárias aos projetos e os fabricantes locais incorporam<br />

equipamentos aqui, mas a maioria ainda tem vasta quantidade de<br />

componentes importados, principalmente da Ásia, por grandes sistemistas<br />

especialistas em powertrain, segurança, conectividade e infotainment.


A vulnerabilidade da indústria automobilística<br />

brasileira a hardware<br />

eletrônico importado ficou evidente<br />

após o terremoto no Japão, em<br />

março de 2011, seguido de tsunami,<br />

que desarmou parte do supply<br />

chain de componentes eletrônicos<br />

vitais. Honda e Toyota, em especial,<br />

demoraram meses para recuperar o<br />

fôlego nas linhas de montagem no<br />

Brasil, comprovando que a falta de<br />

autonomia local e a dependência de<br />

fornecedores únicos podem trazer<br />

prejuízo em situações como essa.<br />

“O avanço da economia, do poder<br />

aquisitivo e da ansiedade do consumidor<br />

por novidades pressiona a<br />

indústria automobilística na introdução<br />

da eletrônica embarcada nos<br />

veículos”, assinala Flávio Campos,<br />

diretor de engenharia da Delphi que<br />

comandou o desenvolvimento da<br />

Mapec, central elétrica inteligente<br />

flexível que elimina fusíveis, relês e<br />

módulos eletrônicos.<br />

“Percebemos que carros de países<br />

emergentes são mais simples e a<br />

arquitetura eletroeletrônica da Mapec<br />

atende a equação técnica e de<br />

custos para diferentes veículos. A<br />

tecnologia utilizada permite analisar,<br />

em cada automóvel, se é necessário<br />

trancar portas, ligar limpadores<br />

de para-brisas ou fazer o controle de<br />

climatização”, pondera Campos, destacando<br />

que o desenvolvimento da<br />

eletrônica embarcada no Brasil atrai o<br />

interesse de países como Índia e Usbequistão,<br />

emergentes que têm similaridades<br />

com o Brasil, caracterizado como<br />

um mercado de carros populares.<br />

A Delphi direciona ao Brasil investimentos<br />

de R$ 40 milhões por<br />

ano e também recebe incentivos<br />

do governo para dar cabo de seus<br />

projetos. “Olhamos em nossos programas<br />

as necessidades que o mercado<br />

brasileiro tem nos campos da<br />

segurança, sustentabilidade e conectividade”,<br />

afirma Campos.<br />

A eLetrônIcA<br />

embArcAdA no cIvIc<br />

Como parte da atualização tecnológica, o novo Honda Civic produzido<br />

no Brasil passou a ser equipado, desde a versão LXS (a mais acessível,<br />

por R$ 69.700), com o i-Mid e a função Econ. O primeiro item é uma central<br />

inteligente que exibe diversas informações e opera como interface para<br />

personalização de itens do veículo. Já o Econ opera como assistência à<br />

condução econômica, interferindo no funcionamento da injeção eletrônica<br />

de combustível, no ar-condicionado e no controlador automático de velocidade.<br />

Confira os principais sistemas eletrônicos do veículo.<br />

P Direção elétrica<br />

P Acendimento automático dos faróis baixos com sensor crespuscular<br />

P Ar-condicionado automático e digital<br />

P Central de informações i-Mid (Intelligent Multi-Information Display)<br />

P LCD de 5” com controle no volante<br />

P Controle de áudio e velocidade de cruzeiro no volante com teclas iluminadas<br />

P Função Econ com Eco Assist (indicador iluminado de controle de consumo de combustível)<br />

P Painel multiplex com ajuste de luminosidade<br />

P Sistema de áudio AM-FM com CD Player CDA/MP3/WMA com 4 alto-falantes<br />

P Sistema multimídia e navegador (GPS) touch screen integrado ao painel<br />

P Tecnologia Bluetooth HFT (Hands Free Telephone) para ligações e reprodução de músicas com<br />

ajuste no volante<br />

P Tomada auxiliar P2 e conexão USB para MP3 Players, pendrive e iPod, iPhone e iPad<br />

P Vidros elétricos com função de um toque e sistema antiesmagamento<br />

P Airbag para motorista e passageiro, frontal e lateral<br />

P Controle de tração e estabilidade<br />

P Sistema de assistência à estabilidade da direção elétrica<br />

P Sistema de assistência de frenagem<br />

<strong>Automotive</strong>BUSINESS • 81


ELETRÔNICA VEICULAR<br />

InovAção via INTERNET<br />

s inovações no desenvolvimen-<br />

Ato de veículos, prerrogativa no<br />

passado de equipes de engenheiros<br />

e designers das montadoras, passaram<br />

a ser compartilhadas com<br />

fornecedores (especialmente os sistemistas)<br />

e também com clientes,<br />

como demonstrou a Fiat Automóveis<br />

quando projetou o Novo Uno,<br />

depois da notável experiência com o<br />

Mio em redes sociais.<br />

Os carros, hoje, nascem muitas<br />

vezes de programas marcados pela<br />

interatividade envolvendo grupos<br />

que têm a internet como meio comum<br />

e como tônica a substituição<br />

de sistemas mecânicos por eletrônicos.<br />

Ocorre, aí, a introdução de<br />

uma grande dose de conectividade<br />

e infotainment, somando informação<br />

e entretenimento. Condutor e<br />

os passageiros passam a “conversar”<br />

com o veículo e com o mundo<br />

exterior tocando em telas sensíveis<br />

ou “falando” comandos. As telas<br />

pode ser reconfiguradas e registram<br />

toda a sorte de informação, como o<br />

tráfego na região, o melhor caminho<br />

para chegar ao destino, pontos de<br />

interesse e a autonomia do veículo.<br />

Nesse ambiente agradável, que reúne<br />

coisas comuns ao escritório e residência,<br />

é possível enviar torpedos,<br />

e-mails e telefonar – e o motorista<br />

não precisa tirar a mão do volante<br />

para fazer isso.<br />

O sistema Sync, da Ford, oferece<br />

esses benefícios em veículos mais<br />

sofisticados e promete introduzi-<br />

-los progressivamente nos produtos<br />

montados no Brasil. Cláudio Moles,<br />

gerente de engenharia da Ford, ob-<br />

82 • <strong>Automotive</strong>BUSINESS<br />

cLIentes e fornecedores AtUAm no<br />

desenvoLvImento dos projetos<br />

certos AvAnços<br />

não são ApLIcáveIs<br />

Ao brAsIL, qUe<br />

precIsA se AtUALIZAr<br />

em rAstreAmento<br />

RoDRigo Chaves, gerente executivo<br />

de engenharia da MAN LA<br />

serva que alguns recursos de eletrônica<br />

embarcada ainda não são adotados<br />

no País pela falta de escala ou<br />

de tecnologias locais. “No exterior,<br />

o rádio digital funciona via satélite.<br />

Como aqui não há satélite voltado<br />

a esta tecnologia, não podemos<br />

adotar esse sistema”, esclarece, assegurando<br />

que há um esforço para<br />

a introdução de outras novidades:<br />

“Comandos de voz em português e<br />

GPS integrado com mapas já estão<br />

em nossos carros.”<br />

“Nossa engenharia privilegia a<br />

segurança. Esse é o nosso grande<br />

foco”, explica Moles. Para ele, o<br />

mercado brasileiro apresenta grande<br />

potencial para desenvolvimento<br />

da eletrônica a bordo, mas precisa<br />

de mais incentivos. “Muitos carros<br />

circulam ainda sem rádio”, observa.<br />

Marcus Mundim, da Fiat Powertrain,<br />

defende que o País tem plenas<br />

condições de desenvolver sistemas<br />

de eletrônica embarcada similares<br />

aos de outros países. “Temos estrutura<br />

e conhecimento para isso.<br />

A Fiat, por exemplo, pode trazer<br />

tecnologias que possui lá fora”,<br />

observa, avisando que, este ano, a<br />

montadora italiana terá novidades<br />

no campo de estabilidade eletrônica<br />

e haverá carros novos chegando<br />

com dez airbags, novos sistemas de<br />

entretenimento e navegação.<br />

A MAN Latin America também<br />

tem se esmerado em trazer inovações<br />

ao mercado brasileiro, como<br />

piloto automático com controle a<br />

distância, modernos sistemas ABS<br />

e tecnologias que detectam se o<br />

motorista está sonolento a partir da<br />

observação de seu desempenho nas<br />

faixas da estrada, segundo Rodrigo<br />

Chaves, gerente executivo de engenharia<br />

da montadora. Ele observa,<br />

no entanto, que certos avanços não<br />

são aplicáveis no Brasil: algumas estradas<br />

aqui nem mesmo têm faixas<br />

desenhadas e o País precisa se atualizar<br />

em rastreamento, que vai entrar em vigor<br />

em agosto, com três anos de atraso<br />

em relação a outros continentes.


ELETRÔNICA VEICULAR<br />

são eLes os responsáveIs por grAnde pArte dAs InovAções<br />

84 • <strong>Automotive</strong>BUSINESS<br />

o pApeL dos sIstemIstAs<br />

na eletRÔniCa<br />

ábio Nista, diretor técnico da PST<br />

FElectronics, acredita que o avanço<br />

da eletrônica nos veículos tende<br />

a aumentar cada vez mais, puxado<br />

pelo avanço dos veículos híbridos<br />

e elétricos, que requerem sistemas<br />

de gerenciamento eletrônico complexos,<br />

e também por outras áreas,<br />

como sistemas de auxílio à direção,<br />

georreferenciamento, conectividade<br />

e infotainment, combinação de<br />

informação e entretenimento. “São<br />

recursos cada vez mais demandados<br />

pelos consumidores ou por exigências<br />

legais”, afirma.<br />

Na área de atuação da PST Electronics<br />

a novidade é o aumento da<br />

conectividade embarcada nos veículos.<br />

“Os destaques são os novos<br />

equipamentos conectados à internet,<br />

que possibilitam o acesso a<br />

informações, dados e serviços. Há<br />

diversas aplicações, como internet<br />

rádio, que possibilita o streaming de<br />

músicas da web, o uso de informações<br />

de telemetria para monitorar o<br />

desempenho do veículo e a forma<br />

de condução do motorista, além do<br />

recebimento de informações de tráfego<br />

em tempo real no navegador”,<br />

enumera o executivo.<br />

Apesar do ritmo desenfreado da<br />

evolução da eletrônica embarcada<br />

no mundo, Nista acredita que as so-<br />

linha de montagem<br />

na PST Electronics<br />

luções mecânicas e eletrônicas conviverão<br />

ainda por muito tempo. “A<br />

tendência de aumento do conteúdo<br />

eletrônico nos veículos é real, porém<br />

ainda existirá espaço para as soluções<br />

mecânicas. A popularização de<br />

veículos totalmente elétricos esbarra<br />

na concorrência com modelos híbridos<br />

e aqueles que utilizam combustíveis<br />

alternativos”, observa.<br />

Para Nista, a indústria está capacitada<br />

a desenvolver soluções eletrônicas<br />

complexas e competitivas<br />

com as importadas. “Ainda existem<br />

obstáculos a serem superados, mas<br />

os fabricantes avançam claramente.<br />

Fatores como maior concorrência<br />

com a entrada de automóveis importados<br />

em larga escala, busca por<br />

novos acessórios de acordo com as<br />

tendências globais e a implantação<br />

de novas fábricas no Brasil levaram<br />

a um avanço do conteúdo eletrônico<br />

embarcado nos veículos”, avalia.<br />

Ricardo Takahira, gerente de novos<br />

negócios da Magneti Marelli,<br />

observa que a eletrônica traz reflexos<br />

no conforto e na economia de<br />

combustível e que os consumidores<br />

cada vez mais comparam os veículos<br />

pelo conteúdo tecnológico. “As<br />

montadoras querem ir além do sistema<br />

de touchscreen e oferecer comandos<br />

de voz”, diz o especialista.<br />

Ele acrescenta que um caso de sucesso<br />

tecnológico recente é o câmbio<br />

robotizado adotado pela Fiat e<br />

pela Volkswagen.<br />

Maurício Muramoto, presidente<br />

do Grupo Continental no Brasil,<br />

julga que a inovação é a palavra


-chave para a evolução da eletrônica<br />

embarcada no País. Ele revela que a<br />

empresa acaba de fazer acordo com<br />

a Escola Politécnica da USP e com<br />

a Universidade de Munique para desenvolvimento<br />

de tecnologia. “O governo<br />

deveria incentivar mais a produção<br />

de chips, pois as iniciativas<br />

locais ainda são tímidas”, analisa.<br />

Wayne Alves, diretor de P&D da<br />

Kostal, faz coro com Muramoto e<br />

apregoa que um desenvolvimento<br />

mais efetivo da eletrônica embarcada<br />

no Brasil depende da consolidação<br />

de uma indústria de semicondutores.<br />

O executivo chama a atenção<br />

para a desatualização do carro nacional.<br />

“A eletrônica está progredindo<br />

com tanta rapidez no resto do<br />

mundo que os carros brasileiros podem<br />

ficar para trás”, observa.<br />

mauRÍCio muRamoto, presidente<br />

do Grupo Continental no Brasil<br />

A eletrônica chega com força aos<br />

veículos comerciais, exercendo papel<br />

crescente em eixos diferenciais<br />

da Dana e Meritor para controlar a<br />

lubrificação e nas caixas de transmissão<br />

da ZF e Eaton que constituem<br />

o cérebro do powertrain e<br />

definem o regime de operação do<br />

motor, garantindo maior desempenho<br />

e economia aos veículos.<br />

Da mesma forma, a evolução do<br />

powertrain de Euro 3 para Euro 5<br />

dependeu de uma elevada dose de<br />

eletrônica para controle do motor,<br />

dos novos sistemas de autodiagnose<br />

dos gases de combustão (OBD,<br />

ou On-Board Diagnosis), dos avançados<br />

ABS/EBD e dispositivos que<br />

controlam a distância dos veículos<br />

da frente, com recursos eletrônicos<br />

de frenagem automática.


ELETRÔNICA VEICULAR<br />

veÍCulo elÉtRiCo É ApostA<br />

dA semIKron<br />

86 • <strong>Automotive</strong>BUSINESS<br />

empresA Investe nA eLetrônIcA de potêncIA<br />

onhecida pela fabricação de<br />

Ccomponentes para circuitos<br />

eletrônicos e chips, a Semikron deu<br />

uma guinada nos seus negócios e<br />

optou por entrar no setor de carros<br />

elétricos. A empresa, que se notabilizou<br />

pelo desenvolvimento de tecnologia<br />

para os trólebus e ônibus<br />

híbridos paulistanos e ainda atende<br />

motores elétricos ou híbridos de<br />

máquinas agrícolas e de construção,<br />

empilhadeiras e barcos, está<br />

por trás da tecnologia do Prius.<br />

“O carro da Toyota teve boa aceitação<br />

do público”, afirma Edelweis<br />

Ritt, presidente da Semikron no<br />

Brasil, que questiona a produção de<br />

carros híbridos em solo brasileiro.<br />

“Hoje, a grande dúvida é se haverá<br />

desenvolvimento desses veículos<br />

aqui. Essa é uma premissa que depende<br />

muito de algum impulso do<br />

governo junto a montadoras”.<br />

Reinaldo de Bernardi, superintendente<br />

de desenvolvimento de produtos<br />

e negócios da Ceitec S.A., empresa<br />

pública federal gaúcha ligada<br />

ao Ministério da Ciência, Tecnologia<br />

prodUção de<br />

híbrIdos depende<br />

de ImpULso do<br />

governo jUnto A<br />

montAdorAs<br />

eDelweis Ritt, presidente da<br />

Semikron no Brasil<br />

e Inovação (MCTI), criada em 2008,<br />

voltada ao desenvolvimento de semicondutores,<br />

afirma que existe um<br />

plano de estender os negócios ao<br />

setor automotivo. “Estamos atento<br />

às necessidades do País e isso inclui<br />

a eletrônica embarcada. Já estamos<br />

até listados como fornecedores da<br />

indústria automobilística”, diz.<br />

A Ceitec recebeu investimentos<br />

superiores a R$ 500 milhões e se<br />

notabilizou pelo chip do boi, seu<br />

produto pioneiro, oferecido em<br />

grande escala. “Para este ano, a<br />

ideia é atingir a marca de 2 milhões<br />

de unidades. Também temos projetos<br />

em HF, voltado a bolsas de plasma<br />

sanguíneo e projetos em UHF<br />

que identifica e rastreia mercadorias”,<br />

explicou Bernardi. n<br />

ReinalDo De BeRnaRDi,<br />

superintendente de desenvolvimento de<br />

produtos e negócios da Ceitec S.A.


EDUCAÇÃO EXECUTIVA<br />

CORRIDA À eSCOla<br />

InstItuIções<br />

COmO esPm e<br />

InsPeR PROmOvem<br />

A CAPACItAçãO<br />

PROfIssIOnAl<br />

DesDe As<br />

mOntADORAs<br />

Até O vARejO<br />

AutOmOtIvO<br />

Natalia Gómez<br />

Junto com a crescente relevância<br />

do Brasil no mercado automotivo<br />

mundial, aumenta a necessidade<br />

de formação dos executivos do setor.<br />

Além da tradicional preocupação das<br />

grandes montadoras com o tema,<br />

outros pontos da cadeia de produção<br />

e distribuição investem cada vez<br />

mais no preparo de líderes. Temas<br />

como gestão de pessoas, finanças e<br />

comportamento do consumidor são<br />

alguns dos principais assuntos que<br />

mais interessam às companhias do<br />

mercado automotivo – e as escolas<br />

de negócios trabalham para atender a<br />

esta demanda.<br />

As instituições de ensino registram<br />

que nos últimos cinco anos o segmento<br />

que mais tem procurado cursos<br />

para executivos é o de concessio-<br />

fotos: divulgAção<br />

nárias de veículos, estimuladas pelas<br />

respectivas montadoras.<br />

VAREJO AUTOMOTIVO<br />

Além de atender fabricantes de veículos<br />

e autopeças, a ESPM conta que desenvolveu<br />

programas específicos para<br />

atender à demanda do varejo automotivo.<br />

Segundo a professora Célia Marcondes<br />

Ferraz, diretora de educação<br />

executiva da instituição, a importância<br />

deste elo da cadeia cresceu muito por<br />

causa do avanço da concorrência.<br />

“Uma montadora pode perder um<br />

negócio que já estava ganho se a<br />

pessoa não gostar do atendimento”,<br />

afirma. A segmentação e o desenvolvimento<br />

do mercado exigem uma<br />

postura mais especializada em termos<br />

de negócio das concessionárias,<br />

Fiat: apoio financeiro a<br />

mestrados, cursos de idiomas,<br />

MBAs e pós-graduações<br />

o que se acentuou nos últimos cinco<br />

anos, de acordo com ela.<br />

A maior preocupação neste ramo<br />

está em preparar as equipes para conhecer<br />

melhor os veículos, trabalhar<br />

o relacionamento com o consumidor,<br />

além de definir níveis de estoques,<br />

contratos com parceiros e promoções.<br />

“Não basta conhecer o veículo, é preciso<br />

entender de gestão”, diz. Por isso, os<br />

cursos da ESPM para este setor abordam<br />

marketing, avaliação financeira e<br />

promoções em pontos de venda.<br />

Outra importante vertente é o trade<br />

marketing, área que trata a importância<br />

do ponto de venda na compra de<br />

itens, levando em conta a interação do<br />

cliente dentro da loja com produtos,<br />

promoções e o atendimento. Também<br />

existem programas voltados para os<br />

<strong>Automotive</strong>BUSINESS • 87


EDUCAÇÃO EXECUTIVA<br />

controladores e diretores financeiros<br />

das concessionárias, que tratam de<br />

precificação, níveis de estoque e políticas<br />

de concessão de crédito.<br />

Entre os clientes da ESPM estão<br />

as associações de concessionários<br />

Fiat e Chevrolet. Os cursos são estruturados<br />

sob medida e pagos pelas<br />

concessionárias, mas a negociação<br />

é feita pela entidade de classe para<br />

proporcionar preços mais atraentes<br />

ao envolver várias turmas. A duração<br />

é variável, de acordo com a possibilidade<br />

de cada cliente. “Temos programas<br />

de gestão para concessionários<br />

de 90 horas e outros mais compactos,<br />

de 8 horas”, conta. As aulas podem<br />

ser ministradas nas empresas,<br />

em hotéis ou na própria escola. O<br />

público é composto de gerentes e<br />

DOm CABRAl DesenvOlve lÍDeRes nA fIAt<br />

pesar de já contarem com<br />

A executivos bem preparados,<br />

as montadoras fazem um investimento<br />

contínuo no desenvolvimento<br />

de pessoas. O diretor<br />

de recursos humanos da Fiat,<br />

Norberto Klein, conta que as políticas<br />

de educação continuada da<br />

Fiat contemplam apoio financeiro à<br />

realização de mestrados, cursos de<br />

idiomas, MBAs e pós-graduações,<br />

assim como uma parceria com a<br />

Fundação Dom Cabral, que oferece<br />

cursos para o desenvolvimento<br />

de líderes. “Também participamos<br />

de feiras, congressos nacionais<br />

e internacionais, e estruturamos<br />

cursos e parcerias específicas para<br />

grupos de pessoas dentro da empresa”, conta.<br />

Para sua liderança, a Fiat possui um programa específico,<br />

chamado de Programa de Desenvolvimento de<br />

Líderes, do qual participam diretores e vice-presidentes.<br />

A primeira etapa prevê a avaliação das competências<br />

do profissional, com o objetivo de identificar quais<br />

88 • <strong>Automotive</strong>BUSINESS<br />

técnicos de alto nível nas empresas.<br />

No caso da Chevrolet, a ESPM realizou<br />

também um programa de formação<br />

para as agências de propaganda<br />

que atendem a rede de lojas em todo<br />

o País. “A montadora quer vender carros,<br />

e isso implica também um bom<br />

trabalho das empresas de comunicação<br />

que vão assessorar as concessionárias”,<br />

explica Célia.<br />

INSPER CUSTOMIZA<br />

O Insper, uma das principais escolas<br />

de educação executiva do País,<br />

também registrou um aumento na<br />

procura de cursos para executivos no<br />

segmento de distribuidoras de veículos.<br />

Entre seus clientes estão as associações<br />

de distribuidores da Toyota e<br />

da Ford. Segundo o diretor de educa-<br />

Célia marCONdeS Ferraz,<br />

diretora de educação executiva da EsPM<br />

são os pontos a ser desenvolvidos.<br />

Segundo o diretor de RH, o modelo<br />

de liderança da empresa prevê<br />

que um líder deve ser capaz de comandar<br />

mudanças, ter boa capacidade<br />

de comunicação e garantir o<br />

atingimento de resultados. Com o<br />

diagnóstico em mãos, a empresa<br />

define se o executivo participará de<br />

cursos com escolas parceiras, treinamentos<br />

internos ou fora do País.<br />

No caso da parceria com a Fundação<br />

Dom Cabral, os executivos<br />

participam de módulos técnicos,<br />

comportamentais e de gestão de<br />

negócios durante 18 meses. Cada<br />

módulo dura dois a três dias e<br />

existe um intervalo de dois meses<br />

entre cada módulo. Neste período são oferecidas sessões<br />

individuais de coaching para fortalecer as competências<br />

e ajudar no plano de desenvolvimento individual<br />

traçado para cada executivo. Em alguns casos, os<br />

profissionais participam de projetos de médio prazo no<br />

exterior, com foco tecnológico ou de gestão.


AtRAçãO De CentROs<br />

De eXCelÊnCIA<br />

InCentIvA eXeCutIvOs<br />

atual momento vivido pela indústria automotiva brasileira, com a atra-<br />

o ção de centros de excelência, com pesquisa e desenvolvimento, tende<br />

a incentivar ainda mais a formação de executivos no setor. “O Brasil virou<br />

um mercado muito demandante do setor automobilístico e as empresas<br />

estão trazendo uma série de centros de excelência para cá”, afirma o sócio,<br />

gerente da consultoria de recrutamento e seleção de executivos, a Asap,<br />

Fernando Marucci. A disputa por mão de obra qualificada no setor é outro<br />

fator que impulsionará a educação executiva, pois uma boa liderança é um<br />

aspecto crucial para retenção de talentos.<br />

ção executiva do Insper, Luca Borroni,<br />

a Toyota estava prestes a começar a<br />

quinta turma, enquanto a Ford já teve<br />

três turmas. Existem negociações<br />

com outros clientes, como a Mercedes<br />

Caminhões e a Volvo.<br />

Os cursos são customizados de<br />

acordo com as necessidades de cada<br />

distribuidora e participam os executivos<br />

líderes contratados e os herdeiros<br />

das empresas. “São programas de<br />

COnCessIOnáRIAs<br />

estãO se<br />

PROfIssIOnAlIzAnDO<br />

COm O APOIO DA<br />

emPResA, que é A<br />

mAIOR InteRessADA<br />

em teR DIstRIBuIDORes<br />

Bem PRePARADOs<br />

luCa BOrrONi, diretor de<br />

Educação Executiva do insper<br />

pós-graduação voltados para desenvolver<br />

as competências de gestão”,<br />

afirma. Segundo ele, o varejo automotivo<br />

é o pano de fundo, mas o foco<br />

está na gestão do negócio, passando<br />

por contabilidade, finanças, planejamento<br />

e operações. A duração é de<br />

um ano e meio a dois anos.<br />

Borroni conta que as montadoras<br />

participam da concepção do programa,<br />

como é o caso da Toyota. “As<br />

concessionárias estão se profissionalizando<br />

com o apoio da empresa,<br />

que é a maior interessada em<br />

ter distribuidores bem preparados”,<br />

diz. Ele conta que as montadoras<br />

têm grande bagagem e competência<br />

em gestão, mas esbarram com<br />

a realidade brasileira do mercado de<br />

distribuição, composto por grupos<br />

familiares. “As montadoras fazem<br />

um belíssimo produto, mas este é<br />

vendido por outras empresas.”<br />

Em sua visão, as fabricantes entenderam<br />

que precisam de equipes<br />

fortes não apenas em seus quadros,<br />

mas que as distribuidoras também<br />

precisam compartilhar a mesma filosofia.<br />

“Esta sensibilidade nasceu nos<br />

últimos anos e veio para ficar”, afirma.<br />

Participam dos cursos do Insper 25<br />

alunos por turma. Estes são selecionados<br />

de acordo com o currículo, de modo<br />

que participe do curso uma pessoa<br />

de cada concessionária, que depois<br />

terá a missão de propagar o conhecimento<br />

na sua empresa. Em geral, os<br />

escolhidos são do nível de diretoria ou<br />

sócios. As aulas são ministradas no<br />

Insper, que possui salas em formato de<br />

anfiteatro onde os alunos são estimulados<br />

a trocar informações entre si. n<br />

<strong>Automotive</strong>BUSINESS • 89


cobiça<br />

CLÁSSICO<br />

Com visual clássico, a caneta<br />

esferográfica Roadster, da Cartier,<br />

é construída em resina com banho<br />

de platina. Por R$ 900,00.<br />

Cartier, rua Haddock Lobo, 1.567,<br />

São Paulo, SP, tel. 11 3081-0051.<br />

90 • <strong>Automotive</strong>BUSINESS<br />

Em couro, a pasta de<br />

documentos masculina Cartier oferece dois<br />

compartimentos. Por R$ 6.000,00.<br />

Cartier, rua Haddock Lobo, 1.567,<br />

São Paulo, SP, tel. 11 3081-0051.<br />

A capa com teclado para iPad da Integris Brasil mantém<br />

a praticidade do tablet mas resolve a questão para<br />

aqueles que não se dão bem com a tela touch.<br />

O acessório funciona via Bluetooth e é recarregado por<br />

USB. Por 241,00. www.integrisbrasil.com.br.<br />

Quem passa muito tempo dentro do carro<br />

pode aproveitar o trânsito para saborear um<br />

café. A Handpresso Auto é uma máquina<br />

portátil de expresso que funciona ligada ao<br />

acendedor de cigarros. Disponível no site da<br />

fabricante francesa por s 149.<br />

www.handpresso.com.<br />

A poltrona Neo, do designer Fernando Jaeger,<br />

vai bem da sala de estar ao escritório. A peça tem pés<br />

e estrutura de madeira maciça de reflorestamento.<br />

Revestida com Tweed Cetim Cosmo a poltrona<br />

sai por R$ 1.510,00. Fernando Jaeger,<br />

rua Coronel Melo de Oliveira, 440,<br />

São Paulo, SP, tel. 11 3873-2989.<br />

(Preços pesquisados em abril)

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