PROBLEMA VIRA SOLUÇãO - Automotive Business
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<strong>Automotive</strong><br />
ABRIL 2012<br />
ano 4 • número14<br />
mercedes-benz<br />
•ECOSPORT REINAUGURA<br />
A FORD EM CAMAÇARI<br />
• NOVO FIAT SIENA CRESCE<br />
NA ONDA DO MERCADO<br />
• NOVA lINhA DE lEVES<br />
ERA SEGREDO NA MAN<br />
• UM FÓRUM QUE ACABOU<br />
COM MESMICES DO SETOR<br />
problema vira solução<br />
Saiba como o preSidente Jürgen Ziegler comandou a tranSformação<br />
de JuiZ de fora em uma daS fábricaS de caminhõeS maiS produtivaS do<br />
mundo e devolveu o fôlego que faltava à marca alemã
índice<br />
24 MATÉRIA DE CAPA | MERCEDES-BENZ<br />
<strong>PROBLEMA</strong> <strong>VIRA</strong><br />
SOLUÇÃO<br />
Saiba como o presidente Jürgen Ziegler<br />
comandou a transformação de Juiz de Fora<br />
em uma das fábricas de caminhões<br />
mais produtivas do mundo e devolveu<br />
o fôlego que faltava à marca alemã<br />
8 ALTA RODA<br />
MOTORES DE 1 LITRO EM QUEDA<br />
O mercado anda meio de lado<br />
12 PONTO DE VISTA<br />
NOVO REGIME AUTOMOTIVO<br />
Boas intenções. E os resultados?<br />
16 MÁQUINAS AGRÍCOLAS<br />
MUDANÇAS NOS VENTOS<br />
Cenário de crescimento zero<br />
18 NOVO PORTAL<br />
AUTOMOTIVE BUSINESS<br />
COMO CONQUISTAR OS NAVEGADORES<br />
20-22 CAMINHÕES<br />
METRO-SCHACMAN<br />
Fábrica em Pernambuco<br />
JAC & NAVISTAR<br />
Acordo para o Brasil<br />
SHIYAN YUNLIHONG<br />
Planta em Camaquã (RS)<br />
DAF CAMINHÕES<br />
Caparelli desenvolve rede<br />
FOTON AUMARK<br />
Merluzzi assume operação<br />
30 MAN LA<br />
REVOLUÇÃO EM RESENDE<br />
Phevos e fábrica nova
34 FÓRUM<br />
AUTOMOTIVE BUSINESS<br />
VIDA NOVA EM EVENTOS<br />
DA INDÚSTRIA<br />
42 CAMAÇARI 2.0<br />
ECOSPORT REINAUGURA FORD<br />
Nova fase, sem Marcos de Oliveira<br />
48 ESTRATÉGIA<br />
CITROËN NA VITRINE DO LUXO<br />
A força da marca premium<br />
54 GRAND SIENA<br />
A CONQUISTA DO ESPAÇO<br />
Sedã cresce na onda do mercado<br />
60 AUTOMEC PESADOS<br />
EM MARCHA LENTA<br />
Feira do aftermarket não decola<br />
62 MONTADORA<br />
HONDA ESPANTA MÁ FASE<br />
Sumaré de volta aos trilhos<br />
64 AGRALE<br />
A ORDEM É CRESCER<br />
Montadora emplaca 50 anos<br />
70 PRÊMIO GM<br />
SUPPLIER OF THE YEAR<br />
CSN foi melhor fornecedora<br />
76 MERCADO<br />
IMPLEMENTOS MUDAM DIREÇÃO<br />
Alcides Braga assume a Anfir<br />
77 PRÊMIO ZF<br />
EMPRESA RECONHECE ALIADAS<br />
Grupo incentiva a inovação<br />
79<br />
FUNDIÇÃO<br />
TUPY DESAFIA LÓGICA<br />
Em blocos, é a maior do mundo<br />
80 ELETRÔNICA VEICULAR<br />
NOVIDADES A BORDO<br />
Regime automotivo populariza atrações<br />
87 EDUCAÇÃO EXECUTIVA<br />
CORRIDA À ESCOLA<br />
Instituições promovem capacitação<br />
90<br />
COBIÇA<br />
O CLÁSSICO<br />
Acessórios não tão dispensáveis<br />
<strong>Automotive</strong>BUSINESS • 5
EDITORIAL<br />
6 • <strong>Automotive</strong>BUSINESS<br />
Paulo Ricardo Braga<br />
Editor<br />
paulobraga@automotivebusiness.com.br<br />
EM TEMPO DE GOOGLE E<br />
FACEBOOK, O QUE ELUCUBRAR<br />
PARA CONQUISTAR VOCÊ?<br />
Criamos novidades para colocar você em conexão com a indústria<br />
automobilística. Elucubramos. Foi assim com o III Fórum <strong>Automotive</strong><br />
<strong>Business</strong>, que aplicou dose extra de networking para exorcizar a<br />
mesmice dos eventos do setor e ganhou recorde de participantes.<br />
Editora de portal, revista, newsletter, webTV e fóruns, <strong>Automotive</strong><br />
<strong>Business</strong> tem a responsabilidade de oferecer marcos seguros para decisão e<br />
planejamento. “Todas as informações estão disponíveis sem que as pessoas<br />
tenham de pagar por isso. Trabalhamos para que tudo aconteça como<br />
resultado da receita publicitária obtida com práticas saudáveis”, diz a diretora<br />
de marketing Paula Braga.<br />
O portal www.automotivebusiness.com.br, que acaba de estrear, depois<br />
da quarta reformulação, evidencia essa realidade e incorpora ferramentas atuais,<br />
como compartilhamento de notícias e vídeos. Links que não correm atrás dos<br />
visitantes permitem a aquisição de livros. A mídia digital dá acesso à revista<br />
impressa, que aponta para a digital por meio de QRcodes.<br />
O portal <strong>Automotive</strong> <strong>Business</strong> é o 8.902 o mais visitado do País, segundo<br />
o Alexa Traffic Rank (27 de abril). Nada mau para um website especializado<br />
que recebe por dia 9.500 a 10.500 visitas de profissionais relacionados à<br />
indústria automobilística. “O número vai crescer, com a incorporação da<br />
webTV ao portal”, garante Paula Braga. O portal é jovem, de 1999, mas muito<br />
possivelmente é o site de economia e negócios do setor automotivo com o<br />
maior número de leitores do Brasil, com 1,2 milhão de pageviews em abril.<br />
Cada visitante dedicou dez minutos, em média, à busca de informações.<br />
O sistema tornou-se interativo, recebendo comentários dos leitores. Uma<br />
newsletter é disparada diariamente a 25 mil interessados, que podem acessar<br />
o mesmo conteúdo pelo celular em formato especial (m.automotivebusiness.<br />
com.br) incluindo vídeos. Seis jornalistas, uma dezena de colunistas e duas<br />
dezenas de colaboradores abastecem o noticiário, suprido também pela<br />
Agência Estado. O Portal AB e seu novo projeto são dirigidos por Paula<br />
Braga. O noticiário é coordenado por Pedro Kutney e Paulo Braga (editores),<br />
Giovanna Riato (subeditora e editora da ABTV) e os repórteres Mário Cúrcio,<br />
Sueli Reis e Camila Franco, ao lado de Thais Celestino e Marcos Ambroselli,<br />
responsáveis pela captação de imagens e edição das entrevistas e programas.<br />
Até a próxima edição.<br />
REVISTA<br />
www.automotivebusiness.com.br<br />
Editada por <strong>Automotive</strong> <strong>Business</strong>, empresa<br />
associada à All Right! Comunicação Ltda.<br />
Tiragem de 12.000 exemplares, com<br />
distribuição direta a executivos de fabricantes<br />
de veículos, autopeças, distribuidores,<br />
entidades setoriais, governo, consultorias,<br />
empresas de engenharia, transporte e logística<br />
e setor acadêmico.<br />
Diretores<br />
Maria Theresa de Borthole Braga<br />
Paula Braga Prado<br />
Paulo Ricardo Braga<br />
Editor<br />
Paulo Ricardo Braga<br />
(Jornalista, MTPS 8858)<br />
Redação<br />
Camila Franco, Giovanna Riato, Mário<br />
Curcio, Paulo Ricardo Braga, Pedro Kutney e<br />
Sueli Reis<br />
Colaboradores desta edição<br />
Camila Boff, Fernando Calmon, Jairo Morelli,<br />
Luciana Duarte, Natalia Gómez, Rosa<br />
Symanski, Stephan Keese<br />
Design e diagramação<br />
Ricardo Alves de Souza<br />
Fotografia, produção e capa<br />
Estúdio Luis Prado<br />
Tel. 11 5092-4686<br />
www.luisprado.com.br<br />
Publicidade<br />
Paula B. Prado<br />
Carina Costa<br />
Greice Ribeiro<br />
Monalisa Naves<br />
Atendimento ao leitor,<br />
CRM e database<br />
Josiane Lira<br />
Fernanda Luchetti<br />
Comunicação e eventos<br />
Carolina Piovacari<br />
Media Center e WebTV<br />
Marcos Ambroselli<br />
Thais Celestino<br />
Impressão<br />
Margraf<br />
Distribuição<br />
ACF Acácias, São Paulo<br />
Redação e publicidade<br />
Av. Iraí, 393, conjs. 51 a 53, Moema,<br />
04082-001, São Paulo, SP,<br />
tel. 11 5095-8888<br />
redacao@automotivebusiness.com.br
ALTA RODA<br />
Fernando Calmon é<br />
jornalista especializado na<br />
indústria automobilística<br />
fernando@calmon.jor.br<br />
Leia a coluna Alta Roda<br />
também no portal<br />
<strong>Automotive</strong> <strong>Business</strong>.<br />
patrocinadora<br />
8 • <strong>Automotive</strong>BUSINESS<br />
luis prado<br />
MOTORES DE 1 LITRO<br />
EM QUEDA<br />
o<br />
mercado automo <br />
bilístico este ano<br />
continua, ainda,<br />
andando meio de lado e há<br />
algumas explicações para<br />
isso. Primeiramente porque<br />
a base comparativa<br />
com o mesmo período do<br />
ano passado é muito elevada.<br />
O primeiro semestre do<br />
ano passado mostrou crescimento<br />
de 10% nas vendas<br />
em relação a 2010, enquanto<br />
no segundo semestre<br />
já havia estagnação.<br />
O segundo ponto – e<br />
mais importante – deve<br />
se ao aumento da inadimplência<br />
(passou de 3% para<br />
5,5% em atrasos nos pagamentos<br />
superiores a 90<br />
dias). Tal fenômeno tornou<br />
bancos mais seletivos ao<br />
liberar novos créditos, em<br />
especial para os chamados<br />
modelos de entrada<br />
ou de menor preço. Esse<br />
indicador demora um pouco<br />
para recuar. O devedor<br />
só sai da lista de inadimplentes<br />
depois de renegociar<br />
e liquidar os atrasados,<br />
mesmo que volte a<br />
pagar em dia de imediato.<br />
Existe, no entanto, outro<br />
aspecto menos avaliado.<br />
Desde o início do ano<br />
o governo federal vem falando<br />
em queda de juros<br />
nos financiamentos em<br />
geral. Ora, quem compra<br />
carro a prestações adia<br />
sua decisão, na esperança<br />
de poder pagar menos.<br />
Embora os juros do CDC<br />
(crédito direto ao consumidor)<br />
no ramo de veículos<br />
estejam entre os mais<br />
baixos, qualquer mudança<br />
tem potencial de impacto<br />
positivo sobre o mercado.<br />
Se uma prestação cai de<br />
R$ 500,00 para R$ 450,00,<br />
mantido o prazo do empréstimo,<br />
agrega milhares<br />
de novos compradores.<br />
Fenômeno interessante,<br />
dentro do quadro atual,<br />
é a contínua queda de<br />
participação dos motores<br />
de 1 litro de cilindrada nas<br />
vendas totais, que se aprofunda<br />
em 2012. A coluna,<br />
em seus 13 anos de publicação,<br />
sempre chamou<br />
a atenção para o favorecimento<br />
tributário errado<br />
para essa motorização. Ela<br />
nasceu de modo tortuoso<br />
no governo Collor de Mello<br />
em 1990, três anos antes<br />
do advento do “carro popular”.<br />
Aliás, o precursor<br />
foi exatamente o Fusca, no<br />
governo Itamar, que só tinha<br />
motor de 1,6 litro...<br />
A legislação levou a sérias<br />
distorções de mercado,<br />
a ponto de em 2001 os<br />
carros equipados com motor<br />
de 1 litro responderem<br />
por 71% das vendas. Houve<br />
uma geração de brasileiros<br />
que se arrastavam em estradas<br />
e subidas por ser induzido<br />
a comprar um automóvel<br />
inadequado nas relações<br />
peso/potência e pe<br />
so/torque. O cenário só começou<br />
a mudar a partir de<br />
2002, quando se estreitou<br />
a diferença de IPI e a “preferência”<br />
começou a cair<br />
lentamente. Em março último,<br />
a participação desses<br />
motores caiu para apenas<br />
40%, recorde de baixa.<br />
Há razões para isso, inclusive<br />
as dificuldades relatadas<br />
com financiamentos<br />
e o aumento do poder<br />
aquisitivo. Mas o comprador<br />
também se convenceu<br />
de que perde pouco (ou<br />
nada, na maioria dos casos)<br />
em termos de economia<br />
de combustível e ganha<br />
muito em prazer ao dirigir,<br />
se fugisse dos motores<br />
pequenos e inadequados<br />
aos carros e suas condições<br />
de uso.<br />
Ao governo caberia corrigir<br />
esses erros do passado.<br />
Há espaço, sim, para<br />
motores de baixa cilindrada,<br />
desde que conjugados<br />
a pesos e propostas<br />
de veículos coerentes.<br />
O consumo normatizado<br />
seria o melhor critério das<br />
alíquotas do IPI, em substituição<br />
à cilindrada. Caberia<br />
à engenharia e à criatividade<br />
técnica estabelecer<br />
a melhor relação entre<br />
preço final, desempenho e<br />
economia. Bastaria lançar<br />
mão de recursos modernos:<br />
turbocompressor, injeção<br />
direta de combustível<br />
e novos materiais.
fROTA nacional de veículos<br />
atingiu quase 35 milhões<br />
de unidades, ao final<br />
de 2011, segundo estatísticas<br />
do Sindipeças,<br />
incluindo automóveis e<br />
comerciais leves e pesados.<br />
São 5,5 habitantes/<br />
veículo, semelhante à Argentina,<br />
mas atrás do México.<br />
Somamse, ainda,<br />
11,6 milhões de motos.<br />
Números mais confiáveis<br />
que os do Denatran, que<br />
despreza o sucateamento.<br />
DEPOIS de três anos<br />
no mercado, o City 2013<br />
recebeu retoques em parachoques,<br />
grades e lanternas<br />
traseiras. Em algumas<br />
versões, novas rodas.<br />
Freios ABS estão agora<br />
em toda a linha. Tanque<br />
de combustível passou de<br />
42 para 47 litros. A Honda<br />
também enxugou o<br />
número de versões e, afirma,<br />
manteve preços médios<br />
inalterados.<br />
DUSTER tem avançado<br />
nas vendas, pelo menos<br />
enquanto novos concorrentes<br />
não chegam, pela<br />
relação preço/benefício<br />
muito boa. Estilo pode<br />
se discutir, mas proposta<br />
é honesta, no dia a<br />
dia, com posição alta ao<br />
volante típica de SUV. Sai<br />
bem equipado de série.<br />
Opção de câmbio automático<br />
de quatro marchas<br />
e seleção manual<br />
vai bem, apesar de limitações<br />
de projeto.<br />
divulgação<br />
PARA a BMW o novo regime<br />
da indústria automobilística<br />
exige outras avaliações<br />
de médio e longo prazos.<br />
A marca alemã não deseja<br />
abrir mão de ter fabricação<br />
local. Legislação faz<br />
algumas exigências que<br />
impactam os custos e o<br />
volume dos investimentos.<br />
Movimentos de concorrentes<br />
diretos, como MercedesBenz<br />
e Audi, também<br />
entram nessas conjeturas.<br />
MAHINDRA pretende<br />
fazer produto mais adaptado<br />
ao Brasil, quando decidir<br />
anunciar seu investimento<br />
em unidade industrial<br />
no Rio Grande do Sul.<br />
Além de reformulação estilística,<br />
em relação ao<br />
existente na Índia, já sabe<br />
que o brasileiro gosta de<br />
modelos robustos, mas<br />
não abre mão de conforto<br />
de marcha. Nisso, nossa<br />
engenharia de suspensões<br />
dá bailes.<br />
cRUZE Sport6 engrossa<br />
disputa entre hatches médioscompactos,<br />
de visual<br />
tão atual como o do Peugeot<br />
308. Espaço interno igual ao<br />
do sedã Cruze, mesmo motor<br />
de 1,8 l/144 cv, câmbio manual<br />
ou automático de seis marchas<br />
e até teto solar na versão<br />
de topo LTZ. Suspensões<br />
e direção muito bons.<br />
Preços, puxados por equipamentos,<br />
de R$ 64.900 a<br />
R$ 79.400, limitarão vendas.<br />
VERSA apresenta estilo algo<br />
controverso. No entanto,<br />
destaca espaço interno,<br />
motor adequado e preço<br />
realmente diferenciado,<br />
pelo que oferece, a partir<br />
de R$ 35.590. Redução de<br />
oferta em função das cotas<br />
de automóveis me xicanos<br />
atrapalhará planos da<br />
Nissan. Incomodam bancos<br />
dianteiros de assentos curto<br />
demais, incompatíveis<br />
com a proposta de modelo<br />
espaçoso.<br />
FERnAnDO CALMOn<br />
RODA VIVA<br />
NãO fOI AcIDENTE –<br />
Para quem deseja acompanhar<br />
debates sobre<br />
embriaguez ao volante<br />
e assinar petição pública<br />
há um site bem estruturado:www.naofoiacidente.org.Participa<br />
de redes sociais (Facebook<br />
e Twitter). Iniciativas<br />
desse naipe são bem<br />
vindas para engajar pessoas<br />
por mais segurança<br />
no trânsito.<br />
RAcIONALIZAR o número<br />
de versões foi a estratégia<br />
da MercedesBenz<br />
para seu roadster SLK enfrentar<br />
o aumento do IPI.<br />
Antes havia três opções,<br />
agora só a de R$ 249.990<br />
e, mais adiante, a AMG<br />
sob encomenda. Fábrica<br />
espera redução próxima a<br />
50% na comercialização<br />
de 2012 em relação a 2011.<br />
Ano passado compras foram<br />
antecipadas para fugir<br />
do imposto.<br />
<strong>Automotive</strong>BUSINESS • 9
PONTO DE VISTA | Stephan keeSe<br />
A INDÚSTRIA<br />
GANHA<br />
TEMPO PARA<br />
SE REINVENTAR<br />
E ATINGIR<br />
CAPACIDADE<br />
DE COMPETIR<br />
SUPERIOR<br />
À ATUAL<br />
Stephan KeeSe é<br />
sócio-diretor da Roland Berger<br />
www.automotivebusiness.com.br/<br />
rolandberger_abril2012.pdf<br />
12 • <strong>Automotive</strong>BUSINESS<br />
NOVO REGIME<br />
AUTOMOTIVO. BOAS<br />
INTENÇÕES, MAS COM<br />
BONS RESULTADOS?<br />
Nos últimos anos<br />
ocorreu um boom<br />
na indústria automotiva<br />
brasileira com o<br />
qual muitos sonharam por<br />
décadas, mas que poucos<br />
realmente acreditaram<br />
que ocorreria. Apenas<br />
entre 2008 e 2011, o crescimento<br />
do mercado chegou<br />
a incríveis 25%, de 2,7<br />
milhões para 3,5 milhões<br />
de veículos. Mas, infelizmente,<br />
a produção local<br />
não foi capaz de avançar<br />
na mesma velocidade.<br />
O aumento dos custos<br />
de produção, combinado<br />
ao fortalecimento do real,<br />
tornou as exportações<br />
para fora do Mercosul virtualmente<br />
impossíveis ou,<br />
ao menos, muito pouco<br />
lucrativas. Enquanto<br />
a produção local para exportação<br />
diminuiu, montadoras<br />
globais começaram<br />
a aproveitar os baixos<br />
custos de produção de algumas<br />
regiões para satisfazer<br />
o grande apetite dos<br />
consumidores brasileiros<br />
por novos veículos. Ao final,<br />
a evolução da produção<br />
local não chegou a alcançar<br />
nem metade do<br />
aumento das vendas, com<br />
uma média de 10% entre<br />
2008 e 2010, de 2,9 milhões<br />
para 3,2 milhões de<br />
veículos.<br />
Quando as montadoras<br />
chinesas e coreanas,<br />
suportadas por seus governos,<br />
começaram a aumentar<br />
o foco no Brasil,<br />
o novo regime automotivo<br />
foi implementado para<br />
fortalecer a indústria automotiva<br />
brasileira e impedir<br />
a crescente quantidade de<br />
veículos importados, que<br />
em 2011 corresponderam<br />
a 24% do volume de emplacamentos<br />
no País.<br />
O fortalecimento da indústria<br />
nacional em relação<br />
aos demais países é a<br />
ideia-chave por trás do capitalismo<br />
e de economias<br />
modernas. Como exemplo,<br />
a indústria automotiva<br />
coreana baseou-se em um<br />
esforço simultâneo de um<br />
seleto grupo de empresas<br />
locais e do governo. Esse<br />
arranjo foi claramente suportado<br />
por uma agenda<br />
conjunta e um plano estratégico.<br />
Acompanhada<br />
de pesadas barreiras comerciais<br />
para proteger as<br />
então frágeis empresas locais,<br />
essa cooperação fo-<br />
cou em investimentos tecnológicos<br />
de longo prazo<br />
para fortalecer a capacidade<br />
local e elevar a competitividade<br />
global da recémnascida<br />
indústria.<br />
A situação atual no Brasil<br />
é muito diferente, já<br />
que a indústria é madura<br />
e as empresas, globais.<br />
E, com certeza, nenhuma<br />
das montadoras<br />
presentes no País necessita<br />
de proteção para desenvolver<br />
novas tecnologias<br />
automotivas. Estas<br />
companhias apenas têm<br />
pouco interesse ou incentivo<br />
para oferecer tecnologias<br />
e equipamentos de<br />
ponta nos veículos brasileiros<br />
a preços competitivos.<br />
Por que não? Bom, a<br />
existência de barreiras comerciais<br />
e de altas taxas<br />
de importação auxiliando<br />
a manter afastadas modernas<br />
e bem equipadas<br />
plataformas globais vêm à<br />
mente. Esta situação soa<br />
familiar?<br />
Com o novo regime automotivo,<br />
o governo brasileiro<br />
está retomando um<br />
modelo ultrapassado que,<br />
por si só, pode ser prejudicial<br />
ou até mesmo fa-
tal para sua indústria: protecionismo.<br />
Para provar<br />
meu ponto, vamos analisar<br />
os principais objetivos<br />
e critérios do novo decreto<br />
do regime automotivo.<br />
Com certeza, um dos<br />
objetivos é fortalecer a indústria<br />
local e incentivar<br />
o consumidor a comprar<br />
veículos brasileiros. Para<br />
isto, o governo elevou o IPI<br />
em 30 pontos porcentuais<br />
e concedeu uma redução<br />
para veículos que sejam<br />
produzidos atendendo<br />
cinco diferentes critérios –<br />
cuja maioria força as montadoras<br />
a atingir nível de<br />
conteúdo local muito alto,<br />
presumidamente 50-55%<br />
medidos sobre o total de<br />
despesas com materiais.<br />
escala<br />
Este fator vai em direção<br />
completamente oposta às<br />
práticas atuais da indústria<br />
automotiva, que busca<br />
fornecedores globais<br />
para alavancar vantagens<br />
de custos nacionais e,<br />
mais importante, ampliar<br />
as economias de escala.<br />
O Brasil é um país caro<br />
para produzir, considerando<br />
o crescente custo da<br />
mão de obra, o alto custo<br />
de matéria-prima, de energia<br />
e logística e um complexo<br />
e caro sistema tributário,<br />
além de uma pesada<br />
burocracia. A única consequência<br />
lógica de um<br />
elevado nível de conteúdo<br />
local em um país com<br />
altos custos é o progresso<br />
do preço dos componentes<br />
e, ao final, avanço<br />
do custo do produto final.<br />
Com o aumento do preço<br />
dos veículos, a indústria<br />
automotiva deverá repensar<br />
seu sonho de vender<br />
5 milhões ou 6 milhões de<br />
unidades por ano.<br />
O segundo objetivo das<br />
novas medidas é o estímulo<br />
a investimentos. Para incentivar<br />
as montadoras a<br />
produzir localmente, pelo<br />
novo decreto, o governo demanda<br />
que dez de 12 processos<br />
sejam realizados localmente<br />
– o que implica<br />
que praticamente todo o<br />
veículo precisa ser fabricado<br />
no Brasil, incluindo a estamparia,<br />
a soldagem e a<br />
montagem do próprio veículo,<br />
do motor, do chassi e<br />
até mesmo da transmissão.<br />
Estas demandas até poderão<br />
ser facilmente atingidas<br />
pelas líderes do mercado,<br />
em virtude dos significativos<br />
volumes de produção,<br />
mas para uma nova montadora<br />
é praticamente impossível<br />
desenvolver um<br />
plano de negócios que suporte<br />
o investimento em uma<br />
nova fábrica.<br />
Vamos assumir que uma<br />
montadora premium muito<br />
conhecida esteja interessada<br />
em investir no<br />
País com a produção, em<br />
longo prazo, de 50 mil unidades<br />
por ano. Para este<br />
volume, não é economicamente<br />
viável localizar nem<br />
o motor, nem a (complexa)<br />
transmissão, nem a<br />
estamparia. A localização<br />
de todos estes processos<br />
tornaria os veículos muito<br />
mais caros do que os atuais<br />
importados, mesmo<br />
Critério de Conteúdo regional<br />
considerando o aumento<br />
do IPI. Consequentemente,<br />
este critério impede<br />
investimentos adicionais<br />
que não apenas trariam<br />
tecnologias de ponta ao<br />
Brasil, mas também criariam<br />
empregos adicionais.<br />
Pelo mesmo raciocínio,<br />
até montadoras muito<br />
maiores enfrentarão problemas<br />
para atender ao<br />
requisito de localizar uma<br />
parte significativa de seus<br />
investimentos em pesquisa<br />
e desenvolvimen-<br />
, regulação automotiva no BraSil<br />
Fonte: Roland Berger<br />
1) De acordo com as expectativas Sindipeças (associação de fornecedores)<br />
Fonte: Roland Berger<br />
<strong>Automotive</strong>BUSINESS • 13
PONTO DE VISTA | Stephan keeSe<br />
to, uma vez que precisam<br />
olhar para suas estratégias<br />
de P&D e de organização<br />
por uma perspectiva global,<br />
não podendo considerar<br />
preferências locais de<br />
cada país.<br />
eMPReGO<br />
Um objetivo final do novo<br />
decreto automotivo é proteger<br />
empregos locais.<br />
Considerando este critério<br />
e os custos reais de produção<br />
no País, é incerto<br />
como isto poderá ser atin-<br />
, Critério de inveStimento p&d<br />
Critério de proCeSSoS<br />
14 • <strong>Automotive</strong>BUSINESS<br />
gido – não é segredo para<br />
ninguém que a maioria das<br />
montadoras e fornecedores<br />
presentes no Brasil sofre<br />
de sérios problemas de<br />
rentabilidade, decorrentes<br />
de uma combinação do aumento<br />
dos custo de mão de<br />
obra e de baixos índices de<br />
produtividade e automação.<br />
A principal resposta para que<br />
a indústria possa compensar<br />
o avanço nos custos causado<br />
pelo novo decreto automotivo<br />
será automação, o que sempre<br />
custa empregos.<br />
A melhor forma de assegurar<br />
o nível de emprego<br />
na indústria automotiva<br />
no longo prazo é assegurar<br />
que o crescimento da produção<br />
nacional seja motivado<br />
por produtos competitivos<br />
tanto no mercado<br />
local quanto no global. E,<br />
para isto, uma economia<br />
não precisa de protecionismo,<br />
mas sim de uma<br />
estratégia.<br />
cOMPetitividade<br />
É exatamente este planeja-<br />
Fonte: Roland Berger<br />
Fonte: Roland Berger<br />
mento que precisa ser desenvolvido<br />
agora para que<br />
seja possível aproveitar os<br />
próximos cinco anos do<br />
novo regime automotivo,<br />
reduzir os custos de produção<br />
da indústria automotiva<br />
e elevar os níveis de<br />
competência e tecnologia<br />
das empresas nacionais e<br />
internacionais presentes no<br />
Brasil. Ele precisa ser criado<br />
em conjunto entre o governo,<br />
a indústria e as associações<br />
de classe e terá de<br />
compatibilizar vantagens e<br />
desvantagens entre todas<br />
as partes. Pela redução do<br />
custo da mão de obra, do<br />
suporte e do incentivo a<br />
novos investimentos e automação<br />
e do desenvolvimento<br />
de importantes polos<br />
tecnológicos, o Brasil<br />
ainda poderá tirar um grande<br />
proveito de sua importante<br />
história de produção<br />
automotiva.<br />
Em resumo, o novo regime<br />
automotivo não é<br />
de todo mau. Ele dá à indústria<br />
o tempo necessário<br />
para que ela se reinvente<br />
e possa atingir um nível<br />
de competitividade global<br />
superior ao atual. No entanto,<br />
se esta oportunidade<br />
não for aproveitada e<br />
suportada por uma estratégia<br />
conjunta, este tempo<br />
terá sido perdido e o Brasil<br />
continuará sendo o que é<br />
hoje – um enorme mercado<br />
interno desconectado<br />
do resto do mundo. Vamos<br />
impedir que isto ocorra e<br />
trabalhar juntos para tornar<br />
o País um importante<br />
player no mercado automotivo<br />
mundial. n
MÁQUINAS AGRÍCOLAS<br />
MUDANÇAS NOS VeNTOs<br />
CENÁRIO É DE CRESCIMENTO ZERO NAS VENDAS EM 2012<br />
Os bons ventos que pairavam<br />
sobre o campo do mercado<br />
brasileiro de máquinas<br />
agrícolas parecem agora soprar com<br />
menos intensidade. Após registrar em<br />
2010 o segundo melhor ano em vendas<br />
ao atacado, com 68,4 mil unidades,<br />
perdendo apenas para o desempenho<br />
de 1976 (80,2 mil), as primeiras projeções<br />
da Anfavea para 2012 apontam<br />
que o mercado deve consumir em princípio,<br />
o mesmo volume de 2011, que<br />
ficou em 65,3 mil novas máquinas. O<br />
cenário de crescimento zero nas vendas<br />
ainda assim seria positivo, segundo Milton<br />
Rego, vice-presidente da entidade.<br />
O resultado negativo no primeiro trimestre,<br />
cuja queda foi de 3,3% sobre<br />
mesmo período de 2011, não desanimou<br />
o setor. “Apesar de negativo, é um<br />
desempenho dentro do esperado para<br />
este ano. A partir de abril começam as<br />
vendas mais acentuadas em tratores, o<br />
que geralmente ocorre até outubro, por<br />
causa da sazonalidade”, explica.<br />
milTON regO, vice-presidente da<br />
Anfavea na área de máquinas agrícolas<br />
16 • <strong>Automotive</strong>BUSINESS<br />
sueli reis<br />
O segmento de tratores continuará<br />
impulsionando o mercado, mesmo<br />
com o menor ritmo das vendas por<br />
meio dos programas de fomento à<br />
agricultura familiar, como o Mais Alimentos,<br />
observado principalmente nas<br />
regiões Sul e Sudeste.<br />
A AGCO, grupo líder no mercado<br />
de tratores e dona das marcas Massey<br />
Ferguson e Valtra, espera repetir<br />
o patamar do ano passado. O diretor<br />
comercial da Massey Ferguson,<br />
Carlito Eckert, projeta encerrar 2012<br />
com os mesmos 30% de participação,<br />
com vendas semelhantes a 14 mil tratores<br />
e 700 colheitadeiras de 2011.<br />
O gerente comercial da Valtra, Luiz<br />
Cambuhy, informa que a expectativa<br />
é positiva, apesar de a forte estiagem<br />
na região Sul ter atingido as vendas<br />
no primeiro trimestre, mas aposta no<br />
potencial das regiões Norte, Nordeste<br />
e Centro-Oeste do País. A marca projeta<br />
entregar 12 mil tratores este ano<br />
e ampliar sua participação de 5% para<br />
7% no mercado de colheitadeiras,<br />
algo como 265 unidades.<br />
Já para o segmento de pesados do<br />
setor, Eckert lembra do impulso das linhas<br />
de financiamento para os médios<br />
e grandes produtores, como o programa<br />
PSI Agrícola, que tem mobilizado<br />
a maior parte dos negócios do setor.<br />
“Com a recente renovação do programa<br />
até dezembro de 2013, anunciado<br />
pelo governo no pacote do Brasil Maior,<br />
o produtor rural poderá programar seus<br />
investimentos e viabilizar um crescimento<br />
em produtividade fomentado<br />
por máquinas mais modernas e que<br />
propiciem menores índices de perda.”<br />
EXPORTAÇÕES<br />
Enquanto o mercado interno torce para<br />
que tudo continue como está, o cenário<br />
para as exportações se revela ainda<br />
mais desafiador. Por enquanto, a Anfavea<br />
estima que as vendas externas também<br />
encerrem 2012 com mesmo volume<br />
do ano passado, 18,4 mil unidades.<br />
Contudo, Rego alertou que o País continua<br />
enfrentando dificuldades com a<br />
Argentina, por causa das restrições às<br />
importações e liberação das licenças.<br />
No ano passado, o país vizinho foi responsável<br />
por 57% da queda das vendas<br />
ao exterior, revelou o vice-presidente da<br />
Anfavea. “Nossa previsão inicial é de<br />
que não haverá queda nas exportações<br />
este ano. Entretanto, se a situação com<br />
a Argentina não se regularizar, vamos<br />
ter de trabalhar com um cenário de<br />
queda para 2012.”<br />
O gerente de exportações da Valtra,<br />
Roberto Mauro Marques, aponta outros<br />
fatores que devem afetar os negócios<br />
além das fronteiras, principalmente na<br />
América Latina, região que ocupa a pri
meira posição em importância para as<br />
exportações do segmento. “Existe um<br />
reflexo da seca, que atingiu as regiões<br />
brasileiras e os países vizinhos como<br />
Uruguai, Bolívia e especialmente o Paraguai,<br />
que deve ter uma redução de<br />
até 40% em seu mercado de tratores.<br />
Vemos também o Chile com redução<br />
no seu mercado de tratores pela crise<br />
europeia, por ter uma economia totalmente<br />
aberta. Com isto deve ocorrer<br />
uma redução do mercado com relação<br />
a 2011, mas esperamos manter o patamar<br />
de volume de 2011 auxiliado pelas<br />
possibilidades na Venezuela.”<br />
Fora da América Latina, o País também<br />
enfrenta problemas, conforme relata<br />
Milton Rego. As máquinas nacionais<br />
vêm perdendo espaço nos Estados Unidos,<br />
segundo mercado em importância.<br />
“Nossa falta de competitividade tem re-<br />
duzido o porcentual de participação no<br />
mercado norte-americano pelo menos<br />
nos últimos seis anos, e perdemos para<br />
matrizes europeias e para empresas instaladas<br />
na Índia e Turquia.”<br />
Também por falta de competitividade,<br />
as vendas têm caído na África,<br />
terceiro principal mercado consumidor<br />
de máquinas agrícolas produzidas no<br />
Brasil. Porém, segundo o representante<br />
da Anfavea, ainda há alguma expectativa<br />
positiva com relação ao continente,<br />
que está aderindo ao programa Mais<br />
Alimentos, numa iniciativa do Ministério<br />
do Desenvolvimento Agrário (MDA) brasileiro<br />
com países como Gana, Zimbábue,<br />
Moçambique, Senegal e Quênia.<br />
“Esperamos que esta seja a oportunidade<br />
para a retomada dos produtos brasileiros<br />
na África”, conclui. n<br />
<strong>Automotive</strong>BUSINESS • 17
NOVO PORTAL | AUTOMOTIVE BUSINESS<br />
8.902 O PORTAL ELUCUBRA<br />
PARA SER O PRIMEIRO<br />
O<br />
portal <strong>Automotive</strong> <strong>Business</strong> reestreia<br />
com novidades, como a possibilidade<br />
de compartilhar notícias e vídeos e a<br />
comodidade de aquisição de livros em links que<br />
não correm atrás dos visitantes. Especializado<br />
em mercado, negócios, marketing e lançamentos<br />
da indústria automobilística, o website www.<br />
automotivebusiness.com.br privilegia as notícias<br />
mais importantes do dia e a análise de colunistas.<br />
Todas as seções foram remodeladas e ampliadas,<br />
com espaços dedicados a lançamentos de<br />
veículos, estatísticas, projeções, calendário de<br />
eventos e publicações relevantes ao setor. As<br />
entrevistas e programas da ABwebTV ganharam<br />
nova seção, com mais opções de acesso.<br />
Com o novo sistema, a interatividade avança<br />
para receber comentários dos visitantes, tendo<br />
18 • <strong>Automotive</strong>BUSINESS<br />
AUTOMOTIVE BUSINESS TORNA-SE<br />
INTERATIVO E PERMITE COMPARTILHAR<br />
NOTÍCIAS E VÍDEOS. DESCUBRA<br />
OUTRAS BOAS NOVIDADES<br />
o editor o papel de eliminar interveniências<br />
julgadas descabidas. O sistema de busca<br />
também ganhou destaque e agilidade. Ficou<br />
melhor a paginação dos artigos dos colunistas,<br />
as estatísticas, o quem é quem que organiza<br />
executivos e empresas, a agenda de eventos, as<br />
estatísticas e forecasts.<br />
Uma newsletter diária, originada das notícias<br />
do portal, é enviada a 25 mil assinantes que<br />
optam pelo recebimento gratuito. É possível<br />
ter acesso às mesmas informações pelo celular<br />
(no endereço m.automotivebusiness.com.br),<br />
incluindo vídeos.<br />
O Portal AB e seu novo projeto é coordenado<br />
por Paula Braga, diretora de <strong>Automotive</strong> <strong>Business</strong><br />
e apresentadora da ABwebTV. A equipe editorial<br />
é formada pelo diretor (e fundador) Paulo Ricardo<br />
Braga, o editor Pedro Kutney, a subeditora Giovanna<br />
Riato e editora da ABwebTV, e os repórteres Mário<br />
Curcio, Sueli Reis e Camila Franco. A ABwebTV<br />
conta ainda com Thais Celestino e Marcos<br />
Ambroselli, responsáveis pela captação de imagens e<br />
edição das entrevistas e programas.<br />
PREFERÊNCIA DOS NAVEGADORES – <strong>Automotive</strong> <strong>Business</strong><br />
figura como 8.902 o website mais visitado do País no<br />
Alexa Traffic Rank (em 27 de abril). Nada mau para um portal<br />
especializado, que recebe 9.500 a 10.500 acessos de profissionais<br />
da indústria automobilística por dia. No ar desde<br />
março de 1999, é muito possivelmente o site de economia<br />
e negócios do setor automotivo com o maior número de leitores<br />
no Brasil. O volume de páginas acessadas (pageviews)<br />
chegou a 1,2 milhão em abril e cada visitante utilizou, em<br />
média, 10 minutos na busca. “O número vai crescer, com a<br />
incorporação da ABwebTV ao portal”, garante a diretora de<br />
marketing de <strong>Automotive</strong> <strong>Business</strong>, Paula Braga.
CAMINHÕES<br />
METRO-SCHACMAN CONFIRMA<br />
FÁBRICA EM PERNAMBUCO<br />
A<br />
Metro-Schacman, importadora<br />
de caminhões chineses<br />
fabricados pela Shaanxi Heavy<br />
Duty, escolheu Pernambuco para<br />
erguer a primeira fábrica da marca<br />
no Brasil. João Comelli, diretor de<br />
produto e sócio da empresa, informa<br />
que serão investidos US$ 600 milhões<br />
para construir um parque industrial,<br />
com cinco unidades fabris, até o fim<br />
de 2013. “O complexo produzirá motores<br />
e transmissões da marca Weihai<br />
e ainda caminhões e ônibus chineses,<br />
além de equipamentos para construção<br />
civil”, detalha.<br />
No acordo firmado entre as partes,<br />
a Metro-Schacman aplicará US$ 294<br />
milhões, utilizando capital próprio e de<br />
possíveis investidores; os US$ 306 milhões<br />
restantes serão recursos dos próprios<br />
parceiros chineses. Inicialmente,<br />
a planta brasileira montará em sistema<br />
CKD (partes desmontadas, importadas<br />
da China) cerca de 2 mil unidades/<br />
ano, entre conjuntos e caminhões extrapesados”,<br />
revela o executivo.<br />
No início de abril, a Metro-Schacman<br />
desembarcou no Porto do Re-<br />
20 • <strong>Automotive</strong>BUSINESS<br />
LUCiANA DUARtE<br />
cife, na capital pernambucana, um<br />
segundo lote com 99 caminhões chineses.<br />
Segundo Comelli, os veículos<br />
serão comercializados em 16 concessionárias<br />
da marca. “Desde janeiro<br />
aguardávamos esses caminhões para<br />
iniciar a operação no País”, diz. O empresário<br />
justifica o atraso pela espera<br />
do governo federal em sancionar o<br />
Decreto 7.567, que criou o novo regime<br />
automotivo, com a concessão<br />
de crédito de IPI, só a partir de 2013,<br />
para empresas que decidirem fabricar<br />
veículos no País. “No fim das contas<br />
chegamos à conclusão que mesmo<br />
sob o impacto do decreto e do<br />
aumento do imposto em 30 pontos<br />
porcentuais a operação é rentável”,<br />
garante Comelli.<br />
A cada dois meses, o executivo pretende<br />
importar 200 caminhões para<br />
abastecer a central de distribuição localizada<br />
em Pernambuco. O Porto do<br />
Recife deverá receber 1,2 mil caminhões<br />
em um ano de operação. Para<br />
agilizar a comercialização de seus<br />
produtos, a Metro-Schacman promoveu<br />
reestruturação na área comercial.<br />
Um novo diretor, Francisco Frare, que<br />
atuou na área de pós-venda na Iveco,<br />
assumiu a função no lugar de João<br />
Capussi.<br />
A importadora vai comercializar três<br />
opções de cavalos mecânicos: o carro-chefe<br />
no País será o TT 420 6×4,<br />
indicado para tracionar combinações<br />
de veículos de carga, e as opções TT<br />
385 6×4 e TT 385 4×2. Durante a<br />
Fenatran, em outubro passado, Comelli<br />
confirmou que a marca chinesa<br />
importará os modelos LT 385 6×4<br />
LorryTruck (cabine e chassi) e o DT<br />
385 6×4 DumpTruck (basculante),<br />
na opção de 420 cavalos, mas não<br />
informou uma data.<br />
Os caminhões Schacman são feitos<br />
sob encomenda na Shaanxi. O<br />
empresário já utiliza os veículos em<br />
seus negócios de construção civil<br />
e mineração em Angola, na África.<br />
Para atender à legislação brasileira de<br />
emissões estabelecida pelo Proconve<br />
P7 desde o início deste ano, os modelos<br />
importados chegam com motores<br />
Euro 5 fornecidos pela Cummins, que<br />
fez a validação no Brasil.
NAViStAR COMERCiALiZARÁ<br />
CAMiNHÕES JAC NO PAÍS<br />
urante o Salão International de Pequim (Auto Chi-<br />
Dna 2012), a Navistar International Corporation e<br />
a Anhui Jianghuai Automobile (JAC) anunciaram a<br />
assinatura de uma carta de intenção para novos negócios,<br />
que incluem a comercialização de caminhões<br />
leves e médios no Brasil. De acordo com o presidente<br />
e CEO da Navistar South America, Waldey Sanchez,<br />
por meio desta parceria a International Caminhões<br />
atuará em novos segmentos, ampliando seu portfólio<br />
de modelos de caminhões: “Na China, já temos<br />
uma parceria com a JAC para produção de motores<br />
diesel MaxxForce. Este novo entendimento expande a<br />
cooperação entre nossas empresas, trazendo novas<br />
oportunidades para a rede de concessionárias International<br />
Caminhões no Brasil.”<br />
SHiYAN YUNLiHONG tERÁ<br />
FÁBRiCA EM CAMAQUÃ (RS)<br />
fabricante chinesa de veículos comerciais Shiyan<br />
A Yunlihong, divisão da Dongfeng Motor Corporation,<br />
assinou protocolo com o governo do Rio Grande<br />
do Sul para instalar fábrica em Camaquã, com investimento<br />
de R$ 185 milhões. A presidente da montadora,<br />
Lian Bing Yun, prevê a montagem, em 2013, de<br />
comerciais leves e caminhões médios, com gradativa<br />
nacionalização de componentes. A operação industrial<br />
vai gerar 455 postos de trabalho.<br />
CAPARELLi VAi EStENDER A<br />
REDE DE DiStRiBUiÇÃO DAF<br />
L uiz Caparelli, novo diretor de desenvolvimento de<br />
concessionárias da DAF Caminhões do Brasil, pretende<br />
anunciar as primeiras nomeações ao longo de<br />
2012. “Queremos escolher 20 a 25 grupos econômicos<br />
para estruturar 120 revendas no País”, disse. A<br />
DAF Caminhões do Brasil investe US$ 200 milhões<br />
na construção de sua fábrica em Ponta Grossa, Paraná.<br />
A partir de 2013, a empresa comercializará os<br />
modelos XF e CF. Caparelli foi gerente de vendas da<br />
divisão de ônibus da Volvo para a América Latina. Iniciou<br />
a carreira na Engesa em 1982 e atuou na Subaru,<br />
Daihatsu, Kia Motors e BMW.
CAMINHÕES<br />
MERluzzI COMANDA<br />
FOtON NO BRASiL<br />
FÁBRICA DE CAMINHõES TERÁ CONTROlE DOS CHINESES<br />
A<br />
Foton Aumark<br />
do Brasil anunciou<br />
Orlando<br />
Merluzzi como vice-presidente<br />
de operações<br />
no País. O executivo<br />
de 49 anos, que terá<br />
participação societária<br />
na empresa, possui 26<br />
anos de experiência no<br />
setor automotivo, dos<br />
quais vinte foram dedicados<br />
ao segmento<br />
de caminhões, em<br />
atividades de planejamento,<br />
marketing,<br />
vendas e gestão de<br />
concessionárias. Engenheiro<br />
de produção e administrador<br />
de empresas, ele foi responsável até<br />
recentemente pelo desenvolvimento<br />
da rede da Iveco, onde permanceceu<br />
por seis anos, e terá como desafio fazer<br />
deslanchar a operação da marca<br />
chinesa, que possui matriz em Várzea<br />
Paulista, cidade próxima a São Paulo.<br />
Nos próximos meses o objetivo é ter<br />
uma dezena de concessionárias em<br />
operação para comercializar caminhões<br />
de 2,8 a 9 toneladas.<br />
rEdE dE dIStrIbuIdorES<br />
No auge da carreira, entusiasmado<br />
com o desafio de representar uma das<br />
maiores montadoras de caminhões<br />
do mundo (a Foton Motor Group, líder<br />
em vendas na China com mais de 700<br />
mil veículos/ano), Merluzzi recebeu o<br />
convite do presidente da empresa no<br />
País, Luiz Carlos Mendonça de Barros,<br />
e já está carregado de respon-<br />
22 • <strong>Automotive</strong>BUSINESS<br />
ORLANDO MERLUZZi, vicepresidente<br />
da Foton Aumark do Brasil<br />
sabilidades. Em entrevista exclusiva a<br />
<strong>Automotive</strong> <strong>Business</strong> ele revelou que<br />
tem como meta abrir 80 revendas até<br />
o final de 2016. “Em agosto vamos<br />
inaugurar a primeira em Guarulhos,<br />
seguida de outra em Alphaville”, conta.<br />
Ele projeta uma cobertura territorial<br />
gradual e sem atropelos.<br />
Trezentos e cinqüenta caminhões<br />
da marca já desembarcaram no Brasil<br />
e outros 400 devem chegar nos<br />
próximos meses para abastecer a<br />
rede. A importadora vai comercializar<br />
os semileves Aumark 1031 (3,4 t de<br />
PBT) e leves 1051 (6,5 t de PBT) e<br />
1089 (8,5 t de PBT). Merluzzi reconhece<br />
que superar os volumes da<br />
concorrência no disputado segmento<br />
de caminhões semileves, conhecido<br />
como de entrada, exige esforço<br />
para conquistar a preferência do<br />
transportador autônomo. “Esse mercado<br />
é varejo puro e a manobra que<br />
faremos é dar suporte<br />
ao cliente, principalmente<br />
no pós-venda.<br />
Outro diferencial é oferecer<br />
o Aumark 1031<br />
(3,4 t de PBT) com vários<br />
itens de série, algo<br />
que os concorrentes<br />
não fazem”, afirma.<br />
O executivo não informa<br />
os preços dos<br />
veículos, mas garante<br />
que os modelos serão<br />
oferecidos a valores<br />
competitivos, apesar<br />
do aumento em 30<br />
pontos porcentuais sobre<br />
os veículos importados.<br />
“Nossa expectativa é que o<br />
governo viabilize a entrada de novos<br />
investidores para a operação da Foton<br />
crescer”, diz. Ele espera comercializar<br />
os produtos por meio de bancos privados<br />
locais e instituições chinesas.<br />
“Ainda não temos detalhes, mas estou<br />
muito confortável em ofertar produtos<br />
de qualidade com motores Cummins<br />
e transmissões ZF, mundialmente reconhecidos”,<br />
completa.<br />
FÁbrICA EM 2016<br />
Sem revelar detalhes, Merluzzi garante<br />
que a Foton está de olho no<br />
País há muito tempo e iniciará a<br />
construção da fábrica de caminhões<br />
no Brasil em 2016. “O local ainda<br />
será definido”, diz. A Foton Aumark<br />
do Brasil passará a operar apenas<br />
como distribuidora – a produção<br />
será responsabilidade dos chineses.<br />
(Luciana Duarte) n
CAMINHÕES | MERCEDES-BENZ<br />
A PLANTA mineira foi reinaugurada<br />
em maio para produzir caminhões<br />
MERCEDES TRANSFORMA<br />
<strong>PROBLEMA</strong> EM sOLuçãO<br />
JUIZ DE FORA RENASCE COMO FÁBRICA DE CAMINHÕES,<br />
Em janeiro de 2010, quando<br />
sentou na cadeira de presidente<br />
da Mercedes-Benz do Brasil,<br />
Jürgen Ziegler tinha dois problemas<br />
importantes a resolver. O primeiro era<br />
a falta de capacidade de produção na<br />
cinquentenária fábrica da companhia<br />
em São Bernardo do Campo (SP),<br />
insuficiente para defender a já perdida<br />
liderança da marca no acelerado<br />
mercado brasileiro de caminhões. A<br />
outra questão era o que fazer com a<br />
ociosa planta de automóveis de Juiz<br />
24 • <strong>Automotive</strong>BUSINESS<br />
UMA DAS MAIS PRODUTIVAS DO MUNDO, E DEVOLVE<br />
À MARCA ALEMÃ O FÔLEGO QUE FALTAVA PARA<br />
ACOMPANHAR O CRESCIMENTO DO MERCADO<br />
PEDRO KuTNEY, DE JUIZ DE FORA, MG<br />
de Fora (MG), inaugurada em 1999,<br />
que em uma década de operação<br />
mal conseguiu preencher 20% de seu<br />
potencial de 70 mil unidades/ano,<br />
em uma sequência de tentativas e<br />
erros por onde passaram o Classe A<br />
(1999-2005), o Classe C (2001-2007)<br />
e o CLC (2007-2010). Ziegler convenceu<br />
então a matriz em Stuttgart, na<br />
Alemanha, a fazer do problema uma<br />
solução: transformar Juiz de Fora em<br />
fábrica de caminhões.<br />
Com o mundo desenvolvido em<br />
crise, antes de promover qualquer<br />
ampliação era necessário levantar<br />
recursos localmente. Assim, apenas<br />
dois meses depois de sua chegada ao<br />
Brasil, Ziegler apôs sua assinatura em<br />
um contrato de financiamento bilionário<br />
com o BNDES, no valor de R$ 1,2<br />
bilhão, que tornou possível o plano de<br />
investimento da companhia no Brasil<br />
de R$ 1,5 bilhão de 2010 a 2013 – o<br />
maior já feito por uma fabricante de<br />
caminhões no País. A ideia foi usar<br />
40% dos aportes para renovar total-
mente a linha de produtos e os outros<br />
60% para expandir a capacidade de<br />
produção em São Bernardo do Campo<br />
e transformar Juiz de Fora. O jogo<br />
estava feito. “Só com um programa<br />
arrojado de investimento poderíamos<br />
atender o crescimento do mercado e<br />
retomar a liderança”, disse Ziegler em<br />
várias ocasiões. Agora, ao completar<br />
32 anos de carreira no Grupo Daimler,<br />
o executivo começa a ver o plano frutificar<br />
em solo mineiro.<br />
Ao custo de R$ 450 milhões e um<br />
ano e meio de obras, a unidade de Juiz<br />
de Fora foi convertida em montadora<br />
de caminhões. Após uma década de<br />
incertezas, a reinauguração oficial foi<br />
em 3 de maio, com a presença de executivos<br />
da Daimler Trucks e autoridades<br />
governamentais, incluindo o mineiro<br />
Fernando Pimentel, ministro do Desenvolvimento.<br />
Mas a Mercedes-Benz<br />
começou a pagar o alto investimento<br />
feito desde o início de 2011, com a<br />
produção de cerca de 2 mil unidades<br />
dos caminhões Accelo (leve) e Actros<br />
(pesado) durante o primeiro trimestre.<br />
FÔLEGO RENOVADO<br />
Assim a planta de Juiz de Fora deixou<br />
para trás o estigma de “elefante<br />
Inaugurada em 1999, a<br />
unidade de Juiz de Fora não<br />
atingiu 20% do potencial de<br />
70 mil unidades/ano<br />
A planta produziu o<br />
CLAssE A (1999-2005), o<br />
CLAssE C (2001-2007)<br />
e o CLC (2007-2010)<br />
Ao custo de<br />
R$ 450 milhões<br />
e um ano e meio de obras, a<br />
unidade de Juiz de Fora foi<br />
convertida em montadora de<br />
caminhões. Quando estiver em<br />
plena carga, poderá fazer até<br />
50 mil veículos/ano em três<br />
turnos – este ano deve fazer<br />
12 mil, sendo 9 mil Accelo<br />
e 3 mil Actros<br />
fERNANDO PiMENTEL, à esquerda<br />
de Ronald Linsmayer, assiste a uma<br />
demonstração sobre lean manufacturing<br />
Só COM UM<br />
PROGRAMA<br />
ARROJADO DE<br />
INVESTIMENTO<br />
PODERíAMOS<br />
ATENDER O<br />
CRESCIMENTO DO<br />
MERCADO E RETOMAR<br />
A LIDERANçA<br />
JüRgEN ZiEgLER, presidente da<br />
Mercedes-Benz do Brasil<br />
branco” e renasce como exemplo de<br />
eficiência e produtividade, ao replicar<br />
as melhores práticas mundiais de manufatura<br />
em cada uma das etapas de<br />
montagem, além de criar processos<br />
inovadores capazes de reduzir significativamente<br />
os custos de fabricação.<br />
Mais importante: a unidade mineira<br />
fornece agora à Mercedes-Benz do Brasil<br />
o fôlego de capacidade produtiva de<br />
caminhões que começava a faltar em<br />
<strong>Automotive</strong>BUSINESS • 25
CAMINHÕES | MERCEDES-BENZ<br />
São Bernardo do Campo, que em 2011<br />
passou perto do teto de 80 mil unidades/ano<br />
– isso sem colocar na conta<br />
os chassis de ônibus, eixos, câmbios e<br />
motores também fabricados na planta<br />
do ABC paulista, ocupada por operações<br />
industriais quase na totalidade de<br />
seu milhão de metros quadrados.<br />
Quando estiver a plena carga, Juiz<br />
de Fora poderá fazer até 50 mil veículos/ano<br />
em três turnos – este ano deve<br />
fazer 12 mil, sendo 9 mil Accelo e 3 mil<br />
Actros. Com isso, ganha importância<br />
capital na estratégia da empresa para<br />
acompanhar e liderar o aumento da<br />
demanda por caminhões no mercado<br />
brasileiro e em 45 países da América<br />
Latina. Em um mercado estimado<br />
de 300 mil caminhões/ano a partir de<br />
2015, a Mercedes-Benz sozinha poderá<br />
dar conta de quase metade, com capacidade<br />
para 130 mil unidades/ano.<br />
E, se for necessário, também há<br />
ainda muito espaço para crescer em<br />
Minas Gerais, pois as instalações industriais<br />
de 170 mil metros quadrados<br />
são uma pequena fração do terreno de<br />
2,8 milhões de metros quadrados, dos<br />
quais 50% ainda podem ser ocupados<br />
por prédios e pátios – o restante é área<br />
de preservação ambiental, com Mata<br />
Atlântica intocada.<br />
“A decisão de investir aqui está diretamente<br />
ligada às perspectivas de<br />
forte expansão econômica no Brasil.<br />
Este país tem enorme potencial de<br />
crescimento sustentável nos próximos<br />
anos, deverá precisar de muitos caminhões<br />
nos setores agropecuário, de<br />
mineração e construção civil”, confia<br />
Ronald Linsmayer, vice-presidente de<br />
operações no Brasil e COO da Daimler<br />
América Latina. “Em 20 anos, de 1983<br />
a 2003, nossa média de produção em<br />
São Bernardo foi de 38 mil veículos/<br />
ano. Em 2004, quando chegamos a<br />
49 mil, achamos que era um pico anormal.<br />
Não era. O volume continuou a<br />
avançar ano após ano até os 80 mil de<br />
2011. Chegamos ao limite lá e vimos<br />
26 • <strong>Automotive</strong>BUSINESS<br />
A DECISÃO DE<br />
INVESTIR AQUI ESTÁ<br />
DIRETAMENTE LIGADA<br />
ÀS PERSPECTIVAS DE<br />
FORTE ExPANSÃO<br />
ECONÔMICA<br />
NO BRASIL<br />
RONALD LiNsMAYER,<br />
vice-presidente de operações da<br />
Mercedes-Benz do Brasil<br />
uma oportunidade em Juiz de Fora,<br />
onde já tínhamos instalações, espaço<br />
para ampliações e mão de obra qualificada”,<br />
justifica o chefe de operações.<br />
Antes de começar a operação, durante<br />
quase um ano em que a fábrica passou<br />
pela conversão, 400 empregados da<br />
linha de produção mineira passaram por<br />
treinamento em São Bernardo para fazer<br />
caminhões e 50 foram para Wörth, na<br />
Alemanha, onde aprenderam a montar<br />
o Actros. Na volta, eles atuaram como<br />
multiplicadores de conhecimento.<br />
9 MiL ACCELO devem ser<br />
produzidos em Juiz de Fora este ano<br />
Hoje Juiz de Fora conta com 900<br />
funcionários, trabalhando em um<br />
só turno. Este número já chegou a<br />
1,5 mil quando o Classe A era feito<br />
lá, em ritmo sempre muito abaixo<br />
da capacidade instalada. A empresa<br />
prefere não adiantar suas necessidades<br />
de contratações futuras, mas a<br />
placa de “admite-se” pode em breve<br />
ser colocada outra vez na porta da fábrica,<br />
que tem potencial para empregar<br />
mais de 2 mil pessoas se produzir<br />
em capacidade máxima de 50 mil<br />
unidades/ano – e algumas centenas<br />
mais em caso de expansão. Ao que<br />
tudo indica, produtividade e esperança<br />
estão de volta à fábrica mineira da<br />
Mercedes-Benz.<br />
“Com Juiz de Fora e as ampliações<br />
que fizemos em São Bernardo, nos preparamos<br />
para crescer com o mercado”,<br />
afirmou Ziegler, lembrando da importância<br />
do Brasil na estratégia global de<br />
crescimento da Daimler Trucks. O País se<br />
transformou no segundo maior mercado<br />
da marca de caminhões Mercedes-Benz.<br />
Para Ziegler, retomar a liderança virou<br />
questão de honra: “Se possível, vamos fazer<br />
isso amanhã”, costuma brincar, com<br />
o tom sério dos alemães.
OPORTUNIDADES PARA FORNECEDORES<br />
MAxION, SEEBER E RANDON SÃO PARCEIROS ESTRATéGICOS NO SITE DA MONTADORA<br />
EM JUIZ DE FORA, MG, MAS HÁ OUTROS A CAMINHO<br />
Existem ainda poucos fabricantes de autopeças conectados<br />
à produção da fábrica de Juiz de Fora, MG, mas desde<br />
o primeiro dia da operação a Mercedes-Benz tratou de trazer<br />
para os galpões 101 e 102, dentro do terreno da fábrica,<br />
quatro fornecedores estratégicos para a montagem de<br />
caminhões: a Maxion, que faz a junção das longarinas no<br />
local e entrega as estruturas dos chassis prontas para montagem;<br />
a Seeber, que pinta peças plásticas; a Randon, que<br />
executa a pré-montagem de agregados (como pedaleiras<br />
e radiadores, por exemplo), e a Grammer, fabricante de<br />
bancos. Também aqui há muito espaço para ampliações<br />
e outros parceiros, pois os quatro ocupam pouco mais da<br />
metade dos 36 mil metros quadrados dos dois galpões.<br />
“Por enquanto é o suficiente”, diz Ronald Linsmayer,<br />
vice-presidente de operações no Brasil e COO da Daimler<br />
América Latina. “Mas é claro que essa busca por fornecedores<br />
precisa avançar e nós com eles, até porque vamos<br />
aumentar muito o índice de nacionalização do Actros (dos<br />
25% atuais a meta é atingir 60% até o fim de 2014).” Ele<br />
conta que já existem conversações avançadas com um fa-<br />
A MAxiON faz a junção das longarinas e<br />
entrega os chassis prontos para montagem<br />
bricante de bancos, suprimento ideal para ter ao lado da<br />
linha de produção, pois a logística de transporte de itens<br />
volumosos é sempre mais complicada e improdutiva.<br />
A ideia é ter integração máxima com a unidade de São Bernardo<br />
do Campo (SP), compartilhando parceiros já existentes.<br />
Linsmayer ressalta que não necessariamente todos precisarão<br />
ficar dentro da área da fábrica, como os três que já chegaram.<br />
“Muitos galpões industriais estão sendo construídos<br />
em toda a região, que poderão abrigar futuros fornecedores.”<br />
O executivo afirma que a estratégia é manter a manufatura<br />
100% sob responsabilidade da Mercedes-Benz. “É<br />
nosso core business, assegura nossa qualidade, é um diferencial<br />
para a marca”, enfatiza – é a antítese do sistema<br />
modular adotado pela Volkswagen Caminhões e Ônibus<br />
(hoje MAN Latin America), no qual os fornecedores participam<br />
intimamente da produção dos veículos. Operações de<br />
pré-montagem de componentes são compartilhadas com<br />
fornecedores (como é o caso dos três instalados na fábrica),<br />
mas a Mercedes não abre mão da montagem final.<br />
Logística, manutenção e serviços são terceirizados.<br />
<strong>Automotive</strong>BUSINESS • 27
CAMINHÕES | MERCEDES-BENZ<br />
ZiEgLER e Linsmayer: em Juiz de<br />
Fora, o fôlego que faltava à marca<br />
A<br />
fábrica da Mercedes-Benz em<br />
Juiz de Fora (MG) é hoje um<br />
curioso exemplo de green field<br />
(planta que nasce do zero) criada em<br />
cima de uma brown field (unidade já<br />
construída). Isso porque fazer caminhões<br />
é bastante diferente de produzir carros.<br />
Assim, com exceção de paredes e tetos,<br />
tudo teve de ser reconstruído. Alguns<br />
dos equipamentos de pintura (principalmente<br />
o prédio, a parte mais cara dessa<br />
instalação) e robôs de soldagem foram<br />
reaproveitados, mas a maior parte do<br />
maquinário foi trocada. Com isso, as<br />
mais modernas e eficientes tecnologias<br />
de manufatura puderam ser introduzidas.<br />
Ronald Linsmayer, vice-presidente de<br />
operações no Brasil e COO da Daimler<br />
América Latina, ao falar da nova linha de<br />
produção, não esconde o sorriso de engenheiro<br />
que ganhou todos os “brinquedos”<br />
que queria. “Começamos do zero<br />
um projeto que agora serve de referência<br />
global para o grupo. Em 18 meses<br />
criamos aqui a mais moderna fábrica<br />
de caminhões do mundo”, comemora.<br />
“Quando decidimos transformar Juiz de<br />
Fora em fábrica de caminhões (2010),<br />
começamos a buscar as melhores práticas<br />
mundiais nas melhores unidades de<br />
produção, os benchmarks.”<br />
Segundo o executivo, foram avaliados<br />
e comparados, em cada planta visitada,<br />
conceitos de logística, tecnologia,<br />
manutenção, verticalização, produção e<br />
até custos fixos e remuneração dos empregados.<br />
“Analisamos tudo, juntamos<br />
28 • <strong>Automotive</strong>BUSINESS<br />
e adaptamos para criar aqui o melhor<br />
dos mundos em uma fábrica limpa”,<br />
conta. Ainda não está tudo pronto em<br />
Juiz de Fora: a pintura começa a funcionar<br />
no segundo semestre e a linha<br />
de armação (soldagem), com alto grau<br />
de robotização, deve ficar pronta no<br />
começo de 2013. A planta só não terá<br />
estamparia – essas partes continuam a<br />
ser feitas em São Bernardo do Campo,<br />
SP, na Alemanha ou por fornecedores.<br />
Por enquanto, as cabines do leve Accelo<br />
e do pesado Actros chegam inteiras<br />
e já pintadas, entrando diretamente na<br />
montagem final, única etapa do processo<br />
que funciona plenamente até agora.<br />
No horizonte de nove meses à frente,<br />
a produção será acelerada substancialmente<br />
com a chegada das carrocerias<br />
completamente desmontadas.<br />
“Hoje, transportamos muito ar dentro<br />
das cabines inteiras (são acomodadas<br />
seis por carreta no caso do Accelo).<br />
Um caminhão poderá trazer muito<br />
mais suprimento acomodando as peças<br />
soltas”, diz Linsmayer.<br />
Quando as desvantagens logísticas<br />
tiverem sido superadas, a Mercedes-<br />
-Benz terá uma das mais eficientes<br />
fábricas do mundo. “Ainda não conseguimos<br />
fechar todas as contas, estamos<br />
analisando, mas com todos os<br />
processos mais produtivos que introduzimos<br />
já dá para dizer que os custos<br />
de produção em Juiz de Fora são dois<br />
dígitos porcentuais menores do que<br />
em São Bernardo”, diz o executivo.<br />
A MATRiZ alemã endossou soluções<br />
inéditas, com sistema puxado just in<br />
sequence, surpreendente organização da<br />
manufatura e AGVs na linha de montagem<br />
JUIZ DE FORA,<br />
O MELHOR DOs MuNDOs<br />
No caso do Actros, o modelo só<br />
tem 25% de nacionalização e quase<br />
tudo vem da Alemanha. O objetivo é<br />
atingir o índice de 60% até 2014, fundamental<br />
para que possa ser financiado<br />
no Brasil com as taxas atrativas<br />
do BNDES Finame. Enquanto isso não<br />
acontece, as partes desmontadas do<br />
modelo extrapesado chegam ao porto<br />
do Rio de Janeiro e seguem de trem para<br />
um porto seco perto da fábrica, onde<br />
são desembaraçadas e vão para a montagem.<br />
No futuro, essa linha de trem<br />
poderá ter um ramal dentro da unidade<br />
industrial, facilitando a logística.<br />
Já o Accelo é quase 90% nacional,<br />
mas por enquanto a maioria dos itens<br />
vem de São Bernardo, a 500 quilômetros<br />
de distância por rodovia. Portanto,<br />
parece mais difícil trazer os componentes<br />
nacionais do Accelo do que os importados<br />
do Actros.<br />
SOLUÇÕES INÉDITAS<br />
Ao avaliar só o que já funciona, é notória<br />
a modernidade da fábrica mineira da<br />
Mercedes-Benz. Tudo é muito limpo e<br />
claro, não há estoques e sobra espaço<br />
para futuras expansões. Os componentes<br />
chegam “puxados” por sistema computadorizado<br />
de pedidos, just in time e<br />
just in sequence, no momento certo e<br />
na quantidade/especificação exatas. As<br />
peças chegam às linhas de maneira sequenciada<br />
em bandejas para o operador,<br />
o que evita perda de tempo ou erros na<br />
escolha do componente a montar.
Juiz de Fora é a primeira fábrica de caminhões<br />
do mundo a usar AGVs (sigla<br />
de Automated Guided Vehicles) em quase<br />
todo o trajeto da linha de montagem<br />
final. São 36 carrinhos-robôs elétricos<br />
que se autoconduzem por indução magnética,<br />
guiados por uma trilha no chão<br />
– e se alguém passar na frente eles param<br />
automaticamente. Os AGVs rodam<br />
dentro dos canais de produção levando<br />
chassis e cabines, substituindo com<br />
enormes vantagens produtivas as tradicionais<br />
esteiras rolantes ou teleféricos.<br />
“Na linha de arrasto, quando há algum<br />
problema é preciso parar tudo até resolver.<br />
Com o AGV, basta puxar a peça para<br />
fora e o resto continua fluindo”, explica<br />
um empolgado Linsmayer ao apontar os<br />
carrinhos rodando pela fábrica, observado<br />
de perto com um sorriso por Jürgen<br />
Ziegler, presidente da Mercedes-Benz do<br />
Brasil e CEO da Daimler América Latina.<br />
Foi ele quem convenceu a matriz a pagar<br />
pela ideia pouco ortodoxa. “Quando<br />
dissemos que ia ser tudo com AGVs, o<br />
pessoal nos olhou de maneira estranha”,<br />
brinca Ziegler.<br />
Outra inovação está no controle de<br />
qualidade. As auditorias são realizadas<br />
em três pontos durante a montagem,<br />
antes da inspeção final. “Com isso, os<br />
erros não passam adiante, quando fica<br />
mais difícil fazer correções no veículo já<br />
montado. Se precisar, tiramos o AGV da<br />
linha. Aqui as unidades têm de chegar<br />
perfeitas ao fim da linha, sem necessidade<br />
de mandar para um ponto de reparo”,<br />
explica Linsmayer.<br />
QUALIDADE<br />
Em toda a extensão dos canais de montagem,<br />
telas informam em tempo real o<br />
volume produzido, a meta para o dia e<br />
a situação naquela hora. Também são<br />
informadas as metas de qualidade em<br />
contraste com os resultados das auditorias<br />
para cada modelo em tempo real,<br />
na forma de defeitos críticos encontrados<br />
por veículo pronto – pelo que foi possível<br />
constatar, ambos os números são sempre<br />
inferiores a um por unidade. “Para resolver<br />
qualquer problema é preciso saber<br />
que eles existem”, lembra Ziegler.<br />
Pode até parecer um “parque de diversões”<br />
da engenharia de manufatura,<br />
mas a planta Juiz de Fora foi pensada<br />
para apagar (e pagar) o passado de<br />
prejuízos com muita produtividade em<br />
cada detalhe – e assim atender aos anseios<br />
por retorno do investimento dos<br />
membros da direção e do conselho da<br />
companhia. Agora a fábrica faz o que o<br />
mercado quer comprar, de forma rápida<br />
e eficaz, com capacidade que, a partir de<br />
2014, poderá chegar a 50 mil unidades/<br />
ano, em três turnos de trabalho. n
caminhões<br />
Enquanto a Mercedes-Benz reconstruía<br />
moderna e produtiva<br />
unidade de Juiz de Fora, MG,<br />
para recuperar preciosos pontos perdidos<br />
no mercado de caminhões,<br />
a MAN colocava em marcha plano<br />
igualmente poderoso para revigorar<br />
a operação centrada em Resende,<br />
no sul-fluminense. A estratégia<br />
passa pela construção de<br />
um parque de fornecedores e<br />
um centro logístico, já anunciados,<br />
mas a surpresa está no<br />
lançamento de uma família de<br />
caminhões leves, conhecida internamente<br />
na empresa como<br />
Phevos, em desenvolvimento<br />
na Alemanha.<br />
No fechamento desta edição,<br />
o pacote passava por retoques<br />
e por negociações finais com o<br />
30 • <strong>Automotive</strong>BUSINESS<br />
ROBERTO CORTES<br />
COMANDA A<br />
REVOLUÇÃO DA<br />
MAN LA EM RESENDE<br />
VEM Aí UM pACOtE DE NOViDADES<br />
pARA MULtipLiCAR A CApACiDADE<br />
DE pRODUÇÃO: O pARqUE DE<br />
fORNECEDORES, O CENtRO LOgíStiCO,<br />
UMA LiNhA DE CAMiNhõES LEVES E<br />
pOSSíVELMENtE UMA NOVA fábRiCA<br />
paulO RiCaRdO BRaga e pEdRO kuTnEy<br />
governo do Estado do Rio de Janeiro<br />
visando à ampliação da unidade de<br />
Resende. Encerrado o ciclo de investimentos,<br />
que receberá mais do que<br />
o R$ 1 bilhão prometido até 2016, a<br />
empresa terá capacidade para montar<br />
quase cem mil veículos comerciais<br />
por ano. Como referência da expres-<br />
COMplEXO da<br />
MAN LA em Resende<br />
são desse volume, em 2011, ano de<br />
recordes, o País fabricou 172.902 caminhões<br />
e 34.672 chassis de ônibus.<br />
LEAN DE NOVO<br />
Com a fábrica de Resende, RJ, congestionada<br />
em 2011, uma das preocupações<br />
da MAN Latin America era<br />
abrir espaço para o diretor de<br />
produção e logística, Adilson<br />
Dezoto, reorganizar a manufatura<br />
dentro dos princípios lean<br />
que caracterizaram o Consórcio<br />
Modular desde o início das<br />
operações, há pouco mais de<br />
quinze anos. A montadora estava<br />
empenhada também em<br />
ganhar área extra para estruturar<br />
as linhas de montagem dos<br />
caminhões extrapesados MAN<br />
que fazem a estreia no País.
REpRESEnTanTES da Man la, Meritor, Randon e Suspensys deram a partida à construção do parque<br />
de fornecedores que permitirá desafogar as linhas de montagem do consórcio modular em Resende<br />
A resposta a essas duas questões<br />
veio com o lançamento da pedra<br />
fundamental das novas instalações<br />
da Meritor e Suspensys no Parque de<br />
Fornecedores, que logo terá também<br />
a presença da Maxion e, em nova<br />
etapa, dos demais parceiros que operam<br />
dentro da fábrica do Consórcio<br />
Modular e terão unidades extras para<br />
racionalizar o atendimento das linhas<br />
de montagem.<br />
Apesar do recuo nas vendas de<br />
caminhões no primeiro trimestre de<br />
2012, que diminuiu o ritmo nas linhas<br />
de montagem em Resende, a decisão<br />
de avançar na implantação do parque,<br />
próximo à fábrica, é irreversível, já que<br />
a MAN precisa ganhar fôlego para a<br />
nova cartada no mercado brasileiro,<br />
que inclui significativo aumento de<br />
capacidade produtiva e o lançamento<br />
da família de veículos leves.<br />
FORNECEDORES<br />
A cerimônia que deu partida ao parque<br />
de fornecedores, em terreno do polo<br />
industrial da região, levou a Resende<br />
o presidente mundial da Meritor, Chip<br />
McClure; David Abramo Randon, presidente<br />
da Randon; Silvio Barros, diretor<br />
geral da Meritor para a América do<br />
Sul; Timothy Bowes, presidente mundial<br />
da divisão de caminhões Meritor; e<br />
Erino Tonon, vice-presidente de operações<br />
da Randon.<br />
Antes do lançamento da pedra fundamental,<br />
os representantes das duas<br />
empresas estiveram reunidos no escritório<br />
da MAN, no Jabaquara, em São<br />
Paulo, para analisar a evolução do projeto,<br />
que terá aporte de R$ 85 milhões<br />
e deve trazer receita de R$ 1 bilhão por<br />
ano às duas parceiras. “Os aportes no<br />
empreendimento serão somados aos<br />
nossos investimentos diretos de R$ 1<br />
bilhão entre 2012 e 2016 para ampliação<br />
das operações no País e construção<br />
do futuro centro logístico de vendas”,<br />
destacou Roberto Cortes, CEO<br />
da MAN Latin America.<br />
Meritor, Suspensys e Maxion<br />
contratarão 700 pessoas para as<br />
novas iniciativas e ficarão próximas da<br />
fábrica, facilitando a pré-montagem,<br />
logística e distribuição de peças para a<br />
linha de montagem dos caminhões e<br />
ônibus Volkswagen e dos extrapesados<br />
dEZOTO: desafio de recuperar<br />
os níveis de lean manufacturing<br />
<strong>Automotive</strong>BUSINESS • 31
CAMINHÕES<br />
CAmiNhõES<br />
32 • <strong>Automotive</strong>BUSINESS<br />
COnSÓRCiO MOdulaR<br />
monta caminhões MAN e VW<br />
MAN. A Maxion fará o fechamento dos<br />
quadros de chassis, cabendo à Meritor<br />
a montagem de eixos com cubos,<br />
freios e tambores para incorporação<br />
aos veículos. A Suspensys, joint venture<br />
entre Meritor e Randon, terá responsabilidade<br />
pela usinagem e montagem<br />
de cubos, tambores, freios e submontagem<br />
dos kits de suspensão.<br />
EXPORTAÇõES<br />
A MAN Latin America lidera há nove<br />
anos as vendas de caminhões acima<br />
de 5,5 toneladas de peso bruto total<br />
no País e reivindica o título de maior<br />
fabricante e exportadora desses produtos.<br />
A unidade de Resende é a base<br />
de suprimento de componentes e sistemas<br />
para as linhas de montagem da<br />
unidade de Querétaro, no México, e<br />
fornece conjuntos para os caminhões<br />
Constellation, com direção do lado direito,<br />
que são destinados ao mercado<br />
sul-africano. n
fábRiCA NOVA OU UM<br />
pUxADÃO pARA ExpANDiR A<br />
pRODUÇÃO NO CONSóRCiO<br />
MODULAR DE RESENDE?<br />
RObERtO CORtES DEixA NO AR pOSSíVEiS SiNERgiAS<br />
As implicações do projeto Phevos serão grandes em Resende, onde a MAN<br />
LA coordena o consórcio modular que fabrica os veículos das marcas<br />
Volkswagen e MAN. Com o início de produção dos caminhões extrapesados<br />
da marca MAN, o aperto na linha de montagem em Resende continua a crescer.<br />
E com a chegada dos veículos do projeto Phevos não é possível imaginar<br />
que possa faltar espaço na unidade atual para atender à demanda. Roberto<br />
Cortes já disse que há muita área disponível para ampliação das instalações<br />
atuais. Há dúvida sobre a construção de uma planta totalmente nova, ao lado<br />
da atual, ou a expansão com um “puxadinho” – no caso, um puxadão.<br />
O atual plano de investimento da MAN LA, de R$ 1 bilhão no período<br />
2012-2016, projeta a elevação da capacidade de Resende das atuais 82 mil<br />
unidades/ano para 100 mil. Contudo, Cortes quer chegar a esse nível já em<br />
2014, para atender à forte demanda prevista no Brasil e outros países sul-<br />
-americanos, por isso deve gastar os recursos antes do fim do programa.<br />
Também será preciso fazer frente à concorrência para sustentar a liderança<br />
de mercado, especialmente contra a Mercedes-Benz, que com a fábrica de<br />
Juiz de Fora (MG) operacional, eleva também em 2014 sua capacidade no<br />
País para perto de 130 mil caminhões/ano.<br />
<strong>Automotive</strong>BUSINESS • 33
FÓRUM aUtoMotive bUsiness<br />
FÓRMULAS PARA<br />
LIVRAR-SE DO<br />
IPI GORDO<br />
34 • <strong>Automotive</strong>BUSINESS
o III fórum dA IndústrIA AutomobIlístIcA foI um evento<br />
verde, cArbono zero, pArA AvAlIAr os cenárIos<br />
do regIme AutomotIvo. com feIrA de tecnologIA,<br />
três workshops de relAcIonAmento e dose extrA<br />
de networkIng, escApou dAs mesmIces de outros<br />
encontros do setor e bAteu recorde de pArtIcIpAntes<br />
<strong>Automotive</strong>BUSINESS • 35
FÓRUM aUtoMotive bUsiness<br />
O<br />
anúncio de regras complementares para o regime<br />
automotivo, à véspera do III Fórum da Indústria<br />
Automobilística, promovido por <strong>Automotive</strong> <strong>Business</strong><br />
em 9 de abril no majestoso Golden Hall, no complexo<br />
constituído pelo hotel Sheraton WTC e Shopping D&D, em<br />
São Paulo, provocou uma corrida para afinar o programa<br />
do encontro. Com as mudanças de impacto propostas para<br />
produção e comercialização de veículos, sob a regência do<br />
chamado IPI gordo, foi preciso redirecionar o tom das palestras<br />
e debates propostos aos convidados de montadoras,<br />
autopeças, consultorias, governo, Anfavea e Sindipeças.<br />
A mobilização dos organizadores<br />
para atualizar o programa foi acompanhada<br />
de um boom de inscrições<br />
na última hora, que levou ao recorde<br />
de 946 participantes e possivelmente<br />
ao maior evento do gênero no setor<br />
– sem contar o staff de 135 pessoas<br />
empenhado em estruturar o evento<br />
e os serviços de apoio, multimídia de<br />
última geração, sofisticada edição das<br />
imagens e uma alteração radical no<br />
projeto com um palco central, aproximando<br />
as duas áreas da plateia dos<br />
palestrantes. “Quisemos inovar e acredito<br />
que surpreendemos os participantes”,<br />
assegura Paula Braga Prado,<br />
diretora do fórum.<br />
“A arquitetura foi brilhante”, considerou<br />
o diretor de assuntos corporativos<br />
da JAC Motors, Eduardo Pincigher.<br />
“Foi tudo muito bem planejado, organizado<br />
e executado. Várias inovações<br />
trouxeram um toque muito especial”,<br />
relatou Alberto Rejman, diretor sênior<br />
de engenharia da General Motors, que<br />
levou cinco profissionais da sua equipe<br />
36 • <strong>Automotive</strong>BUSINESS<br />
“Antes de organizar<br />
nossos eventos,<br />
perguntamos aos leitores<br />
do portal <strong>Automotive</strong><br />
<strong>Business</strong> o que<br />
esperam deles”,<br />
revela a diretora de marketing,<br />
PAulA BRAGA PRADO<br />
AS PROPOSTAS INOVADORAS<br />
DO FÓRUM ATENDERAM<br />
AS EXPECTATIVAS DE MAIS DE 90%<br />
DOS PARTICIPANTES, PROVANDO<br />
QUE HÁ VIDA NOVA NOS<br />
EVENTOS DO SETOR<br />
para os workshops de relacionamento. “Foi muito gratificante<br />
participar de um evento de tão alto nível, bem organizado<br />
e com público de qualidade. Sem dúvida alguma, o fórum é<br />
hoje uma referência no setor automobilístico”, observou Renato<br />
Crespo, gerente executivo de suprimentos da Volkswagen<br />
na América do Sul.<br />
“Mais que propor uma arquitetura para mexer com a rotina<br />
dos participantes, o fórum tratou de propor um programa<br />
de alto nível para acabar com mesmice de simpósios e<br />
congressos do setor, recheados de fórmulas ultrapassadas”,<br />
disse Paula. A fórmula trouxe como ingredientes uma feira<br />
de produtos e tecnologias com 45 expositores,<br />
workshops de relacionamento<br />
para a cadeia de suprimentos, carreira<br />
profissional e inovação, pesquisa<br />
eletrônica em tempo real para colher a<br />
opinião dos participantes e um incentivo<br />
especial ao networking.<br />
As ações promocionais se multiplicaram,<br />
com ações como a presença da<br />
modelo Gianne Albertoni no estande da<br />
Bosch, e o sorteio de dezenas de equipamentos<br />
como tablets e netbooks.<br />
Para alguns expositores havia a preocupação<br />
extra de influenciar a eleição<br />
dos melhores cases do Prêmio REI, que<br />
reconhece as melhores iniciativas da indústria<br />
automobilísticas sob o ponto de<br />
vista da excelência e inovação.<br />
O IV Fórum <strong>Automotive</strong> <strong>Business</strong><br />
já tem data definida. Será em 1º de<br />
abril de 2013, também no Golden Hall<br />
WTC. “Quem gosta de inovação pode<br />
perfeitamente transformar um primeiro<br />
de abril em fator de surpresa”, garante<br />
Paula. “Vamos mostrar as verdades<br />
do setor.”
FÓRUM aUtoMotive bUsiness<br />
PESQUISA COM<br />
OS PARTICIPANTES<br />
MOSTROU<br />
QUE O NOVO<br />
PACOTE DARÁ<br />
APENAS FôLEgO<br />
PROVISÓRIO à<br />
INDúSTRIA<br />
pesqUisa<br />
Maílson da Nóbrega, ex-ministro da<br />
Fazenda e sócio-diretor da Tendências<br />
Consultoria, é um palestrante que empolga<br />
a plateia. Com desembaraço,<br />
transpira familiaridade com as nuances<br />
da economia e credibilidade – a<br />
mesma que sua empresa conquistou<br />
ao fazer projeções vencedoras sobre o<br />
comportamento da inflação, câmbio e<br />
evolução do PIB. A apresentação no<br />
fórum rendeu as melhores notas nas<br />
avaliações da audiência, interessada<br />
em compreender a evolução da economia<br />
e a nova etapa do regime automotivo,<br />
antecipada pelo governo em 4<br />
de abril, cinco dias antes do encontro<br />
promovido por <strong>Automotive</strong> <strong>Business</strong>.<br />
O providencial anúncio,<br />
conduzido com solenidade<br />
em Brasília como<br />
uma nova etapa do<br />
Plano Brasil Maior, provocou<br />
uma disparada<br />
nas inscrições para o fórum<br />
automotivo, atraindo<br />
diferentes players da<br />
cadeia de produção de<br />
componentes e veículos.<br />
Clayton Campanhola,<br />
diretor da ABDI,<br />
a Agência Brasileira<br />
de Desenvolvimento<br />
38 • <strong>Automotive</strong>BUSINESS<br />
industrial, foi indicado pela cúpula do<br />
Ministério do Desenvolvimento, Indústria<br />
e Comércio, para apresentar o novo<br />
pacote durante o evento.<br />
Na abertura do encontro, uma pesquisa<br />
eletrônica em tempo real mobilizou<br />
cerca de 380 votantes e apontou<br />
as expectativas dos participantes em<br />
relação à nova etapa do regime automotivo.<br />
Para 64,8% deles, as soluções<br />
para estimular a competitividade exigem<br />
urgência, mas devem ser analisadas<br />
sem precipitação e o governo<br />
deve buscar consenso com empresas<br />
e trabalhadores. As opiniões dividiram-<br />
-se quanto à melhor forma de promover<br />
esse diálogo: 34,9% aprovaram a<br />
instalação dos conselhos de competiti-<br />
PAulO CARDAmOne, diretor da IHS, e mARCOs<br />
lutz, CEO da Cosan: cenários para a indústria e o etanol<br />
letíCIA COstA, sócia-diretora da Prada: soluções<br />
propostas pelo governo foram pontuais e insuficientes<br />
vidade pelo governo, mas 45,6% acreditam<br />
que seria melhor substituir esse<br />
mecanismo por um diálogo direto do<br />
governo com entidades do setor.<br />
Para 71,2%, um maior grau de<br />
competitividade só virá com a soma<br />
de medidas conjunturais e uma reforma<br />
estrutural e 56,1% consideraram<br />
que o novo pacote dará apenas fôlego<br />
provisório à indústria, sem garantir<br />
maior poder de competir. Nem todos<br />
concordaram que as restrições às<br />
importações representam o melhor<br />
caminho para o setor: 49,7% das<br />
respostas aprovaram maior liberdade<br />
nas importações e no conteúdo local<br />
de autopeças.<br />
O novo pacote tenta passar a limpo<br />
o anterior, que resumia<br />
tentativas de defender a<br />
indústria local, sem mexer<br />
na essência dos problemas<br />
que travam o avanço do<br />
setor e os ganhos de competitividade.<br />
A segunda etapa<br />
do regime automotivo,<br />
contida na Medida Provisória<br />
563 e no Decreto 7.716,<br />
representa um passo avante,<br />
mas não traz grandes<br />
sacadas, não aponta soluções<br />
efetivas em direção à<br />
competitividade e não tem
cacife para esvaziar a cesta do custo<br />
Brasil nem mudar a dura realidade de<br />
que produzir no Brasil hoje é tão caro<br />
quanto nos Estados Unidos e custa<br />
mais que no México, como mostra levantamento<br />
da Pricewaterhouse.<br />
O inusitado interesse pelo Fórum<br />
<strong>Automotive</strong> <strong>Business</strong> reforça o fato<br />
de nunca se falar tanto quanto agora<br />
sobre o futuro do setor, seja na mídia,<br />
no governo, na Anfavea, Sindipeças,<br />
seja no parque industrial. Em nenhum<br />
tempo foram reviradas as questões<br />
centrais que afetam a cadeia de produção<br />
e o impacto das transformações<br />
na indústria automobilística mundial<br />
sobre o País. O que está em xeque é<br />
a capacidade de manter a posição<br />
conquistada entre os quatro ou cinco<br />
maiores produtores e mercados mundiais,<br />
diante do cerco de fabricantes<br />
internacionais ávidos por vender seus<br />
produtos no Brasil em momento de<br />
dificuldades cambiais e enormes fragilidades<br />
de nossa infraestrutura.<br />
“Ficamos encurralados dentro de<br />
nossas próprias fronteiras diante do<br />
ataque ao mercado doméstico por<br />
concorrentes estrangeiros agressivos,<br />
PAulO ButORI, presidente do Sindipeças, e mAílsOn<br />
DA nóBReGA, sócio-diretor da Tendências Consultoria<br />
especialmente os asiáticos. Queremos<br />
mudar essa incômoda realidade”, disse<br />
Paulo Butori, presidente do Sindipeças,<br />
entidade dos fabricantes de autopeças.<br />
Ponto positivo pode ser a instalação<br />
dos Conselhos de Competitividade,<br />
que devem reunir 600 representantes<br />
do governo, empresários e trabalhado-<br />
<strong>Automotive</strong>BUSINESS • 39
FÓRUM aUtoMotive bUsiness<br />
painÉis De Debates pRoMoviDos DURante o FÓRUM<br />
Diretores de compra FRAnCIsCO ROmeRO (Fiat),<br />
VICtOR BARRetO (Volvo), ORlAnDO CICeROne (GM),<br />
e JOãO PImentel (Ford)<br />
séRGIO HABIB, presidente da JAC Motors, ReInAlDO<br />
muRAtORI, diretor de engenharia da Mitsubishi Motors,<br />
luIs CuRI, CEO da Chery Brasil, e mARCO AntOnIO<br />
DAVIlA, presidente da DAF Caminhões<br />
Diretores de vendas ReInAlDO seRAFIm (Volvo), tânIA<br />
sIlVestRI (Mercedes-Benz), AlCIDes CAVAlCAntI (Iveco)<br />
e RICARDO AlOuCHe (MAN LA)<br />
luIz mOAn YABIku JR., primeiro vice-presidente da<br />
Anfavea, ClAYtOn CAmPAnHOlA, diretor da ABDI,<br />
ROBeRtO CORtes, presidente da MAN LA<br />
WoRKsHops De ReLaCionaMento<br />
O fórum promoveu encontros de relacionamento na área de inovação,<br />
com apoio do Sindipeças, da cadeia de suprimentos e carreira profissional
es para a discussão de temas setoriais<br />
e construção de agendas estratégicas.<br />
Há conselhos para os segmentos de<br />
petróleo e gás, automotivo, produtos<br />
metalúrgicos, energias renováveis e<br />
serviços logísticos, entre outros. Embora<br />
se possa colocar em dúvida a<br />
efetividade de conselhos como esses,<br />
a ideia é interessante e deve ser colocada<br />
à prova.<br />
R$ 60 biLHÕes<br />
É importante definir caminhos para o<br />
País ganhar escala de produção e as<br />
estratégias para tornar-se um player<br />
representativo, com assento no grupo<br />
de países que vai gerenciar a inteligência<br />
automotiva global. Não queremos<br />
ser apenas manufatureiros, embora tenhamos<br />
a ambição de ter um parque<br />
industrial plenamente ocupado.<br />
Há outras questões a responder. O<br />
que fazer em relação à eletrônica embarcada,<br />
hoje quase 100% asiática no<br />
hardware? Nosso core deve ser o carro<br />
compacto com motor flex? Como ficará<br />
o programa do etanol? Como abrir caminho<br />
para as exportações? Devemos<br />
ser líderes apenas entre os emergentes?<br />
Como inibir as importações de produtos<br />
piratas e de má qualidade? Quais as<br />
barreiras não alfandegárias justas que<br />
devem ser adotadas pelo País?<br />
<strong>Automotive</strong> <strong>Business</strong> calcula que os<br />
investimentos de montadoras e auto-<br />
peças somarão R$ 60 bilhões entre<br />
2012 e 2015. A Anfavea estima que as<br />
montadoras associadas farão aportes<br />
de US$ 22 bilhões, enquanto empresas<br />
filiadas ao Sindipeças vão aplicar US$<br />
2,5 bilhões ao ano para acompanhar o<br />
ritmo. Serão outros US$ 10 bilhões.<br />
O restante do pacote virá de newcomers,<br />
que vão acrescentar US$ 3,5<br />
bilhões com as iniciativas da Chery,<br />
Hyundai Brasil, JAC Motors, DAF,<br />
Shiyan Yunlihong, Suzuki, Effa/Lifan,<br />
Metro-Schacman, SsangYong, Changan<br />
e Haima e outros empreendimentos<br />
a caminho. n<br />
<strong>Automotive</strong>BUSINESS • 41
FORD CAMAÇARI | ECOSPORT<br />
NOVO ECOSPORT REINAUGURA<br />
Ford eM CAMAÇArI<br />
FÁbrica baiaNa<br />
eNTra em NOVa FaSe<br />
de SUa eVOLUçÃO,<br />
cOm PeSadOS<br />
iNVeSTimeNTOS em<br />
mOderNiZaçÃO e<br />
amPLiaçÃO Para<br />
300 miL UNidadeS/aNO<br />
pedro kutney, de camaçari (ba)<br />
42 • <strong>Automotive</strong>BUSINESS<br />
MArCoS de oLIVeIrA, presidente da Ford Brasil e Mercosul, anunciou a<br />
determinação de se aposentar, logo após a apresentação do novo EcoSport, em Camaçari (BA)<br />
O<br />
tempo passou rápido na<br />
ensolarada Camaçari, na<br />
Bahia, onde há dez anos a<br />
Ford colocou em prática um dos mais<br />
ousados projetos de manufatura automotiva<br />
já executados – uma espécie<br />
de reinvenção do “fordismo”, de<br />
Henry Ford, que no início do século<br />
20 criou a linha de montagem e um<br />
carro, o Modelo T, que revolucionou<br />
a indústria e tornou possível a motorização<br />
em grande escala do mundo<br />
inteiro. Nas terras tropicais baianas, o<br />
fordismo foi recriado com a divisão do<br />
capital: em vez de fabricar e montar<br />
a maioria dos próprios componentes,<br />
como fizeram todos os fabricantes de<br />
veículos até a década de 1970, a Ford<br />
tornou Camaçari possível ao trazer 28<br />
fornecedores para dentro da linha de<br />
montagem, dividindo a operação e<br />
seus custos. Com isso, cerca de 60%<br />
do valor dos veículos feitos na fábrica<br />
baiana são produzidos dentro da própria<br />
unidade, numa rara combinação<br />
de alta produtividade com generosos<br />
incentivos fiscais recebidos dos governos<br />
estadual e federal, que eleva<br />
sensivelmente as margens de lucro<br />
dos produtos feitos pela montadora<br />
na Bahia.<br />
O carro que inaugurou essa fórmula,<br />
em maio de 2002, foi o Fiesta<br />
hatch, um ano após a apresentação<br />
global. Em fevereiro de 2003 surgia<br />
o EcoSport, miniutilitário esportivo<br />
revelado no final de 2002, projetado<br />
para o Brasil e outros mercados sul-
-americanos, para consumidores que<br />
ainda não podiam pagar por um SUV<br />
legítimo. Em Camaçari, o EcoSport<br />
e o Fiesta cumpriram a missão de<br />
salvar os negócios da Ford no País,<br />
devolvendo à empresa rentabilidade e<br />
capacidade de produção e de desenvolvimento<br />
local de engenharia – algo<br />
que havia sido perdido nos anos de<br />
sociedade com a Volkswagen na Autolatina,<br />
de 1987 a 1996.<br />
De lá para cá, já se foram mais<br />
de 1,5 milhão de EcoSport e Fiesta<br />
produzidos, que mais do que pagaram<br />
o investimento inicial anunciado<br />
pela Ford em Camaçari, de US$ 1,2<br />
bilhão. Hoje a planta tem 8,5 mil empregados<br />
(incluindo os fornecedores<br />
que atuam dentro da linha de montagem)<br />
e responde por 6,5% da fabricação<br />
nacional de veículos. Cerca de<br />
20% da produção é exportada para<br />
países latino-americanos, com uma<br />
azeitada logística de carros e componentes<br />
via porto particular da Ford<br />
em Aratu.<br />
A capacidade de produção de 250<br />
mil unidades/ano em três turnos está<br />
próxima do teto desde 2006/2007,<br />
deixando pouco espaço para a renovação<br />
de processos e produtos.<br />
Foi quando começaram as especulações<br />
sobre como a Ford iria expandir<br />
a unidade. O primeiro lance<br />
dessa estratégia aconteceu no fim<br />
de 2006, com a aquisição da pequena<br />
Troller, no Ceará, e a aprovação<br />
com o governo federal da transferência<br />
de sua carta de incentivos fiscais,<br />
que aumentou de 35% para praticamente<br />
100% o desconto no IPI para<br />
os carros montados na região até<br />
2010. No fim de 2009, em outra manobra<br />
política, com a promessa de<br />
investir R$ 4,5 bilhões em suas operações<br />
brasileiras de 2010 a 2015,<br />
sendo R$ 2,5 bilhões em Camaçari,<br />
a Ford conseguiu prorrogar por mais<br />
cinco anos os benefícios que recebe<br />
na Bahia..<br />
NOVA ERA<br />
Com incentivos e financiamento via<br />
BNDES garantidos, a alta rentabilidade<br />
de Camaçari foi preservada e assim<br />
a planta baiana entra em uma nova<br />
era, com a produção de novos veículos<br />
globais, projetados ali mesmo pela<br />
equipe do Centro de Desenvolvimento<br />
de Produto e Design (CDPD), um dos<br />
oito da companhia no mundo, onde<br />
trabalham 1,5 mil engenheiros e designers.<br />
A capacidade está sendo ampliada<br />
para 300 mil unidades/ano, incluindo<br />
sensíveis melhorias produtivas.<br />
A envelhecida linha de Camaçari<br />
começa a ser remodelada com o início<br />
da produção, em abril, do novo<br />
EcoSport, primeiro produto global (só<br />
para mercados emergentes) desenvolvido<br />
pela Ford na América do Sul,<br />
sob a liderança do CDPD baiano. “Os<br />
novos investimentos trazem equipamentos<br />
modernos para a fábrica, em<br />
linha com as melhores práticas mundiais”,<br />
afirma Cícero Melo, gerente de<br />
manufatura da Ford em Camaçari,<br />
que acompanha a evolução da unida-<br />
OS NOVOS<br />
iNVeSTimeNTOS<br />
TraZem<br />
eqUiPameNTOS<br />
mOderNOS Para a<br />
FÁbrica, em LiNha<br />
cOm aS meLhOreS<br />
PrÁTicaS mUNdiaiS<br />
CíCero MeLo, gerente de<br />
manufatura da Ford Camaçari<br />
de em quase toda sua existência – ele<br />
chegou em março de 2002, no início<br />
da produção das primeiras unidades.<br />
Agora Melo acompanha a segunda<br />
grande onda de desenvolvimento<br />
em Camaçari. A planta toda passa<br />
por profundas modernizações. Para<br />
receber o EcoSport global e o projeto<br />
que virá logo depois – o novo Ka,<br />
que deve começar a ser produzido na<br />
Bahia antes do fim de 2013 –, toda a<br />
linha de produção foi reprojetada virtualmente.<br />
“Esse recurso possibilitou<br />
mais rapidez na modelagem da linha<br />
que vai montar os novos veículos”, diz<br />
o engenheiro. Aliás, capacidade virtual<br />
é o que não falta na Ford Camaçari:<br />
todos os produtos e processos<br />
projetados lá passam por milhares de<br />
horas de simulações em computador.<br />
Entre as melhorias que a fábrica<br />
recebe, Melo cita a duplicação do número<br />
de robôs (agora são 650) que<br />
fazem a soldagem das carrocerias,<br />
com 500 novas pinças de solda. “Ganhamos<br />
em eficiência, consumo de<br />
energia e qualidade”, explica. Após a<br />
<strong>Automotive</strong>BUSINESS • 43
FORD CAMAÇARI | ECOSPORT<br />
armação, 100% das carrocerias passam<br />
por checagem computadorizada<br />
de geometria. Na pintura, três robôs<br />
fazem o selamento. Cada célula de<br />
produção é monitorada por câmeras<br />
digitais que acompanham a montagem<br />
final. “No fim das contas, agora<br />
temos acabamento mais preciso, o<br />
que aumenta a qualidade final para o<br />
cliente”, destaca Melo.<br />
A estamparia de Camaçari, onde são<br />
prensadas todas as partes de aço da<br />
carroceria, é exemplo latente de como<br />
os novos produtos trazem consigo<br />
grande aumento de eficiência produtiva.<br />
A planta ganhou uma nova linha robotizada<br />
com quatro prensas Schuller,<br />
que ocupam 2,6 mil metros quadrados<br />
e custaram R$ 70 milhões – o maquinário<br />
foi produzido no Brasil e os robôs<br />
vieram da Alemanha. A linha produz<br />
900 peças por hora, ao ritmo de quinze<br />
golpes por minuto, mais que o dobro<br />
dos sete por minuto das prensas antigas,<br />
que fazem 420 peças/hora. A troca<br />
de ferramentas (os moldes de estamparia)<br />
é feita em apenas oito minutos,<br />
apenas um terço do tempo gasto antes.<br />
Uma ponte rolante totalmente automatizada<br />
com capacidade para 50 toneladas<br />
carrega conjuntos de até quatro<br />
moldes empilhados, o que reduziu em<br />
50% o espaço gasto com o armazenamento<br />
das ferramentas.<br />
Ironicamente, a linha de prensas<br />
também é exemplo da desindustriali-<br />
o noVo eCoSport abre a<br />
segunda 44 • era <strong>Automotive</strong>BUSINESS<br />
na evolução de Camaçari<br />
zação no País, causada pela perda de<br />
competitividade internacional. Aldo<br />
Morgan, gerente da estamparia de Camaçari,<br />
explica que todas as ferramentas<br />
do novo EcoSport foram importadas<br />
da China. Cada peça pode custar<br />
de R$ 3 milhões a R$ 8 milhões. “Mas<br />
custariam o dobro se fossem feitas no<br />
Brasil”, conta o engenheiro.<br />
EVOLUÇÃO<br />
O início da produção do novo<br />
EcoSport marca o começo da segunda<br />
era de evolução de Camaçari. No<br />
próximo ano esse processo continua<br />
com a chegada do novo Ka, mais um<br />
projeto global em desenvolvimento no<br />
centro baiano de engenharia e design.<br />
Também entra em operação no segundo<br />
semestre de 2013 uma nova<br />
fábrica de motores, com investimento<br />
anunciado de R$ 400 milhões e capacidade<br />
para 210 mil unidades/ano.<br />
Localizada em área de 24 mil metros<br />
quadrados dentro do complexo industrial<br />
de Camaçari, a unidade vai produzir<br />
motores que vão equipar o novo Ka.<br />
São os propulsores Fox, também completamente<br />
novos, de três cilindros,<br />
com bloco de ferro fornecido pela Tupy,<br />
de Joinville (SC).<br />
No modelo participativo de produção<br />
da Ford Camaçari, os fornecedores<br />
precisam crescer em conjunto. “É uma<br />
evolução constante, não pode parar.<br />
Os fornecedores estão mudando e se<br />
modernizando”, diz Cícero Melo. Mas<br />
até hoje Camaçari é um grande campo<br />
aberto para a cadeia de suprimentos.<br />
Isso porque a maioria dos 28 sistemistas<br />
integrados à produção apenas executa<br />
operações de montagem. A maior<br />
parte dos componentes ainda continua<br />
sendo “importada” de suas unidades<br />
no Sudeste do País.<br />
Apenas alguns poucos fornecedores<br />
que integram a linha de montagem têm<br />
projetos de expansão que extrapolam<br />
os muros da fábrica da Ford. Exemplo<br />
disso é a divisão Cosma da gigante<br />
Magna, principal integrador de componentes<br />
de chassi da Ford. Além de atuar<br />
diretamente na montagem dos carros,<br />
a sistemista já tem duas unidades em<br />
Camaçari (uma delas comprada da<br />
ThyssenKrupp em dezembro passado)<br />
e investe US$ 35 milhões para instalar<br />
mais uma terceira planta no município,<br />
com 21 mil metros quadrados e 300<br />
empregados diretos.<br />
Outro fornecedor que está chegando<br />
é o grupo Ítalo Lanfredi, que anunciou<br />
em 2011 investimentos de US$ 70 milhões<br />
para produzir peças fundidas e<br />
usinadas para a indústria automotiva<br />
em Camaçari. Será a primeira grande<br />
fundição voltada para o setor na Bahia,<br />
com capacidade para produzir 48 mil<br />
toneladas/ano a partir de 2013, quando<br />
entrar em operação.<br />
“Ao fazer aqui veículos globais, que<br />
serão produzidos também em outros<br />
países, ganhamos maior escala de<br />
negociação com os fornecedores.<br />
Isso faz com que nós e eles sejamos<br />
mais competitivos”, diz Marcos de<br />
Oliveira, presidente da Ford Brasil e<br />
Mercosul, que deixará o posto em 30<br />
de junho com a determinação de se<br />
aposentar. Ele avalia que novos fornecedores<br />
chegarão com o tempo e<br />
construirão a evolução de Camaçari<br />
para um polo automotivo mais completo.<br />
Existe pela frente, portanto,<br />
outra década de revolução a ser feita<br />
pelo fordismo baiano.
FORD CAMAÇARI | ecOSPOrT<br />
a hiSTÓria dO FOrdiSmO<br />
ÀS AVeSSAS de camaçari<br />
Em 1999, a Ford só contabilizava<br />
prejuízos no Brasil. Havia acabado<br />
de sair da sociedade com<br />
a Volkswagen na Autolatina (1987-<br />
1996) e tinha perdido capacidade de<br />
desenvolvimento. Para piorar, a fábrica<br />
que iria construir em Guaíba, no<br />
Rio Grande do Sul, onde pretendia<br />
produzir 150 mil Fiesta por ano, foi<br />
praticamente expulsa do Estado pelo<br />
governador Olívio Dutra. “O novo governo<br />
não se interessava e se negou a<br />
fazer toda a infraestrutura que precisávamos<br />
lá. A planta ia custar três vezes<br />
mais. Não teve jeito. Precisamos<br />
abandonar o projeto, que já estava<br />
seis meses atrasado”, lembra Luc de<br />
Ferran, na época diretor de desenvolvimento<br />
da Ford no Brasil, então<br />
encarregado de coordenar a construção<br />
da nova unidade. Em meio à<br />
crise que se instalou, Ferran tratou de<br />
sair em busca de um novo local em<br />
tempo recorde, e assim aprofundou a<br />
LuC de FerrAn,<br />
Fellow da SAE Brasil<br />
ideia de recriar uma velha receita consagrada<br />
(mas esquecida) da própria<br />
Ford: o chamado “fordismo”, com a<br />
verticalização da produção.<br />
“Verticalizar era a única maneira de<br />
viabilizar uma fábrica em um lugar<br />
como Camaçari”, afirma Ferran. “É<br />
como os chineses fazem hoje: eles<br />
não esperam pelos fornecedores, tomam<br />
a decisão e puxam a cadeia de<br />
suprimentos para onde vão.” Como<br />
seria impossível fazer isso só com<br />
recursos próprios, a solução do tipo<br />
ovo-de-Colombo foi colocar os fornecedores<br />
dentro da linha de produção,<br />
recriando assim o fordismo às<br />
avessas. “Comecei a pensar nessa<br />
fórmula há muitos anos. Lembrei-me<br />
de 1963, quando ainda era estudante<br />
de engenharia na Poli-USP e fui fuçar<br />
diversas fábricas no mundo. Os<br />
fabricantes produziam quase todos<br />
os componentes, até vidros. Depois,<br />
nos anos seguintes, venderam tudo,<br />
terceirizaram tudo. O que fizemos em<br />
Camaçari foi recriar esse processo,<br />
mas com divisão do capital investido<br />
entre a Ford e seus parceiros no<br />
negócio”, conta o engenheiro, lembrando<br />
que 60% dos custos de um<br />
carro montado na fábrica baiana são<br />
produzidos no próprio local.<br />
“Em Dearborn (sede mundial da<br />
Ford nos Estados Unidos) todos os<br />
diretores me chamavam de louco ao<br />
querer criar essa fórmula, mas<br />
ninguém apresentou solução<br />
melhor”, recorda Ferran.<br />
Antes disso, porém,<br />
foi preciso quebrar todos<br />
os paradigmas no que diz<br />
respeito a projetar e construir<br />
uma fábrica, a começar<br />
pela escolha do local. De<br />
seis Estados possíveis, sobraram três:<br />
Espírito Santo, Pernambuco e Bahia.<br />
“Lembro que, após sair de Guaíba, fizemos<br />
a pré-seleção gastando apenas<br />
uma semana para avaliar cada local”,<br />
conta o ex-diretor da Ford.<br />
EM BUSCA DO LOCAL<br />
Ferran revela que no Espírito Santo o<br />
local oferecido ficava ao lado de um<br />
rio, o que levaria meses para obter as<br />
licenças ambientais. Em Pernambuco,<br />
a cidade era Ipojuca, ao lado do<br />
Porto de Suape que começava a ser<br />
construído. “Era tudo mangue, na<br />
mesma área onde ofereceram para a<br />
Fiat. Outro problema ambiental. Seria<br />
muito difícil construir ali.” Por fim, Ferran<br />
foi apresentado a Camaçari e se<br />
apaixonou pelo lugar, todo descampado,<br />
pronto para receber indústrias<br />
(a fábrica da coreana Asia Motors iria<br />
ser instalada ali) e perto do mar.<br />
O engenheiro lembra que o contrato<br />
com o Estado da Bahia para a<br />
instalação da fábrica foi assinado em<br />
23 de dezembro de 1999 – poucos<br />
meses antes a Ford havia conseguido<br />
aprovar, com significativa ajuda do ex-<br />
-governador baiano e então senador<br />
Antonio Carlos Magalhães, a extensão<br />
de parte dos benefícios concedidos a<br />
montadoras que quisessem se instalar<br />
no Nordeste do País. Dali em diante,<br />
foram apenas 14 meses para ir<br />
do zero a uma fábrica de automóveis<br />
completa. A construção foi feita em<br />
três turnos e Ferran, em jornadas diárias<br />
de trabalho nunca inferiores a dez<br />
horas, acompanhou pessoalmente<br />
cada muro levantado, enquanto Vagner<br />
Galeote, então diretor de compras<br />
(hoje diretor de manufatura e atual<br />
presidente da SAE Brasil), arquitetava
a amarração da rede de fornecedores<br />
que iriam trabalhar juntos com a Ford.<br />
Ainda no ano 2000, Ferran fretou<br />
um voo para trazer de Dearborn direto<br />
para Camaçari 240 engenheiros que<br />
estavam em treinamento na sede da<br />
companhia, para projetar o EcoSport.<br />
Eles inauguraram o Centro de Desenvolvimento<br />
de Produto e Design da<br />
Ford no Brasil.<br />
Em 2001 a linha de produção começou<br />
a rodar para testes, produzindo<br />
a picape Courrier. “Não dá para<br />
começar a fazer produto novo em fábrica<br />
nova”, ensina Ferran. “Levamos<br />
alguns meses até acertar tudo, mesmo<br />
depois da inauguração oficial (em<br />
setembro de 2001).” Somente em<br />
2002 o Fiesta entrou em produção,<br />
dando início a uma fórmula completamente<br />
nova de fabricação – ainda<br />
que baseada no velho fordismo –, em<br />
que fornecedores viraram montadores<br />
de veículos.<br />
Em 2004, Luc de Ferran se aposentou<br />
como vice-presidente de desenvolvimento<br />
de produto e manufatura<br />
da Ford South America, mas ainda<br />
vive perto de sua criação, à beira do<br />
mar da Bahia. Em reconhecimento<br />
à sua contribuição para o setor, em<br />
2007 Ferran foi o primeiro brasileiro a<br />
CoMpLexo dA Ford em<br />
Camaçari completou 10 anos<br />
ser indicado SAE Fellow da sociedade<br />
de engenharia automotiva internacional,<br />
uma espécie de rol da fama da associação.<br />
Ele continua na ativa como<br />
consultor de diversas empresas. Do<br />
novo EcoSport diz saber pouco, mas<br />
tem uma certeza: “Vamos precisar de<br />
mais três ou quatro fábricas iguais a<br />
Camaçari se realmente quisermos<br />
produzir cinco ou seis milhões de veículos<br />
por ano.” n<br />
<strong>Automotive</strong>BUSINESS • 47
Ruy Hizatugo<br />
estratégia<br />
A citRoËn NA<br />
VITRINE DO LUXO<br />
Quando assumiu a presidência da Citroën do<br />
Brasil, em novembro, o italiano Francesco<br />
Abbruzzesi sabia que 2012 seria um ano desafiador,<br />
depois de a marca francesa fechar 2011 em alta,<br />
com vendas acima de 90 mil veículos e um avanço de 7,1%,<br />
três vezes mais que a média das concorrentes no Brasil. O<br />
executivo italiano enfrenta este ano um mercado domésti-<br />
48 • <strong>Automotive</strong>BUSINESS<br />
Giovanna Riato e Paulo RicaRdo BRaGa<br />
O pREsIDENTE FRANcEscO AbbRUzzEsI VALORIzA A ImAgEm DE<br />
mARcA premium, A qUALIDADE DOs sERVIçOs E NãO qUER<br />
INcENTIVAR DEscONTOs pARA ATRAIR cOmpRADOREs<br />
co marcado por grande disputa por participação, avanço de<br />
newcomers, restrições ao crédito e dificuldade de ajustes às<br />
regras do novo regime automotivo.<br />
Nos escritórios da rua James Joule, próxima à Av. Luis<br />
Carlos Berrini, em São Paulo, ele recebeu <strong>Automotive</strong> <strong>Business</strong><br />
para explicar suas estratégias de negócio e o plano<br />
de acentuar a diferenciação da marca, definido em sinto-
a CitRoën EmPlaCou<br />
90.000 vEíCuloS Em 2011,<br />
avançanDo 7,1% naS<br />
vEnDaS. PaRa 2012 PRojEta<br />
a ComERCialização DE<br />
100.000 uniDaDES E 2,7% DE<br />
PaRtiCiPação<br />
nia com o chefe, Carlos Gomes, presidente<br />
da PSA Peugeot Citroën para a<br />
América Latina, que o escolheu para<br />
conduzir a operação da Citroën no<br />
País. Para garantir 2,7% de participação<br />
no mercado este ano, Abbruzzesi<br />
acelera a ampliação da rede de distribuição<br />
e coloca em ação programa<br />
para garantir o reconhecimento dos<br />
produtos e serviços dentro da categoria<br />
premium, uma condição que não<br />
ocorre em todas as partes do globo.<br />
“Há diversas iniciativas em marcha<br />
para garantir que nossa promessa<br />
de marca seja percebida e se transforme<br />
na experiência do cliente com<br />
nossos produtos e serviços”, observa.<br />
Ele reconhece que a introdução<br />
na vitRinE – o DS3, que chega em julho, estará no<br />
espaço conceito da Citroën na oscar Freire, em São Paulo.<br />
o carro terá motor 1.6 de 165 cv, o mesmo do 3008<br />
da Citroën no Brasil foi bem-sucedida<br />
sob a liderança de Sérgio Habib,<br />
empresário que comandou a operação<br />
durante a abertura de mercado<br />
promovida nos anos 1990 e ainda<br />
possui expressiva participação na<br />
rede de concessionárias. Na época,<br />
Habib optou por um posicionamento<br />
elitista, quando poucas fabricantes<br />
disputavam o segmento. Hoje o<br />
objetivo é preservar essa conquista e<br />
evidenciar um conteúdo tecnológico<br />
atrativo diante do aumento da oferta<br />
de automóveis da categoria conhecida<br />
como B premium. “Agora a maior<br />
parte das montadoras tem um carro<br />
para brigar com o C3, nosso modelo<br />
de entrada”, aponta.<br />
FiM do tanQuinHo – Com o<br />
Flex Start nos motores EC5, a Citroën<br />
eliminará o reservatório auxiliar. a marca<br />
quer antecipar a introdução de aBS e<br />
airbags, obrigatórios a partir de 2014<br />
REDE SAUDÁVEL<br />
O revendedor é parte essencial dos<br />
planos da companhia para o País. Há<br />
uma política de preços rígida, com<br />
descontos controlados para evitar<br />
desgaste na distribuição. Com a garantia<br />
de três anos para os veículos<br />
e revisões com preço determinado,<br />
a montadora quer se livrar de vez da<br />
fama que já teve, de oferecer carros<br />
com alto custo de manutenção. Hoje<br />
o índice de serviço, que indica a disponibilidade<br />
de componentes em até<br />
24 horas, está na casa dos 97%. A ordem<br />
é não roubar tempo em revisões<br />
e serviços corriqueiros, uma situação<br />
que incomoda o cliente.<br />
Embora não explicite a fórmula da<br />
<strong>Automotive</strong>BUSINESS • 49
estratégia<br />
ONDE TEmOs<br />
REVENDA<br />
ALcANçAmOs<br />
pARTIcIpAçãO<br />
sIgNIFIcATIVA.<br />
NOssO DEsAFIO<br />
EsTá NA cObERTURA<br />
FRancESco aBBRuZZESi,<br />
presidente da Citroën do Brasil<br />
rentabilidade dos concessionários, o<br />
executivo valoriza o pós-venda e esclarece<br />
que a receita com serviços<br />
e peças deve cobrir 60% a 70% dos<br />
custos fixos. A Citroën tem incentivado<br />
também a comercialização de carros<br />
usados, ainda que envolvam outras<br />
marcas. A ideia é que todas as faces do<br />
negócio sejam percebidas com alto valor<br />
e contribuam para elevar a liquidez<br />
50 • <strong>Automotive</strong>BUSINESS<br />
financeira dos distribuidores, que têm<br />
incentivo para um giro rápido de estoques<br />
de veículos e peças. Outra frente<br />
de receita é o business to business,<br />
que une a empresa e seus revendedores<br />
no atendimento a frotistas e locadoras.<br />
Estes clientes absorvem 21% a<br />
25% dos veículos comercializados no<br />
País, segundo o executivo.<br />
Nesse compasso, Abbruzzesi preten-<br />
caRRo vERdE – o aircross inaugurou o<br />
esforço pela sustentabilidade no Brasil, com<br />
20 kg de materiais verdes, incluindo plásticos<br />
e fibras, e 85% de conteúdo reciclável<br />
Ruy Hizatugo<br />
de expandir a rede atual, de 165 revendas,<br />
para 185 até o fim do ano e chegar<br />
a 228 até 2015. “Nas cidades em que<br />
temos revenda alcançamos participação<br />
significativa. Nosso desafio está na<br />
cobertura”, explica. A intenção é avançar<br />
fora do eixo Rio-São Paulo, com a<br />
instalação de concessionárias em cidades<br />
com mais de 200 mil habitantes.<br />
Apesar da grande quantidade de municípios<br />
com esse perfil no País, o executivo<br />
lembra que, por ter posicionamento<br />
de alto nível, há limitações na escolha<br />
das regiões. Uma das prioridades atualmente<br />
é o Nordeste. Há ainda intenção<br />
de diversificar o número de grupos envolvidos<br />
na distribuição. O empresário<br />
Sérgio Habib tem 40 revendas Citroën e<br />
deve continuar tocando o negócio mesmo<br />
com o desenvolvimento de outras<br />
atividades, como a produção de veículos<br />
chineses no País.<br />
PLATAFORMAS<br />
Abbruzzesi prefere não revelar as novidades<br />
na área de produtos, que incluem<br />
a renovação da plataforma C3<br />
em breve. Apesar disso, ele garante<br />
que a cartilha inclui inovação, alto<br />
conteúdo tecnológico e apelo sustentável.<br />
O Aircross, apontado pelo<br />
executivo como uma das estrelas da<br />
marca, inaugurou essa filosofia no<br />
Brasil. O carro tem 20 kg de materiais<br />
verdes, incluindo plásticos e fibras, e<br />
85% de conteúdo reciclável.<br />
A marca quer antecipar a introdução<br />
de itens como ABS e airbags, obrigatórios<br />
a partir de 2014, e dos motores<br />
flex sem reservatório auxiliar (o tanquinho),<br />
desenvolvidos com auxílio da<br />
Bosch e já presentes no Peugeot 308<br />
(motor EC5, Flex Start). Atualmente<br />
o portfólio de propulsores Peugeot e<br />
Citroën tem capacidades de 1,4, 1,6 e<br />
2 litros.<br />
O novo presidente admite que há<br />
um intenso trabalho para modernização<br />
do powertrain, na direção de<br />
motores com maior eficiência energé
estratégia<br />
tica. “Na Europa temos sido bastante<br />
agressivos em relação à redução de<br />
emissões, buscando níveis abaixo de<br />
100 gramas de dióxido de carbono<br />
por quilômetro”, observa. Para chegar<br />
a metas dessa ordem no Brasil serão<br />
necessárias tecnologias avançadas,<br />
ainda não presentes no mercado, como<br />
turboalimentação, injeção direta,<br />
DA cHAmps ELYsÉE À OscAR FREIRE<br />
Para ampliar a experiência do cliente<br />
com a marca, a companhia criou<br />
um espaço-conceito na rua Oscar Freire,<br />
na esquina com a rua da Consolação,<br />
nos Jardins, em São Paulo. Em<br />
localização nobre, o empreendimento<br />
não tem objetivo comercial e tratará<br />
de expandir a experiência sensorial do<br />
consumidor com os atributos da<br />
marca, a origem francesa e<br />
a cultura local. Inspirada no<br />
espaço C42 existente na Champs Elysée,<br />
em Paris, o local terá boutique, bistrô, área de exposição<br />
de veículos especiais e área para eventos culturais. “A<br />
52 • <strong>Automotive</strong>BUSINESS<br />
redução de atrito e massa, controle<br />
eficiente de válvulas. Não estão descartados<br />
o uso de blocos de alumínio<br />
e configurações de três cilindros.<br />
E como fica a relação com a marca<br />
irmã, Peugeot? “Há inúmeras<br />
sinergias, especialmente na área industrial,<br />
com a utilização da mesma<br />
fábrica e equipes de logística e com-<br />
A psA pEUgEOT<br />
cITROëN INVEsTIRá<br />
R$ 2,3 BilHõES pARA<br />
AmpLIAR A pLANTA DE<br />
pORTO REAL, Rj<br />
pras atuando em conjunto”, explica.<br />
Há independência na área de design<br />
e projeto de engenharia, apesar do<br />
compartilhamento de tecnologias de<br />
componentes e sistemas. Em volume<br />
de vendas houve uma inversão das<br />
posições no ano passado, quando a<br />
Citroën superou a parceira pela primeira<br />
vez no Brasil.<br />
A racionalização das plataformas disponíveis<br />
é segredo do negócio para a<br />
competitividade e deverá conduzir a parceria<br />
estabelecida com a General Motors<br />
recentemente. Na região, as plataformas<br />
compactas de Peugeot e Citroën são<br />
montadas em Porto Real (RJ) e as maiores,<br />
como a do C4, na Argentina. n<br />
intenção é sempre apresentar<br />
ali um carro-conceito”,<br />
explica Abbruzzesi. O primeiro<br />
veículo a ser exibido<br />
no espaço, no entanto é de<br />
série: o DS3. O modelo será<br />
comercializado no Brasil<br />
a partir de julho<br />
com a missão de<br />
consolidar a imagem da Citroën.<br />
Equipado com motor 1.6 de 16 válvulas<br />
e 165 cavalos, o mesmo do 3008, e câmbio manual<br />
de seis velocidades, o carro vai brigar no mercado com<br />
compactos de imagem como o Audi A1 e o Mini Cooper.
fiat | grand siena<br />
a COnQUisTa dO ESPAÇO<br />
Ao entrar na adolescência, o<br />
sedã pequeno da Fiat cresceu<br />
por todos os lados, tornou-<br />
-se gente grande, ganhou tamanho e<br />
pronome de tratamento para mostrar<br />
essa qualidade. Virou Grand Siena<br />
para acompanhar o crescimento do<br />
mercado que o criou em 1997 – e se<br />
tornou mais exigente nesse período.<br />
Depois de 15 anos, três reestilizações<br />
e 813 mil unidades vendidas até o fim<br />
de 2011, o carro foi completamente<br />
remodelado, ao custo do investimento<br />
de R$ 700 milhões – parte importante<br />
dos aportes programados pela Fiat no<br />
54 • <strong>Automotive</strong>BUSINESS<br />
sedã COmpaCTO prOdUzidO em BeTim<br />
CresCe na Onda dO merCadO<br />
PEdrO kutnEy, dE SAntiAgO, ChilE<br />
Brasil, de R$ 10 bilhões até 2014. O<br />
Siena mudou tanto que o próprio fabricante<br />
agora quer apagar o seu DNA de<br />
irmão do hatch Palio, lançado um ano<br />
antes. “Não dá para dizer mais que é<br />
um derivado do hatch, pois ele foi concebido<br />
desde o primeiro traço para ser<br />
um sedã”, explica Carlos Eugênio Dutra,<br />
diretor de estratégia de produto da<br />
Fiat para a América Latina.<br />
“Concluímos que era hora de levar o<br />
Siena para outro patamar”, afirma Dutra,<br />
para justificar a profunda mudança<br />
pela qual o carro passou. Assim como<br />
já havia ocorrido com o novo Palio,<br />
lançado no fim de 2011, o que moveu<br />
essa conclusão da equipe de desenvolvimento<br />
e marketing da Fiat foi a<br />
ascensão social do consumidor brasileiro,<br />
que passou a exigir coisa melhor.<br />
Por isso o Siena embarcou na onda<br />
do cheap space, ou “espaço barato”.<br />
Ou seja, do carro que ganha conforto<br />
e alguma sofisticação sem exceder no<br />
preço – estratégia que começou a ser<br />
esboçada pela Renault com o Dacia<br />
Logan em 2007 e, bem mais recentemente,<br />
com refinamento pouco maior,<br />
pela General Motors com o Cobalt e<br />
pela Nissan com o Versa.
O tEtrAfuEl vem<br />
equipado com<br />
sistema da Magneti Marelli<br />
Um passO adianTe nas 4 VersÕes<br />
Grand Siena é outro carro, foi<br />
O totalmente redesenhado pelas<br />
equipes de design da Fiat no Brasil e na<br />
Itália. Faróis e lanternas proeminentes,<br />
em conjunto com vincos no capô e laterais,<br />
agregaram um pouco de esportividade<br />
à clássica sisudez dos sedãs.<br />
Os sedãs ampliados são os principais<br />
concorrentes do Grand Siena, que<br />
chegou em abril às concessionárias da<br />
Fiat no Brasil em quatro versões.<br />
A versão Tetrafuel vem equipada<br />
com o sistema desenvolvido pela<br />
Magneti Marelli que permite rodar<br />
com gasolina pura, misturada com<br />
20% de etanol (caso do Brasil), 100%<br />
de etanol ou gás natural – o carro já<br />
vem com tanque extra de GNV para<br />
isso e promete fazer sucesso com seu<br />
principal público consumidor no País,<br />
os taxistas.<br />
Para Lélio Ramos, diretor de operações<br />
comerciais da Fiat, o Grand<br />
Siena chega no momento certo para<br />
defender a liderança de dez anos do<br />
fabricante em um ambiente de consumo<br />
mais exigente. “Vendemos 90<br />
mil unidades do Siena em 2011, que<br />
corresponderam a 12% de nossas vendas<br />
no País. O carro está no segundo<br />
maior segmento do mercado brasilei-<br />
ro, é muito importante para nossa estratégia”,<br />
diz. “Nossas pesquisas confirmaram<br />
que precisávamos oferecer o<br />
‘passo adiante’ para esse cliente, com<br />
um produto mais sofisticado. Por isso<br />
não estamos lançando uma reestilização,<br />
mas um novo carro.”<br />
Ramos calcula que 70% das vendas<br />
serão da versão Attractive 1.4, outros<br />
25% da Essence e os 5% restantes das<br />
versões Dualogic e Tetrafuel juntas.<br />
Como principais atrativos em relação<br />
à concorrência, o Grand Siena oferece<br />
diversos equipamentos que outros<br />
do mesmo segmento nem sequer têm<br />
como opcionais. Citando exemplos de<br />
preço, Ramos diz que a opção 1.4 é<br />
3% mais barata que o Chevrolet Cobalt<br />
com motor equivalente e a 1.6 é 9%<br />
mais em conta do que a mesma versão<br />
do Volkswagen Voyage.<br />
Grand Siena - as 4 versões<br />
•Attractive 1.4 Flex<br />
(88 cv com álcool) R$ 38.710<br />
•Essence 1.6 Flex (117 cv) R$ 43.470<br />
•Essence 1.6 Dualogic<br />
(Câmbio automatizado) R$ 45.900<br />
• Tetrafuel 1.4 R$ 48.210<br />
Quem não tiver como dar o “passo<br />
adiante” já poderá ficar com a geração<br />
anterior do Siena, nas versões EL 1.0<br />
e EL 1.4 (a versão Fire deixou de ser<br />
fabricada). Ambas ficaram R$ 2.850<br />
mais baratas (R$ 31.180 a 1.0 e R$<br />
33.300 a 1.4). Uma redução e tanto,<br />
que só comprova o excesso de peso<br />
nos valores cobrados no Brasil por<br />
modelos que oferecem pouco em relação<br />
ao que cobram.<br />
Nas contas da Fiat, a chegada do<br />
Grand Siena (por enquanto, fabricado<br />
só no Brasil) deve acrescentar 30 mil<br />
unidades/ano às vendas da família. A<br />
expectativa é vender 80 mil Grand Siena<br />
e 40 mil dos modelos EL (que são<br />
feitos só na Argentina).<br />
<strong>Automotive</strong>BUSINESS • 55
fiat | grand siena<br />
sedã ampLiadO e Bem eQUipadO<br />
nO prOjeTO BaseadO em TUrim<br />
Deu trabalho reprojetar o Siena.<br />
Claudio Demaria, diretor de<br />
desenvolvimento de produtos<br />
da Fiat para a América Latina, afirma<br />
que o projeto envolveu boa parte das<br />
equipes de engenharia e design no<br />
Brasil e na Itália, com 452 pessoas ao<br />
todo. Durante pouco mais de um ano<br />
foram computadas por Demaria 750<br />
mil horas de desenvolvimento, para<br />
desenhar 47 novos componentes, refazer<br />
292 cálculos de engenharia e realizar<br />
71 mil testes. Foram usados 373<br />
carros, que rodaram 2 milhões de qui-<br />
56 • <strong>Automotive</strong>BUSINESS<br />
lômetros no período de validações. “Foi<br />
um desafio para a engenharia”, resume.<br />
O resultado, garante Demaria, é um<br />
produto evoluído, bem melhor, com<br />
ganho de 10% no espaço interno e<br />
volume geral 15% maior, “mas apenas<br />
18 quilos mais pesado”, informa.<br />
O engenheiro também destaca<br />
o maior conforto acústico e estabilidade<br />
aprimorada com as novas dimensões<br />
e suspensões (a dianteira<br />
foi projetada especialmente para o<br />
Grand Siena e a traseira é baseada na<br />
do Punto). No curto teste de estrada<br />
feito na região dos vinhedos do Vale<br />
Casablanca, a 70 km de Santiago, no<br />
Chile, ambas as qualidades puderam<br />
ser comprovadas.<br />
O Grand Siena também<br />
foi totalmente<br />
redesenhado por dentro.<br />
O interior foi beneficiado<br />
pela carroceria<br />
maior, oferecendo conforto de carros<br />
de categorias superiores. O porta-<br />
-malas cresceu 20 litros e agora pode<br />
acomodar 520 litros de bagagens.<br />
Em comparação com o modelo anterior,<br />
o Grand Siena ganhou 134 milímetros<br />
no comprimento, 61 mm na<br />
largura, 53 mm na altura e 137 mm na<br />
distância entre eixos. Somando tudo, o<br />
resultado é um carro bem maior e mais<br />
confortável para até cinco ocupantes,<br />
igual ao de sedãs médios bem mais caros<br />
– a começar pelo próprio Fiat Linea,<br />
do qual o primo menor deverá roubar<br />
alguns clientes mais racionais, que baseiam<br />
a compra na boa relação custo-<br />
-benefício do modelo.<br />
Desde a versão mais básica, a Fiat<br />
agregou diversos itens de conforto e<br />
segurança muitas vezes só presentes<br />
em modelos de categorias superiores.<br />
O Grand Siena Attractive 1.4 já vem de<br />
série com direção assistida, travas e vi-
BeLini já faz a sOma de fiaT<br />
e ChrysLer na amériCa LaTina<br />
exeCUTiVO deixa nO ar pOssíVeis sinergias<br />
Na exposição aos jornalistas durante o lançamento do Fiat Grand Siena,<br />
no Chile, Cledorvino Belini usou o aumento de tamanho da nova geração<br />
do sedã como metáfora para o crescimento do grupo empresarial<br />
que dirige. “O Siena cresce assim como o Grupo Fiat Chrysler”, disse,<br />
assumindo de vez a integração das duas companhias também na América<br />
Latina – e deixando no ar a assunção de maior cooperação entre as<br />
unidades na região. “Crescemos a escala, reduzimos os custos e compartilhamos<br />
inovação”, resumiu.<br />
Falando desta vez oficialmente como presidente do Grupo Fiat Chrysler<br />
América Latina, replicando aqui a nova estrutura organizacional global<br />
da empresa criada em meados do ano passado, Belini já tratou de somar<br />
as coisas. Disse que as 13 marcas que agora integram a companhia<br />
venderam juntas em 2011 o total de 4,2 milhões de veículos nos mercados<br />
em que atua, com meta de atingir 6 milhões até 2014. “Apesar das<br />
incertezas que cercam a economia global, estamos conquistando ótimos<br />
resultados”, afirmou, citando a recuperação da Chrysler nos Estados Unidos<br />
em 2011, com aumento de 26% nas vendas, a expansão de 66% do<br />
faturamento global do grupo, para 59,6 bilhões de euros, e a redução da<br />
dívida líquida.<br />
Para levar adiante a estratégia de crescimento do grupo, Belini informa<br />
que Chrysler e Fiat vão fazer juntas no mundo todo 50 lançamentos de<br />
produtos este ano. “Isso comprova nossa confiança no futuro.”<br />
Em 2011, a América Latina contribuiu com quase um quarto (23%)<br />
das vendas globais, com um milhão de unidades “e perspectiva de crescimento<br />
de 4% ao ano”, projetou Belini, destacando em especial a expansão<br />
contínua do mercado brasileiro, com crescimento consistente do PIB<br />
e aumento da classe média. “Para preservar esse ciclo virtuoso agora é<br />
necessário romper os gargalos de infraestrutura e competitividade com<br />
investimentos e inovação”, defendeu. “Só assim vamos enfrentar a crise.”<br />
Belini também já soma os lançamentos do grupo no Brasil, que em<br />
2012 devem ser 20 no total. “Nessa conta já lançamos os novos Dodge<br />
Durango, o Jeep Compass, o Chrysler 300C, nosso mais luxuoso modelo,<br />
e agora apresentamos o Grand Siena”, disse.<br />
58 • <strong>Automotive</strong>BUSINESS<br />
dros acionados eletricamente, airbags<br />
frontais duplos e freios com ABS e EBD<br />
(sistemas antitravamento e de distribuição<br />
eletrônica de frenagem). Com o aumento<br />
dos equipamentos de segurança<br />
ativa, a Fiat também começa a se adequar<br />
à legislação que exige, até 2014,<br />
a inclusão gradual de airbags frontais e<br />
ABS em todos os veículos produzidos<br />
no País. Como opcionais, o Grand Siena<br />
ainda terá sidebags (laterais), teto solar,<br />
sistema de som e diversos tipos de<br />
personalizações internas, com apliques<br />
no painel e tecidos diferentes para os<br />
bancos. Na versão 1.6 o ar-condicionado<br />
e rodas de liga leve de 16 polegadas<br />
estão incluídos no preço.<br />
O Grand Siena Tetrafuel 1.4 tem todos<br />
os equipamentos necessários para<br />
rodar com gasolina (pura ou misturada<br />
com álcool), etanol hidratado ou gás<br />
natural, incluindo os tanques de armazenamento<br />
do GNV instalados dentro<br />
do porta-malas. A escolha do combustível<br />
é feita no painel de controle.<br />
O motor 1.4 desenvolve 85 cv com gasolina,<br />
88 cv com etanol e 75 cv com<br />
GNV (7 cv a mais do que na geração<br />
anterior do sistema).<br />
O Grand Siena é de fato uma evolução<br />
de projeto, que desde logo<br />
aponta o caminho do aumento do<br />
valor agregado, sem elevação de preço,<br />
como fórmula ideal para ganhar<br />
competitividade em um mercado<br />
que também evolui. Cledorvino Belini,<br />
presidente do Grupo Fiat Chrysler<br />
América Latina, em sua breve mensagem<br />
a respeito do lançamento do<br />
novo carro, lembrou da significação<br />
do local escolhido para a apresentação,<br />
a vinícola Viña Mar: “Um exemplo<br />
de ambiente onde os produtos<br />
ficam melhores com o passar dos<br />
anos.” Para justificar o crescimento<br />
físico e “intelectual” do carro e seu<br />
mercado, usou uma frase do cientista<br />
Albert Einsten: “A mente que se<br />
abre a uma nova ideia jamais voltará<br />
ao seu tamanho original.” n
automec<br />
em marCHa leNTa<br />
A<br />
Automec, principal<br />
feira para o mercado<br />
de reposição<br />
automotiva na América<br />
Latina, cresceu tanto nos<br />
anos anteriores que não<br />
coube mais no Anhembi,<br />
em São Paulo. A solução<br />
encontrada pelas<br />
entidades que atendem<br />
o segmento foi promover<br />
um split, dividindo o<br />
evento: em anos pares a<br />
exposição é dirigida para<br />
veículos pesados e comerciais e nos<br />
ímpares, para leves. A edição deste<br />
ano, a terceira depois da separação,<br />
revelou limitações, embora seu diretor,<br />
Hércules Rico, considere que a<br />
feira internacional especializada em<br />
peças, equipamentos e serviços tenha<br />
se consolidado como principal iniciativa<br />
do gênero para realização de negócios<br />
e atualização sobre tendências<br />
no segmento de peças.<br />
Rico enfatiza que o encontro deste<br />
ano, promovido pela Reed Alcantara<br />
no Anhembi em São Paulo, de 10 a<br />
14 de abril, recebeu público qualificado<br />
e informa que 25,9% dos visitantes<br />
ocupavam cargos de diretoria, 25,1%<br />
eram gerentes, 13,1%, chefes ou supervisores,<br />
e 8,4% eram presidentes<br />
de empresas.<br />
Os visitantes encontraram uma<br />
feira limitada, sem o glamour das Automecs<br />
dos leves ou das Fenatrans,<br />
como a do final do ano passado, que<br />
marcou o lançamento dos veículos<br />
60 • <strong>Automotive</strong>BUSINESS<br />
a exposição de aftermarket dos pesados e<br />
comerciais aiNda Não decoLoU<br />
jairo morelli, com redação ab<br />
comerciais com powertrain Proconve<br />
P7 (Euro 5). Apesar disso, o presidente<br />
do Sindirepa-SP, Antonio Fiola, resumiu<br />
que: “A exposição teve grande<br />
importância para os reparadores e<br />
mostrou a força do setor de veículos<br />
pesados.” Apesar de as vendas de caminhões<br />
apontarem para baixo nos<br />
primeiros meses do ano, travadas<br />
pela mudança na legislação de emissões,<br />
houve uma série de lançamentos<br />
e negócios na Automec, já que o<br />
mercado de reposição não costuma<br />
sofrer impacto do emplacamento de<br />
veículos no curto prazo e depende<br />
da evolução da frota, dos fretes e do<br />
comportamento da economia.<br />
Importadores da Rússia, Chile, Argentina,<br />
Peru, Colômbia, Equador e<br />
África do Sul marcaram presença nas<br />
rodadas de negócios realizadas pelo<br />
Sindipeças, em parceria com a Apex-<br />
-Brasil, Agência Brasileira de Promoção<br />
de Exportações e Investimentos.<br />
Além dos compradores convidados,<br />
outros empresários do exterior<br />
vieram conhecer e fazer<br />
negócios. “Recebemos<br />
muitas pessoas dos países<br />
do sul, que são nossos focos<br />
de exportação. Realizamos<br />
cerca de 400 contatos<br />
para vendas futuras”, comemorou<br />
Marcos Camargo,<br />
gerente de vendas da<br />
Birkson <strong>Automotive</strong>. Bons<br />
contatos foram confirmados<br />
também pelo gerente<br />
de marketing da Tecnomotor,<br />
Lorenzo Piccolli.<br />
O alerta da obrigatoriedade da<br />
certificação de autopeças para a comercialização<br />
no mercado de reposição<br />
no País não afastou dezenas de<br />
fabricantes chineses. Interessados na<br />
demanda crescente de componentes<br />
para o aftermarket de caminhões e<br />
ônibus, eles estiveram ativos na feira,<br />
como fizeram nas edições para veículos<br />
leves.<br />
INCENTIVO<br />
O evento de cinco dias recebeu 542<br />
marcas expositoras e teve a presença<br />
do ministro Guido Mantega, da Fazenda,<br />
na abertura. Ele sinalizou que<br />
o Governo Federal continuará estimulando<br />
o consumo interno e deverá<br />
melhorar as condições competitivas<br />
de preço e custo.<br />
Entre as medidas, estão os estímulos<br />
ao consumo de autopeças<br />
nacionais por meio do novo regime<br />
automotivo, desoneração da folha de
pagamento no setor e elevação do<br />
volume de crédito com redução dos<br />
juros e aumento de prazos de pagamento.<br />
As medidas devem incentivar<br />
o setor nos próximos anos, com<br />
reflexos no segmento de autopeças<br />
para pesados.<br />
Durante a Automec, o engenheiro<br />
Luso Martorano Ventura esclareceu<br />
as mudanças no segmento de veículos<br />
pesados a diesel para atender<br />
o Programa de Controle da Poluição<br />
do Ar por Veículos Automotores<br />
– Proconve P7. Em vigor desde<br />
janeiro, a nova legislação estabelece<br />
limites de emissões rígidos, exigindo<br />
novas tecnologias para o powertrain<br />
de caminhões e ônibus. O consultor<br />
e diretor da Mobilidade Engenharia<br />
apresentou detalhes sobre a operação<br />
dos veículos e tirou dúvidas<br />
dos profissionais.<br />
O evento recebeu também o Encontro<br />
Nacional da Rede de Retíficas,<br />
que apresentou a nova parceria com<br />
a Rede União Nacional de Peças visando<br />
às negociações em bloco para<br />
compra de peças para motores, garantindo<br />
preços melhores estabelecimentos<br />
aos associados.<br />
HÉrCUleS riCo, diretor da<br />
Automec Pesados & Comerciais<br />
REPERCUSSÃO<br />
Danilo Zille Dutra, gerente de vendas<br />
da Lontra, relatou um bom astral da<br />
Automec. “Fechamos 40 negócios<br />
na feira, com visitantes do Mercosul”,<br />
disse. A Dana recebeu visitantes de<br />
países como Chile, Peru, Paraguai<br />
e Colômbia e o gerente de planejamento<br />
de produto para o mercado<br />
de reposição, Osmar Maia, informou<br />
que a empresa ficou muito satisfeita<br />
com a Feira. Omar Secchi, diretor da<br />
Rodoplast, gostou dos resultados obtidos<br />
e assegurou que estará presente<br />
na próxima edição, decisão tomada<br />
também por Cláudio Antonio, sócio-<br />
-diretor da Speedmaq.<br />
O evento contou com o apoio das<br />
principais entidades do setor no País.<br />
Theophil Jaggi, responsável pela área<br />
de feiras e eventos do Sindipeças,<br />
destacou a realização de 429 reuniões<br />
com representantes de 51 empresas<br />
brasileiras, atendendo ao Projeto<br />
Comprador, promovido pelo Sindipeças<br />
em parceria com a Apex-Brasil.<br />
Para o Sindirepa-SP, a feira garantiu<br />
a aproximação com o reparador<br />
e a interação entre os Sindirepas<br />
de vários Estados. Em conjunto<br />
com o Sincopeças-SP, a entidade<br />
organizou palestra com o supervisor<br />
de fiscalização de documentos<br />
digitais da Secretaria da Fazenda de<br />
São Paulo, Marcelo Fernandez, que<br />
explicou a implantação do Sistema<br />
Autenticador e Transmissor da Nota<br />
Fiscal – Cupom Fiscal Eletrônico,<br />
que gera dúvidas entre os empresários<br />
do varejo e da reparação. n
MONTADORA<br />
HoNDA ESPANTA MÁ FASE<br />
EFEiTo do TErrEMoTo E TSuNAMi No JAPão é coiSA do PASSAdo<br />
No ano em que a unidade de<br />
Sumaré completará 15 anos,<br />
a Honda quer mostrar que<br />
volta aos trilhos depois do baque<br />
sofrido em 2011 com o terremoto<br />
seguido de tsunami no Japão e, mais<br />
tarde, com as enchentes na Tailândia.<br />
As consequências desses fenômenos<br />
naturais já não impactam mais<br />
a produção, garantiu o engenheiro<br />
mecânico e supervisor de assuntos<br />
institucionais, Alfredo Guedes Júnior.<br />
A fábrica paulista deixou de operar<br />
em três turnos e agora faz 525 carros<br />
em apenas dois períodos, chegando<br />
a 595 quando promove duas horas<br />
extras ao dia. O número pode subir<br />
a 630 unidades, divididas entre os sedãs<br />
Civic (foto), City e o monovolume<br />
Fit. O terceiro turno, além de caro por<br />
conta dos encargos trabalhistas, traz<br />
dificuldades como o transporte do<br />
pessoal nesse período.<br />
Os carros são feitos sempre em<br />
lotes de 60 unidades de um mesmo<br />
modelo e versão. A produção completa<br />
de um carro leva 13 horas e meia.<br />
Cem por cento das unidades são ins-<br />
liNHA do Civic pode ser<br />
ampliada na planta de Sumaré<br />
62 • <strong>Automotive</strong>BUSINESS<br />
Mário CurCio<br />
pecionadas rigorosamente, submetidas<br />
a testes de infiltração de água e<br />
rodam numa pista de testes.<br />
Guedes Júnior descarta a produção<br />
do Brio no País: “Teria de ser outro<br />
projeto, talvez até com a mesma plataforma.<br />
No leste asiático, o conceito<br />
de carro compacto é outro. Esse modelo<br />
vendido lá fora custaria R$ 41 mil<br />
aqui e não serviria como modelo de<br />
entrada. Em curto prazo não teremos<br />
um carro assim.”<br />
Uma mudança não descartada seria<br />
a transferência total para a Argentina<br />
da produção do City: “Se houver<br />
um aumento significativo da demanda<br />
do Civic, isso poderá ocorrer”,<br />
admite Guedes Júnior. Atualmente, o<br />
país vizinho monta em CKD um volume<br />
pequeno do City, apenas para<br />
abastecer o próprio mercado.<br />
A produção do Fit, porém, está<br />
garantida em Sumaré. O Brasil não<br />
importará os carros que começaram<br />
a ser feitos em nova fábrica mexicana<br />
da Honda: “Ela fará o Fit para a<br />
América do Norte”, explica o executivo<br />
da Honda. “A produção brasileira<br />
do carro continuará abastecendo as<br />
Américas do Sul e Central e também<br />
alguns países do Caribe.”<br />
Os setores mais recentes e que<br />
demandaram investimentos elevados<br />
são os de injeção de plásticos (para-<br />
-choques, painéis e outros) e de fundição<br />
e usinagem de blocos e cabeçotes.<br />
Tudo faz parte de um ciclo de<br />
investimentos de US$ 1 bilhão que<br />
terminará em 2014.<br />
Por conta de atualizações na fábrica,<br />
o Civic tem hoje entre 70%<br />
e 80% de índice de nacionalização.<br />
City e Fit cumprem por volta de<br />
80%. As peças importadas vêm do<br />
Japão, Estados Unidos e Tailândia.<br />
Os componentes nacionais são fornecidos<br />
por 110 fabricantes.<br />
A modernização de Sumaré favoreceu<br />
também o centro de treinamento,<br />
que existe ali desde o início de 1998.<br />
Recebeu uma reforma recente e está<br />
30% maior. Por ali passam profissionais<br />
dos segmentos de carro e moto.<br />
A área dos automóveis teve melhorias<br />
e a das motos recebeu 14 novas bancadas.<br />
O chão tem pintura epóxi e cada<br />
posto de trabalho tem seu elevador<br />
e um quadro de ferramentas.<br />
Há quase 15 anos, o ex-presidente<br />
Fernando Henrique Cardoso e o então<br />
governador Mário Covas inauguraram<br />
a unidade de Sumaré, que<br />
ocupa 190.389 m², em terreno de 1,7<br />
milhão m2, e emprega 3.166 funcionários.<br />
Foi em outubro de 1997. “Naquela<br />
época eram feitos 50 automóveis<br />
por dia”, recorda Guedes Júnior.<br />
Em 2003 começou a produção do Fit<br />
e em 2009, a do City, que desde 2011<br />
também é montado na Argentina. n
AGRALE | 50 ANOS<br />
a ForÇa da agrale é a<br />
raPIdeZ naS decISÕeS.<br />
QUando nÃo TemoS<br />
PoSSIBIlIdade de comPeTIr<br />
em camPo aBerTo,<br />
eXPloramoS nIcHoS<br />
ordem é CRESCER<br />
agrale reVISITa a TraJeTÓrIa como monTadora nacIonal e<br />
TraÇa PlanoS Para creScImenTo com renoVaÇÃo doS ProdUToS<br />
Completar 50 anos com planos<br />
para continuar crescendo de<br />
maneira sólida e sustentável<br />
não é para qualquer um. Porém, em<br />
2012, essa é a pauta que rege a Agrale,<br />
fabricante de veículos de Caxias do<br />
Sul (RS) com capital 100% nacional.<br />
Consciente de seu real tamanho, em<br />
mercado caracterizado pela presença<br />
de grandes empresas internacionais,<br />
a empresa abriu espaço no cenário<br />
automotivo nacional antes de avançar<br />
64 • <strong>Automotive</strong>BUSINESS<br />
HugO ZAttERA, presidente da Agrale<br />
CAMILA BOFF<br />
no exterior, ocupando nichos de mercado.<br />
Líder nos segmentos de chassis<br />
de ônibus leves e tratores de baixa<br />
potência, com 50% do mercado em<br />
cada uma dessas categorias, a Agrale<br />
demonstrou ser competitiva também<br />
em caminhões leves e médios e avançou<br />
26% das vendas em 2011.<br />
A Agrisa, precursora da Agrale, surgiu<br />
na região metropolitana de Porto<br />
Alegre em 1962. A compra pelo grupo<br />
caxiense Francisco Stedile se deu<br />
três anos depois, com o foco mantido<br />
na produção de microtratores de duas<br />
rodas, equipamento de valor para<br />
a incipiente mecanização da agricultura<br />
familiar. O Agrale 415, primeiro<br />
microtrator de quatro rodas, veio em<br />
1968 e foi integrado à linha 4.100.<br />
Uma das conquistas da<br />
Agrale nas cinco décadas<br />
de existência foi a consolidação<br />
de um parque<br />
fabril moderno e estrategicamente<br />
situado,<br />
apoiado em três sedes. Há três anos<br />
teve início a operação da planta em<br />
Mercedes, na Argentina, um marco no<br />
processo de internacionalização, mobilizando<br />
77 profissionais na montagem<br />
de caminhões a partir de suprimentos<br />
enviados pela operação brasileira. Cerca<br />
de 15% da produção no país vizinho<br />
é destinada a exportações.<br />
PARTICIPAÇÃO<br />
Com os pés no chão, mesmo depois<br />
de registrar crescimento de 16% em<br />
2011, o presidente da Agrale, Hugo<br />
Zattera, avalia ainda os reflexos que<br />
a crise europeia pode trazer no desempenho<br />
da companhia em 2012,<br />
enquanto estima recuo na produção<br />
nacional de veículos comerciais pelo<br />
efeito do Proconve P7, que provoca<br />
elevação no preço dos veículos por<br />
conta das novas tecnologias. A queda<br />
na demanda é projetada em 10%<br />
a 15% para chassis de ônibus e em<br />
5% a 10% nos caminhões. A fabrican
AS tRêS FáBRICAS dA AgRALE em Caxias do Sul, RS: a primeira, de 1975, abriga o centro<br />
administrativo, a produção de componentes e montagem de tratores e motores. A segunda, de<br />
1985, é dedicada à montagem de veículos. A terceira, de 1990, produz cabines e componentes.<br />
te de Caxias do Sul, porém, pretende<br />
elevar a participação em ambos os<br />
segmentos, perseguindo resultados<br />
equivalentes aos de 2011.<br />
O cenário econômico de 2012,<br />
com países desenvolvidos em crise<br />
querendo desovar seus produtos em<br />
mercados ainda não saturados, como<br />
o brasileiro, e o avanço da China<br />
alertam Zattera. Para ele, esses movimentos<br />
sugerem cuidados especiais<br />
com o nível de atividade do parque<br />
industrial brasileiro, que pode ser levado<br />
a pisar suavemente no freio. Medidas<br />
como o aumento de 30 pontos<br />
no IPI de veículos com menos de 65%<br />
de conteúdo nacional, na visão do<br />
presidente da montadora brasileira,<br />
servem como passo para a organização<br />
industrial do País. “Será preciso,<br />
no entanto, enfrentar os problemas<br />
internos, enquanto questões logísticas,<br />
burocracia e uma pesada cesta<br />
de custos ameaçam nossa competitividade<br />
aqui e lá fora”, analisa.<br />
Para se firmar em cenário com tais<br />
desafios, a Agrale repete a receita de<br />
crescer com ganhos de eficiência nas<br />
operações, como faz desde a fundação,<br />
e buscar a ocupação de nichos<br />
do mercado automotivo. Nascida a<br />
partir dos tratores de duas rodas, a<br />
empresa cresceu com o ingresso em<br />
segmentos como o de transporte de<br />
passageiros e cargas e motocicletas.<br />
“Somos rápidos em nossas decisões<br />
e essa é a força da Agrale. Quando<br />
não temos possibilidade de competir<br />
em campo aberto, exploramos nichos”,<br />
afirma.<br />
A Agrale é vista com orgulho na região<br />
de Caxias do Sul, que abriga uma<br />
indústria vigorosa de veículos comerciais<br />
e componentes para a indústria<br />
de transportes empenhada em valorizar<br />
produtos e serviços nacionais. Zattera<br />
avalia que 70% dos produtos de seu<br />
portfólio são resultado de trabalho interno.<br />
“Há espaço para uma empresa como<br />
a nossa crescer. Criamos produtos<br />
com uma engenharia muito atuante e<br />
alcançamos uma rapidez de decisão e<br />
entrega que outros não têm”, observa.<br />
Localizada no segundo maior polo<br />
metalmecânico do País, mas distante<br />
dos grandes centros de distribuição<br />
e consumo, a Agrale carrega traços<br />
importantes do DNA caxiense. “O isolamento<br />
levou os imigrantes italianos<br />
que colonizaram a Serra Gaúcha a<br />
buscar o desenvolvimento da região e<br />
a industrialização. Com a Agrale não<br />
foi diferente”, compara.<br />
aVanÇo com a mecanIZaÇÃo agrÍcola<br />
Em estreita ligação com o trabalho rural, a história<br />
da Agrale foi marcada pela forte participação nas fases<br />
de mecanização da agricultura, na década de 1970<br />
e mais recentemente com a renovação da frota. “Esse<br />
processo é fundamental para que a produção no campo<br />
cresça e acompanhe a demanda por alimentos”, defende<br />
Zattera.<br />
A Agrale projeta para 2012 repetir a média de 1,9<br />
mil tratores comercializada nos dois últimos anos. No<br />
segmento de baixa potência, a empresa detém mais de<br />
50% de participação do mercado e oferece como vanta-<br />
gem competitiva o consumo médio de apenas um litro<br />
de diesel por hora trabalhada.<br />
O programa Mais Alimentos do governo federal, estimulado<br />
por uma linha de crédito subsidiada para incentivar a<br />
agricultura familiar na compra de novas máquinas e implementos<br />
agrícolas, teve impacto expressivo na produção<br />
de tratores e renovação da frota agrícola. “É um programa<br />
muito bem adequado ao produtor rural. Já conseguimos<br />
atingir os médios produtores, mas precisamos vencer a<br />
dificuldade para acessar os pequenos”, conclui Zattera,<br />
torcendo para o amadurecimento do projeto.<br />
<strong>Automotive</strong>BUSINESS • 65
AGRALE | 50 ANOS<br />
camInHÕeS<br />
e cHaSSIS<br />
agora<br />
SÃo P7<br />
Agrale aproveitou a adequação<br />
A obrigatória aos padrões Proconve<br />
P7 (Euro 5) para renovar a linha de<br />
caminhões. A marca chegou à nova<br />
geração potencializando as características<br />
de segurança e conforto dos<br />
modelos anteriores e avançou na<br />
motorização, oferecendo maior capacidades<br />
de carga. Com PBT entre<br />
6.500 kg e 22.000 kg, a linha oferece<br />
os modelos 6500, 8700, 10000 e<br />
14000, também em 6X2, com terceiro<br />
eixo original de fábrica.<br />
O visual da linha 2012, desenvolvido<br />
em parceria com o escritório<br />
Questto|Nó, rendeu à Agrale o Prêmio<br />
Design do Museu da Casa Brasileira<br />
e foi acompanhado de inovações<br />
no sistema produtivo da nova<br />
cabine, com melhor aproveitamento<br />
das matérias-primas. Houve atenção<br />
especial ao uso de materiais recicláveis,<br />
no exterior e revestimentos internos.<br />
A construção modular reduziu o<br />
número de componentes, depois de<br />
três anos de trabalho envolvendo engenheiros<br />
da empresa e profissionais<br />
do estúdio de design.<br />
Em 2011 a montadora comercializou<br />
957 caminhões, 26% a mais que<br />
em 2010, mas a antecipação das<br />
compras por causa das mudanças<br />
na legislação de emissões não foi expressiva.<br />
“Ainda não tivemos demanda<br />
significativa para Euro 5, o que é<br />
normal enquanto ainda temos Euro<br />
66 • <strong>Automotive</strong>BUSINESS<br />
3 à venda e existe certa hesitação do<br />
consumidor nessa fase de transição”,<br />
explica Zattera.<br />
CHASSI LÍDER<br />
A Agrale ocupa a terceira posição entre<br />
as fabricantes de chassis de ônibus<br />
leves e médios, liderando entre os<br />
leves, com 50% de participação. As<br />
5.263 unidades fornecidas em 2011,<br />
957 caminhões<br />
Agrale foram vendidos em 2011,<br />
26% mais do que em 2010<br />
1.900 é o número de vendas<br />
de tratores projetado para 2012,<br />
o mesmo dos últimos dois anos<br />
R$ 760 milhões foi a<br />
receita líquida da Agrale em 2011<br />
695 concessionárias<br />
distribuem os produtos da marca<br />
no Brasil e no exterior<br />
1.823 profissionais<br />
atenderam as operações do<br />
grupo em 2011<br />
que representaram crescimento de<br />
10% em relação a 2010, tiveram como<br />
endereço a Volare, empresa do<br />
grupo Marcopolo e principal fabricante<br />
brasileiro na categoria de pequenos<br />
ônibus. Com PBT de 5.250 kg a<br />
8.500 kg, os chassis Agrale equipam<br />
os miniônibus Volare modelos V5, V6,<br />
V8, W8 e W9. A empresa também fornece<br />
para a Linha W FLY, incluindo o<br />
modelo Limousine.<br />
A mais completa família de chassis<br />
micro e mídi do mercado tem entre<br />
as opções motor traseiro, piso baixo,<br />
suspensão pneumática, transmissão<br />
automática e diferentes opções de<br />
aproveitamento do salão. O grande<br />
atrativo é o menor custo do mercado.<br />
Um dos principais indutores de<br />
vendas na área é o programa Caminho<br />
da Escola, lançado em 2007<br />
pelo governo federal com objetivo de<br />
proporcionar transporte de melhor<br />
qualidade a estudantes de diversas<br />
regiões do País, inclusive em áreas<br />
de difícil acesso pela falta de estrutura<br />
e relevo irregular.<br />
Os chassis de micro e midibus também<br />
passaram pela remodelação exigida<br />
pelo Proconve P7. Os modelos MA<br />
8.7 e MA 15.0 são equipados, respectivamente,<br />
com motores Cummins ISF<br />
3.8 e MWM International MaxxForce 4.8<br />
e utilizam o sistema de pós-tratamento<br />
SCR, de redução catalítica, com injeção<br />
no escapamento do Arla 32.
PRÊMIO AUTOMOTIVE BUSINESS 2012<br />
Reconhecimento à Excelência e Inovação<br />
Profissional do Ano<br />
Empresa do Ano<br />
Automóvel<br />
Comercial Leve<br />
Caminhão e Ônibus<br />
Elétrico e Híbrido<br />
Engenharia, Tecnologia e Inovação<br />
Responsabilidade Socioambiental<br />
Marketing e Propaganda<br />
Logística<br />
Autopeças - Metálicos<br />
Autopeças - Powertrain<br />
Autopeças - Químicos<br />
Autopeças - Eletroeletrônicos<br />
Autopeças - Sistemista<br />
www.automotivebusiness.com.br<br />
Tel. 11 5095-8888
AGRALE | 50 ANOS<br />
MARRUÁ: VOCAÇÃO PARA SERVIÇOS<br />
om proposta inovadora no segmento de utilitários, em 2004 a Agrale<br />
Clançou a família de viaturas 4x4 Marruá, para uso das forças armadas<br />
e em serviços pesados como reflorestamento ou manutenção de redes<br />
de energia, onde as estradas sequer chegaram, e mineração, a até 800<br />
metros de profundidade.<br />
A versatilidade para o segmento de serviços multiplicou as vendas<br />
do comercial leve da Agrale. Em 2011 cerca de 350 unidades foram<br />
comercializadas, número que deve ser superado este ano com a versão P7,<br />
que recebeu novo painel de instrumentos, motorização Cummins ISF 2.8<br />
e sistema SCR. A linha 2012 apresentou o Marruá AM 100 CD e AM 200<br />
CC, de cabine simples ou dupla, com ou sem caçamba, e<br />
capacidade de carga entre 1.000 e 2.000 kg. O projeto sob<br />
medida para atender requisitos técnicos do Exército leva a<br />
uma previsão de vendas maiores do Marruá para as forças<br />
armadas brasileiras e também para outros países como<br />
Argentina, Paraguai, Equador e Peru.<br />
aumento significativo da produção e vendas da<br />
O Agrale nos anos recentes teve como elemento<br />
preponderante o fato da empresa não ter crescido<br />
sozinha. Entre os fatores que contribuíram para o bom<br />
desempenho no mercado nacional e no exterior estão<br />
acordos tecnológicos relevantes. Em 1998 teve início<br />
em suas instalações de Caxias do Sul a montagem dos<br />
caminhões médios e pesados da International. O modelo<br />
de produção contemplado pela Navistar, proprietária<br />
da marca, foi pioneiro no Mercosul. Entre as tarefas sob<br />
responsabilidade da Agrale está o relacionamento com<br />
fornecedores de componentes e sistemas.<br />
Em 2012 a International pretende dobrar a produção<br />
na planta de Caxias, chegando a 20 unidades por dia.<br />
A Agrale não confirma a estratégia, mas garante disponibilidade<br />
de recursos para atender o parceiro. “Nossa<br />
68 • <strong>Automotive</strong>BUSINESS<br />
350<br />
utilitáriOs marruá fOram<br />
COmerCializadOs em 2011 e as<br />
vendas devem CresCer este anO<br />
APOSTA EM PARCERIAS<br />
PARA CRESCER<br />
5.263 Chassis leves e médiOs<br />
fOram entregues pela agrale<br />
à vOlare para a prOduçãO de<br />
pequenOs ônibus em 2011<br />
capacidade instalada pode atender essa meta e vamos<br />
cumpri-la”, garante Zattera. Embora a Navistar já tenha<br />
anunciado a construção de uma fábrica própria, assegurou<br />
que manterá a montagem também na planta da<br />
Agrale, que considera muito eficiente. Outra parceria importante,<br />
ativa desde 1998, é o acordo firmado com a<br />
Marcopolo para fornecimento do chassi utilizado nos microônibus<br />
Volare. O negócio entre as empresas vizinhas<br />
já contabilizou o suprimento de mais de 40 mil unidades<br />
e coloca a Agrale na liderança do segmento de chassis<br />
leves há 13 anos. Ao longo da história a Agrale estabeleceu<br />
acordos e parcerias com a italiana Cagiva SPA, para<br />
produção de motocicletas e ciclomotores, e com a Zetor,<br />
fabricante europeia de tratores e motores a diesel, para a<br />
introdução de uma gama de tratores agrícolas médios, a<br />
atual linha 5000. n
SUPPLIER OF THE YEAR | prêmio Gm<br />
BOB SOcia, vice-presidente global de compras e cadeia de suprimentos da GM, MaRcOS MunHOz, vice-presidente da GM do<br />
Brasil, Luiz fERnandO MaRtinEz, diretor executivo comercial da CSN - Companhia Siderúrgica Nacional, GRacE LiEBLEin,<br />
presidente da GM do Brasil, e EdGaRd PEzzO, vice-presidente global de compras e cadeia de suprimentos da GM América do Sul<br />
70 • <strong>Automotive</strong>BUSINESS<br />
csn Foi o MELHOR<br />
fORnEcEdOR pArA<br />
A GenerAl motors<br />
com o temA trAdição,<br />
conFiAnçA e<br />
trAnsFormAção, o supplier<br />
oF the YeAr homenAGeou<br />
38 pArceiros dA Gm<br />
A<br />
CSN – Companhia Siderúrgica Nacional foi apontada<br />
pela General Motors do Brasil o melhor fornecedor<br />
de 2011 durante o tradicional Supplier of the<br />
Year, quando a montadora homenageou 38 fornecedores.<br />
O tema do encontro, realizado dia 3 de abril, em São Paulo,<br />
em quadragésima edição, foi tradição, confiança e transformação.<br />
“A premiação é uma forma de a companhia<br />
reconhecer o desempenho de nossos parceiros da cadeia<br />
de suprimentos”, observou Edgard Pezzo, vice-presidente<br />
global de compras e cadeia de suprimentos da GM Améri-
SUPPLIER OF THE YEAR | prêmio Gm<br />
ca do Sul, explicando que os critérios<br />
de avaliação utilizados foram qualidade,<br />
serviço, tecnologia e competitividade.<br />
“O processo de escolha é<br />
multifuncional e envolve várias áreas<br />
da companhia, que analisam minuciosamente<br />
todos os fornecedores,<br />
elegendo os melhores nas respectivas<br />
áreas”, afirmou executivo. As 38<br />
empresas, entre elas a própria Companhia<br />
Siderúrgica Nacional, receberam<br />
o certificado de mérito.<br />
PARCERIA EFETIVA<br />
Bob Socia, vice-presidente global de<br />
compras e cadeia de suprimentos da<br />
GM, destacou às quinhentas pessoas<br />
72 • <strong>Automotive</strong>BUSINESS<br />
presentes ao evento de premiação<br />
ter sido fundamental para os recentes<br />
resultados positivos obtidos pela<br />
empresa no mundo o relacionamento<br />
da General Motors com toda a cadeia<br />
de fornecedores, “como fruto de uma<br />
efetiva parceria”.<br />
O prêmio Supplier of the Year teve<br />
início no Brasil em 1972. Segundo a<br />
empresa, com o sucesso, comprometimento<br />
e resultados locais, a iniciativa<br />
foi adotada mundialmente pela<br />
corporação. No Brasil, cerca de 6.500<br />
candidatos disputaram os prêmios,<br />
divididos em quatro categorias: materiais<br />
diretos, materiais indiretos, peças<br />
de reposição e logística.<br />
estAmos trAzendo<br />
Ao mercAdo nove<br />
novos produtos<br />
e AmpliAndo<br />
As opções<br />
pArA nossos<br />
consumidores<br />
e, pArA isso,<br />
contAmos com<br />
o suporte e o<br />
envolvimento<br />
dos nossos<br />
Fornecedores<br />
GRacE LiEBLEin, presidente da<br />
General Motors do Brasil<br />
TRANSFORMAÇÃO<br />
Após a entrega do prêmio a Luiz<br />
Fernando Martinez, diretor executivo<br />
comercial da CSN, Grace Lieblein,<br />
presidente da General Motors do<br />
Brasil, destacou que a montadora<br />
vive um momento de transformação<br />
profunda no país, resultado de um<br />
programa de investimento superior<br />
a R$ 5 bilhões, para o período<br />
compreendido entre 2008 e 2012.<br />
“Estamos trazendo ao mercado nove<br />
novos produtos e ampliando as<br />
opções para nossos consumidores<br />
e, para isso, contamos com o suporte<br />
e o envolvimento dos nossos<br />
fornecedores”.
SUPPLIER OF THE YEAR | prêmio Gm<br />
EMPRESAS quE REcEbERAM<br />
cERtificAdo dE MéRito dA gM<br />
PoR tER-SE dEStAcAdo coMo<br />
foRnEcEdoRAS EM 2011<br />
•Uliana Indústria Metalúrgica<br />
•Kwang Jin Machine<br />
•Bruning Tecnometal<br />
•CSN – Companhia Siderúrgica Nacional<br />
•Niken Indústria e Comércio Metalúrgica<br />
•Basf<br />
•Sogefi Filtration<br />
•Mubea do Brasil<br />
•Metalac SPS<br />
•Bridgestone do Brasil<br />
•Kostal Eletromecânica<br />
•Thomas KL<br />
•Behr Brasil<br />
•ABC Group do Brasil<br />
•Autoneum Brasil Têxteis Acústicos<br />
•Continental Brasil<br />
•Intertrim Autopeças<br />
•Chris Cintos de Segurança<br />
•Takata Petri<br />
74 • <strong>Automotive</strong>BUSINESS<br />
•Siadrex Indústria Metalúrgica<br />
•Metalkraft Injeção e Usinagem<br />
•MWM International<br />
•Remy <strong>Automotive</strong><br />
•WHB Fundição<br />
•AV Manufacturing<br />
•Flowcenter do Brasil<br />
•M. Shimizu Elétrica e Pneumática<br />
•STTAS do Brasil<br />
•White Martins Gases Indústria<br />
•Intecnial S.A.<br />
•Salles Chemistri<br />
•CDS – Condomínio de Soluções<br />
•PST Eletrônica<br />
•Tegma Gestão Logística<br />
•Cisa Trading<br />
•Veloce Logística<br />
•Brazul Transporte de Veículos<br />
•Cargolift Logística e Transportes<br />
o prêmio supplier<br />
oF the YeAr é<br />
umA FormA de<br />
A compAnhiA<br />
reconhecer o<br />
desempenho de<br />
nossos pArceiros<br />
dA cAdeiA de<br />
suprimentos<br />
EdGaRd PEzzO, vice-presidente<br />
global de compras e cadeia de<br />
suprimentos da GM América do Sul
VELocE já é uMA REcoRdiStA EM<br />
PREMiAçõES dA gEnERAL MotoRS<br />
Criada em 2009, a Veloce já coleciona uma série de premiações da<br />
General Motors. Em apenas dois anos, a operadora logística recebeu<br />
seis reconhecimentos pela atuação no Brasil e Argentina e foi buscar<br />
o troféu internacional Supplier of the Year Award for Logistics Services<br />
em Detroit, ao lado de outras 81 empresas que prestam serviços<br />
para a montadora norte-americana em 13 países. Em fevereiro, a GM<br />
certificou a operadora por permanecer 12 meses sem acidentes nas<br />
operações em sua unidade de Sorocaba, SP. Fundada em 2009, a<br />
companhia é uma empresa do Grupo Mitsui, presente em 69 países<br />
e com mais de 40 mil empregados. Líder no transporte rodoviário de<br />
cargas entre Brasil e Argentina, a Veloce também presta serviços como<br />
milk run, cross docking, movimentação interna, gestão de armazenagem,<br />
controle de embalagens, logística reversa, transportes doméstico<br />
e internacional e documentação internacional. A Veloce conta com 500<br />
funcionários, 475 carretas do tipo sider, 300 parceiros de transporte e<br />
20 bases operacionais no Brasil e na Argentina.<br />
BiLL HuRLES, diretor global de supply chain<br />
da GM, Ruy GaLvãO, diretor de operações<br />
da Veloce, PauLO GuEdES, presidente da<br />
Veloce, e cHRiStinE KRatHwOHL, diretora<br />
global de logística da GM
mercado<br />
ALCIDES BRAGA ASSUME<br />
A PRESIDÊNCIA DA ANFIR<br />
lcides Braga, 48 anos, diretor e sócio-fundador da Truckvan, uma das<br />
a principais produtoras de baús e carretas customizadas do País, foi eleito<br />
presidente da Anfir, Associação Nacional dos Fabricantes de Implementos<br />
Rodoviários. Membro da diretoria da entidade nos últimos três mandatos,<br />
ele substituirá Rafael Wolf Campos, presidente da Boreal. A Anfir reune 154<br />
associadas e 1.813 afiliadas, relacionadas ao segmento de transporte de cargas.<br />
ESCOLARBUS 4X4 ENTRA<br />
NO CAMINHO DA ESCOLA<br />
76 • <strong>Automotive</strong>BUSINESS<br />
Paquito Masia<br />
Escolarbus 4X4, da Volare,<br />
o é o primeiro miniônibus<br />
nacional com tração nas quatro<br />
rodas desenvolvido para trafegar<br />
em locais de difícil acesso, muitas<br />
vezes sem estradas, para atender o<br />
Programa Caminho da Escola. O<br />
modelo contou com a parceria da<br />
Agrale e da Dana na definição do<br />
powertrain e tem capacidade para<br />
transportar 26 alunos e cadeira de<br />
rodas para embarque de portadores<br />
de necessidades especiais.<br />
PRESIDENTE DA<br />
ABRACICLO<br />
M arcos Fermanian é o novo<br />
presidente da Associação<br />
Brasileira dos Fabricantes de Motocicletas,<br />
Ciclomotores, Motonetas,<br />
Bicicletas e Similares (Abraciclo)<br />
para o biênio 2012-2014,<br />
substituindo Roberto Yoshio Akiyama,<br />
da Honda. Economista, Fermanian<br />
iniciou a carreira na Honda<br />
em 1987 e está no comando da<br />
divisão de serviços financeiros. José<br />
Eduardo Gonçalves é o diretor<br />
executivo da entidade e Moacyr Alberto<br />
Paes assessora a presidência.<br />
BUSINESS INTELLIGENCE<br />
mpreendedores experientes, três<br />
Eengenheiros decidiram somar<br />
esforços para oferecer serviços aos<br />
newcomers que desembarcam<br />
no País na esteira do novo regime<br />
automotivo e enfrentam dificuldades<br />
para decifrar a legislação e<br />
encontrar suporte na área de supply<br />
chain. A <strong>Business</strong> Intelligence<br />
Alliance reúne Alberto Limena, da<br />
ProDeal, Marcos Rama, da Rama<br />
Empresarial, e Arnaldo Pellizzaro,<br />
da ABI Consult. Contato:<br />
g3@g3bia.com.br, tel. 11 5521-1457.
PRÊMIO ZF<br />
TRAbALHAR POR<br />
UMA gESTÃO<br />
DA INOVAÇÃO<br />
TECNOLógICA<br />
é UM CAMINHO<br />
SEM VOLTA PARA O<br />
fORNECEDOR<br />
WIlSON BRICIO,<br />
presidente do Grupo ZF<br />
zf PREMIA fORNECEDORES<br />
E INCENTIVA A INOVAÇÃO<br />
EMPRESA RECONHECEU PLAYERS ALINHADOS A SEUS PRINCÍPIOS<br />
Em reunião com parceiros de negócios dia 12 de<br />
abril, em São Paulo, o Grupo ZF premiou as dez<br />
empresas mais alinhadas com seus principios de<br />
inovação, tecnologia e sustentabilidade. Mais ainda: o<br />
programa do Encontro de Fornecedores apontou cami-<br />
nhos para a indústria automobilística promover pesquisa<br />
e desenvolvimento e atingir as propostas de inovação, como<br />
recomenda o novo regime automotivo. Participaram<br />
do evento 320 diretores e gerentes. “A competitividade<br />
atual do nosso mercado determina a busca por inovação.
prêmio zf<br />
fORNECEDORES PREMIADOS<br />
• aço<br />
Vallourec & Mannessman<br />
• alUMínio<br />
Alcoa Alumínio<br />
• Forjados<br />
ZM<br />
• FUndidos<br />
Fundição Regali Brasil<br />
• Materiais de Fricção<br />
Zanaflex Borrachas<br />
E isso não é algo que você compra<br />
em algum lugar. É preciso trabalhar<br />
por ela, criar uma cultura dentro da<br />
empresa e fomentar iniciativas”, disse<br />
Wilson Bricio, presidente do Grupo<br />
ZF, destacando os esforços realizados<br />
pela Câmara Brasil-Alemanha<br />
para acelerar o processo de inovação<br />
em pequenas e médias empresas.<br />
“Trabalhar por uma gestão da inovação<br />
tecnológica é um caminho sem<br />
volta para o fornecedor”, observou.<br />
Carlos Thenorio, diretor de gestão<br />
• Plásticos e Borrachas<br />
Tectubos Tecnologia em Tubos<br />
• standard<br />
Metalúrgica Nematec<br />
• Usinados<br />
Siadrex Indústria Metalúrgica<br />
• Materiais não<br />
ProdUtivos<br />
GV Energy & Associados<br />
• sUstentaBilidade<br />
Tractebel Energia<br />
de materiais do Grupo ZF, salientou<br />
como a inovação pode servir para o<br />
crescimento conjunto da empresa e<br />
fornecedores. “Quando recebemos<br />
produtos mais completos, reduzimos<br />
etapas e processos industriais e<br />
os custos, mas nunca sem perder a<br />
qualidade. Por isso, estamos desenvolvendo<br />
meios para nossos parceiros<br />
profissionalizarem sistemas de inovação.<br />
Ainda em 2012, planejamos uma<br />
missão de fornecedores para a Alemanha<br />
com o objetivo de intercâmbio<br />
de tecnologia entre empresas brasileiras<br />
e alemãs”, enfatizou o executivo.<br />
Antes da premiação, os executivos<br />
dos fornecedores assistiram à palestra<br />
Inovação e Competitividade, de João<br />
Fernando Gomes de Oliveira, presidente<br />
do Instituto de Pesquisas Tecnológicas<br />
(IPT). “A demanda por tecnologia<br />
no Brasil corre o risco de ser<br />
suprida não por empresas brasileiras,<br />
mas sim via importação. Por isso, o<br />
investimento em inovação deve estar<br />
na agenda do País. E existem instrumentos<br />
públicos para captar recursos,<br />
como o BNDES e a Fapesp nas esferas<br />
federal e estadual, respectivamente,<br />
que alimentam financeiramente os<br />
projetos aprovados”, observou.<br />
Entre as empresas premiadas, a<br />
Tractebel Energia abastece o Grupo<br />
ZF e venceu em Sustentabilidade pela<br />
primeira vez. “Desde 1998, nosso foco<br />
foi trabalhar na categoria e a partir<br />
de 2005 figuramos no índice correspondente<br />
da Bovespa. Nosso projeto<br />
vencedor, sobre coletores solares, é<br />
uma ação em que aquecedores de<br />
água são feitos com garrafas pet e<br />
instalados em colégios, creches e<br />
centros comunitários de Santa Catarina”,<br />
explicou Gabriel Mann, gerente<br />
de comercialização de energia. n
fundição<br />
TUPY desafia a lÓGica<br />
Brasileira e competitiva, catariNeNse torNa-se a maior faBricaNte muNdial de Blocos<br />
Enquanto a indústria brasileira<br />
questiona a capacidade de competir<br />
globalmente, a Tupy corre<br />
na contramão. A catarinense investiu<br />
US$ 439 milhões na compra das<br />
fundições mexicanas Cifunsa Diesel<br />
e Technocast e tornou-se a maior<br />
fabricante mundial de blocos e cabeçotes<br />
de ferro para motores, capaz<br />
de processar 852 mil toneladas/ano<br />
em componentes automotivos.<br />
Metade da produção da Tupy no<br />
Brasil, de 540 mil toneladas/ano,<br />
oriundas de Joinville (SC) e Mauá<br />
(SP), segue para outros países, desafiando<br />
a lógica. Há casos curiosos<br />
de fornecimentos, como os blocos<br />
do motor do caminhão extrapesado<br />
TGX, da MAN, que são exportados de<br />
Joinville para a Alemanha e agora voltam<br />
para Resende (RJ), onde são incorporados<br />
aos veículos montados no<br />
País. Há também outro case parecido<br />
envolvendo a DAF, que deve comprar<br />
da Tupy os blocos e cabeçotes a serem<br />
usinados na Holanda, para depois<br />
voltarem como motores que vão<br />
equipar os caminhões da marca montados<br />
em Ponta Grossa (PR) a partir<br />
de 2013. Há ainda clientes especiais<br />
como a Ford, que encomenda nada<br />
menos de 200 mil blocos/ano produzidos<br />
em ferro vermicular para os motores<br />
V8 de 6,7 litros da F250 e F350.<br />
A estratégia de avançar para o México<br />
tem explicação na conquista de<br />
um mercado em expansão, representado<br />
pelo segmento de máquinas<br />
agrícolas e de construção. Até agora<br />
uma empresa com 89% do faturamento<br />
originado no fornecimento ao<br />
setor automotivo, a Tupy passa a comercializar<br />
produtos em partes iguais<br />
para veículos leves, caminhões, ônibus,<br />
máquinas agrícolas e de cons-<br />
FERNANDO CESTARI DE RIZZO:<br />
aposta em crescimento dos negócios<br />
trução. “Este último segmento traz<br />
boas oportunidades no mercado<br />
internacional”, garante Fernando<br />
Cestari de Rizzo, vice-presidente da<br />
empresa – engenheiro cuja carreira<br />
começou na Sofunge, três anos antes<br />
de a fundição da Mercedes-Benz<br />
ser adquirida pela Tupy, em 1995.<br />
Com o negócio no México a Tupy<br />
tornou-se a principal parceira da Caterpillar<br />
e John Deere no segmento,<br />
além de ampliar a lista generosa de<br />
clientes no exterior, que inclui nomes<br />
como Cummins, Ford, Perkins, Audi,<br />
MAN, DAF, Iveco, Chrysler, Navistar,<br />
Komatsu e Kubota. No Brasil, a marca<br />
atende todas as marcas de veículos<br />
comerciais e está presente também<br />
no segmento de leves. A DAF<br />
está ultimando a forma de fazer suas<br />
encomendas à empresa, para produção<br />
local, que deve incluir, além de<br />
blocos, cabeçotes e virabrequins, outros<br />
componentes de ferro fundido.<br />
NO LIMITE<br />
As fundições da Tupy em Mauá e<br />
Joinville trabalham no limite e só haverá<br />
fôlego novo com a operação da<br />
unidade C, em Joinville, que terá capacidade<br />
para 70 mil toneladas/ano,<br />
depois de receber investimento de R$<br />
40 milhões para apressar a inauguração,<br />
marcada para o fim deste mês.<br />
A empresa aplica R$ 29 milhões em<br />
Mauá. A operação no México tem<br />
também a carteira de pedidos cheia,<br />
atendendo clientes locais, dos EUA,<br />
Europa e Ásia.<br />
Com avanço no mercado brasileiro<br />
e exportando metade da produção, a<br />
fundição catarinense driblou as dificuldades<br />
logísticas e cambiais para<br />
tornar-se lucrativa. Em 2011, faturou<br />
R$ 2,18 bilhões, dos quais R$ 203,4<br />
milhões entraram na conta do lucro<br />
líquido. A empresa emprega 9,5 mil<br />
profissionais no País e vende os produtos<br />
de ferro a 40 países.<br />
A Tupy prepara-se para fornecer os<br />
blocos do motor que a Ford vai montar<br />
em Camaçari (BA) para equipar o<br />
novo Ka. Será um propulsor 1.0 de<br />
três cilindros, produzido também na<br />
Índia, África do Sul e Europa. A MAN<br />
será outro cliente importante, com<br />
a substituição de motores da Cummins<br />
e MWM International pela linha<br />
própria de propulsores. “Vamos fornecer<br />
blocos na faixa de 140 a 280<br />
cavalos”, revelou Rizzo. “Haverá esforço<br />
grande também de outras marcas<br />
para enquadramento em novas<br />
regras de eficiência energética.”<br />
Em outra frente, a empresa, por<br />
meio da VM Motores, vai abastecer o<br />
Grupo Fiat, com blocos de motores<br />
hoje utilizados pela Chrysler no SUV<br />
Cherokee, entre outros modelos, que<br />
serão utilizados em veículos montados<br />
na Itália, como Maserati. n<br />
(Paulo Ricardo Braga e Sueli Reis)<br />
<strong>Automotive</strong>BUSINESS • 79
ELETRÔNICA VEICULAR<br />
novIdAdes a BoRDo<br />
As AtrAções dos<br />
cArrões podem<br />
se popULArIZAr<br />
com o IncentIvo<br />
80 • <strong>Automotive</strong>BUSINESS<br />
do regIme<br />
AUtomotIvo<br />
Rosa symanski, Com equipe<br />
automotive <strong>Business</strong><br />
o AvAnço dA economIA, do poder<br />
AqUIsItIvo e dA AnsIedAde do<br />
consUmIdor por novIdAdes pressIonA<br />
A IndústrIA AUtomobILístIcA nA<br />
IntrodUção dA eLetrônIcA embArcAdA<br />
Flávio Campos, diretor de engenharia da Delphi<br />
As maravilhas da eletrônica veicular, ainda um privilégio de quem<br />
pode comprar um carro do nível do brasileiro Civic LXS, que custa<br />
R$ 69,7 mil, podem popularizar-se no médio prazo até mesmo entre<br />
veículos de entrada, com grau significativo de componentes nacionais,<br />
se o novo regime automotivo for bem-sucedido e promover a disseminação<br />
de tecnologias embarcadas ainda não disponíveis em razão de custos<br />
elevados e baixa escala. Engenheiros brasileiros dominam as arquiteturas<br />
eletroeletrônicas necessárias aos projetos e os fabricantes locais incorporam<br />
equipamentos aqui, mas a maioria ainda tem vasta quantidade de<br />
componentes importados, principalmente da Ásia, por grandes sistemistas<br />
especialistas em powertrain, segurança, conectividade e infotainment.
A vulnerabilidade da indústria automobilística<br />
brasileira a hardware<br />
eletrônico importado ficou evidente<br />
após o terremoto no Japão, em<br />
março de 2011, seguido de tsunami,<br />
que desarmou parte do supply<br />
chain de componentes eletrônicos<br />
vitais. Honda e Toyota, em especial,<br />
demoraram meses para recuperar o<br />
fôlego nas linhas de montagem no<br />
Brasil, comprovando que a falta de<br />
autonomia local e a dependência de<br />
fornecedores únicos podem trazer<br />
prejuízo em situações como essa.<br />
“O avanço da economia, do poder<br />
aquisitivo e da ansiedade do consumidor<br />
por novidades pressiona a<br />
indústria automobilística na introdução<br />
da eletrônica embarcada nos<br />
veículos”, assinala Flávio Campos,<br />
diretor de engenharia da Delphi que<br />
comandou o desenvolvimento da<br />
Mapec, central elétrica inteligente<br />
flexível que elimina fusíveis, relês e<br />
módulos eletrônicos.<br />
“Percebemos que carros de países<br />
emergentes são mais simples e a<br />
arquitetura eletroeletrônica da Mapec<br />
atende a equação técnica e de<br />
custos para diferentes veículos. A<br />
tecnologia utilizada permite analisar,<br />
em cada automóvel, se é necessário<br />
trancar portas, ligar limpadores<br />
de para-brisas ou fazer o controle de<br />
climatização”, pondera Campos, destacando<br />
que o desenvolvimento da<br />
eletrônica embarcada no Brasil atrai o<br />
interesse de países como Índia e Usbequistão,<br />
emergentes que têm similaridades<br />
com o Brasil, caracterizado como<br />
um mercado de carros populares.<br />
A Delphi direciona ao Brasil investimentos<br />
de R$ 40 milhões por<br />
ano e também recebe incentivos<br />
do governo para dar cabo de seus<br />
projetos. “Olhamos em nossos programas<br />
as necessidades que o mercado<br />
brasileiro tem nos campos da<br />
segurança, sustentabilidade e conectividade”,<br />
afirma Campos.<br />
A eLetrônIcA<br />
embArcAdA no cIvIc<br />
Como parte da atualização tecnológica, o novo Honda Civic produzido<br />
no Brasil passou a ser equipado, desde a versão LXS (a mais acessível,<br />
por R$ 69.700), com o i-Mid e a função Econ. O primeiro item é uma central<br />
inteligente que exibe diversas informações e opera como interface para<br />
personalização de itens do veículo. Já o Econ opera como assistência à<br />
condução econômica, interferindo no funcionamento da injeção eletrônica<br />
de combustível, no ar-condicionado e no controlador automático de velocidade.<br />
Confira os principais sistemas eletrônicos do veículo.<br />
P Direção elétrica<br />
P Acendimento automático dos faróis baixos com sensor crespuscular<br />
P Ar-condicionado automático e digital<br />
P Central de informações i-Mid (Intelligent Multi-Information Display)<br />
P LCD de 5” com controle no volante<br />
P Controle de áudio e velocidade de cruzeiro no volante com teclas iluminadas<br />
P Função Econ com Eco Assist (indicador iluminado de controle de consumo de combustível)<br />
P Painel multiplex com ajuste de luminosidade<br />
P Sistema de áudio AM-FM com CD Player CDA/MP3/WMA com 4 alto-falantes<br />
P Sistema multimídia e navegador (GPS) touch screen integrado ao painel<br />
P Tecnologia Bluetooth HFT (Hands Free Telephone) para ligações e reprodução de músicas com<br />
ajuste no volante<br />
P Tomada auxiliar P2 e conexão USB para MP3 Players, pendrive e iPod, iPhone e iPad<br />
P Vidros elétricos com função de um toque e sistema antiesmagamento<br />
P Airbag para motorista e passageiro, frontal e lateral<br />
P Controle de tração e estabilidade<br />
P Sistema de assistência à estabilidade da direção elétrica<br />
P Sistema de assistência de frenagem<br />
<strong>Automotive</strong>BUSINESS • 81
ELETRÔNICA VEICULAR<br />
InovAção via INTERNET<br />
s inovações no desenvolvimen-<br />
Ato de veículos, prerrogativa no<br />
passado de equipes de engenheiros<br />
e designers das montadoras, passaram<br />
a ser compartilhadas com<br />
fornecedores (especialmente os sistemistas)<br />
e também com clientes,<br />
como demonstrou a Fiat Automóveis<br />
quando projetou o Novo Uno,<br />
depois da notável experiência com o<br />
Mio em redes sociais.<br />
Os carros, hoje, nascem muitas<br />
vezes de programas marcados pela<br />
interatividade envolvendo grupos<br />
que têm a internet como meio comum<br />
e como tônica a substituição<br />
de sistemas mecânicos por eletrônicos.<br />
Ocorre, aí, a introdução de<br />
uma grande dose de conectividade<br />
e infotainment, somando informação<br />
e entretenimento. Condutor e<br />
os passageiros passam a “conversar”<br />
com o veículo e com o mundo<br />
exterior tocando em telas sensíveis<br />
ou “falando” comandos. As telas<br />
pode ser reconfiguradas e registram<br />
toda a sorte de informação, como o<br />
tráfego na região, o melhor caminho<br />
para chegar ao destino, pontos de<br />
interesse e a autonomia do veículo.<br />
Nesse ambiente agradável, que reúne<br />
coisas comuns ao escritório e residência,<br />
é possível enviar torpedos,<br />
e-mails e telefonar – e o motorista<br />
não precisa tirar a mão do volante<br />
para fazer isso.<br />
O sistema Sync, da Ford, oferece<br />
esses benefícios em veículos mais<br />
sofisticados e promete introduzi-<br />
-los progressivamente nos produtos<br />
montados no Brasil. Cláudio Moles,<br />
gerente de engenharia da Ford, ob-<br />
82 • <strong>Automotive</strong>BUSINESS<br />
cLIentes e fornecedores AtUAm no<br />
desenvoLvImento dos projetos<br />
certos AvAnços<br />
não são ApLIcáveIs<br />
Ao brAsIL, qUe<br />
precIsA se AtUALIZAr<br />
em rAstreAmento<br />
RoDRigo Chaves, gerente executivo<br />
de engenharia da MAN LA<br />
serva que alguns recursos de eletrônica<br />
embarcada ainda não são adotados<br />
no País pela falta de escala ou<br />
de tecnologias locais. “No exterior,<br />
o rádio digital funciona via satélite.<br />
Como aqui não há satélite voltado<br />
a esta tecnologia, não podemos<br />
adotar esse sistema”, esclarece, assegurando<br />
que há um esforço para<br />
a introdução de outras novidades:<br />
“Comandos de voz em português e<br />
GPS integrado com mapas já estão<br />
em nossos carros.”<br />
“Nossa engenharia privilegia a<br />
segurança. Esse é o nosso grande<br />
foco”, explica Moles. Para ele, o<br />
mercado brasileiro apresenta grande<br />
potencial para desenvolvimento<br />
da eletrônica a bordo, mas precisa<br />
de mais incentivos. “Muitos carros<br />
circulam ainda sem rádio”, observa.<br />
Marcus Mundim, da Fiat Powertrain,<br />
defende que o País tem plenas<br />
condições de desenvolver sistemas<br />
de eletrônica embarcada similares<br />
aos de outros países. “Temos estrutura<br />
e conhecimento para isso.<br />
A Fiat, por exemplo, pode trazer<br />
tecnologias que possui lá fora”,<br />
observa, avisando que, este ano, a<br />
montadora italiana terá novidades<br />
no campo de estabilidade eletrônica<br />
e haverá carros novos chegando<br />
com dez airbags, novos sistemas de<br />
entretenimento e navegação.<br />
A MAN Latin America também<br />
tem se esmerado em trazer inovações<br />
ao mercado brasileiro, como<br />
piloto automático com controle a<br />
distância, modernos sistemas ABS<br />
e tecnologias que detectam se o<br />
motorista está sonolento a partir da<br />
observação de seu desempenho nas<br />
faixas da estrada, segundo Rodrigo<br />
Chaves, gerente executivo de engenharia<br />
da montadora. Ele observa,<br />
no entanto, que certos avanços não<br />
são aplicáveis no Brasil: algumas estradas<br />
aqui nem mesmo têm faixas<br />
desenhadas e o País precisa se atualizar<br />
em rastreamento, que vai entrar em vigor<br />
em agosto, com três anos de atraso<br />
em relação a outros continentes.
ELETRÔNICA VEICULAR<br />
são eLes os responsáveIs por grAnde pArte dAs InovAções<br />
84 • <strong>Automotive</strong>BUSINESS<br />
o pApeL dos sIstemIstAs<br />
na eletRÔniCa<br />
ábio Nista, diretor técnico da PST<br />
FElectronics, acredita que o avanço<br />
da eletrônica nos veículos tende<br />
a aumentar cada vez mais, puxado<br />
pelo avanço dos veículos híbridos<br />
e elétricos, que requerem sistemas<br />
de gerenciamento eletrônico complexos,<br />
e também por outras áreas,<br />
como sistemas de auxílio à direção,<br />
georreferenciamento, conectividade<br />
e infotainment, combinação de<br />
informação e entretenimento. “São<br />
recursos cada vez mais demandados<br />
pelos consumidores ou por exigências<br />
legais”, afirma.<br />
Na área de atuação da PST Electronics<br />
a novidade é o aumento da<br />
conectividade embarcada nos veículos.<br />
“Os destaques são os novos<br />
equipamentos conectados à internet,<br />
que possibilitam o acesso a<br />
informações, dados e serviços. Há<br />
diversas aplicações, como internet<br />
rádio, que possibilita o streaming de<br />
músicas da web, o uso de informações<br />
de telemetria para monitorar o<br />
desempenho do veículo e a forma<br />
de condução do motorista, além do<br />
recebimento de informações de tráfego<br />
em tempo real no navegador”,<br />
enumera o executivo.<br />
Apesar do ritmo desenfreado da<br />
evolução da eletrônica embarcada<br />
no mundo, Nista acredita que as so-<br />
linha de montagem<br />
na PST Electronics<br />
luções mecânicas e eletrônicas conviverão<br />
ainda por muito tempo. “A<br />
tendência de aumento do conteúdo<br />
eletrônico nos veículos é real, porém<br />
ainda existirá espaço para as soluções<br />
mecânicas. A popularização de<br />
veículos totalmente elétricos esbarra<br />
na concorrência com modelos híbridos<br />
e aqueles que utilizam combustíveis<br />
alternativos”, observa.<br />
Para Nista, a indústria está capacitada<br />
a desenvolver soluções eletrônicas<br />
complexas e competitivas<br />
com as importadas. “Ainda existem<br />
obstáculos a serem superados, mas<br />
os fabricantes avançam claramente.<br />
Fatores como maior concorrência<br />
com a entrada de automóveis importados<br />
em larga escala, busca por<br />
novos acessórios de acordo com as<br />
tendências globais e a implantação<br />
de novas fábricas no Brasil levaram<br />
a um avanço do conteúdo eletrônico<br />
embarcado nos veículos”, avalia.<br />
Ricardo Takahira, gerente de novos<br />
negócios da Magneti Marelli,<br />
observa que a eletrônica traz reflexos<br />
no conforto e na economia de<br />
combustível e que os consumidores<br />
cada vez mais comparam os veículos<br />
pelo conteúdo tecnológico. “As<br />
montadoras querem ir além do sistema<br />
de touchscreen e oferecer comandos<br />
de voz”, diz o especialista.<br />
Ele acrescenta que um caso de sucesso<br />
tecnológico recente é o câmbio<br />
robotizado adotado pela Fiat e<br />
pela Volkswagen.<br />
Maurício Muramoto, presidente<br />
do Grupo Continental no Brasil,<br />
julga que a inovação é a palavra
-chave para a evolução da eletrônica<br />
embarcada no País. Ele revela que a<br />
empresa acaba de fazer acordo com<br />
a Escola Politécnica da USP e com<br />
a Universidade de Munique para desenvolvimento<br />
de tecnologia. “O governo<br />
deveria incentivar mais a produção<br />
de chips, pois as iniciativas<br />
locais ainda são tímidas”, analisa.<br />
Wayne Alves, diretor de P&D da<br />
Kostal, faz coro com Muramoto e<br />
apregoa que um desenvolvimento<br />
mais efetivo da eletrônica embarcada<br />
no Brasil depende da consolidação<br />
de uma indústria de semicondutores.<br />
O executivo chama a atenção<br />
para a desatualização do carro nacional.<br />
“A eletrônica está progredindo<br />
com tanta rapidez no resto do<br />
mundo que os carros brasileiros podem<br />
ficar para trás”, observa.<br />
mauRÍCio muRamoto, presidente<br />
do Grupo Continental no Brasil<br />
A eletrônica chega com força aos<br />
veículos comerciais, exercendo papel<br />
crescente em eixos diferenciais<br />
da Dana e Meritor para controlar a<br />
lubrificação e nas caixas de transmissão<br />
da ZF e Eaton que constituem<br />
o cérebro do powertrain e<br />
definem o regime de operação do<br />
motor, garantindo maior desempenho<br />
e economia aos veículos.<br />
Da mesma forma, a evolução do<br />
powertrain de Euro 3 para Euro 5<br />
dependeu de uma elevada dose de<br />
eletrônica para controle do motor,<br />
dos novos sistemas de autodiagnose<br />
dos gases de combustão (OBD,<br />
ou On-Board Diagnosis), dos avançados<br />
ABS/EBD e dispositivos que<br />
controlam a distância dos veículos<br />
da frente, com recursos eletrônicos<br />
de frenagem automática.
ELETRÔNICA VEICULAR<br />
veÍCulo elÉtRiCo É ApostA<br />
dA semIKron<br />
86 • <strong>Automotive</strong>BUSINESS<br />
empresA Investe nA eLetrônIcA de potêncIA<br />
onhecida pela fabricação de<br />
Ccomponentes para circuitos<br />
eletrônicos e chips, a Semikron deu<br />
uma guinada nos seus negócios e<br />
optou por entrar no setor de carros<br />
elétricos. A empresa, que se notabilizou<br />
pelo desenvolvimento de tecnologia<br />
para os trólebus e ônibus<br />
híbridos paulistanos e ainda atende<br />
motores elétricos ou híbridos de<br />
máquinas agrícolas e de construção,<br />
empilhadeiras e barcos, está<br />
por trás da tecnologia do Prius.<br />
“O carro da Toyota teve boa aceitação<br />
do público”, afirma Edelweis<br />
Ritt, presidente da Semikron no<br />
Brasil, que questiona a produção de<br />
carros híbridos em solo brasileiro.<br />
“Hoje, a grande dúvida é se haverá<br />
desenvolvimento desses veículos<br />
aqui. Essa é uma premissa que depende<br />
muito de algum impulso do<br />
governo junto a montadoras”.<br />
Reinaldo de Bernardi, superintendente<br />
de desenvolvimento de produtos<br />
e negócios da Ceitec S.A., empresa<br />
pública federal gaúcha ligada<br />
ao Ministério da Ciência, Tecnologia<br />
prodUção de<br />
híbrIdos depende<br />
de ImpULso do<br />
governo jUnto A<br />
montAdorAs<br />
eDelweis Ritt, presidente da<br />
Semikron no Brasil<br />
e Inovação (MCTI), criada em 2008,<br />
voltada ao desenvolvimento de semicondutores,<br />
afirma que existe um<br />
plano de estender os negócios ao<br />
setor automotivo. “Estamos atento<br />
às necessidades do País e isso inclui<br />
a eletrônica embarcada. Já estamos<br />
até listados como fornecedores da<br />
indústria automobilística”, diz.<br />
A Ceitec recebeu investimentos<br />
superiores a R$ 500 milhões e se<br />
notabilizou pelo chip do boi, seu<br />
produto pioneiro, oferecido em<br />
grande escala. “Para este ano, a<br />
ideia é atingir a marca de 2 milhões<br />
de unidades. Também temos projetos<br />
em HF, voltado a bolsas de plasma<br />
sanguíneo e projetos em UHF<br />
que identifica e rastreia mercadorias”,<br />
explicou Bernardi. n<br />
ReinalDo De BeRnaRDi,<br />
superintendente de desenvolvimento de<br />
produtos e negócios da Ceitec S.A.
EDUCAÇÃO EXECUTIVA<br />
CORRIDA À eSCOla<br />
InstItuIções<br />
COmO esPm e<br />
InsPeR PROmOvem<br />
A CAPACItAçãO<br />
PROfIssIOnAl<br />
DesDe As<br />
mOntADORAs<br />
Até O vARejO<br />
AutOmOtIvO<br />
Natalia Gómez<br />
Junto com a crescente relevância<br />
do Brasil no mercado automotivo<br />
mundial, aumenta a necessidade<br />
de formação dos executivos do setor.<br />
Além da tradicional preocupação das<br />
grandes montadoras com o tema,<br />
outros pontos da cadeia de produção<br />
e distribuição investem cada vez<br />
mais no preparo de líderes. Temas<br />
como gestão de pessoas, finanças e<br />
comportamento do consumidor são<br />
alguns dos principais assuntos que<br />
mais interessam às companhias do<br />
mercado automotivo – e as escolas<br />
de negócios trabalham para atender a<br />
esta demanda.<br />
As instituições de ensino registram<br />
que nos últimos cinco anos o segmento<br />
que mais tem procurado cursos<br />
para executivos é o de concessio-<br />
fotos: divulgAção<br />
nárias de veículos, estimuladas pelas<br />
respectivas montadoras.<br />
VAREJO AUTOMOTIVO<br />
Além de atender fabricantes de veículos<br />
e autopeças, a ESPM conta que desenvolveu<br />
programas específicos para<br />
atender à demanda do varejo automotivo.<br />
Segundo a professora Célia Marcondes<br />
Ferraz, diretora de educação<br />
executiva da instituição, a importância<br />
deste elo da cadeia cresceu muito por<br />
causa do avanço da concorrência.<br />
“Uma montadora pode perder um<br />
negócio que já estava ganho se a<br />
pessoa não gostar do atendimento”,<br />
afirma. A segmentação e o desenvolvimento<br />
do mercado exigem uma<br />
postura mais especializada em termos<br />
de negócio das concessionárias,<br />
Fiat: apoio financeiro a<br />
mestrados, cursos de idiomas,<br />
MBAs e pós-graduações<br />
o que se acentuou nos últimos cinco<br />
anos, de acordo com ela.<br />
A maior preocupação neste ramo<br />
está em preparar as equipes para conhecer<br />
melhor os veículos, trabalhar<br />
o relacionamento com o consumidor,<br />
além de definir níveis de estoques,<br />
contratos com parceiros e promoções.<br />
“Não basta conhecer o veículo, é preciso<br />
entender de gestão”, diz. Por isso, os<br />
cursos da ESPM para este setor abordam<br />
marketing, avaliação financeira e<br />
promoções em pontos de venda.<br />
Outra importante vertente é o trade<br />
marketing, área que trata a importância<br />
do ponto de venda na compra de<br />
itens, levando em conta a interação do<br />
cliente dentro da loja com produtos,<br />
promoções e o atendimento. Também<br />
existem programas voltados para os<br />
<strong>Automotive</strong>BUSINESS • 87
EDUCAÇÃO EXECUTIVA<br />
controladores e diretores financeiros<br />
das concessionárias, que tratam de<br />
precificação, níveis de estoque e políticas<br />
de concessão de crédito.<br />
Entre os clientes da ESPM estão<br />
as associações de concessionários<br />
Fiat e Chevrolet. Os cursos são estruturados<br />
sob medida e pagos pelas<br />
concessionárias, mas a negociação<br />
é feita pela entidade de classe para<br />
proporcionar preços mais atraentes<br />
ao envolver várias turmas. A duração<br />
é variável, de acordo com a possibilidade<br />
de cada cliente. “Temos programas<br />
de gestão para concessionários<br />
de 90 horas e outros mais compactos,<br />
de 8 horas”, conta. As aulas podem<br />
ser ministradas nas empresas,<br />
em hotéis ou na própria escola. O<br />
público é composto de gerentes e<br />
DOm CABRAl DesenvOlve lÍDeRes nA fIAt<br />
pesar de já contarem com<br />
A executivos bem preparados,<br />
as montadoras fazem um investimento<br />
contínuo no desenvolvimento<br />
de pessoas. O diretor<br />
de recursos humanos da Fiat,<br />
Norberto Klein, conta que as políticas<br />
de educação continuada da<br />
Fiat contemplam apoio financeiro à<br />
realização de mestrados, cursos de<br />
idiomas, MBAs e pós-graduações,<br />
assim como uma parceria com a<br />
Fundação Dom Cabral, que oferece<br />
cursos para o desenvolvimento<br />
de líderes. “Também participamos<br />
de feiras, congressos nacionais<br />
e internacionais, e estruturamos<br />
cursos e parcerias específicas para<br />
grupos de pessoas dentro da empresa”, conta.<br />
Para sua liderança, a Fiat possui um programa específico,<br />
chamado de Programa de Desenvolvimento de<br />
Líderes, do qual participam diretores e vice-presidentes.<br />
A primeira etapa prevê a avaliação das competências<br />
do profissional, com o objetivo de identificar quais<br />
88 • <strong>Automotive</strong>BUSINESS<br />
técnicos de alto nível nas empresas.<br />
No caso da Chevrolet, a ESPM realizou<br />
também um programa de formação<br />
para as agências de propaganda<br />
que atendem a rede de lojas em todo<br />
o País. “A montadora quer vender carros,<br />
e isso implica também um bom<br />
trabalho das empresas de comunicação<br />
que vão assessorar as concessionárias”,<br />
explica Célia.<br />
INSPER CUSTOMIZA<br />
O Insper, uma das principais escolas<br />
de educação executiva do País,<br />
também registrou um aumento na<br />
procura de cursos para executivos no<br />
segmento de distribuidoras de veículos.<br />
Entre seus clientes estão as associações<br />
de distribuidores da Toyota e<br />
da Ford. Segundo o diretor de educa-<br />
Célia marCONdeS Ferraz,<br />
diretora de educação executiva da EsPM<br />
são os pontos a ser desenvolvidos.<br />
Segundo o diretor de RH, o modelo<br />
de liderança da empresa prevê<br />
que um líder deve ser capaz de comandar<br />
mudanças, ter boa capacidade<br />
de comunicação e garantir o<br />
atingimento de resultados. Com o<br />
diagnóstico em mãos, a empresa<br />
define se o executivo participará de<br />
cursos com escolas parceiras, treinamentos<br />
internos ou fora do País.<br />
No caso da parceria com a Fundação<br />
Dom Cabral, os executivos<br />
participam de módulos técnicos,<br />
comportamentais e de gestão de<br />
negócios durante 18 meses. Cada<br />
módulo dura dois a três dias e<br />
existe um intervalo de dois meses<br />
entre cada módulo. Neste período são oferecidas sessões<br />
individuais de coaching para fortalecer as competências<br />
e ajudar no plano de desenvolvimento individual<br />
traçado para cada executivo. Em alguns casos, os<br />
profissionais participam de projetos de médio prazo no<br />
exterior, com foco tecnológico ou de gestão.
AtRAçãO De CentROs<br />
De eXCelÊnCIA<br />
InCentIvA eXeCutIvOs<br />
atual momento vivido pela indústria automotiva brasileira, com a atra-<br />
o ção de centros de excelência, com pesquisa e desenvolvimento, tende<br />
a incentivar ainda mais a formação de executivos no setor. “O Brasil virou<br />
um mercado muito demandante do setor automobilístico e as empresas<br />
estão trazendo uma série de centros de excelência para cá”, afirma o sócio,<br />
gerente da consultoria de recrutamento e seleção de executivos, a Asap,<br />
Fernando Marucci. A disputa por mão de obra qualificada no setor é outro<br />
fator que impulsionará a educação executiva, pois uma boa liderança é um<br />
aspecto crucial para retenção de talentos.<br />
ção executiva do Insper, Luca Borroni,<br />
a Toyota estava prestes a começar a<br />
quinta turma, enquanto a Ford já teve<br />
três turmas. Existem negociações<br />
com outros clientes, como a Mercedes<br />
Caminhões e a Volvo.<br />
Os cursos são customizados de<br />
acordo com as necessidades de cada<br />
distribuidora e participam os executivos<br />
líderes contratados e os herdeiros<br />
das empresas. “São programas de<br />
COnCessIOnáRIAs<br />
estãO se<br />
PROfIssIOnAlIzAnDO<br />
COm O APOIO DA<br />
emPResA, que é A<br />
mAIOR InteRessADA<br />
em teR DIstRIBuIDORes<br />
Bem PRePARADOs<br />
luCa BOrrONi, diretor de<br />
Educação Executiva do insper<br />
pós-graduação voltados para desenvolver<br />
as competências de gestão”,<br />
afirma. Segundo ele, o varejo automotivo<br />
é o pano de fundo, mas o foco<br />
está na gestão do negócio, passando<br />
por contabilidade, finanças, planejamento<br />
e operações. A duração é de<br />
um ano e meio a dois anos.<br />
Borroni conta que as montadoras<br />
participam da concepção do programa,<br />
como é o caso da Toyota. “As<br />
concessionárias estão se profissionalizando<br />
com o apoio da empresa,<br />
que é a maior interessada em<br />
ter distribuidores bem preparados”,<br />
diz. Ele conta que as montadoras<br />
têm grande bagagem e competência<br />
em gestão, mas esbarram com<br />
a realidade brasileira do mercado de<br />
distribuição, composto por grupos<br />
familiares. “As montadoras fazem<br />
um belíssimo produto, mas este é<br />
vendido por outras empresas.”<br />
Em sua visão, as fabricantes entenderam<br />
que precisam de equipes<br />
fortes não apenas em seus quadros,<br />
mas que as distribuidoras também<br />
precisam compartilhar a mesma filosofia.<br />
“Esta sensibilidade nasceu nos<br />
últimos anos e veio para ficar”, afirma.<br />
Participam dos cursos do Insper 25<br />
alunos por turma. Estes são selecionados<br />
de acordo com o currículo, de modo<br />
que participe do curso uma pessoa<br />
de cada concessionária, que depois<br />
terá a missão de propagar o conhecimento<br />
na sua empresa. Em geral, os<br />
escolhidos são do nível de diretoria ou<br />
sócios. As aulas são ministradas no<br />
Insper, que possui salas em formato de<br />
anfiteatro onde os alunos são estimulados<br />
a trocar informações entre si. n<br />
<strong>Automotive</strong>BUSINESS • 89
cobiça<br />
CLÁSSICO<br />
Com visual clássico, a caneta<br />
esferográfica Roadster, da Cartier,<br />
é construída em resina com banho<br />
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90 • <strong>Automotive</strong>BUSINESS<br />
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(Preços pesquisados em abril)