Densidade - CCEAD PUC-Rio
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<strong>Densidade</strong><br />
Tatiana Dillenburg Saint’Pierre<br />
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acordo com a licença 3.0 do Creative Commons.<br />
http://creativecommons.org.br<br />
http://creativecommons.org/licenses/by-sa/3.0/br/legalcode
<strong>Densidade</strong><br />
. 1 .<br />
Sala de Leitura<br />
<strong>Densidade</strong><br />
Você já parou para pensar por que algumas substâncias são mais pesadas do que outras? Por que um<br />
copo de vidro é mais pesado do que um copo de plástico (Figura 1)? Será que é devido ao material do<br />
qual ele é feito? Certos materiais têm algumas propriedades que os tornam mais pesados ou mais leves.<br />
Vamos fazer um experimento:<br />
Figura 1: Materiais diferentes têm densidades diferentes.<br />
Pegue vários pedaços de um mesmo metal, mas de tamanhos diferentes. Pode ser qualquer metal<br />
disponível no laboratório, como chumbo (Pb) ou zinco (Zn), por exemplo; ou você ainda pode pegar<br />
pedaços de lata de refrigerante - que é feita de alumínio (Al), ou pedaços de fio de cobre (Cu). Agora,<br />
mergulhe cada pedaço em uma proveta com água para saber o volume do pedaço de cada metal. Você<br />
perceberá que o volume do metal corresponde à variação do volume de água na proveta (Figura 2).<br />
Atenção! Antes de iniciar o experimento, não se esqueça de verificar o volume inicial da água na<br />
proveta. Observe, também, eventuais bolhas de ar no interior da proveta, que podem causar erros ao<br />
experimento.<br />
Observação: toda vez que você esvaziar a proveta para tirar o metal, use um béquer para colocar a água<br />
retirada. Assim, evitará o desperdício de água. Faça isso, mesmo que seja para uma quantidade<br />
pequena de água.<br />
Depois de realizar o experimento, construa uma tabela (Tabela 1) com os resultados obtidos, colocando:<br />
de um lado, os valores das massas dos pedaços de metal; e de outro, os volumes correspondentes.
Tabela 1: Resultados das massas e volumes medidos.<br />
Massa Volume Relação<br />
. 2 .<br />
Sala de Leitura<br />
<strong>Densidade</strong><br />
Observe que tem uma coluna a mais nessa tabela, além das colunas de massa e de volume. Isso foi feito<br />
de propósito. A última coluna é a da relação, em que você poderá propor uma equação matemática que<br />
relacione massa e volume. Veja se existe alguma relação entre as massas e os volumes medidos que se<br />
repete em todas as linhas da tabela 1.<br />
Figura 2: Relação de massa medida e volume de água deslocado.
. 3 .<br />
Sala de Leitura<br />
<strong>Densidade</strong><br />
A partir da Figura 2 você pôde perceber que existe uma relação constante entre a massa e o volume de<br />
um mesmo material. Por ser uma constante, essa relação é uma propriedade característica da matéria.<br />
Essa propriedade é chamada de densidade.<br />
<strong>Densidade</strong><br />
A densidade é uma propriedade da matéria que relaciona massa e volume. Em outras palavras, ela<br />
define a quantidade de massa de uma substância contida por unidade de volume.<br />
<strong>Densidade</strong> = massa / volume<br />
O conceito de densidade pode ser facilmente entendido na prática comparando objetos feitos a partir<br />
de diferentes substâncias, mas de mesmo volume. Portanto, sólidos com o mesmo volume - porém<br />
feitos de diferentes materiais - terão massas distintas, ou seja, materiais diferentes têm densidades<br />
diferentes.<br />
Imagine vários cubos, todos com o mesmo tamanho - com as dimensões de cubos de gelo, por<br />
exemplo - porém feitos de materiais diferentes, como: metal, plástico e o próprio gelo. Logicamente, os<br />
cubos terão massas diferentes. O cubo de metal será o mais pesado de todos e o de plástico o mais leve.<br />
Entretanto, nem sempre essa comparação será tão óbvia, pois dependerá dos materiais utilizados. Se<br />
compararmos cubos com 1 cm³ feitos de diferentes metais, perceberemos que cubos de alguns metais<br />
terão massas bem diferentes e outros, nem tanto. Isso ocorre porque entre os metais as densidades<br />
variam em um intervalo bastante grande, como mostra a Figura 3. Esta figura também evidencia que<br />
um cubo de alumínio (Al) é mais leve do que um cubo de mesmo tamanho feito de ferro (Fe), e este é<br />
mais leve do que um cubo feito de cobre (Cu) ou de chumbo (Pb).<br />
Figura 3: <strong>Densidade</strong>s, em kg m -3 , e massas, em g, de cubos de 1 cm 3 de diferentes materiais.
. 4 .<br />
Sala de Leitura<br />
<strong>Densidade</strong><br />
Agora você já deve ser capaz de colocar diferentes materiais em ordem de densidade, basta sentir a<br />
massa de cada material com as mãos ou simplesmente compará-los usando uma balança. Por exemplo,<br />
qual dos dois metais você imagina que é mais denso, prata ou ouro? Veja na Figura 4 se você acertou a<br />
resposta.<br />
Figura 4: Comparação das massas de um cubo de prata (Ag) e um cubo de ouro (Au), ambos com o<br />
mesmo volume.<br />
Então, concluímos que a relação entre massa e volume de uma substância é a sua densidade. Quando<br />
se refere a uma substância pura, maciça e homogênea, como elementos ou compostos químicos, a<br />
densidade é chamada de densidade absoluta ou massa específica. Caso contrário, é chamada somente<br />
densidade e representa a densidade média de um corpo ou de uma substância não homogênea. A<br />
tabela periódica esquematizada abaixo (Figura 5) mostra como as densidades dos elementos químicos<br />
variam nos grupos e nos períodos.<br />
Figura 5: Variação das densidades dos elementos químicos dentro da tabela periódica.
. 5 .<br />
Sala de Leitura<br />
<strong>Densidade</strong><br />
De acordo com o Sistema Internacional (SI), a densidade é expressa em kg m-3 , mas muitas vezes é<br />
encontrada expressa em g mL-1 . As Figuras 6 e 7 mostram uma comparação de diferentes medidas de<br />
volume, expressas em diferentes unidades. Na Figura 6, observamos que o volume de 1 L, medido com<br />
um balão volumétrico ou com uma proveta, corresponde ao volume de um cubo de 1 dm3 , ou seja, um<br />
cubo de 10 cm de lado. Na Figura 7, observamos a correspondência entre 1 cm3 (medido em uma<br />
cubeta) e 1 mL (medido com proveta ou com pipeta). Nessas figuras, foi utilizada uma solução diluída<br />
de permanganato de potássio (KMnO4) para facilitar a visualização dos volumes medidos.<br />
Figura 6: O volume de 1 L é igual ao volume de um cubo de 1 dm 3 .
<strong>Densidade</strong> relativa<br />
Figura 7: O volume de 1 mL é igual ao volume contido em 1 cm 3 .<br />
. 6 .<br />
Sala de Leitura<br />
<strong>Densidade</strong><br />
A relação entre as densidades de diferentes substâncias com a densidade da água é denominada<br />
densidade relativa.<br />
A densidade da água é expressa em 1000 kg m-3 , de acordo com o Sistema Internacional e conforme a<br />
recomendação da IUPAC. Portanto, 1 m3 corresponde a 1000 L, o que significa que 1000 kg de água<br />
ocupam um volume de 1000 L, ou seja, a densidade da água pode ser expressa como 1 kg L-1 , que<br />
equivale a 1 g mL-1 . Esta unidade é mais comumente utilizada, pois facilita a compreensão. No que se<br />
refere à densidade, deve-se ter em mente que os volumes variam com a temperatura e essa<br />
aproximação pode não ser válida em qualquer temperatura. Na verdade, 1 g mL-1 é a densidade da água<br />
na temperatura de 4 oC, temperatura na qual a água ocupa o maior volume, ou seja, é a temperatura de<br />
maior expansão da água. Esse comportamento diferente da água ocorre por causa das ligações<br />
existentes entre suas moléculas, mas isso é assunto para outra aula.<br />
Pode-se avaliar se a densidade de um determinado material é maior ou menor do que 1 g mL-1 ,<br />
simplesmente mergulhando em água um objeto feito do material em estudo. Assim, se o objeto tiver<br />
densidade maior do que a da água, ele afunda. Por outro lado, se a densidade for menor do que a da<br />
água, ele boia. Nesse caso, a densidade é relativa à densidade da água e é adimensional, pois é a razão<br />
entre duas densidades com mesmas unidades.
. 7 .<br />
Sala de Leitura<br />
<strong>Densidade</strong><br />
Então, se 1 mL de água pesa 1 g, 1 mL de outro líquido qualquer ou outra substância não terá<br />
necessariamente esta mesma massa. Veja o exemplo a seguir (Figura 8), que mostra um sistema<br />
composto por várias substâncias imiscíveis, com diferentes densidades.<br />
Figura 8: Comparação entre as densidades de várias substâncias.<br />
Você também pode fazer um experimento mergulhando em um recipiente com água diversos objetos<br />
feitos de materiais distintos. Antes de mergulhá-los, sinta o peso de cada um, tentando prever se o<br />
material é mais ou menos denso do que a água, ou seja, tente adivinhar se os objetos afundam ou<br />
boiam. Utilize objetos do seu próprio material escolar, como: lápis (madeira), borracha, régua de<br />
plástico - ou outros materiais, como: isopor, cortiça e metais. O que acontece ao tentar mergulhar uma<br />
bola de borracha, dessas de frescobol, na água? Ao contrário da borracha de apagar, que afunda, a bola<br />
de borracha boia. A que você atribui esse comportamento? Alguém poderia supor que os dois objetos<br />
sejam feitos de borrachas diferentes, com densidades diferentes. Entretanto, essa não é a justificativa<br />
correta. Nesse caso, a borracha é mais densa do que a água; porém a bola de borracha boia porque é<br />
oca e tem ar dentro!<br />
O conceito de densidade relativa foi empregado intuitivamente por Arquimedes, um filósofo e cientista,<br />
para resolver um problema do rei na época da Grécia Antiga, conforme você lerá a seguir.
Um pouco de História<br />
. 8 .<br />
Sala de Leitura<br />
<strong>Densidade</strong><br />
Arquimedes foi um filósofo, inventor e matemático grego que viveu por volta do ano 250 a.C. (287 a.C. –<br />
212 a.C.), em uma cidade chamada Siracusa, na Grécia Antiga. Naquela época, o rei Hieron havia<br />
mandado fazer uma coroa de ouro, porém ele desconfiou que o ourives o tivesse enganado,<br />
misturando algum outro metal - menos nobre - com o ouro. O rei, então, ordenou a Arquimedes que<br />
solucionasse o problema, porém o rei não queria que a coroa fosse desmanchada. O prazo que o rei<br />
havia dado a Arquimedes estava se esgotando e, segundo a história, ele acabou encontrando a solução<br />
deste problema por acaso, durante o banho. Naquela época, não se tinha água encanada em<br />
abundância - como atualmente, e os banhos eram mais raros, tomados em banheiras em casas de<br />
banho!<br />
Ao entrar na banheira, Arquimedes percebeu que o seu corpo deslocava certo volume de água, fazendo<br />
a água transbordar, e deduziu que o volume da água deslocada deveria ser igual ao volume do seu<br />
corpo. Assim, ele imaginou que o volume de água, deslocado pela coroa, se essa fosse feita de ouro<br />
puro, deveria ser diferente do volume deslocado pela mesma coroa feita com uma mistura de ouro e<br />
outro metal. Isso pode ser traduzido como: uma determinada massa de ouro terá volume menor do que<br />
a mesma massa de outro metal, como a prata. Arquimedes ficou tão empolgado com a descoberta que<br />
saiu da banheira correndo para casa, sem roupa, gritando: Eureka! Eureka!, que significa encontrei, em<br />
grego.<br />
Figura 9: A história conta que Arquimedes empregou o conceito de densidade a partir da observação do volume<br />
de água que transbordava da banheira quando ele mergulhava. Da mesma maneira, concluiu que poderia usar a<br />
relação massa – volume para descobrir se o material da coroa era ouro puro.<br />
Na verdade, Arquimedes descobriu - a partir das densidades da coroa e do ouro - que a coroa não era<br />
de ouro puro, mas sim misturada com prata ou outro metal. Arquimedes percebeu que massas iguais
. 9 .<br />
Sala de Leitura<br />
<strong>Densidade</strong><br />
de diferentes metais deslocavam diferentes volumes de água. Para tanto, comparou a quantidade de<br />
água deslocada pela coroa com a quantidade de água deslocada pela mesma massa de ouro e de prata.<br />
A coroa deslocava maior quantidade de água do que a mesma massa em ouro, porém menor do que a<br />
mesma massa de prata. Isso mostra que a coroa não era feita somente de ouro. Ela tinha alguma<br />
quantidade de prata em sua composição. Essa descoberta confirmou a fraude!<br />
<strong>Densidade</strong> de substâncias compostas<br />
A densidade de uma substância composta ou de uma mistura é a média ponderada das densidades dos<br />
seus componentes, calculada a partir das porcentagens em massa de cada componente, como você<br />
pôde observar na história de Arquimedes. Assim, a bola de borracha boia porque a sua densidade é a<br />
média da densidade da borracha e da densidade do ar que está dentro dela, considerando suas<br />
quantidades.<br />
Retome a história da coroa que pertencia ao rei Hieron. Se a coroa fosse feita misturando-se partes<br />
iguais de ouro e prata, a densidade da liga metálica obtida seria a média direta entre as densidades dos<br />
dois metais, como mostra a Figura 10. Similarmente, se quantidades diferentes dos componentes<br />
fossem misturadas, a densidade do material resultante seria uma média ponderada das densidades de<br />
cada componente.<br />
Figura 10: A mistura de quantidades iguais de duas substâncias com densidades diferentes resulta em uma<br />
substância cuja densidade é a média das densidades dos seus componentes.
. 10 .<br />
Sala de Leitura<br />
<strong>Densidade</strong><br />
Se a coroa fosse feita somente de ouro, teria uma massa maior do que outra coroa, com o mesmo<br />
volume, feita somente de prata. Isso ocorre porque a densidade do ouro é de 19,30 g cm-3 , enquanto a<br />
densidade da prata é de 10,49 g cm-3 , ou seja, um cubo de 1 cm3 de ouro tem 19,30 g. Já um cubo de<br />
prata com as mesmas medidas, 1 cm3 , possui massa bem menor, ou seja, 10,49 g - pouco mais do que a<br />
metade da massa do cubo de ouro.<br />
Em outro exemplo, se uma coroa de 1 kg fosse feita somente de ouro, ao ser mergulhada em água,<br />
deslocaria um volume de 51,8 cm3 ou 51,8 mL, enquanto que uma coroa de prata pesando 1 kg<br />
deslocaria 95,3 cm3 ou 95,3 mL de água. Isso equivale dizer que, se fossem feitas duas coroas<br />
exatamente iguais em tamanho e forma - uma delas feita de prata e outra de ouro - a de prata teria uma<br />
massa bem menor do que a de ouro. Por outro lado, se utilizassem as mesmas quantidades de prata e<br />
de ouro para fazer duas coroas, a de prata seria bem maior do que a de ouro. A Figura 11 representa os<br />
volumes ocupados por 1kg de prata e por 1 kg de ouro - nesse caso os metais foram representados na<br />
forma de pó para poderem ser "colocados" dentro de provetas de vidro.<br />
Figura 11: Volumes ocupados por 1 kg de prata (Ag) e por 1 kg de ouro (Au) na forma de pó.<br />
Determinação da composição de uma substância através das densidades dos seus<br />
componentes<br />
Por meio da densidade de um objeto ou de uma substância composta e das densidades dos seus<br />
componentes, pode-se determinar a porcentagem de cada componente na substância. Já a densidade<br />
de um material pode ser calculada a partir da composição do material e das densidades dos seus<br />
componentes.<br />
Como já mencionado, a densidade de uma substância composta é a média ponderada das densidades<br />
dos seus componentes, calculada a partir das porcentagens em massa de cada componente. Qual seria,<br />
então, a porcentagem de cada metal na coroa que pertencia ao rei Hieron, se a densidade dela fosse<br />
17,5 g cm-3 , e tendo o ourives misturado prata ao ouro?
dAu = 19,3 g cm -3 e dAg = 10,5 g cm -3<br />
Temos um sistema de 2 equações e 2 incógnitas:<br />
dmistura = xAu . dAu + xAg . dAg<br />
xAu + xAg = 1<br />
Substituindo:<br />
17,1 = 19,3 xAu + 10,5 xAg<br />
xAu = 1 – xAg<br />
17,1 = 19,3 (1 – xAg) + 10,5 xAg<br />
8,8 xAg = 2,2<br />
xAg = 0,25 e xAu = 0,75<br />
Resposta: A composição da coroa é 75% de ouro e 25% de prata.<br />
Empuxo<br />
. 11 .<br />
Sala de Leitura<br />
<strong>Densidade</strong><br />
Quando um objeto é mergulhado em água, ao ser submerso, desloca um volume de água igual ao seu<br />
próprio volume, já que dois corpos não podem ocupar o mesmo lugar. O objeto sofre uma força<br />
contrária, devido ao deslocamento da massa de água que tem o mesmo volume do objeto. A força<br />
atuante de baixo para cima é denominada empuxo e ela é uma resultante da pressão hidrostática<br />
exercida pelo líquido, como mostra a Figura 12. Entende-se por pressão hidrostática - a força exercida<br />
pela água sobre a superfície de um objeto mergulhado. Essa pressão aumenta com a profundidade,<br />
portanto, a resultante é uma força de baixo para cima. É a mesma força sentida ao se tentar mergulhar a<br />
bola de borracha na água.
. 12 .<br />
Sala de Leitura<br />
<strong>Densidade</strong><br />
Figura 12: O empuxo é a força resultante da pressão exercida por um líquido sobre toda a superfície de um objeto<br />
mergulhado.<br />
O efeito do empuxo também faz com que o objeto mergulhado na água pareça pesar menos do que<br />
fora dela. Esse “menor peso” é chamado de peso aparente, definido como o peso do objeto menos o<br />
empuxo, ou seja, menos o peso do mesmo volume em água. Considerando que o empuxo é a<br />
resultante das pressões exercidas pelo líquido e que a pressão aumenta com a profundidade, a<br />
resultante será uma força de baixo para cima, devido ao deslocamento da massa de água de volume ser<br />
igual ao do objeto mergulhado. O empuxo também ocorre na atmosfera, porém numa extensão bem<br />
menor do que na água ou em outro líquido, já que a pressão exercida pelo ar é bem menor do que a<br />
pressão da água. Assim, o peso do objeto mergulhado pode ser calculado multiplicando a massa pela<br />
gravidade, menos o empuxo, como pode ser verificado na Figura 13. Por isso, um objeto mergulhado<br />
em um líquido apresenta um peso aparentemente menor do que se ele tivesse “mergulhado” no ar.<br />
Figura 13: O peso de um objeto mergulhado em um líquido é chamado de peso aparente, pois é o peso do objeto<br />
menos o empuxo exercido pelo líquido.
. 13 .<br />
Sala de Leitura<br />
<strong>Densidade</strong><br />
Conforme mostra a Figura 13, a seta partindo do centro de gravidade do objeto, para baixo, representa<br />
o peso (P):<br />
P = mobjeto . g (1)<br />
A seta partindo do centro de gravidade do objeto, para cima, é o empuxo - representado por (E):<br />
E = mágua . g (2)<br />
Como o volume do objeto é igual ao volume de água deslocado, se a massa do objeto for maior do que<br />
a massa do mesmo volume de água, o objeto afundará. Por outro lado, se o objeto flutua, significa que a<br />
massa dele é menor do que a massa do volume de água deslocado, ou seja, tem densidade menor do<br />
que a água.<br />
A Figura 14 mostra um experimento que comprova o empuxo. Observe a marcação na escala da<br />
balança. No caso de uma coroa feita de ouro, os pesos serão: fora da água = 1000 g; e mergulhada =<br />
948,2 g.<br />
Assim:<br />
Figura 14: O peso aparente de um objeto mergulhado em um líquido é menor do que o peso do mesmo<br />
na atmosfera.<br />
Paparente = Pobjeto – E (3)<br />
Paparente = (mobjeto . g) – (mágua . g) (4)
. 14 .<br />
Sala de Leitura<br />
<strong>Densidade</strong><br />
Substituindo as massas pela relação (densidade . volume), pode-se determinar a densidade de um<br />
material por meio do seu peso aparente:<br />
Paparente = (dobjeto . Vobjeto . g) – (dágua . Vágua . g) (5)<br />
Como o volume do objeto é igual ao volume de água deslocado, pode-se isolar (V . g):<br />
Paparente = (Vobjeto . g) . (dobjeto .– dágua) (6)<br />
A partir dessa expressão você pode perceber que, se o objeto tem densidade maior do que a água, seu<br />
peso aparente será positivo, ou seja, ele afundará. Por outro lado, se a densidade do objeto for menor<br />
do que a da água, seu peso aparente será negativo e ele irá boiar.<br />
Por outro lado, voltando às equações (1) e (2):<br />
P = mobjeto . g = dobjeto . Vdeslocado . g (7)<br />
e<br />
E = mágua . g = dágua . Vdeslocado . g (8)<br />
Você pode reescrevê-las como:<br />
P / dobjeto = E / dágua (9)<br />
De (3), sabe-se que: E = Paparente – Pobjeto,<br />
Então: Pobj / dobj = (Paparente – Pobj) / dágua<br />
Ou seja:<br />
dobj = dágua . Pobj / (Paparente – Pobj) (10)
Que também poderão ser reescritas em função das massas, já que (P = m . g):<br />
dobj = dágua . mobj / (mobj – maparente) (11)<br />
. 15 .<br />
Sala de Leitura<br />
E assim você conseguirá determinar a densidade de um objeto por meio da massa aparente.<br />
<strong>Densidade</strong><br />
<strong>Densidade</strong> de soluções<br />
Tente fazer a seguinte experiência: mergulhe um ovo em água e observe. De início, o ovo afundará na<br />
água pura. Em seguida, adicione sal à água e veja o que acontece. Você notará que, depois de adicionar<br />
sal à água, o ovo boiará. A Figura 15 ilustra essa experiência.<br />
Figura 15: Um ovo afunda em água, mas boia em água com sal.<br />
O ovo afunda porque a densidade dele é um pouco maior do que a da água pura. Quando se adiciona<br />
sal à água, pelo fato do sal (NaCl) ser bem mais denso do que a água, a solução resultante terá uma<br />
densidade maior do que a da água pura. Nesse caso, o princípio é o mesmo que foi explicado em<br />
relação à densidade da coroa que pertencia ao rei Hieron: “a densidade da mistura é a média ponderada<br />
das densidades de cada componente (já vimos que média ponderada é a média considerando as<br />
porcentagens em massa).” Portanto, a densidade da solução de água com sal ficará maior do que a<br />
densidade do ovo e por isso ele boia.<br />
Esse mesmo fenômeno acontece no Mar Morto. Você sabia que é impossível afundar (Figura 16) - e,<br />
consequentemente, afogar-se nele? O Mar Morto, na verdade, é um lago de água salgada, localizado<br />
entre a Jordânia, Israel e a Cisjordânia (Figura 17). O Mar Morto é o ponto mais baixo da superfície da
. 16 .<br />
Sala de Leitura<br />
<strong>Densidade</strong><br />
Terra: fica a 392 m abaixo do nível do mar. É chamado de mar devido ao seu tamanho -<br />
aproximadamente 85 km de comprimento por 17 km de largura - e de morto porque suas águas são tão<br />
salgadas que nenhum peixe ou alga vive nele. O clima daquela região é muito quente, o que faz a água<br />
evaporar e o sal dissolvido ficar mais concentrado, tornando a água mais salgada. Em algumas partes<br />
mais rasas pode-se até ver pequenas ilhas de sal, como mostra a Figura 18. Fazendo uma comparação, a<br />
quantidade de sal na água dos oceanos é de aproximadamente 3%, enquanto no Mar Morto - pode<br />
chegar até 30%! Com essa concentração, a densidade fica próxima da do corpo humano, tornando<br />
impossível alguém afogar-se nas suas águas<br />
Figura 16: É impossível afundar nas águas do Mar Morto.
Figura 17: Localização do Mar Morto, no Oriente Médio.<br />
Figura 18: Ilhas de sal nas regiões mais rasas do Mar Morto.<br />
. 17 .<br />
Sala de Leitura<br />
<strong>Densidade</strong>
. 18 .<br />
Sala de Leitura<br />
<strong>Densidade</strong><br />
Da mesma maneira como foi feito para a coroa que pertencia ao rei Hieron, pode-se calcular a<br />
densidade das águas do Mar Morto (ou de qualquer solução) por meio da média ponderada.<br />
Considerando a água do Mar Morto uma solução de água com 30% de NaCl, pode-se calcular sua<br />
densidade:<br />
dH2O = 1,00 g cm -3 e dNaCl = 2,165 g cm -3<br />
dsolução = x H2O . dH2O + x NaCl . dNaCl<br />
dsolução = 0,70 . 1,00 + 0,30 . 2,165<br />
dsolução = 1,3495 g cm -3<br />
A densidade da água do Mar Morto, portanto, deve ser de aproximadamente 1,35 g cm-3 . <strong>Densidade</strong><br />
maior do que a da média do corpo humano. Mas você já se perguntou qual é a densidade do corpo<br />
humano? É uma pergunta difícil, pois nosso corpo é formado por ossos, carne, muita água, gordura e o<br />
ar dos pulmões e das vísceras. Os ossos e a carne têm densidade maior do que a da água, mas a gordura<br />
e o ar têm densidade menor. Assim, conclui-se que o corpo humano possui uma densidade média<br />
muito próxima ou levemente menor do que a da água. Por isso, para boiar, basta encher os pulmões de<br />
ar!<br />
<strong>Densidade</strong> de líquidos<br />
As densidades de soluções e de líquidos podem também ser medidas facilmente - sem cálculo, por<br />
meio de um aparelho chamado densímetro, também conhecido como areômetro (Figura 19). O<br />
densímetro flutua no líquido quando seu peso é igual ao empuxo exercido pelo líquido. A densidade do<br />
líquido é indicada por meio da graduação na haste do equipamento, pelo valor da escala coincidente<br />
com a superfície do líquido.
Figura 19: Foto de dois densímetros com escalas diferentes.<br />
. 19 .<br />
Sala de Leitura<br />
<strong>Densidade</strong><br />
Esse tipo de equipamento é bastante utilizado para medir a graduação alcoólica de bebidas ou o teor<br />
de água no álcool combustível, por exemplo. O álcool etílico utilizado nos carros a álcool é chamado de<br />
AEHC (Álcool Etílico Hidratado Combustível) e possui um teor de água médio de 7%. A Agência<br />
Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) regulamenta o teor alcoólico do álcool<br />
combustível na faixa de 92,6º a 93,8º INPM. O grau INPM, definido pelo Instituto Nacional de Pesos e<br />
Medidas, é a fração em massa, ou seja, 1 kg de álcool combustível tem em média 930 g de álcool e 70 g<br />
de água. Teores de água acima dos valores permitidos pela ANP são característicos de combustíveis<br />
adulterados, que podem trazer prejuízos ao motor do veículo. Como as densidades da água (1000 kg<br />
m3 ) e do álcool (789,4 kg m-3 ) são diferentes, a solução resultante terá densidade proporcional às<br />
quantidades dos dois líquidos, facilmente medida com um densímetro.<br />
O mesmo aplica-se à gasolina adulterada por adição de etanol. A Figura 20 mostra a medida da<br />
densidade de uma série de gasolinas às quais foram adicionadas quantidades crescentes de álcool
. 20 .<br />
Sala de Leitura<br />
<strong>Densidade</strong><br />
combustível, usando dois densímetros com diferentes escalas. A gasolina que é vendida nos postos de<br />
combustível tem aproximadamente 25% de etanol e a densidade medida foi de 0,746 g mL-1 , como<br />
pode ser observado no detalhe da Figura 20A. O etanol tem densidade maior do que a gasolina.<br />
Observa-se na figura que, à medida que etanol é adicionado (20B, 20C e 20D), a cor do combustível vai<br />
clareando e a densidade aumentando. Observe que nas Figuras 20A e 20B foi usado um densímetro<br />
com escala de 0,70 a 0,75 g mL-1 , enquanto que - nas misturas 20C e 20D - foi usado um densímetro com<br />
escala entre 0,75 e 0,80 g mL-1 .<br />
20A 20B 20C 20D<br />
Figura 20: Teste do densímetro para gasolina adulterada: o aumento crescente da quantidade de etanol torna a<br />
mistura mais clara e mais densa. Abaixo de cada foto, foram colocadas as fotos ampliadas das escalas dos<br />
densímetros.<br />
Submarino<br />
Até esse ponto, você já deve ter intuído que os navios, embora sendo feitos de materiais mais densos<br />
do que a água, não afundam por causa da sua forma, que mantém ar naturalmente no seu interior.<br />
Como o ar é bem mais leve do que a água, impede que o navio afunde. Mas você sabe como funcionam<br />
os submarinos que, mesmo sendo feitos de metal, podem afundar ou emergir? (Figura 21)<br />
Nos submarinos, existem compartimentos que podem ser cheios com ar ou com água para fazer com<br />
que este suba ou desça. Quando os compartimentos estão cheios de ar, o empuxo exerce força maior<br />
do que o peso do submarino e este sobe até a superfície (Figura 21C), até seu peso aparente se igualar
. 21 .<br />
Sala de Leitura<br />
<strong>Densidade</strong><br />
ao empuxo (Figura 21A). Substituindo o ar por água, o peso do submarino torna-se maior do que o<br />
empuxo. Logo, o submarino afunda (Figura 21B). Mas, se o submarino precisa de ar para emergir, ele<br />
precisaria carregar ar no seu interior, e esse ar o impediria de afundar, certo? Sim, porém, nesse caso, o<br />
ar tem de ser carregado sob pressão, na forma líquida. Como a densidade do líquido é bem maior do<br />
que a do gás, o peso do submarino fica maior do que o empuxo e ele pode afundar!<br />
Figura 21: Funcionamento de um submarino, que pode afundar ou emergir através de tanques que podem ser<br />
cheios com água ou ar.