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2 o ano
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2 o <strong>ano</strong>
Este material é parte integrante do livro Projeto Descobrir 2 o <strong>ano</strong>. Não pode ser vendido separadamente.<br />
ESTE LIVRO PERTENCE A:<br />
1 a edição – São Paulo, 2009<br />
3 a reimpressão<br />
2 0<br />
ANO
Gerente editorial: Lauri Cericato<br />
Editora: Rubette R. dos Santos<br />
Editoras assistentes: Debora Missias / Érica Lamas / Andrea De Marco<br />
Revisão: Pedro Cunha Jr. (coord.) / Lilian Semenichin / Renata Fontes<br />
Licenciamento de textos: Stephanie S. Martini<br />
Colaboradores<br />
Seleção de textos: Marta Ferraz e Paula Junqueira<br />
Assistência editorial: Fábio Nunes Tomaz Garcia / Camila Marques / Suria Scapin<br />
Gerente de arte: Nair de Medeiros Barbosa<br />
Projeto gráfi co e diagramação: Hamilton Olivieri<br />
Capa: Cristina Nogueira da Silva<br />
Assistente de produção: Grace Alves<br />
Visite nosso site: www.atualeditora.com.br<br />
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Todas as citações de textos contidas neste livro didático estão de acordo com a legislação, tendo por fi m único e exclusivo o ensino. Caso exista algum texto a respeito do<br />
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O material de publicidade e propaganda reproduzido nesta obra está sendo utilizado apenas para fi ns didáticos, não representando qualquer tipo de recomendação de<br />
produtos ou empresas por parte do(s) autor(es) e da editora.
Sumário<br />
As doze princesas. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 5<br />
Conto de fadas<br />
O soldadinho de chumbo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 10<br />
Conto clássico – Hans Christian Andersen<br />
Siripita, o rei dos insetos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 13<br />
Conto bolivi<strong>ano</strong> – Rogério Andrade Barbosa<br />
Os amigos e o urso. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 17<br />
Fábula – Esopo<br />
O jacaré e a lagartixa . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 19<br />
Poesia – Alexandre Azevedo<br />
Brincadeiras das crianças indígenas . . . . . . . . . . . . . . . . . 20<br />
Informativo – Daniel Munduruku<br />
Adivinhas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 22<br />
Adivinha – Amir Piedade<br />
Ditados populares . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 24<br />
Parlenda – César Obeid<br />
A casa que Pedro fez. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 26<br />
Conto popular cumulativo<br />
Como antes . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 30<br />
Trava-língua – Maurício Veneza<br />
Bibliografi a . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 32
Ilustradores<br />
Mariângela Haddad – As doze princesas<br />
Márcia Széliga – O soldadinho de chumbo<br />
Orlando – Siripita, o rei dos insetos<br />
Faoza – O Amigo Urso<br />
Mariângela Haddad – O jacaré e a lagartixa<br />
Cecília Iwashita – Brincadeiras das crianças Indígenas<br />
Camila de Godoy – Adivinhas<br />
Camila de Godoy – Ditados populares<br />
Biry Sarquis – A casa que Pedro fez<br />
Faoza – Como antes
As doze princesas<br />
Recontado por Tânia Alexandre Martinelli<br />
Conto de fadas<br />
ontam que num castelo distante havia um rei que morava<br />
com suas doze belíssimas fi lhas. Elas dormiam todas no mesmo<br />
quarto, cada qual em sua cama.<br />
Havia algum tempo, um grande mistério estava deixando<br />
o rei bastante intrigado. É que, pela manhã, as solas dos sapatos<br />
das princesas estavam tão gastas que parecia que elas tinham<br />
dançado a noite inteira. Mas como isso seria possível se quando<br />
as doze princesas iam dormir a porta do quarto era trancada à<br />
chave, pelo lado de fora?<br />
Foi então que o rei teve uma ideia luminosa: ofereceria a mão<br />
de uma de suas fi lhas em casamento se algum homem conseguisse<br />
desvendar esse mistério. Entretanto, caso isso não acontecesse após<br />
três noites, ele seria condenado à morte.<br />
Logo que a notícia se espalhou pelo reino, um príncipe<br />
chegou ao castelo, dizendo-se disposto para a tarefa. Ao <strong>ano</strong>itecer,<br />
ele foi levado a um quarto próximo ao das princesas. Ele deveria<br />
fi car muito bem acordado, observando tudo, ouvindo os menores<br />
ruídos. Nenhum detalhe poderia passar despercebido. Nenhum.<br />
Mas, infelizmente, o pl<strong>ano</strong> não deu certo. O príncipe logo<br />
adormeceu e não conseguiu descobrir absolutamente nada.<br />
O mesmo se repetiu na segunda noite e na terceira. Um fracasso.<br />
Furioso, o rei mandou matá-lo. Todos os homens que se<br />
aventuravam no castelo do rei tinham o mesmo fi nal trágico.<br />
5
Caminhando pela redondeza, vinha um ex-soldado de guerra.<br />
Devido a tantos ferimentos, ele não podia mais lutar e por isso<br />
andava pela fl oresta sem um rumo defi nido. Já cansado da<br />
caminhada, acabou encontrando uma velha senhora:<br />
— Para onde vai, meu fi lho? — ela lhe perguntou,<br />
amavelmente.<br />
— Não sei. Estou sem destino. Mas ouvi dizer que um rei<br />
daria a mão de uma de suas fi lhas em casamento a quem<br />
descobrisse um segredo… Talvez eu possa tentar e, quem sabe,<br />
me tornar um rico fi dalgo ou até mesmo um rei.<br />
— Pois bem, se é isso o que deseja, devo lhe dar um conselho:<br />
não beba o vinho que uma das princesas lhe oferecer, pois ele<br />
contém um poderoso sonífero. — E, estendendo-lhe um manto<br />
mágico, continuou: — Leve este manto com você. Ele o tornará<br />
invisível assim que o vestir. Desse modo, poderá seguir as princesas<br />
e descobrir o segredo.<br />
O rapaz agradeceu à misteriosa senhora e partiu. Chegando<br />
ao castelo, falou de suas intenções ao rei. Foi muito bem recebido<br />
e tão logo <strong>ano</strong>iteceu foi levado ao mesmo aposento onde estiveram<br />
antes muitos dorminhocos.<br />
Pouco depois, a princesa mais velha levou-lhe uma taça de<br />
vinho. Grato pela gentileza, o ex-soldado aceitou a bebida. Porém,<br />
sem que a moça percebesse, jogou fora todo o conteúdo e,<br />
instantes depois, fi ngiu que pegava no sono.<br />
— Agora, vamos! — disse a princesa mais velha às irmãs,<br />
animada como sempre.<br />
As moças tiraram seus vestidos de gala do baú e se arrumaram.<br />
Ficaram ainda mais lindas. Depois, a princesa mais velha bateu<br />
palmas e, como mágica, a sua cama afundou no piso. Imediatamente<br />
um alçapão foi aberto e as princesas foram descendo. Sem perder<br />
tempo, o ex-soldado vestiu o manto e começou a segui-las.<br />
A princesa mais nova, a última da fi la, sentiu algo estranho.<br />
Seu coração até palpitou mais forte.<br />
6
— Hmm…<br />
Não sei… Mas eu<br />
estou com o<br />
pressentimento de que<br />
alguma coisa ruim está prestes<br />
a acontecer!<br />
— Ora essa! Que bobagem!<br />
— disse a princesa mais velha. —<br />
Ninguém nunca vai descobrir nada.<br />
Aquele rapaz terá o mesmo destino<br />
dos outros. E vamos logo!<br />
A princesa foi. Mas no instante<br />
seguinte sentiu um puxão em seu<br />
vestido.<br />
— Ai! Alguém pisou no meu<br />
vestido!<br />
— Não seja boba! —<br />
novamente a mais velha. —<br />
Deve ter sido um prego na<br />
parede!<br />
Alguns passos depois, já entravam num bosque. O ex-soldado<br />
fi cou boquiaberto porque as folhas das árvores eram de prata.<br />
Uma beleza sem igual! Puxou um galhinho para guardar como<br />
prova. A princesa mais nova ouviu. Olhou para cá e para lá. E nada.<br />
7
Então, entraram num outro bosque cujas folhas eram de ouro.<br />
Arrancou outro galho. A princesa ouviu novamente. Seguiram até<br />
um terceiro bosque. O rapaz, deslumbrado, viu as folhas de puro<br />
diamante! Quebrou mais um. A princesa foi fi cando<br />
apavorada. Mas não adiantava reclamar,<br />
porque sua irmã mais velha não iria acreditar.<br />
Mais à frente, um lago de águas<br />
cristalinas surgiu. E lá estavam doze<br />
barcos com doze príncipes à espera<br />
das doze lindas princesas.<br />
O ex-soldado entrou no barco<br />
da princesa mais nova. E o<br />
príncipe que estava com ela se<br />
queixou porque, apesar de remar<br />
com bastante força, parecia que<br />
o barco estava mais pesado que<br />
nas noites anteriores.<br />
— Acho que você está<br />
cansado por causa do calor —<br />
disse a princesa.<br />
Ao se aproximarem do<br />
outro lado da margem, não só<br />
avistaram um castelo magnífi co<br />
como também ouviram o som das<br />
trompas e clarins. A música já<br />
contagiava a todos. Que alegria!<br />
Assim que entraram no castelo,<br />
o baile começou. Felizes, príncipes<br />
e princesas dançaram a noite inteira.<br />
O ex-soldado aproveitou a festa,<br />
dançando entre eles.<br />
8
Ao voltarem, o ex-soldado foi no barco da irmã mais velha<br />
e chegando ao castelo, correu para o seu quarto.<br />
— Olha só! — disse a princesa mais velha. Não disse que ele<br />
não iria descobrir nada?<br />
Na manhã seguinte, o rei quis saber se<br />
o ex-soldado já havia descoberto onde as suas<br />
fi lhas tanto gastavam as solas dos sapatos.<br />
O ex-soldado então lhe disse:<br />
— Todas as noites elas vão dançar<br />
em um castelo subterrâneo — e lhe<br />
mostrou as pequenas recordações<br />
trazidas daquele mundo encantado.<br />
O rei mandou chamar as<br />
princesas. Perguntou-lhes se isso<br />
era verdade. Vendo-se sem<br />
saída, as moças foram<br />
obrigadas a dizer que sim.<br />
O rei, cumprindo a sua<br />
promessa, perguntou ao rapaz<br />
com qual das fi lhas ele<br />
gostaria de se casar.<br />
— Escolho a mais velha,<br />
já que não sou muito novo.<br />
Casaram-se naquele mesmo<br />
dia. Durante a cerimônia,<br />
o ex-soldado foi anunciado<br />
como o novo herdeiro da coroa.<br />
Há quem diga que até hoje as outras<br />
princesas continuam a dançar no castelo<br />
subterrâneo. As solas de seus sapatos são<br />
prova disso: elas sempre aparecem gastas.<br />
Todas as manhãs.<br />
9
O soldadinho de chumbo<br />
Hans Christian Andersen<br />
Recontado por Telma Guimarães<br />
Conto clássico<br />
o dia de seu aniversário, um menino recebeu de presente<br />
uma caixa com vinte e cinco soldadinhos de chumbo, todos com<br />
uniforme vermelho e azul. Os soldadinhos foram feitos da mesma<br />
colher de chumbo, mas, apenas quando foi colocá-los sobre a<br />
mesa, o menino percebeu que um deles era diferente. Na hora de<br />
moldá-los, faltou chumbo e ele fi cou só com uma perna.<br />
Mesmo assim, permanecia fi rme sobre ela.<br />
Na mesa estavam outros brinquedos. Havia uma caixa bem<br />
colorida e um castelo com um lago feito de um pedaço de espelho.<br />
À porta do castelo estava uma linda jovem. Feita de papelão, usava<br />
um vestido de tule com uma pedra brilhante perto do ombro.<br />
Ela era bailarina e seus braços erguiam-se para o alto; uma de suas<br />
pernas, dobrada para trás, fi cava encoberta pelo tule.<br />
“Ela só tem uma perna! Seria a companheira ideal para mim!”,<br />
ele pensou.<br />
Depois que todos foram dormir, os brinquedos, como sempre<br />
acontecia, saíram de seus lugares e divertiram-se a valer... Menos<br />
o soldado e a bailarina, cada um paradinho em seu lugar. De onde<br />
estava o soldadinho não parava de contemplar a bailarina.<br />
À meia-noite, a caixa colorida se abriu. De dentro dela, um<br />
gênio muito mal, saiu impulsionado por uma mola. Apontando para<br />
o soldadinho, ordenou:<br />
— Não fi que olhando para coisas que não lhe dizem respeito!<br />
O soldadinho não obedeceu e o gênio continuou, dizendo:<br />
— Espere só até amanhã!<br />
10
No dia seguinte, o soldado foi deixado junto à janela aberta.<br />
O maldoso gênio, dando um pulo da caixa, empurrou<br />
o soldadinho, que foi cair do lado de fora, sobre as pedras<br />
da calçada. Como estava chovendo muito, ele foi levado pela<br />
correnteza. Vendo o soldadinho na água, dois meninos<br />
o recolheram e o colocaram dentro de um barco de papel.<br />
Todo valente, ele seguiu no barco que entrou por um canal.<br />
Aos poucos o barquinho de papel foi fi cando encharcado,<br />
até que afundou.<br />
“Por culpa do gênio eu nunca mais vou ver a bailarina!”,<br />
pensou o soldadinho, enquanto era engolido por um peixe.<br />
Não muito depois, o peixe em que ele estava parou de nadar.<br />
Foi pescado por alguém que, em seguida, vendeu-o na feira.<br />
Uma sorridente cozinheira comprou o peixe e o levou para<br />
casa. Colocou-o sobre a mesa da cozinha e começou a prepará-lo<br />
para o almoço. Ao abrir a barriga do peixe, qual não foi sua<br />
surpresa! Chamou as pessoas da casa e todos atenderam curiosos.<br />
— Como o meu soldadinho foi parar dentro de um peixe? -<br />
perguntou o menino.<br />
Surpreendentemente, estava de volta a casa onde tudo começou.<br />
Nem um pouco orgulhoso de seu passeio, foi colocado novamente<br />
sobre a mesa. Lá ele só tinha olhos para a bailarina. Ela estava ali<br />
parada em uma só perna como antes, e ele sentiu vontade de chorar.<br />
Então, o menor dos meninos, sem motivo algum, jogou o<br />
soldado na chama acesa do fogão.<br />
Ele sentiu um calor terrível! Culpa do fogo ou do amor pela<br />
bailarina? Suas cores tinham sumido... Culpa da chuva ou da<br />
tristeza que sentia?<br />
Estava derretendo quando olhou para a bailarina. Olhou a<br />
tempo de ver a porta abrir de repente e um vento fazer com que<br />
a bailarina voasse, voasse... para perto dele, no fogo.<br />
Mais tarde, a cozinheira fi cou surpresa! Entre as cinzas do fogão,<br />
havia um coraçãozinho de chumbo e uma pedra brilhante... Juntos!<br />
12
Siripita, o rei dos insetos<br />
13<br />
Rogério Andrade Barbosa<br />
Conto bolivi<strong>ano</strong><br />
um dia muito distante, o leão da montanha, que em aymara<br />
é chamado de Pumma, arrogante como sempre, travou<br />
a maior discussão com Siripita, o saltitante grilo.<br />
— Saia do meu caminho — bradou o sober<strong>ano</strong> dos montes.<br />
— Não saio — rebateu Siripita. — Se você é o rei dos animais,<br />
eu sou o rei dos insetos.<br />
O orgulhoso Pumma, respeitado por sua força e tamanho,<br />
ameaçou:<br />
— Se eu lhe der uma patada, acabo com sua realeza num<br />
instante — rugiu, arrepiando o pelo amarelado.<br />
O grilo, pequenininho, não se intimidou e desafi ou<br />
o grandalhão para uma guerra:<br />
— Você não é tão forte quanto pensa. Amanhã cedo, aqui<br />
mesmo, estarei com minha tropa à espera de seu exército.<br />
O Pumma, furioso com a ousadia de Siripita, derrubou<br />
o frágil oponente no chão com um simples golpe de sua cauda.<br />
— Vai ser muito fácil — concordou, tripudiando sobre<br />
o grilo, antes de desaparecer no meio dos penhascos.<br />
No dia seguinte, os animais convocados pelo Pumma<br />
acorreram ao seu chamado: lhamas, vicunhas, ursos, jaguares,<br />
touros, cachorros, ovelhas, enfi m, todos os bichos de quatro patas<br />
que habitam os vales, montanhas e fl orestas da Bolívia.
Siripita, por sua vez, já aguardava o inimigo no lugar<br />
combinado — uma planície desprovida de árvores — com sua<br />
tropa de insetos em posição de combate.<br />
Assim que foi dado o sinal para começar a luta, milhares de<br />
insetos saíram voando e saltando no meio do capinzal. Eram tantos,<br />
que formavam uma nuvem escura, cobrindo a luz do Sol. De uma<br />
hora para outra, o dia cedeu lugar às trevas da noite. Abelhas,<br />
vespas, marimbondos e formigas, aproveitando-se da escuridão,<br />
se jogavam contra os animais, picando-os e ferroando-os sem<br />
dó nem piedade.<br />
O Pumma e seu exército, atordoados, bateram em retirada.<br />
Os quadrúpedes, aos trambolhões, se jogaram dentro das águas<br />
geladas de um rio para se livrarem do enxame de insetos<br />
comandado pelo vitorioso Siripita.<br />
A união faz a força, afi rmam os contadores de histórias<br />
de Irupana, na região de Yungas.<br />
15
Os amigos e o urso<br />
Esopo<br />
Recontada por Beth Santos<br />
Fábula<br />
ois viajantes caminhavam por uma estrada. De repente, um<br />
grande urso surgiu do nada e ergueu-se diante deles. Mais que<br />
depressa, um dos rapazes subiu no galho de uma árvore e fi cou<br />
escondido entre a folhagem. Seu companheiro, sem alternativa,<br />
deitou no chão e prendeu a respiração, fi ngindo-se de morto.<br />
O urso cheirou o pobre viajante dos pés à cabeça, ou<br />
melhor, dos pés à orelha. Depois, afastou-se e sumiu na<br />
mata. Descendo da árvore, o primeiro rapaz perguntou ao<br />
amigo ainda deitado no chão:<br />
— Afi nal, o que o urso cochichou na sua orelha?<br />
— Ah! Ele me disse para pensar melhor antes de<br />
viajar com quem abandona os amigos na hora<br />
do perigo.<br />
17
O jacaré e a lagartixa<br />
O jacaré<br />
É uma<br />
La...<br />
gar...<br />
ti...<br />
i...<br />
i...<br />
i...<br />
i...<br />
19<br />
xa<br />
Alexandre Azevedo<br />
Poesia<br />
que espicha...<br />
É ou não é?!
Brincadeiras<br />
das<br />
crianças indígenas<br />
Daniel Munduruku<br />
Informativo<br />
Há muitas brincadeiras que as crianças indígenas fazem que<br />
você pode aprender. Difi cilmente alguém verá uma criança<br />
indígena brincando sozinha. Ela estará sempre com outras crianças.<br />
Todas as crianças indígenas conhecem as mesmas brincadeiras e,<br />
quando alguém inventa alguma coisa nova, vai logo contar para as<br />
outras. A mesma coisa acontece com os brinquedos. No entanto, as<br />
crianças quase nunca fazem seus próprios brinquedos. Isso é tarefa<br />
dos pais e das mães, porque para fazer determinados brinquedos é<br />
preciso saber usar facas e outros objetos cortantes. São os pais que<br />
confeccionam os brinquedos para os fi lhos. E estes têm<br />
a obrigação de cuidar bem dos brinquedos.<br />
20
E se quebram, o que acontece? Normalmente, a própria<br />
criança dá um jeitinho de consertar usando palha, cipós e folhas.<br />
A verdade é que as crianças indígenas nunca jogam um brinquedo<br />
fora, pois sabem que foi feito com carinho por aqueles que lhes<br />
querem muito bem.<br />
As crianças indígenas são muito criativas na hora de brincar.<br />
Elas não têm lojas onde comprar os brinquedos, por isso inventam<br />
sempre novas brincadeiras para passar o tempo e para aprender,<br />
pois os índios aprendem enquanto brincam e brincam enquanto<br />
aprendem.<br />
Desde cedo, os pequenos índios aprendem a conhecer<br />
a natureza e, aproveitando-se dela, fazem instrumentos simples<br />
para brincar. Fazem arcos e fl echas, bichos de palha, bonequinhas<br />
de barro ou de sabugo de milho, c<strong>ano</strong>as pequeninas de madeira ou<br />
de palha de açaizeiro, peões, petecas e diversos brinquedos feitos<br />
de coco e palha de palmeira tucum ou babaçu. Fazem também<br />
bolas de palha, panelinhas, bichinhos de barro, trançados de palha.<br />
As meninas gostam de brincar de esconder e todos, todos<br />
mesmo, gostam de brincar de pega-pega em um riozinho.<br />
É a melhor hora do dia. É muito gostoso!<br />
21
Adivinhas Amir Piedade<br />
Adivinha<br />
Pertence à tradição popular. É um enigma que<br />
precisa ser desvendado e que começa sempre<br />
com “o que é o que é”.<br />
2. O que é o que é mais alto que um<br />
homem e mais baixo que uma galinha?<br />
1. O que é o que é que tem<br />
boca e não come, tem asa e não<br />
voa, tem bico e não pinica?<br />
3. O que é o que é que<br />
a primeira Deus dá<br />
e a segunda tem<br />
que comprar?<br />
22
4. O que é o que é que tem<br />
pernas e não pode andar?<br />
5. O que é o que é que tem olhos mas não<br />
vê, tem boca mas não fala, tem braços mas não<br />
abraça, tem mãos mas não pega e tem pés mas<br />
não anda?<br />
6. O que é o que é que é magro para<br />
chuchu, tem dentes mas nunca come e, mesmo<br />
sem ter dinheiro, dá comida a quem tem fome?<br />
7. O que é o que é<br />
que corre a casa toda<br />
e vai dormir num canto?<br />
Respostas: 1. bule, 2. chapéu, 3. dentição, 4. mesa, 5. boneca, 6. garfo, 7. vassoura.<br />
23
Ditados populares<br />
Sou brincalhão de palavras<br />
Com essa literatura<br />
Dos ditados populares<br />
Eu tenha desenvoltura<br />
Água mole em pedra dura<br />
Tanto bate até que fura.<br />
Vou contar outro ditado<br />
No meu verso meio louco<br />
Atenção meu pessoal<br />
Quero ouvir refrão de troco<br />
Que a alegria do pobre<br />
Sempre dura muito pouco.<br />
Outro provérbio do povo<br />
O poeta adianta<br />
Se hoje me encontro triste<br />
Atiço minha garganta<br />
E o povo diz comigo<br />
Quem canta os males espanta.<br />
24<br />
César Obeid<br />
Parlenda
A casa que Pedro fez<br />
Musicado por Bia Bedran<br />
Conto popular cumulativo<br />
sta é a casa que Pedro fez<br />
Este é o trigo<br />
Que está plantado no quintal da casa que Pedro fez<br />
Este é o rato<br />
Que comeu o trigo<br />
Que está na casa que Pedro fez.<br />
Este é o gato,<br />
Que matou o rato,<br />
Que comeu o trigo<br />
Que está na casa que Pedro fez.<br />
Este é o cão,<br />
Que espantou o gato,<br />
Que matou o rato,<br />
Que comeu o trigo<br />
Que está na casa que Pedro fez.<br />
Esta é a vaca de chifre torto,<br />
Que atacou o cão,<br />
Que espantou o gato,<br />
Que matou o rato,<br />
Que comeu o trigo<br />
Que está na casa que Pedro fez.<br />
26
Esta é a moça mal vestida,<br />
Que ordenhou a vaca de chifre torto,<br />
Que atacou o cão,<br />
Que espantou o gato,<br />
Que matou o rato,<br />
Que comeu o trigo<br />
Que está na casa que Pedro fez.<br />
Este é o moço todo rasgado,<br />
Noivo da moça toda mal vestida,<br />
Que ordenhou a vaca de chifre torto,<br />
Que atacou o cão,<br />
Que espantou o gato,<br />
Que matou o rato,<br />
Que comeu o trigo<br />
Que está na casa que Pedro fez.<br />
Este é o padre de barba feita,<br />
Que casou o moço todo rasgado,<br />
Com aquela moça toda mal vestida,<br />
Que ordenhava a vaca de chifre torto,<br />
Que atacou o cão,<br />
Que espantou o gato,<br />
Que matou o rato,<br />
Que comeu o trigo<br />
Que está na casa que Pedro fez.<br />
28
Este é o galo que cantou de manhã,<br />
Para acordar o padre de barba feita,<br />
Que casou o moço todo rasgado,<br />
Com a moça toda mal vestida,<br />
Que ordenhava a vaca de chifre torto,<br />
Que atacou o cão,<br />
Que espantou o gato,<br />
Que matou o rato,<br />
Que comeu o trigo<br />
Que está na casa que Pedro fez.<br />
Este é o fazendeiro que colheu o milho,<br />
Para dar ao galo que cantou de manhã,<br />
Para acordar o padre de barba feita,<br />
Que casou o moço todo rasgado,<br />
Com a moça toda mal vestida,<br />
Que ordenhava a vaca de chifre torto,<br />
Que atacou o cão,<br />
Que espantou o gato,<br />
Que matou o rato,<br />
Que comeu o trigo<br />
Que está na casa que Pedro fez.<br />
29
Como antes Maurício Veneza<br />
Trava-língua<br />
O pato branco tinha um prato preto,<br />
o pato preto tinha um prato de prata.<br />
O pato branco deu seu preto prato<br />
em troca do prato de prata do pato preto.<br />
O prato de prata fi cou com o pato branco<br />
e o pato preto fi cou com o preto prato.<br />
Mas o pato branco deu pra trás<br />
e quis de volta seu prato preto:<br />
— Este prato de prata não presta!<br />
Nem é de prata, é de plástico!<br />
O pato preto deu pra trás<br />
e quis de volta seu prato de prata:<br />
— Este prato preto não presta!<br />
Este prato não é prático!<br />
Os patos desfazem o trato.<br />
O pato preto deu seu preto prato<br />
em troca do prato de prata do pato branco<br />
e o branco pato deu seu prato de prata<br />
em troca do preto prato do pato preto.<br />
E fi cou tudo como era antes.<br />
30
Bibliografi a<br />
Alexandre Azevedo. Poeminhas animais.<br />
São Paulo: Atual, 2008.<br />
Amir Piedade. Folcloriando.<br />
São Paulo: Ed. Elementar, 2004.<br />
Bia Bedran. CD Bia canta e conta 2.<br />
Rio de Janeiro: Rob Digital, 2001.<br />
César Obeid. Minhas rimas de cordel.<br />
São Paulo: Moderna, 2005.<br />
Daniel Munduruku. Coisas de índio.<br />
São Paulo: Callis, 2006.<br />
Maurício Veneza. Embola, enrola e rola.<br />
São Paulo: Atual, 2003.<br />
Rogério Andrade Barbosa.<br />
Lendas e fábulas dos bichos de nossa América.<br />
São Paulo: Melhoramentos, 2003.<br />
32
Esta seleção<br />
de textos foi pensada para<br />
acompanhá-lo ao longo do <strong>ano</strong>.<br />
São histórias, fábulas, poesias, adivinhas,<br />
contos, lendas — estilos diversos de texto, escritos<br />
por autores diferentes, que vieram de lugares<br />
diferentes. Todos os textos estão acompanhados<br />
de lindas ilustrações, que você também<br />
vai poder apreciar.<br />
Este Meu Livro de Histórias é seu, para uma<br />
leitura prazerosa pessoal ou para que alguém<br />
leia alguma das histórias para você.<br />
Deixe que esses autores e suas histórias<br />
encantadoras façam parte de sua vida<br />
e imaginação.