18.04.2013 Views

Unidade I - Ministério da Educação

Unidade I - Ministério da Educação

Unidade I - Ministério da Educação

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

seus escravos, que se destinaram ao seu sustento, depois <strong>da</strong><br />

alforria. Ora, to<strong>da</strong> essa riqueza, que permitia a manutenção e<br />

a multiplicação dos colégios, era fruto do trabalho dos coadjutores,<br />

os nossos primeiros funcionários de escolas. Mas não<br />

nos esqueçamos. Todo esse trabalho, to<strong>da</strong> essa quali<strong>da</strong>de,<br />

destinava-se a menos de 5% <strong>da</strong> população do Brasil. Isso explica<br />

por que praticamente ninguém protestou contra a expulsão<br />

de padres e irmãos.<br />

Em março de 2005, fui visitar o que restou <strong>da</strong> Fazen<strong>da</strong> Santa<br />

Cruz: o antigo prédio <strong>da</strong> sede é hoje a Escola Municipal<br />

Princesa Isabel; e os cem mil alqueires de terra, que iam do<br />

Oceano Atlântico ao Vale do Paraíba, foram retalhados por<br />

fazendeiros e posseiros urbanos de quinze municípios fluminenses.<br />

Pena que 60% de seus habitantes não conseguiram<br />

até hoje completar o Ensino<br />

Fun<strong>da</strong>mental...<br />

Para substituir os colégios<br />

e as escolas dos jesuítas,<br />

o rei Dom José e seu<br />

primeiro-ministro, o Marquês<br />

de Pombal, instituíram<br />

as “aulas régias”. Qualquer<br />

pessoa alfabetiza<strong>da</strong> ou que<br />

dominasse a gramática e a<br />

aritmética se apresentava<br />

ao presidente <strong>da</strong> Câmara<br />

para “<strong>da</strong>r aulas”. Obti<strong>da</strong> a<br />

autorização de Lisboa, o<br />

professor reunia os poucos<br />

alunos que se dispusessem a aprender numa sala de sua casa,<br />

numa sacristia ou num cômodo de alguma repartição pública.<br />

Dava suas aulas, pelas quais recebia um parco salário <strong>da</strong> Câmara<br />

Municipal, a qual, para isso, recolhia dos açougueiros e<br />

dos fabricantes de vinho e cachaça um tributo chamado “subsídio<br />

literário”.<br />

A educação praticamente ficava por conta de uma só pessoa:<br />

o professor. Quando muito, ele era auxiliado por um escravo<br />

ou escrava, que se incumbia de limpar a sala, oferecer<br />

água aos alunos, dispor uma bacia e toalha para o asseio do<br />

professor. Os registros escolares, a escrituração, a guar<strong>da</strong> e o<br />

manuseio dos livros eram tarefa do próprio professor, que ao<br />

fim do ano os entregava ao inspetor <strong>da</strong> Província, para emissão<br />

dos certificados.<br />

I M P O R T A N T E<br />

41<br />

<strong>Uni<strong>da</strong>de</strong> IV – Gênese histórica dos funcionários: religiosos coadjutores, escravos serviçais,<br />

subempregados clientelísticos e burocratas administrativos. Reconstruindo identi<strong>da</strong>des

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!