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Francisca Carla - 'A santa sem corpo' de Tianguá-CE. - anpuh

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entrevista: “... mas antes <strong>de</strong> a igreja oficializar cultos populares, ela precisa primeiro do<br />

reconhecimento público...” Como já foi citado acima, esse reconhecimento <strong>de</strong> que fala o<br />

religioso é o popular mesmo, primeiro é necessário haver uma santificação popular,<br />

on<strong>de</strong> as pessoas reconhecem que aquela pessoa é <strong>santa</strong>, e segundo o padre a igreja ao<br />

tomar consciência <strong>de</strong> um culto popular iria ao encontro da comunida<strong>de</strong> para investigar<br />

tais fatos, e levá-los à Roma, <strong>de</strong>pois retornando com a resposta para a população se<br />

aquela pessoa é “digna ou não dos altares. ”<br />

Na análise <strong>de</strong> Andra<strong>de</strong>, teremos uma discussão sobre as três raízes fundamentais do<br />

catolicismo popular são elas:<br />

A primeira seria advinda <strong>de</strong> sua herança <strong>de</strong> crenças que chamaremos<br />

arcaicas, pois remontam aos sistemas <strong>de</strong> crenças dos indígenas e dos<br />

africanos num sincretismo com o catolicismo europeu; A segunda, é <strong>de</strong>finida<br />

como religiosida<strong>de</strong> ontocrática baseia-se no recurso a intermediários mais<br />

próximos e sensíveis, para estabelecer um contato com o sobrenatural ou o<br />

divino, po<strong>de</strong>ndo ser personificados ou simbólicos. Os primeiros sendo os<br />

santos e as almas e os segundos, imagens, fitas, medalhas, bentinhos,<br />

rosários, patuás, etc.; A terceira característica, seria resultante da ausência<br />

ou presença irregular do padre, <strong>de</strong> modo que as práticas constantes da<br />

religiosida<strong>de</strong> popular prescindiam do mesmo. Este sendo substituído pelos<br />

leigos, que se especializaram nas rezas, seja nas ladainhas e terços rezados<br />

diariamente, seja nas benzeções <strong>de</strong> imagens e medalhas, como também <strong>de</strong><br />

pessoas e medalhas para livra-los <strong>de</strong> doenças ou protege-los <strong>de</strong> males como<br />

o mau-olhado. ( ANDRADE, 2002: 154)<br />

Observamos, portanto, quantas foram as influências que o povo teve para praticar o<br />

catolicismo popular, várias são as vertentes que po<strong>de</strong>mos analisar, nós preferimos<br />

<strong>de</strong>stacar aqui a questão do apego aos santos, pois estes já foram humanos como nós<br />

somos, sentiram na pele todos os sofrimentos que nós sentimos, e se analisarmos a<br />

história <strong>de</strong> todos os santos, como foi ressaltado no segundo capítulo <strong>de</strong>ste trabalho, tem<br />

sofrimento envolvido, e muita resiliência em aceitar tal sofrimento, como ressalta<br />

Augras:<br />

...Por isso, necessitamos <strong>de</strong>les como mo<strong>de</strong>los <strong>de</strong> comportamento.<br />

Viveram exemplarmente: na <strong>de</strong>finição do santo, está incluída a<br />

dimensão do exemplo. Daí a importância do relato <strong>de</strong> sua vida. É<br />

preciso conhecer todos os <strong>de</strong>talhes <strong>de</strong> sua trajetória para po<strong>de</strong>r nela se<br />

inspirar. ( AUGRAS, 2002:280)<br />

É a questão do exemplo que o santo nos dá, que mais marca o povo sofrido, nós somos<br />

seres humanos fracos, suscetíveis ao pecado diariamente, temos a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> nos<br />

apegarmos às forças do além para conseguirmos superar as dificulda<strong>de</strong>s, e na<br />

religiosida<strong>de</strong> popular a instância superior que está mais próxima dos homens seriam os

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