Francisca Carla - 'A santa sem corpo' de Tianguá-CE. - anpuh
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satisfação das necessida<strong>de</strong>s pessoais do fiel através do <strong>de</strong>vocionário aos santos, sejam<br />
eles oficiais ou populares, tento trazer à luz nesse artigo a inter-relação entre esse<br />
catolicismo popular ou “religião do povo” como ressaltam Maciel e Magalhães 2 , que<br />
tratam a religiosida<strong>de</strong> popular como a expressão da religiosida<strong>de</strong> do povo na construção<br />
<strong>de</strong> uma fé in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte <strong>de</strong> regras e dogmas e o catolicismo oficial, ou ‘catolicismo<br />
patriarcal” como alu<strong>de</strong> Hoonaert 3 em sua obra que trata sobre o catolicismo oficial e<br />
seus preceitos, sendo uma religiosida<strong>de</strong> imbuída <strong>de</strong> normas a serem cumpridas pelos<br />
seus fiéis, afirmação esta que vai <strong>de</strong> encontro à expressão <strong>de</strong> fé do povo que não se<br />
apega à normas, mas sim ao que seu coração pe<strong>de</strong>.<br />
Posso portanto, afirmar que os termos, religião, religiosida<strong>de</strong> e cultura estão<br />
interligados, sendo a cultura o elo <strong>de</strong> ligação e <strong>de</strong> afirmação dos outros dois, pois a<br />
religiosida<strong>de</strong> se afirma no território cultural e a religião oficial, sendo este “religare” 4 ,<br />
tem a função <strong>de</strong> ligar o povo ao sobrenatural, ficando no entremeio entre cultura e<br />
religiosida<strong>de</strong>, fazendo uma ponte, adaptando-se com o passar do tempo.<br />
2. Religião e religiosida<strong>de</strong> na cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> <strong>Tianguá</strong> – <strong>CE</strong> no período romanizador.<br />
A cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> <strong>Tianguá</strong> localizada na região Norte do Estado do Ceará, dista 325 km da<br />
capital Fortaleza, é palco <strong>de</strong> um embate entre religiosida<strong>de</strong> popular e religiosida<strong>de</strong><br />
oficial, e falar <strong>de</strong> religiosida<strong>de</strong> popular é <strong>sem</strong>pre um <strong>de</strong>safio, pois é um terreno muito<br />
amplo para ser discutido, daí ser mais instigante ainda trabalhar com tal campo <strong>de</strong><br />
pesquisa, pois <strong>sem</strong>pre nos <strong>de</strong>paramos com um novo fato, com uma nova história <strong>de</strong><br />
contos maravilhosos, que envolvem muita fé e uma dose <strong>de</strong> imaginação do nosso povo,<br />
nunca se enquadrando em padrões estereotipados por <strong>de</strong>terminado grupo <strong>de</strong> pessoas ou<br />
instituição, como é o caso da religião enquanto meio oficial <strong>de</strong> manifestação <strong>de</strong> uma<br />
crença; há todo um conjunto <strong>de</strong> regras a serem seguidas, um mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> fé a ser<br />
vivenciada pelos seus a<strong>de</strong>ptos, são conceitos diferentes que abarcam um mesmo<br />
sentimento.<br />
2<br />
Ver mais <strong>de</strong>talhes em MACIEL, Vilma e MAGALHÃES, Celma. Nor<strong>de</strong>ste Místico. Império da fé. UFC.<br />
Casa <strong>de</strong> José <strong>de</strong> Alencar. Programa editorial,1999. As autoras trabalham a questão da religiosida<strong>de</strong><br />
popular no Nor<strong>de</strong>ste e colocam essa nomenclatura <strong>de</strong> religião do povo da qual me aproprio neste<br />
trabalho, para fazer referência aos cultos populares.<br />
3<br />
O autor vem fazer um contraponto com a i<strong>de</strong>ia das autoras MACIEL e MAGALHÃES, abordando a<br />
questão da religiosida<strong>de</strong> oficial e seus preceitos. Ver mais <strong>de</strong>talhes na obra: HOORNAERT, Eduardo.<br />
Formação do catolicismo Brasileiro.1550-1800. 3ª ed. Petrópolis:Editora Vozes,1991.<br />
4<br />
Religare é um termo <strong>de</strong>rivado do latim que significa “religar”, daí vem a palavra religião que que<br />
traduzindo ao pé da letra , significa “religar”.