Francisca Carla - 'A santa sem corpo' de Tianguá-CE. - anpuh
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sido feita por uma senhora <strong>de</strong> Frecheirinha que disse ter alcançado uma graça com<br />
<strong>Francisca</strong> ainda em vida, também já citada neste trabalho na entrevista do Sr. Silvério ao<br />
Jornal.<br />
A vida <strong>de</strong> <strong>Francisca</strong> durante os cinco anos <strong>de</strong> abandono na mata, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o ano <strong>de</strong> 1948<br />
até o dia 21 <strong>de</strong> Abril <strong>de</strong> 1953, tendo neste ano <strong>de</strong> 2009 completado 56 anos <strong>de</strong> sua<br />
morte, foi muito difícil como já vimos nos relatos aqui <strong>de</strong>stacados, o medo e a solidão<br />
foram seus únicos companheiros durante sua estada nas cabanas em que vivera em meio<br />
à mata do Sitio Olho D’água.<br />
Segundo um <strong>de</strong>poimento constante no livro <strong>de</strong> Bezerra:<br />
Segundo este <strong>de</strong>poimento da Sra. Maria do Socorro dos Santos, 75 anos e<br />
integrante da família <strong>de</strong> um grupo musical, ela filha <strong>de</strong> seu Neco Bastião,<br />
e acompanhando-os em que vinham todos animados comentando a festa,<br />
logo em seguida, se prontificaram para executarem a música pedida. E<br />
no momento em que iam pela meta<strong>de</strong> da interpretação <strong>de</strong>sses acor<strong>de</strong>s<br />
melodiosos, <strong>Francisca</strong> que estava sentada diante da porta, começou a<br />
chorar copiosamente! Nesse instante o grupo musical foi tomado pelo<br />
impacto <strong>de</strong> uma forte emoção, em que todos parando o instrumental<br />
choraram ao mesmo tempo. ( BEZERRA, 2007: 105)<br />
Po<strong>de</strong>-se perceber com esse <strong>de</strong>poimento que <strong>Francisca</strong> guardava uma imensa tristeza em<br />
seu coração, mas segurava com gran<strong>de</strong> resistência, porém, em um raro momento que<br />
<strong>de</strong>monstrou fraqueza e aflição, chora copiosamente frente a um grupo que toca uma<br />
valsa que ela pedira ao ouvir passar aquele barulho <strong>de</strong> pessoas do lado <strong>de</strong> fora <strong>de</strong> sua<br />
barraca, assim como também pedia a outros passantes um feixe <strong>de</strong> lenha, ou qualquer<br />
outra coisa <strong>de</strong> que estivesse precisando.<br />
Po<strong>de</strong>mos compreen<strong>de</strong>r <strong>de</strong>sta citação, portanto, que <strong>Francisca</strong> mesmo sendo a mulher<br />
forte que fora, sofrendo com resiliência os pavores da solidão e o medo das madrugadas<br />
sombrias da mata do chapadão Ibiapabano, também teve seus momentos <strong>de</strong> fraqueza<br />
que são inerentes ao ser humano.<br />
Passou os últimos anos <strong>de</strong> sua vida lá abandonada, recebendo o auxílio mínimo <strong>de</strong><br />
algumas almas caridosas, que se compa<strong>de</strong>ciam da sua situação, a ajuda vinha <strong>de</strong> forma<br />
material, ou espiritual, com orações ou até mesmo os mais corajosos que se arriscavam<br />
a conversar com a mesma a distância quando passavam pela estrada.<br />
O ano <strong>de</strong> 1953 marcou o fim da passagem <strong>de</strong> <strong>Francisca</strong> pela sua vida terrena, foi<br />
enterrada ali mesmo no local <strong>de</strong> sua última cabaninha, algumas pessoas da comunida<strong>de</strong><br />
mesmo, como o próprio Sr. Silvério, dono da proprieda<strong>de</strong> on<strong>de</strong> ela vivia, uma senhora<br />
chamada Antonia Xavier, e outros resi<strong>de</strong>ntes no sítio Dona Alba, Seu Bené e outras