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VJ OUT 2010.p65 - Visão Judaica

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2<br />

editorial<br />

VISÃO JUDAICA • outubro de 2010 Tishrei / Chesvan 5771<br />

Publicação mensal independente da<br />

EMPRESA JORNALÍSTICA VISÃO<br />

JUDAICA LTDA.<br />

Redação, Administração e Publicidade<br />

visaojudaica@visaojudaica.com.br<br />

Curitiba • PR • Brasil<br />

Fone/fax: 55 41 3018-8018<br />

Dir. de Operações e Marketing<br />

SHEILLA FIGLARZ<br />

Dir. Administrativa e Financeira<br />

HANA KLEINER<br />

Diretor de Redação<br />

SZYJA B. LORBER<br />

Publicidade<br />

DEBORAH FIGLARZ<br />

Arte e Diagramação<br />

SONIA OLESKOVICZ<br />

Webmaster<br />

RAFFAEL FIGLARZ<br />

Colaboram nesta edição:<br />

Ataques palestinos ameaçam conversações de paz<br />

ísseis e morteiros voltaram<br />

a cair no sul de Israel na<br />

quarta-feira 15/9, quando<br />

os negociadores israelenses<br />

e palestinos se reuniram<br />

em Jerusalém para a segunda<br />

rodada de conversações de paz em<br />

setembro. Os terroristas de Gaza lançaram<br />

desde o ano novo judaico pelo<br />

menos duas dezenas de projéteis,<br />

dois dos quais atingiram Ashkelon,<br />

uma cidade costeira de Israel, com<br />

uma população de aproximadamente<br />

110.000 habitantes. Felizmente, não<br />

houve relatos de feridos.<br />

Em resposta, as Forças de Defesa<br />

de Israel alvejaram túneis que correm<br />

sob a fronteira de Gaza com o Egito.<br />

As organizaçõesterroristasmantidas<br />

pelo<br />

Irã usam as<br />

passagens<br />

Aristide Brodeschi, Art Benveniste, Ben<br />

Hartman, Boaz Ganor, Breno Lerner,<br />

Brigitte Gabriel, David Mandel , Dori<br />

Lustron, Dov Preminger, George F. Will,<br />

Heitor De Paola, Jane Bichmacher de<br />

Glasman, Khaled Abu Toameh, Marli<br />

Gonçalves, Rafael L. Bardají, Sérgio Alberto<br />

Feldman e Yossi Groisseoign.<br />

<strong>Visão</strong> <strong>Judaica</strong> não tem responsabilidade sobre<br />

o conteúdo dos artigos, notas, opiniões ou comentários<br />

publicados, sejam de terceiros (mencionando a fonte) ou<br />

próprios e assinados pelos autores. O fato de publicá-los<br />

não indica que o <strong>VJ</strong> esteja de acordo com alguns<br />

dos conceitos ou dos temas.<br />

Contém termos sagrados, por isso trate<br />

com respeito esta publicação.<br />

www.visaojudaica.com.br<br />

Este jornal é um veículo independente<br />

da Comunidade Israelita do Paraná<br />

Datas importantes<br />

22 de setembro<br />

23 de setembro<br />

24 de setembro<br />

25 de setembro<br />

26 de setembro<br />

27/28 de setembro<br />

29 de setembro<br />

30 de setembro<br />

para contrabandear armas e explosivos<br />

para dentro e fora do enclave litorâneo<br />

palestino. Nenhum dos grupos<br />

reivindicou a responsabilidade<br />

dos ataques, mas o Hamas, que controla<br />

Gaza e é o “queridinho” do Irã,<br />

anunciara que realizou dois ataques<br />

terroristas na véspera da abertura das<br />

conversações, dia 2/9 nos EUA. Os<br />

atentados resultaram em 4 mortes e<br />

ferimentos graves em outros dois.<br />

Grande parte do financiamento<br />

para atividades do Hamas emana do<br />

Irã, que também injeta dinheiro nos<br />

cofres do Hezbolá, enquistado no sul<br />

do Líbano. De 1993 a 2006, o apoio<br />

financeiro do Irã, ao Hamas, foi estimado<br />

em US$ 30 milhões por ano.<br />

Tem aumentado a várias centenas de<br />

milhões, anualmente, desde então.<br />

O Irã patrocina o Hezbolá com armas,<br />

financiamento, orientação, informação,<br />

e dando-lhe mais de US$<br />

200 milhões todos os anos, além de<br />

ACENDIMENTO DAS<br />

VELAS EM CURITIBA<br />

SETEMBRO / <strong>OUT</strong>UBRO<br />

SHABAT, SUCOT, SHEMINI<br />

ATZÊRET, SIMCHAT TORÁ<br />

DATA HORA<br />

22 / 8<br />

23 / 9<br />

24 / 9<br />

29 / 9<br />

30 / 9<br />

1 / 10<br />

8 / 10<br />

1º de outubro<br />

2 de outubro<br />

7 de outubro<br />

9 de outubro<br />

17h55<br />

18h47<br />

17h55<br />

17h57<br />

18h50<br />

17h58<br />

17h59<br />

Véspera de Sucot<br />

1º dia de Sucot<br />

Chol Hamoed 1<br />

Nossa capa<br />

aproximadamente US$ 300 milhões<br />

após a guerra defensiva de Israel contra<br />

o Hezbolá em 2006.<br />

O disparo de mísseis da Faixa de<br />

Gaza ocorreu quando a secretária de<br />

Estado dos EUA Hillary Clinton foi presidir<br />

as negociações entre o primeiro-ministro<br />

israelense Benjamin Netanyahu<br />

e Autoridade Palestina do<br />

presidente Mahmoud Abbas. Clinton<br />

disse que estava “bem consciente dos<br />

obstáculos que se interpõem no caminho<br />

da paz”, mas acrescentou que<br />

ela está convencida que “este é o<br />

momento e estes são os líderes”.<br />

As conversações de paz não estão<br />

só ameaçadas pelo mísseis e os<br />

atentados terroristas palestinos, que<br />

ressurgem sempre nessas ocasiões de<br />

forma cada vez mais violenta. Há também<br />

obstáculos a serem vencidos. O<br />

presidente da AP, Mahmoud Abbas<br />

exige uma moratória nas construções<br />

na Margem Ocidental, cujo prazo se<br />

A capa reproduz a obra de arte cujo título é: “Simchat<br />

Torá”, pintado com a técnica aquarela e dimensões<br />

de 45x35cm, criação de Aristide Brodeschi. O autor<br />

nasceu em Bucareste, Romênia, é arquiteto e artista<br />

plástico, e vive em Curitiba desde 1978. Já desenvolveu<br />

trabalhos em várias técnicas, dentre elas pintura,<br />

gravura e tapeçaria. Recebeu premiações por seus<br />

trabalhos no Brasil e nos EUA. Suas obras estão espalhadas<br />

por vários países e tem no judaísmo, uma das<br />

principais fontes de inspiração. É o autor das capas<br />

do jornal <strong>Visão</strong> <strong>Judaica</strong>. (Para conhecer mais sobre<br />

ele, visite o site www.brodeschi.com.br).<br />

Chol Hamoed 2 / Shabat<br />

Chol Hamoed 3<br />

Chol Hamoed 4 e 5<br />

Hoshaná Rabá<br />

Shemini Atzêret<br />

Simchat Torá<br />

Shabat Mevarechi / Bereshit<br />

Iom Kipur Katan<br />

Shabat / Noach<br />

Humor Judaico<br />

encerra no dia 26/9. Já o primeiro-ministro<br />

Binyamin Netanyahu quer que<br />

os palestinos reconheçam Israel<br />

como um Estado judeu. Pesquisas de<br />

opinião entre a população, realizadas<br />

pela mídia, mostram que os israelenses<br />

estão céticos em relação ao bom<br />

termo das negociações de paz. Da<br />

mesma forma, a maioria dos analistas<br />

de Israel também não crê no sucesso<br />

das conversações. Até o primeiro-ministro<br />

Netanyahu disse que<br />

não existem garantias de êxito. A despeito<br />

de tudo isso, deixamos mais vez<br />

aqui o desejo do jornal <strong>Visão</strong> <strong>Judaica</strong><br />

de que a paz seja finalmente alcançada<br />

entre Israel, os palestinos e os<br />

países árabes, trazendo ao Oriente<br />

Médio uma nova era de progresso<br />

material, avanços tecnológicos, crescimento<br />

cultural e um relacionamento<br />

entre as nações baseado em sólidos<br />

princípios democráticos entre os<br />

povos realmente interessados em conviver,<br />

pacificamente, lado a lado.<br />

O freguês entrou na alfaiataria do Shloime:<br />

— Quanto é o feitio do terno?<br />

— Dois mil dólares - respondeu o alfaiate.<br />

— Dois mil? — falou o indignado freguês.<br />

— Mas isto é um roubo.<br />

— Mas eu levei sete dias para fazer o seu terno.<br />

— Ora, mas em sete dias, D-us fez o mundo.<br />

— É, mas não sob medida!<br />

A Redação<br />

Leia e Assine o<br />

<strong>Visão</strong> <strong>Judaica</strong><br />

Fone / fax: (41) 3018 8018<br />

www.visaojudaica.com.br<br />

email: visaojudaica@visaojudaica.com.br


Sérgio Alberto Feldman *<br />

omo manter um Judaísmo<br />

tradicional e<br />

viver no mundo contemporâneo?<br />

Este é<br />

talvez o dilema que se<br />

abate sobre a maior parte<br />

dos judeus que conheço. Não tenho<br />

receitas mágicas. Há muitos aspectos<br />

que nos instigam à reflexão e<br />

à polêmica. A meu ver, a condição<br />

feminina é o tema mais difícil de ser<br />

equacionado e definido. Não trago<br />

a verdade e tampouco a solução<br />

para este tema, pois há divergências<br />

e muitas receitas prontas quando<br />

se fala da participação das mulheres<br />

na religião.<br />

Alguns concebem uma posição rígida<br />

e excludente. O papel das mulheres<br />

é restrito as cerimônias do lar<br />

e no espaço público, ou seja, na sinagoga<br />

devem ficar num espaço restrito,<br />

semi-reclusas por detrás de uma<br />

cortina ou cercado. Este conceito tem<br />

origem numa interpretação digna de<br />

análise e crítica.<br />

A pergunta seria: Por que se excluem<br />

as mulheres do assim denominado<br />

espaço público? Por que o papel<br />

da mulher nos serviços religiosos<br />

é tão “discreto”, restrito e cerceia a<br />

espiritualidade das mães e das filhas<br />

tornando-as coadjuvantes no estudo<br />

da Torá, na leitura pública da mesma<br />

e nas orações e leituras? Às mulheres<br />

fica impedido ler na Torá, subir<br />

à Bimá (espaço elevado de onde<br />

se proferem as leituras da Lei de<br />

Moisés, as orações públicas e as prédicas<br />

são dirigidas ao público presente).<br />

Por quê?<br />

Algumas respostas que ouvi, e<br />

sigo ouvindo, é que as mulheres devem<br />

ser “modestas” (conceito de<br />

tzniut) e não se expor publicamente<br />

num espaço lado a lado com os homens.<br />

Ou se diz que esta não é uma<br />

“função” ou obrigação feminina. Esta<br />

concepção acredita que cabe às mulheres<br />

gerar e criar a prole familiar,<br />

administrar o lar e educar no âmbito<br />

da família e da casa, seus filhos. Tudo<br />

restrito ao espaço privado e fora do<br />

espaço público.<br />

Estes últimos conceitos foram desenvolvidos<br />

para entender como este<br />

processo de supressão, marginalização<br />

e cerceamento dos papéis ativos<br />

da mulher na sociedade foram desenvolvidos<br />

no intuito de controlar a mulher<br />

nas sociedades tradicionais.<br />

Vejamos exemplos fora do Judaísmo.<br />

Na Grécia antiga as mulheres atenienses<br />

foram relegadas a uma condição<br />

de inferioridade e exclusão do<br />

espaço público da polis. Criaram-se<br />

nas casas um espaço separado para<br />

VISÃO JUDAICA outubro de 2010 Tishrei / Chesvan 5771<br />

A condição feminina no Judaísmo:<br />

divergências e polêmicas<br />

a mulher: o gineceu. Nele, a mulher<br />

mandava e controlava. Contudo, não<br />

saia para a rua, para a praça (ágora)<br />

e nem participava das discussões<br />

políticas, dos debates sobre filosofia<br />

e tampouco frequentava os ginásios<br />

para a prática de esportes. Aristóteles<br />

considerava a mulher um ser sem<br />

alma, vazio e incapaz de praticar a<br />

política, aprender e debater a filosofia<br />

e se tornar um ser pensante. Eram<br />

seres limitados na inteligência e restritos<br />

ao espaço privado.<br />

O contato dos gregos gerou, a um<br />

só tempo, oposições e influências bilaterais.<br />

Uma das influências do Judaísmo<br />

foi a tradução da Torá ao grego,<br />

a assim denominada Septuaginta.<br />

Esta versão grega da Torá gerou<br />

interesse enorme sobre o Judaísmo<br />

que ajudaria adiante a consolidação<br />

de uma nova religião: o Cristianismo.<br />

O sentido inverso se deu com a inserção<br />

no Judaísmo de costumes gregos<br />

e uma visão negativa da mulher.<br />

Uma compreensão que difere do Judaísmo<br />

clássico que sempre respeitou<br />

a mulher e a colocou num status<br />

digno e participativo.<br />

As mulheres no mundo bíblico<br />

participavam dos debates públicos.<br />

Débora foi juíza e profetisa. Miriam,<br />

a irmã de Moisés e Aarão, era a líder<br />

de um grupo de mulheres que entre<br />

outras atitudes e ações, saíram a cantar<br />

no meio do povo, imediatamente<br />

após a passagem do Mar Vermelho<br />

(Iam Suf), um cântico de louvor.<br />

Mulheres cantavam e rezavam<br />

nos cultos do Primeiro Templo. Sara<br />

polemiza com o Patriarca Abraão e<br />

exige que a escrava egípcia seja ejetada<br />

do núcleo familiar, para evitar<br />

que um dia o pequeno Isaac fosse vitimado,<br />

quando os idosos Sara e<br />

Abraão se fossem. D-us deu razão a<br />

Sara e fez Abraão acatar sua opinião.<br />

O saber e a sensibilidade femininos<br />

prevaleceram na benção de Jacob<br />

como primogênito por ação de Rebeca,<br />

mesmo agindo de maneira que<br />

enganava o Patriarca Isaac. Rebeca<br />

seria punida por D-us, mas Jacob permaneceu<br />

como o terceiro Patriarca.<br />

A presença e participação das<br />

mulheres eram intensas na sociedade<br />

bíblica e só se alteram após o encontro<br />

dos judeus com o helenismo.<br />

Não é inerente ao Judaísmo, reclusão<br />

e a seclusão (isolamento e separação)<br />

das mulheres.<br />

Isso combina com o Islã tradicional.<br />

Todos nós ficamos exaltados com<br />

a maneira que o Islã tradicional trata<br />

a mulher. Há uma aguda reclusão e<br />

seclusão. Sou crítico da misoginia<br />

muçulmana e uso deste argumento<br />

em debates, e não poderia concordar<br />

com a seclusão da mulher judia. O<br />

Judaísmo clássico não obstaculizava<br />

a presença das mulheres nos cultos<br />

e no estudo da Torá.<br />

Quais seriam as razões possíveis,<br />

além da influência helenística? O que<br />

motivou esta aproximação do Judaísmo<br />

com conceitos misóginos (que<br />

supõem uma condição de inferioridade<br />

feminina ou até, às vezes, de malignidade)<br />

de origem grega?<br />

Não há consenso e tampouco certeza.<br />

Uma reflexão é a questão das<br />

obrigações do homem judeu e do<br />

conceito de desobrigação que acompanha<br />

a mulher, pois há mitzvot que<br />

ela não poderia cumprir por ter certas<br />

funções como a maternidade.<br />

Disso falaremos numa outra ocasião.<br />

É uma vertente haláchica. Daria um<br />

novo artigo.<br />

Outra das hipóteses seria a questão<br />

de pureza ritual. O Judaísmo talmúdico<br />

era e segue sendo muito rígido<br />

e atado por regras de pureza ritual.<br />

Na concepção antiga do Judaísmo,<br />

o sangue era definido como a vida.<br />

Alguém ferido e sangrando deve ter o<br />

sangramento contido, pois ao contrário,<br />

a vida se esvai com o sangue. A<br />

equação passa a ser: sangue = vida.<br />

Por isso na Kashrut o sangue deve ser<br />

escorrido, a carne deve ser salgada e<br />

lavada até ficar sem sangue. Na hora<br />

de se alimentar a carne não pode estar<br />

crua. Não se consome a vida.<br />

Assim sendo, a menstruação é a<br />

situação em que através do sangue<br />

(significando vida) se esvai uma vida<br />

(pois o óvulo não foi fecundado). Neste<br />

período a Torá proíbe relações carnais<br />

entre cônjuges legalmente unidos.<br />

O casal sequer pode ou deve<br />

estar junto, seja dormir junto ou se<br />

tocar. A mikve (banho ritual) purifica<br />

a mulher e permite ao casal se reencontrar<br />

e até manter relações carnais<br />

legítimas. O Judaísmo nunca manteve<br />

uma relação de negação ou de crítica<br />

às relações conjugais. O casal é<br />

abençoado e a relação sexual entre<br />

cônjuges é sempre vista como algo<br />

positivo, digno e puro. Somente é proibida<br />

se a mulher (ou o homem também,<br />

em certos casos) estiver impura.<br />

Pureza é algo sagrado. Porém,<br />

como saber se uma mulher está pura?<br />

O receio dos rabinos medievais era<br />

que não estando pura uma mulher<br />

contaminasse, outras pessoas, o espaço<br />

público ritual e a Torá.<br />

Esta condição mudou no mundo<br />

contemporâneo. As mulheres não estão<br />

reclusas e nem se permitem viver<br />

alijadas da espiritualidade. Sua pureza<br />

é um tema que deve ser revisto.<br />

Hoje, a ciência e o saber, junto com a<br />

higiene e a limpeza permitem que<br />

uma mulher mesmo menstruada possa<br />

trabalhar, compartilhar espaços<br />

sociais e ser ativa.<br />

Uma mulher não está impura se<br />

ela estiver menstruada. Esse conceito<br />

não se adéqua às novas realidades<br />

e não pode ser motivo de seclusão.<br />

A polêmica é ampla e geral. Não<br />

se esgota num breve artigo e numa<br />

reflexão histórica breve.<br />

A Torá é espiritual e não carnal. A<br />

pureza da mulher não é alterada pelo<br />

sangue. A mulher é a mãe de uma<br />

família, a educadora e um pilar do<br />

Judaísmo. Judeu é filho de mãe judia.<br />

Em respeito às mulheres do século XXI<br />

lanço este debate e esta reflexão para<br />

que alguns me apóiem e outros me<br />

critiquem. Inserir a mulher nos serviços<br />

religiosos, na leitura da Torá é<br />

uma maneira de aumentar a espiritualidade<br />

em nossa casa, em nossa sinagoga<br />

e em nossa vida comunitária.<br />

Moisés<br />

<strong>VJ</strong> INDICA<br />

Título original: Moses<br />

FICHA TÉCNICA<br />

Direção: Roger Young<br />

Gênero: Épico<br />

Origem: EUA/Inglaterra/<br />

França/Itália/Alemanha/<br />

Espanha<br />

Duração: 180 minutos<br />

Tipo: Longa metragem colorido<br />

Ano da produção: 1995<br />

Estúdio/Distribuição: LWE<br />

Site oficial: Site Oficial: http://<br />

www.fivemileriverfilms.com/moses.html<br />

3<br />

* Sérgio Alberto<br />

Feldman é doutor<br />

em História pela<br />

UFPR e professor<br />

de História Antiga<br />

e Medieval na<br />

Universidade<br />

Federal do<br />

Espírito Santo, em<br />

Vitória. Foi diretor<br />

de Cultura<br />

<strong>Judaica</strong> da Escola<br />

Israelita Brasileira<br />

Salomão<br />

Guelmann, em<br />

Curitiba.<br />

FILME<br />

ELENCO<br />

Ben Kingsley (Moisés), Frank Langella (Memefta),<br />

Christopher Lee (Ramsés), Anna Galiena (Ptira), Enrico<br />

Lo Verso (Joshua), Maurice Roëves (Zerack), Anthony<br />

Higgins (Korah), Philippe Leroy (Tuntmin), Philip<br />

Stone (Jethro), Anton Lesser (Eliav), Anita Zagaria<br />

(Jochebed) Dudley Sutton (Sumo sacerdote), Federico<br />

Pacifici (Hur),Urbano Barberini (Nahbi) e Paolo Calabresi<br />

(Palti).<br />

SINOPSE<br />

Moisés foi um homem comum chamado por D-us para<br />

libertar seu povo, os israelitas. Sua missão foi libertálos<br />

da escravidão no Egito e levá-los para Canaã, a<br />

terra prometida. Quando os israelitas correram risco<br />

de captura pelo exército do Faraó, D-us dividiu o Mar<br />

Vermelho para que Moisés e os que o acompanhavam<br />

pudessem atravessar. Mais tarde durante a dura<br />

jornada, D-us proferiu através de Moisés, Os Dez Mandamentos,<br />

a lei divina.


4<br />

* Heitor De Paola<br />

é médico<br />

psiquiatra e<br />

psicanalista,<br />

membro da<br />

International<br />

Psycho-Analytical<br />

Association e do<br />

Board of<br />

Directors da Drug<br />

Watch<br />

International e<br />

Diretor Cultural<br />

da BRAHA,<br />

Brasileiros<br />

Humanitários em<br />

Ação, articulista e<br />

escritor, com<br />

diversos artigos<br />

publicados no<br />

Brasil e no<br />

exterior, e um<br />

livro. No passado,<br />

pertenceu a<br />

organização Ação<br />

Popular (AP) da<br />

esquerda<br />

revolucionária.<br />

VISÃO JUDAICA outubro de 2010 Tishrei / Chesvan 5771<br />

…Nem todas as guerras podem ser<br />

condenáveis no mesmo grau;<br />

enquanto existirem países e nações<br />

preparadas para a destruição sem<br />

piedade de outras, estas devem se<br />

armar para a guerra (...). Pode<br />

parecer paradoxal, mas devemos<br />

admitir que a guerra poderia ser um<br />

meio inapropriado de estabelecer a<br />

tão desejada paz ‘eterna’<br />

SIGMUND FREUD<br />

Resposta à carta de Albert Einstein ‘Por<br />

que a Guerra?’ (1932)<br />

m 1931 o Comitê Permanente<br />

para a Literatura<br />

e as Artes da Liga<br />

das Nações criou o Instituto<br />

Internacional de<br />

Co-operação Intelectual<br />

destinado a providenciar trocas<br />

de cartas entre intelectuais. Convidado,<br />

Einstein sugeriu o nome de<br />

Freud que prontamente aceitou. Em<br />

julho de 32 Einstein dirige-se a Freud<br />

com a pergunta acima, Freud responde<br />

em setembro. Tambores de guerra<br />

na Europa já tocavam forte, em dezembro<br />

haveria eleições na Alemanha,<br />

onde Einstein ainda morava, o<br />

Partido Nazista faria maioria simples<br />

Por que a paz?<br />

Heitor de Paola * no Reichstag e exigiria a posse de modo que seus objetivos supostamen- e na restrição dos impulsos instintivos’.<br />

Hitler como Chanceler. Em breve a<br />

Liga das Nações seria definitivamente<br />

enterrada e os dois missivistas teriam<br />

que emigrar.<br />

te pacíficos incluem necessariamente<br />

a repetição das mesmas ações de<br />

Hitler, completando seu serviço sujo.<br />

Dentro de Israel e em todo o Oci-<br />

O Ocidente, hoje, é refém de um<br />

multiculturalismo que nivela pelo nível<br />

dos mais baixos estratos sociais a todos<br />

os povos, cultos ou incultos; a to-<br />

Por um preço exorbitante, inaceidente quem fala em defesa da Paz das as crenças; a todas manifestações<br />

tável por qualquer critério, os judeus promove a guerra. Seja o Paz Agora, populares a ponto de ser aceito que<br />

aprenderam que dispersos, se tornam seja os movimentos que tomam as mulheres ainda sejam apedrejadas por<br />

fracos; juntos, vivendo em suas ter- ruas do Ocidente apenas aguçam o adultério em países muçulmanos e reras<br />

ancestrais podem se tornar for- apetite dos povos sequiosos de guercém-nascidos com defeitos físicos setes<br />

desde que fortemente armados ra, conquista e destruição. É ainda jam enterrados vivos pelos índios da<br />

para a guerra, pois estão cercados por Freud que diz na mesma carta ‘não Amazônia, em nome da “diversidade<br />

países e nações preparadas para a sua tem sentido tentar eliminar as ten- cultural” baseada no desvirtuamento da<br />

destruição sem piedade.<br />

dências agressivas do homem. Ouvi- palavra cultura como alto conceito de<br />

No entanto, as palavras guerra e<br />

paz não são fáceis de distinguir, pois<br />

frequentemente as elites falam em<br />

paz significando guerra, e guerra significando<br />

paz, como Stalin pagando a<br />

Picasso para criar um símbolo da Paz<br />

em forma de uma pomba enquanto<br />

dirigia um dos regimes mais violentos<br />

do mundo e que invadia toda a<br />

porção da Europa permitida pelos covardes<br />

acordos de Yalta, Teerã e Potsdam.<br />

Nos dois primeiros Roosevelt<br />

mostrara toda sua subserviência ao<br />

Uncle Joe e seus projetos expansionistas.<br />

Não é à toa que a ONU ainda<br />

utilize o mesmo símbolo enquanto<br />

mos falar que em certas felizes regiões<br />

da Terra, aonde a natureza provê<br />

em abundância tudo que o homem<br />

precisa, existem raças cuja vida se<br />

passa tranquilamente e desconhecem<br />

tanto a coerção como a agressão. Eu<br />

mal posso acreditar nisto e ficaria<br />

muito contente de conhecer mais destes<br />

seres afortunados’.<br />

Mais adiante Freud diz algo que<br />

hoje seria controverso, por politicamente<br />

incorretíssimo: ‘... povos incultos<br />

e estratos atrasados da população<br />

já se multiplicam mais rapidamente<br />

dos que os muito cultos’ o que dificultaria<br />

o avanço do processo civilizató-<br />

valor. Contrariando as previsões freudianas,<br />

são exatamente os intelectuais<br />

ocidentais, judeus inclusive, que covardemente<br />

se submetem e se rebaixam<br />

aos níveis mais mesquinhos da condição<br />

humana para oferecer uma paz covarde,<br />

trêmula e trôpega que só estimula<br />

a guerra, concedendo de forma<br />

abjeta uma superioridade “cultural” a<br />

estes povos incultos sob domínio instintivo<br />

e deixando-se julgar por eles, por<br />

seus padrões primitivos de pensamento<br />

e conduta e sentindo-se culpados por<br />

possuírem padrões mais elevados. Esta<br />

é a única paz que, sentindo-se superiores,<br />

eles nos permitem: a paz da sub-<br />

admite em seu seio uma maioria de rio, que consiste ‘num progresso desmissão e dos cemitérios. É por este ca-<br />

regimes extremamente violentos, enlocamento das finalidades instintivas minho que o Islã vai conquistando a<br />

tre eles todos os que agem de tal (para áreas mais racionais da mente) Europa e o Mundo.<br />

Síria: Repressão marca os dez anos de Al-Assad no poder<br />

Direitos violados, ativistas presos, imprensa sob censura e curdos abandonados<br />

O presidente Bashar Al-Assad descumpriu<br />

as promessas de aumentar o<br />

grau de liberdade política e de se adequar<br />

a uma política de direitos humanos,<br />

mesmo depois de dez anos à frente da<br />

Síria. É o que denuncia a ONG Human<br />

Rights Watch, em um informa publicado<br />

no dia 16 de julho, aniversário da chegada<br />

de Al-Assad ao poder.<br />

O informe tem 35 páginas e se chama<br />

“Uma década desperdiçada: Os direitos<br />

humanos na Síria durante os 10<br />

primeiros anos no<br />

poder de Bashar Al-<br />

Assad. Nele, o histórico<br />

do governo<br />

sírio é analisado<br />

sob cinco aspectos:<br />

repressão ao ativismo<br />

político, restri-<br />

Bashar Al-Assad,<br />

presidente da Síria<br />

ções à Liberdade de<br />

Expressão, tortura,<br />

maus-tratos à mi-<br />

noria curda e as deportações forçadas<br />

de cidadãos sírios. E o veredito do estudo<br />

é sombrio.<br />

“Seja porque Al-Assad queria ser um<br />

reformador, mas foi impedido pela ‘velha<br />

guarda’ entrincheirada no poder, ou<br />

porque ele é apenas mais um governante<br />

árabe que sabe ouvir críticas, o resul-<br />

tado para o povo sírio é o mesmo: sem<br />

liberdade, sem direitos fundamentais”,<br />

explica Sarah Leah Whitson, diretora<br />

para o Oriente Médio da Human Rights<br />

Watch: “O histórico de Assad depois de<br />

10 anos no poder consiste em não haver<br />

feito praticamente nada para melhorar<br />

a situação dos direitos humanos em seu<br />

país”, acrescentou.<br />

Em seu discurso de posse, feito em<br />

17 de julho de 2000, Al-Assad falou da<br />

necessidade de “pensamento criativo,<br />

transparência e democracia”. No entanto,<br />

o período de bonança que se seguiu<br />

após os primeiros dias de governo não<br />

durou muito. As cadeias sírias voltaram<br />

a se encher com prisioneiros políticos, a<br />

maioria deles jornalistas e ativistas de<br />

direitos humanos. Num dos exemplos<br />

mais recentes, os advogados Haytham<br />

Al-Maleh, de 78 anos, e Muhanad Al-<br />

Hasani, de 42 anos, foram condenados<br />

a três anos de prisão por expressarem<br />

suas críticas contra o histórico de violações<br />

dos direitos humanos no país.<br />

Os agentes do serviço secreto sírio,<br />

os temidos Mukhabarat, prendem cidadãos<br />

sem ordem de detenção e os relatos<br />

de tortura se multiplicam, sem que<br />

haja nenhum tipo de punição contra tais<br />

abusos. Dois anos depois da repressão<br />

ao levante da prisão de Sednaya, quando<br />

a polícia militar abriu fogo contra os<br />

amotinados, as autoridades sírias continuam<br />

sem revelar o destino de 42 prisioneiros,<br />

dos quais se acredita que pelo<br />

menos nove tenham sido executados. A<br />

censura é constante e se estende a blogs<br />

e a sites populares, como o Facebook e<br />

o YouTube.<br />

As promessas de Al-Assad de uma<br />

nova legislação que ampliasse a participação<br />

da sociedade civil nos atos políticos<br />

também não se cumpriram. Em março<br />

de 2005, o presidente declarou a jornalistas<br />

que “os próximos tempos serão<br />

de liberdade para os partidos políticos”.<br />

Mas o poder na Síria permanece regido<br />

pelo onipresente partido Baath: “Toda<br />

esperança que o povo sírio poderia ter<br />

de uma abertura política sob o regime<br />

de Al-Assad foi frustrada”, afirma Sarah<br />

Leah Whitson.<br />

Já a minoria curda, que representa<br />

cerca de 10% do total da população síria,<br />

é totalmente excluída dos direitos<br />

coletivos fundamentais, como o de aprender<br />

o idioma curdo ou de celebrar as datas<br />

religiosas, como o Nowhuz (ano novo<br />

curdo). A repressão aos curdos piorou<br />

substancialmente depois de março de<br />

2004, quando manifestações dos curdos<br />

tomaram conta do norte do país, exigindo<br />

igualdade de direitos. Estima-se que<br />

cerca de 300 mil curdos estejam na Síria<br />

sob a condição de apátridas, aguardando<br />

em vão por uma mudança política que<br />

os insira na sociedade síria.<br />

Em discursos e entrevistas, Al-Assad<br />

justifica a estagnação das reformas alegando<br />

que sua prioridade é a economia.<br />

As “circunstâncias regionais” também<br />

servem de pretexto para o conservadorismo,<br />

no entanto, um rápido exame do<br />

histórico sírio revela uma constante repressora<br />

e autoritária que sobrevive ao<br />

passar dos anos e dos diferentes graus<br />

de pressão internacional.<br />

A Síria saiu de um profundo isolamento<br />

imposto pelo ocidente em 2007, quando<br />

os Estados Unidos e a União Europeia<br />

restabeleceram relações diplomáticas<br />

com Damasco. Al-Assad é recebido com<br />

efusividade por líderes internacionais,<br />

apesar da ausência de avanços democráticos<br />

no país.<br />

“O presidente Al-Assad não tem desculpas<br />

para continuar atrasando o programa<br />

de reformas liberais em seu país”, diz<br />

Whitson. “Agora que conseguiu sair do<br />

isolamento internacional, a Síria deve se<br />

abrir”. (Por Human Rights Watch – Tradução<br />

de Victor Grinbaum [ArtiSion.com]).


* Breno Lerner é editor e<br />

gourmand, especializado em<br />

culinária judaica. Escreve<br />

para revistas, sites e jornais.<br />

Dá regularmente cursos e<br />

workshops. Tem três livros<br />

publicados, dois deles sobre<br />

culinária judaica.<br />

COLABORADORES<br />

DE VISÃO<br />

* Breno Lerner<br />

Tzimes Tzimes de de batata batata doce doce<br />

doce<br />

Agradável mistura da batata doce com abacaxi este purê pode ser<br />

comido como entrada ou acompanhamento de assados e grelhados,<br />

com um saborzinho especial de Sucot.<br />

4 batatas doces;<br />

2 colheres de sopa de manteiga;<br />

¾ de xícara de abacaxi em calda, picado;<br />

1 colher de sopa de açúcar mascavo;<br />

Sal à gosto<br />

Páprica para salpicar.<br />

Cozinhe as batatas com casca, descasque-as e transforme em purê.<br />

Coloque a manteiga, sal, açúcar mascavo, o abacaxi e um pouquinho<br />

de sua calda e misture.<br />

Unte uma assadeira com manteiga, coloque o purê e leve ao forno<br />

pré-aquecido a 200 0 C. Asse por 15 minutos, salpique com a páprica<br />

e asse por mais 5 minutos.<br />

YAPRAKES YAPRAKES DE DE QUEIJO<br />

QUEIJO<br />

Esta receita sefaradi é um clássico de Sucot.<br />

1 pote de cream cheese;<br />

½ xícara de damascos secos, bem picados;<br />

1 colher de chá de hortelã picado;<br />

1 colher de chá de mel;<br />

2 colher de sopa de amêndoas picadas;<br />

8 folhas de parreira (em conserva);<br />

Misture todos os ingredientes menos as folhas. Recheie cada folha<br />

com a mistura e enrole como para yaprakes. Deixe na geladeira<br />

por 1 hora e sirva.<br />

ARI ZUGMAN E FAMÍLIA<br />

ARTUR GRYNBAUM<br />

AVRAM FISELOVICI E FAMÍLIA<br />

BORIS E GENY AISENBERG<br />

BUNIA FINKEL<br />

GAL CZERNY E FAMÍLIA<br />

HAROLDO JACOBOVICZ E FAMÍLIA<br />

HELCIO KRONBERG E FAMÍLIA<br />

HENRIQUE E DINA KUCHNIR<br />

IDA LERNER E FAMÍLIA<br />

ISMAR STRACHMAN E FAMÍLIA<br />

JAIME ARON TEIG E FAMÍLIA<br />

JAIME GUELMANN E FAMÍLIA<br />

JAIME INGBERMAN E FAMÍLIA<br />

JAYME NUDELMAN E FAMÍLIA<br />

JAYME ZLOTNIK E FAMÍLIA<br />

JOSÉ SCHWEIDSON E FAMÍLIA<br />

JULIO ZUGMAN E FAMÍLIA<br />

LEILA BURKINSKI E FAMÍLIA<br />

LINA BURKINSKI E FAMÍLIA<br />

MAURÍCIO SCHULMAN E FAMÍLIA<br />

MAURÍCIO FRISCHMANN E FAMÍLIA<br />

MIGUEL KRIGSNER E FAMÍLIA<br />

MOYSÉS BROMFMAN E FAMÍLIA<br />

RIVEN KUNIFAS E FAMÍLIA<br />

RUBENS JACOB TEIG E FAMÍLIA<br />

SABINE WAHRHAFTIG<br />

SALIM IBRAHIM BELACIANO<br />

SAMUEL GRYNBAUM E FAMÍLIA<br />

SARA BURSTEIN<br />

SAUL ZUGMAN E FAMÍLIA<br />

SALIM IBRAHIM BELACIANO<br />

SULAMITA P. MACIORO E FAMÍLIA<br />

SULAMITA PACIORNIK E FAMÍLIA<br />

TANIA MARIA BAIBICH E FAMÍLIA<br />

VERGIL TRIFAN E FAMÍLIA<br />

VICTOR RICARDO HERTZ E FAMÍLIA<br />

VITCIA E BETY ITZCOVICH<br />

ZALMEN CHAMECKI E FAMÍLIA<br />

ANÔNIMOS<br />

VISÃO JUDAICA outubro de 2010 Tishrei / Chesvan 5771<br />

Sucot 2010<br />

Gazpacho de Sandias (Gazpacho de Melancias)<br />

Na Andaluzia, cada homem tem sua<br />

receita de gazpacho, assim como<br />

cada homem tem a sua verdade, diz<br />

Juan Carlos Alonso, cronista gastronômico<br />

espanhol. A receita é muito<br />

antiga de origem andaluz, onde era a<br />

comida das camadas mais pobres da<br />

população. Originalmente era uma<br />

pasta de pão, alho e azeite, feita em<br />

uma tigela de madeira chamada<br />

Dornillo. Daí evoluiu para um creme<br />

ainda à base de pão que levava<br />

pedaços de anchova, alho, vinagre,<br />

açúcar, sal e azeite chamado Capon<br />

de Galera. A chegada do tomate e<br />

dos pimentões da América incrementou<br />

o creme que, como muitos outros<br />

pratos, passou de “comida de pobre”<br />

a “petisco de ricos”. José Briz,<br />

cozinheiro espanhol, que escreveu o<br />

único livro que trata apenas de<br />

Gazpacho, atribui seu nome a uma<br />

derivação da palavra hebraica gazaz,<br />

com o sentido de quebrar em<br />

pedacinhos, fragmentar o pão.<br />

Agora, duas receitas muito especiais, do mestre Arzak, da Espanha:<br />

Carpaccio Carpaccio Carpaccio de de ternera ternera con con crema crema de de mebrillo mebrillo e e su su<br />

su<br />

vinagreta vinagreta vinagreta agridulce agridulce (carpaccio com creme de goiaba e<br />

vinagrete agridoce)<br />

300 g de carne cortada para carpaccio;<br />

150 g de goiabas em calda;<br />

4 colheres de sopa de creme de leite;<br />

1 batata pequena, cozida e sem casca;<br />

1/2 pimenta dedo de moça, sem nervuras e sementes,<br />

picadinha;<br />

Lascas de queijo parmesão para servir;<br />

Cebolinha francesa picada para decorar;<br />

Pimenta rosa para decorar.<br />

Para o vinagrete:<br />

6 colheres de sopa de azeite (se utilizar azeite de nozes<br />

ficará mais sutil);<br />

2 cálices de vinho tinto doce, tipo moscatel;<br />

1 colheres de sopa de vinagre;<br />

3 pepinos em conserva picados;<br />

6 azeitonas pretas picadas;<br />

Sal à gosto.<br />

Escorra e pique o doce de goiabas. Numa panelinha, misture com<br />

o creme de leite e a batata cozida, já transformada em purê. Aqueça<br />

e mexa bem até engrossar um pouco, coloque a pimenta e o sal.<br />

Deixe esfriar. Faça o vinagrete. Bata o azeite com o vinho e o vinagre<br />

para emulsionar. Coloque então os pepinos picados e as azeitonas.<br />

Reserve. Coloque um pouco do recheio em cada fatia de<br />

carpaccio e enrole, formando um rolinho. Alinhe 2 ou 3 rolinhos<br />

num pratinho, cubra e decore com um pouco de vinagrete, as lascas<br />

de parmesão, a pimenta rosa e a cebolinha francesa picada.<br />

3 tomates;<br />

400 g de melancia picada;<br />

1 dente de alho picado;<br />

5 colheres de sopa de azeite;<br />

2 colheres de chá de açúcar;<br />

1/2 pepino picado;<br />

2 colheres de sopa de vinagre de jerez;<br />

1 colher de sopa de mostarda;<br />

Folhas de manjericão para decorar;<br />

Croutons para decorar;<br />

Gotas de óleo de gergelim para decorar.<br />

Coloque os tomates e o alho numa assadeira, regue com<br />

1 colher de sopa de azeite e leve-os ao forno baixo (100 0 C)<br />

por 1 hora. Retire as cascas e pique-os grosseiramente.<br />

Coloque numa tigela e reserve. Na mesma tigela coloque<br />

o pepino picado, a melancia, o vinagre, a mostarda, o azeite<br />

restante e o açúcar. Cubra com água gelada e deixe tomar<br />

gosto por 30 minutos. Bata tudo com o mixer. Se necessário,<br />

coloque mais água e acerte o sal. Sirva em copinhos,<br />

bem gelado, decorando com o manjericão picadinho,<br />

duas gotinhas de óleo de gergelim e croutons.<br />

5


6<br />

VISÃO JUDAICA outubro de 2010 Tishrei / Chesvan 5771<br />

m período alegre é iniciado<br />

com a festa de Sucot,<br />

compensando o solene<br />

período de Rosh Hashaná<br />

e Iom Kipur.<br />

Há mitsvot nas quais utilizamos<br />

apenas algumas partes de<br />

nosso corpo, por exemplo: a mitsvá<br />

de tefilin, filactérios, que envolve o<br />

braço e a cabeça; tefilá, prece, envolve<br />

a mente e o coração e assim<br />

por diante. Em Sucot, temos<br />

uma I (preceito) singular, que<br />

é a construção de uma sucá;<br />

a única mitsvá que literalmente<br />

envolve a pessoa de corpo<br />

inteiro, com suas vestes materiais.<br />

A sucá nos lembra das Nuvens<br />

de Glória que rodearam nosso<br />

povo durante sua peregrinações pelo<br />

deserto a caminho da Terra Prometida.<br />

Todos então viram a especial proteção<br />

Divina, que D-us lhes concedeu<br />

durante aqueles anos difíceis. Mas<br />

embora as Nuvens de Glória desaparecessem<br />

no quadragésimo ano, na<br />

Shemini Atsêret<br />

Em conexão com a festa de Shemini<br />

Atsêret (o Oitavo Dia de Assembléia),<br />

nossos sábios nos contam uma<br />

bela parábola:<br />

Um rei certa vez promoveu uma<br />

grande festa e convidou príncipes e<br />

princesas a quem<br />

apreciava muito<br />

para seu palácio.<br />

Tendo passado vários<br />

dias juntos, os<br />

hóspedes prepararam-se<br />

para ir<br />

embora. Porém o<br />

rei lhes disse:<br />

“Peço-lhe, fiquem<br />

mais um dia comigo,<br />

é difícil ficar<br />

longe de vocês!”<br />

Assim acontece<br />

conosco, nossos sábios concluem a<br />

parábola. Passamos muitos dias felizes<br />

na sinagoga. D-us deseja nos ver<br />

por mais um dia na sinagoga, e por<br />

isso Ele nos concede uma festa adicional<br />

- Shemini Atsêret.<br />

Em algumas congregações é<br />

costume fazer Hacafot (danças<br />

com a Torá) na noite de Shemini<br />

Atsêret, assim como na noite de<br />

Simchat Torá.<br />

Ainda fazemos nossas refeições<br />

na sucá em Shemini Atsêret,<br />

embora sem a bênção<br />

Festa das Cabanas<br />

14 a 21 de Tishrê de 5771 (22 a 29 de setembro de 2010)<br />

véspera da entrada na Terra de Israel,<br />

nunca cessamos de acreditar que D-us<br />

nos dá Sua proteção, e esta é a razão de<br />

termos sobrevivido a todos nossos inimigos<br />

em todas as gerações.<br />

A sucá<br />

Para que o judeu não se esqueça<br />

de seu verdadeiro propósito na vida,<br />

D-us, em Sua infinita sabedoria e bondade,<br />

nos faz deixar nossas casas confortáveis<br />

nesta época, para habitar<br />

numa frágil sucá, cabana, por sete dias.<br />

A sucá nos lembra que confiamos<br />

em D-us para nossa proteção, pois a<br />

sucá não é nenhuma fortaleza, nem<br />

ao menos fornecendo um telhado sólido<br />

sobre nossa cabeça. Lembra-nos<br />

também de que a vida nesta terra é<br />

apenas temporária.<br />

As refeições na sucá<br />

Durante a festa de Sucot, os homens<br />

devem comer diariamente numa<br />

sucá (cabana) especialmente construída<br />

para este fim. Nestes sete dias,<br />

não é permitido comer fora da sucá<br />

Leshev Basucá.<br />

Sucot é a Festa da Colheita quando<br />

a produção dos campos era colhida e o<br />

dízimo era separado, de acordo com o<br />

mandamento da Torá, e dado aos levitas<br />

e aos pobres. A leitura da Torá no<br />

Serviço Matinal de Shemini Atsêret fala<br />

do mandamento de dar o dízimo.<br />

O serviço de Mussaf, prece adicional,<br />

é assinalado pela prece especial<br />

com pedidos para que haja chuva.<br />

Simchat Torá<br />

A melhor maneira de celebrar Simchat<br />

Torá seria dedicar os dois dias à<br />

leitura da Torá. Mas é justamente o contrário<br />

que ocorre. Todos os judeus, sem<br />

exceção, pegam a Torá fechada e dançam<br />

com ela nos braços.<br />

O ato encerra uma grande lição: se<br />

os festejos fossem realizados com a<br />

Torá aberta, com sua leitura, haveria<br />

distinções entre um judeu e outro, pois<br />

a compreensão e o conhecimento de<br />

cada um são diferentes. Com a Torá fechada,<br />

mostramos a união e a igualdade<br />

de todos os judeus, unidos pela<br />

mesma alegria. O texto não é lido, mas<br />

todos sabem que é algo precioso e, por<br />

isso, dançam juntos e em total alegria.<br />

É a prática em muitas comunidades<br />

– e este é o costume Chabad – conduzir<br />

“hacafot” e dança com os Rolos de Torá<br />

também na véspera de Shemini Atsêret.<br />

Na prece de Mussaf começamos a in-<br />

qualquer refeição que contenha pão<br />

ou massa. Há aqueles que não costumam<br />

beber nem ao menos um copo<br />

de água fora da sucá.<br />

Nos primeiros dois dias e noites da<br />

festa, o kidush, prece sobre o vinho,<br />

antecede a refeição. Nas duas primeiras<br />

noites, é obrigatório comer na sucá<br />

ao menos uma fatia de pão (além do<br />

kidush), mesmo que esteja chovendo.<br />

Nos outros dias, se chover, é permitido<br />

fazer as refeições dentro de casa.<br />

Confiança em D-us<br />

Refletir sobre a sucá nos dá uma<br />

ampla visão do significado de fé em<br />

D-us e da extensão de Sua Divina Providência.<br />

Vamos para a sucá durante<br />

a Festa da Colheita depois de haver<br />

colhido o fruto dos campos.<br />

Se uma pessoa recebeu a bênção<br />

Divina e sua terra produziu com fartura,<br />

seus estoques e adegas estão<br />

repletos, alegria e confiança preenchem<br />

seu espírito - aí a Torá a leva a<br />

abandonar a casa e residir em uma<br />

frágil sucá, para ensiná-la que nem<br />

Shemini Atseret e Simchat Torá<br />

22 e 23 de Tishrê de 5771 (30 de setembro a 1 de outubro de 2010)<br />

serir a frase “mashiv haruach umorid hageshem”<br />

(“quem faz o vento soprar e traz<br />

a chuva”) nas nossas preces diárias<br />

(como continuaremos a fazer durante o<br />

inverno, até o 1º dia de Pêssach).<br />

Hinos especiais sobre a chuva e a<br />

água são acrescentados à Mussaf em<br />

honra da ocasião. O Yizcor é recitado<br />

após a leitura da Torá.<br />

Após Arvit, prece noturna, e o<br />

kidush, prece sobre o vinho, faz-se as<br />

Hacafot (danças com a Torá), recitando-se<br />

preces especiais e tirando-se da<br />

Arca todos os Rolos da Torá, que então<br />

passam a ser carregados ao redor<br />

da Bimá (mesa onde é colocada a Torá<br />

para a leitura) em sete voltas.<br />

Todos recebem a honra de carregar<br />

a Torá. As crianças juntam-se também à<br />

celebração e diversão, e acompanham<br />

a “coreografia” ao redor da Bimá carregando<br />

bandeirolas de Simchat Torá.<br />

As Hacafot são repetidas novamente<br />

durante o serviço matinal, com o<br />

mesmo grau de alegria.<br />

Em Simchat Torá (“Júbilo da Torá”)<br />

concluímos, e recomeçamos o ciclo anual<br />

de leitura da Torá. O evento é marcado<br />

com muita alegria e com e as hacafot da<br />

véspera e da manhã de Simchat Torá.<br />

Durante a leitura da Torá, todos, incluindo<br />

crianças abaixo da idade de bar-mitzvá,<br />

são chamados à Torá; assim a leitura<br />

é feita inúmeras vezes, para que todos<br />

recitem a bênção sobre a Torá neste dia.<br />

riquezas, nem posses, nem terras são<br />

proteções na vida; somente D-us é<br />

que sustenta, mesmo os que habitam<br />

em tendas e cabanas e oferece uma<br />

proteção de confiança.<br />

E se alguém está empobrecido e<br />

seu trabalho não conheceu a bênção<br />

Divina; se a terra não deu o seu produto,<br />

se o fruto da árvore não foi armazenado<br />

em celeiros e se está incerto<br />

e temeroso ao encarar o perigo<br />

da fome nos dias de inverno que se<br />

aproximam, também encontrará repouso<br />

para seu espírito na sucá.<br />

Lembrará como D-us hospedounos<br />

em Sucot no deserto; sustentounos<br />

e nos abasteceu, não nos deixando<br />

faltar nada.<br />

A sucá o ensinará que a Divina<br />

Providência é segurança melhor do<br />

que qualquer bem material, pois não<br />

abandona os que verdadeiramente<br />

crêem em D-us. A sucá o ensinará a<br />

ser forte e corajoso, feliz e tranquilo,<br />

mesmo na aflição e na dificuldade.<br />

(Fonte: Chabad.org).<br />

Três rolos são tirados da Arca para<br />

leitura. No primeiro, a última porção da<br />

Torá - Vezot Haberachá - é lida e relida<br />

muitas vezes, até que todos tenham<br />

sido chamados à Torá, inclusive os que<br />

ainda não fizeram bar-mitzvá são chamados<br />

à Torá juntamente com um membro<br />

destacado da sinagoga. Em seguida<br />

a bênção Hamalach hagoel (O Anjo que<br />

redime) com a qual Yaacov (Jacó), abençoou<br />

os filhos de Yossef (José), é pronunciada<br />

em nome dos meninos.<br />

Para a porção de encerramento chama-se<br />

alguém de destaque que recebe a<br />

denominação de “Noivo da Torá”. Outro<br />

membro é então convocado para a primeira<br />

porção de Bereshit, que é lida no<br />

segundo Rolo da Torá e é denominado<br />

“Noivo de Bereshit”.<br />

Finalmente o Maftir, trecho dos<br />

profetas que acompanha a leitura da<br />

Torá, é lido no terceiro Rolo da Torá.<br />

Dessa maneira, a leitura da Torá prossegue<br />

porção por porção durante o ano<br />

todo, durante todas as épocas, em um<br />

eterno ciclo que quando parece se encerrar,<br />

logo depois recomeça ininterruptamente.<br />

Isto mostra que não há fim na Torá,<br />

que deve ser lida e estudada constantemente,<br />

mais e mais, pois a Torá, como<br />

o próprio D-us que a deu para nós, é<br />

imorredoura. Cumprindo-a, nosso povo<br />

forma o terceiro elo na eterna união<br />

entre D-us, a Torá e Israel. (compilado<br />

de Chabad.org).


VISÃO JUDAICA outubro de 2010 Tishrei / Chesvan 5771<br />

Curitiba terá 1º Festival de Cinema Judaico<br />

ntre os dias 25 e 29/<br />

9, Curitiba terá pela<br />

primeira vez uma<br />

mostra do Festival<br />

de Cinema Judaico<br />

do Clube A Hebraica,<br />

de São Paulo. Foram selecionados<br />

oito filmes premiados internacionalmente<br />

que serão exibidos<br />

no cinema do Shopping Novo Batel.<br />

São eles: Cinco dias sem Nora, Em<br />

Busca da Memória, Roube um Lápis<br />

para Mim, The Yankles, A Cinco Horas<br />

de Paris, Roman Polanski, Duas<br />

Senhoras e Por um de meus olhos.<br />

Entre os destaques, o drama A<br />

Cinco Horas de Paris foi o melhor filme<br />

no Festival Internacional de Cinema<br />

de Haifa 2009. O também premiado<br />

Cinco Dias sem Nora (melhor filme<br />

no Festival Internacional de Cinema<br />

Latino-Americano de Biarritz<br />

2009; melhor filme no Festival de Cinema<br />

de Mar del Plata 2009; júri popular<br />

no Festival de Cinema de Miami;<br />

melhor diretor no Festival Internacional<br />

de Cinema de Moscou) é um<br />

drama mexicano que começa com o<br />

suicídio de Nora por uma overdose de<br />

comprimidos.<br />

Também vale ressaltar o The Yankles,<br />

que entre as premiações recebeu<br />

o Golden Award no Festival de Las<br />

Vegas 2010; melhor comédia no Intl.<br />

Family Festival 2010 e melhor comédia<br />

no Festival Judaico de Los Angeles<br />

2010. A história fala de um ex-jogador<br />

de beisebol vítima de alcoolismo<br />

que é acolhido por estudantes de<br />

uma ieshivá à procura de um treinador.<br />

Já o documentário francês Duas<br />

Senhoras conta a história de uma enfermeira<br />

árabe que começa a trabalhar<br />

para uma idosa judia.<br />

O festival é uma realização da<br />

Comunidade Israelita do Paraná, com<br />

apoio do Shopping Novo Batel, A Hebraica<br />

e Embaixada da França. São<br />

Paulo já realiza o Festival há 14 edições<br />

e o objetivo é tornar a mostra<br />

anual também em Curitiba.<br />

Roube Roube um um um lápis lápis para para mim<br />

mim<br />

Um documentário muito sensível<br />

Steal a Pencil for Me, Holanda,<br />

2007, DVD, 97 min., documentário,<br />

cor, holandês e inglês,<br />

com legendas em português<br />

Direção: Michèle Ohayon.<br />

Elenco: Jack Polak, Ina Soep, Ellen<br />

Ten Damme, Jeroen Krabbe.<br />

Sinopse: Como um triângulo<br />

amoroso se desenrolaria num<br />

Sinopses selecionadas<br />

A A cinco cinco horas horas de de P PParis<br />

P aris<br />

A cinco horas de Paris explora o<br />

comportamento humano<br />

Hamesh Shaot me’Pariz/ Five<br />

Hours from Paris, Israel, 2009, 35 mm,<br />

90 min., drama, cor, hebraico, com<br />

legendas em português. Direção Leonid<br />

Prudovsky. Festivais e Prêmios:<br />

Melhor filme no Festival Internacional<br />

de Cinema de Haifa 2009. Elenco:<br />

Dror Keren, Elena Yaralova. Sinopse:<br />

Yigal tem medo de aviões. Ele é chofer<br />

de taxi e deseja superar a fobia<br />

para acompanhar o filho Assafi para<br />

o bar-mitzvá em Paris. Todas as semanas<br />

ele vai à escola de música buscar<br />

o filho depois dos ensaios. Mas<br />

isso é um pretexto para se encontrar<br />

com Lina, a professora de música por<br />

quem está apaixonado. Mas ela é<br />

casada e se prepara para acompanhar<br />

o marido ao Canadá.<br />

Cinco Cinco dias dias sem sem Nora<br />

Nora<br />

A premiadíssima película Cinco dias sem Nora<br />

Cinco Dias sin Nora/ Nora’s Will,<br />

México, 2008, 35 mm, 92 min., drama,<br />

cor, espanhol, com legendas em<br />

português. Direção: Mariana Chenillo<br />

Festivais e Prêmios: Melhor filme no<br />

Festival Internacional de Cinema La-<br />

campo de concentração? Esse<br />

tema delicado é tratado com<br />

muita sensibilidade pela diretora<br />

Michèle Ohayon. Jack Polak e<br />

Ina Soep se conheceram antes da<br />

guerra, mas ele era casado e ela<br />

vinha de uma rica família do<br />

ramo de diamantes. O documentário<br />

mostra Ina e Jack idosos e<br />

casados há mais de sessenta<br />

anos. Eles lembram como foi o<br />

reencontro de Ina, Jack e a mulher<br />

Manja, no campo de trânsito<br />

perto da aldeia holandesa de<br />

Westerbook e mais tarde Bergen-Belsen,<br />

onde morreu Anne<br />

Frank. O casal conta como mantiveram<br />

a acesa a paixão através<br />

da troca de cartas.<br />

tino-Americano de Biarritz (2009);<br />

melhor filme no Festival de Cinema<br />

de Mar del Plata (2009); júri popular<br />

no Festival de Cinema de Miami;<br />

melhor diretor no Festival Internacional<br />

de Cinema de Moscou. Elenco:<br />

Silvia Mariscal, Fernado Luján, Juan<br />

Pablo Medina. Sinopse: O filme começa<br />

com o suicídio de Nora por overdose<br />

de comprimidos. O ex-marido<br />

José, de quem ela está divorciada há<br />

vinte anos, entra em cena, descobre<br />

o corpo e aos poucos vai percebendo<br />

que a ex-mulher orquestrou detalhadamente<br />

a própria morte. Dona de<br />

um senso de humor macabro, ela até<br />

mesmo teve o cuidado de deixar instruções<br />

para o preparo de bolinhas de<br />

matzá e gefilte fish para a festa de<br />

Pêssach.<br />

The The Y YYankles<br />

Y ankles<br />

Cena do filme Yankles, uma boa comédia<br />

The Yankles, EUA, 2009, 35 mm,<br />

115 min., esporte, cor, inglês, com<br />

legendas em português. Direção: David<br />

R Brooks Festivais e Prêmios: Golden<br />

Award no Festival de Las Vegas<br />

2010; Melhor Comédia no Intl. Family<br />

Festival 2010; Prêmio de Público no<br />

Festival de Palm Beach 2010 e Melhor<br />

Comédia no Festival Judaico de<br />

Los Angeles 2010. Elenco: Brian Wimmer,<br />

Kenneth Brown, Jesse Benet. Sinopse:<br />

Charlie Jones é um ex-jogador<br />

de beisebol vítima de alcoolismo que<br />

foi sentenciado a prestar serviços comunitários.<br />

Rejeitado pela sociedade<br />

por causa do mau comportamento,<br />

para a felicidade e espanto de Charlie<br />

as únicas pessoas que o acolhem<br />

são os estudantes de uma ieshivá à<br />

procura de um treinador.<br />

Duas Duas Senhoras<br />

Senhoras<br />

Dans la Vie/Two Ladies<br />

(França, 2007).<br />

De Philippe Faucon. em<br />

Cores. Duração 73'. Classificação<br />

etária 12 anos. Tendo como pano<br />

de fundo a França de hoje, Selima (Sabrina<br />

Ben Abdallah) é uma jovem enfermeira<br />

árabe. Cansada dos comentários<br />

racistas que ouve diariamente,<br />

resolve trabalhar como enfermeira<br />

particular de Esther (Ariane Jacquot),<br />

judia e idosa. Festivais: Festival de<br />

Cinema Judaico de Boston. Prêmios:<br />

Menção honrosa para Philippe Faucon<br />

e melhor atriz para Sabrina Ben Abdallah,<br />

Ariane Jacquot e Zohra Mouffok<br />

no Festival Internacional de Filmes<br />

de Amor de Mons (Bélgica).<br />

Programação<br />

25 de setembro – sábado — 20h30 – Cinco dias<br />

sem Nora<br />

26 de setembro – domingo — 16h – Roube um Lápis<br />

para mim; 18h – Duas Senhoras;<br />

20h – The Yankles<br />

27 de setembro – segunda-feira — 18h – Duas Senhoras;<br />

20h – Roman Polanski<br />

28 de setembro – terça-feira — 18h – Por um de<br />

meus olhos; 20h – A Cinco Horas de Paris<br />

29 de setembro – quarta-feira — 18h – Em Busca<br />

da Memória; 20h – Cinco dias sem Nora<br />

7<br />

Ingressos<br />

Na segunda-feira: R$ 6,00 (inteira) e R$ 3,00<br />

(meia); de terça à quinta-feira: R$ 13,00 (inteira)<br />

e R$ 6,50 (meia); no sábado e no domingo: R$<br />

15,00 (inteira) e R$ 7,50 (meia). Cineplex Batel:<br />

Al. Dom Pedro II, 255 – Batel. Informações: (41)<br />

3538-6272


8<br />

* Marli Gonçalves é<br />

jornalista.<br />

Preocupa-se muito<br />

quando minorias<br />

acham que estão<br />

fortes, que está<br />

tudo dominado;<br />

quando os<br />

miseráveis<br />

acreditam no<br />

sucesso... dos<br />

outros; quando a<br />

violência contra o<br />

próximo é<br />

ignorada, porque<br />

está no vizinho.<br />

* Art Benveniste é<br />

historiador<br />

aposentado,<br />

sefaradita e<br />

animador cultural<br />

em Los Angeles. Ele<br />

edita a newsletter<br />

HaLapid, boletim<br />

da Sociedade de<br />

Estudos<br />

Criptojudaicos.<br />

Distribuído por<br />

www.porisrael.org<br />

VISÃO JUDAICA outubro de 2010 Tishrei / Chesvan 5771<br />

Marli Gonçalves *<br />

A vontade é de sair por aí,<br />

cutucando todo mundo que encontro,<br />

chamando a atenção, conversando<br />

com calma, expondo a<br />

situação, mostrando imagens e<br />

notícias. Ei, você já viu o que estão<br />

fazendo com as liberdades? Ei,<br />

percebeu que não tem havido<br />

garantias mínimas dos cidadãos, em<br />

todo mundo? Caracolas, afinal, em<br />

que mundo você vive?<br />

perigo das massas não<br />

diz respeito só a engordar.<br />

O sujeito histérico<br />

de bigodinho rente,<br />

cara de maluco e<br />

mãozinha esticada. Milhões<br />

de outros esticando a<br />

mãozinha também. O discurso do<br />

todo mundo igual, treinado, vindo do<br />

homem de cara feia, fardado, que de<br />

Duce não tinha nada. Qual a diferença<br />

do sujeito atarracado - o ditador<br />

da Coreia do Norte, Kim Jong-il? E do<br />

outro baixinho, o presidente do Irã,<br />

Mahmoud Ahmadinejad? São todos<br />

assassinos, mandantes, bárbaros,<br />

alucinados imbuídos de poderes e<br />

com domínio impressionante da comunicação<br />

e marketing.<br />

Como são tão - ou mais - escro-<br />

Em sua apresentação à Conferência<br />

da Society for Crypto-Judaic Studies<br />

(SCJ) de 1999, em Los Angeles,<br />

Seth Ward contou sobre uma mulher,<br />

no norte do Estado do Novo México,<br />

que havia entrevistado. Ela estava<br />

descrevendo as práticas criptojudaicas<br />

de sua família e contou sobre seu<br />

jogo de cartas, todo mês de setembro,<br />

com a avó. Jogar cartas era um<br />

ritual anual da família que estava relacionada<br />

de alguma forma com os<br />

grandes feriados judaicos.<br />

Lembrei-me de uma história contada<br />

pelo Rabino Baruch Garzon, da<br />

Espanha: Há vários anos atrás, a comunidade<br />

judaica da Espanha queria<br />

comprar um terreno na região de Barcelona,<br />

para um acampamento de verão<br />

para jovens judeus. O Rabino Garzon<br />

viajou de Madri até lá, para negociar<br />

com o proprietário. Era final de<br />

setembro. O preço foi acertado e o<br />

rabino disse ao dono que ele estava<br />

voltando para Madri para falar com<br />

os diretores de sua instituição e que<br />

O fascismo está de ronda.<br />

Em qual planeta você vive?<br />

tos, midiáticos e sanguinários do que<br />

os outros, bem, esses dois últimos<br />

são visíveis, digamos assim. E Hitler<br />

e Mussolini já eram; só que foram,<br />

mas deixaram suas ideias de jerico e<br />

liderados aficionados.<br />

Nós cantávamos e contávamos<br />

favas. Dizíamo-nos contentes, batendo<br />

no peito, celebrando que o horror<br />

jamais voltaria; que aqueles fatos<br />

horrorosos, como o Holocausto, Hiroshima,<br />

Nagasaki, jamais se repetiriam,<br />

porque o mundo estaria eternamente<br />

alerta. Era o fim das ditaduras,<br />

as da região “dos bananas” latino-<br />

americanos e outros, tribais, como<br />

as guerras africanas. Seria o fim da<br />

perseguição religiosa, racial, contra<br />

minorias.<br />

Acho que desligaram esse alarme.<br />

Na última semana, mais de 300 ciganos<br />

foram deportados na França,<br />

como animais enxotados pelo elegante<br />

presidente Nicolas Sarkozy e<br />

sua linda primeira-dama, Carla Bruni.<br />

Depois de conseguir o apoio de Itália,<br />

a França ainda tentou convencer<br />

outros países da Europa a expulsar os<br />

ciganos, num congresso sobre imigração<br />

organizado para 6 de setembro.<br />

Qual será o próximo?<br />

Há alguns dias soubemos da chacina,<br />

fuzilamento, aniquilamento, assassinato<br />

cruel de 72 pessoas na fron-<br />

poderiam assinar os documentos na<br />

semana seguinte.<br />

Voltando a Madri, naquela noite,<br />

Garzón recebeu um telefonema do<br />

proprietário do terreno em Barcelona.<br />

O homem disse que havia determinados<br />

dias da semana seguinte<br />

nos quais não poderia assinar os papéis.<br />

O rabino tomou nota das datas<br />

e foi para a cama. No dia seguinte,<br />

estava prestes a colocar as datas no<br />

calendário, quando percebeu que<br />

coincidiam com as grandes festas judaicas.<br />

Ligou para Barcelona e perguntou<br />

ao homem por que ele não<br />

podia assinar naqueles dias. Foi-lhe<br />

dito que a família do proprietário tinha<br />

um “estranho” calendário e havia<br />

uns poucos dias de cada ano,<br />

quando não trabalhavam nem tocavam<br />

em dinheiro. O Rabino perguntou<br />

o que a família fazia nesses dias. Ele<br />

disse que jogavam baralho. Ao consultar<br />

o “estranho” calendário do homem<br />

nos anos seguintes, descobriu que os<br />

dias em questão, sempre caíam nas<br />

Grandes Festas. Só que ele não tinha<br />

explicação para o jogo de cartas.<br />

teira do México com os EUA. Não é<br />

muito diferente do número de pessoas<br />

esperando por punições no Irã, por<br />

qualquer coisa que tenham dito que<br />

fizeram. Nem podem escolher entre<br />

apedrejamento, fuzilamento, forca,<br />

mutilação. Esqueceram das ocupações<br />

violentas do Haiti, das mortes<br />

nas fronteiras daqui de cima.<br />

Vou chegando mais perto. Qual<br />

poder reveste os traficantes e donos<br />

dos morros e favelas cariocas a ponto<br />

de a própria polícia e autoridades<br />

mostrarem-se sem forças, e os governantes<br />

considerarem suas áreas<br />

como ocupações fortificadas? Um<br />

novo cangaço?<br />

Favelas de São Paulo têm virado<br />

tochas, em um movimento claro de<br />

ocupação não só imobiliária de áreas<br />

nobres, como também de demonstração<br />

de força, da lei do quem-mandaaqui.<br />

O terror. São Paulo, uma das<br />

maiores metrópoles do mundo já parou,<br />

sob a ameaça do PCC naqueles<br />

terríveis e inesquecíveis dias de maio.<br />

Isso foi esquecido? Todas aquelas<br />

mortes? Ônibus tostando? Fuzilamentos<br />

à luz do dia?<br />

Esse clima de X versus Y, Copa do<br />

Mundo, Brasil ame-o ou deixe-o, inclusão,<br />

inserção digital e outras tem nos<br />

deixado a cada dia mais individualistas,<br />

e isso não é nada bom para quem<br />

pretende um, pelo menos, algum, Futuro.<br />

Não podemos ligar a maquininha<br />

do “foderaiser”, em sua forma mais<br />

aportuguesada, por menos que tenhamos<br />

relações com alguns fatos. Lembre<br />

sempre: a próxima vítima posso ser<br />

eu, você, nós todos.<br />

Ao nosso lado, uma dirigente tenta<br />

fechar jornais; o ditador volta à<br />

vida; o general aparece cheio de comendas,<br />

arrotando nacionalismo, enfrentando<br />

potências, jogando povos<br />

contra povos.<br />

Estamos com nossos dados particulares<br />

expostos como bundas na janela,<br />

de dados fiscais a pessoais.<br />

Andam querendo fazer leis até para<br />

dentro de nossas casas. A propaganda,<br />

direta e a subliminar, vem sendo<br />

inoculada nas veias, como um veneno<br />

letal, absorvido principalmente<br />

pelos mais jovens, que não viram, não<br />

sabem, não sentiram. E não estão<br />

nem querendo saber.<br />

O caminho do perigo é conhecido.<br />

Não precisa ter bigodinho, nem<br />

levantar o bracinho nas multidões.<br />

Hoje a cara do fascismo é outra, mais<br />

palatável, repaginada, ares de modernidade.<br />

A estampa da caveira permanece,<br />

e não só nos paninhos do<br />

estilista metido a besta. Não são caveiras<br />

de bandeira pirata. Hoje, os<br />

piratas voltaram só a roubar, e nem<br />

bandeira têm.<br />

Jogo de cartas para ocultar a identidade judaica<br />

Art Benveniste *<br />

O jogo de baralho, disfarce para<br />

a oração<br />

O Rabino explicou que durante o<br />

período da Inquisição, os criptojudeus<br />

se reuniam para rezar sentados<br />

em torno de uma mesa com as cartas<br />

do baralho sobre ela e os livros<br />

de oração em seus colos. Quando<br />

estranhos passavam e olhavam para<br />

dentro da casa, jogavam as cartas,<br />

mas, quando estavam sós, voltavam<br />

aos livros de oração.<br />

Em abril passado, repeti essa história<br />

numa palestra que dei em Tucson,<br />

Arizona. Minha apresentação foi publicada<br />

pelo Tucson Jewish Chronicle. Logo<br />

depois o Chronicle recebeu uma carta<br />

de Emma Moya, de Patrimônio do Norte,<br />

Novo México. Ela dizia:<br />

No Novo México, as cartas são chamadas<br />

de baralhos e em outras áreas<br />

do sudoeste são chamadas cartas<br />

mesmo. Nossa Academia de Hebraico,<br />

de Albuquerque, tem pesquisado<br />

e registrado as seguintes informações,<br />

que podem ou não se relacionar com<br />

a declaração do Sr. Benveniste no Chronicle:<br />

A palavra “baralho” (do espanhol<br />

baraja, refere-se à palavra berachá<br />

(oração), em hebraico.<br />

Além disso, recebi recentemente<br />

um e-mail de Judith Crystal Pirkle, que<br />

descreveu costumes da sua família.<br />

Ela escreveu:<br />

Todas as histórias foram enviadas<br />

a mim por minha mãe e sua família,<br />

todas foram verificadas. Também havia<br />

o hábito de jogar cartas na véspera<br />

do sábado (Erev Shabat), que foi<br />

transmitido através de nossa família.<br />

Quando os soldados mexicanos<br />

inspecionavam as casas nas noites de<br />

sexta-feira para se certificarem de<br />

que ninguém estava observando o<br />

sábado, os criptojudeus jogavam baralho<br />

e contavam histórias da Torá<br />

com as cartas. Colocava-se um pano<br />

grosso sobre a mesa com uma vela<br />

grande acesa; na hora de deitar, a vela<br />

era colocada sob a mesa, para não<br />

ser vista através das janelas.<br />

Desde então, tenho recebido vários<br />

outros exemplos de criptojudeus,<br />

que usavam o jogo de baralho como<br />

um estratagema para esconder a observância<br />

dos rituais judaicos.


eunimo-nos hoje<br />

aqui para compartilhar<br />

informação e<br />

conhecimento. A inteligência<br />

não é somente<br />

dados frios confiáveis<br />

acerca da composição<br />

numérica, ou armamento, ou a<br />

disposição das forças militares. O elemento<br />

mais importante da inteligência<br />

deve ser a compreensão da mentalidade<br />

e a intenção do inimigo. O<br />

ocidente tem se retorcido num estado<br />

de ignorância e negação por 30<br />

anos enquanto extremistas muçulmanos<br />

perpetravam sua maldade contra<br />

vítimas inocentes em nome de Alá. Eu<br />

tinha 10 anos quando minha casa<br />

desabou ao meu redor, enterrandome<br />

sob os escombros e fazendo-me<br />

beber meu próprio sangue para sobreviver,<br />

enquanto os criminosos gritavam:<br />

“Alá Akbar!” Meu único crime foi<br />

ser cristã vivendo numa cidade cristã.<br />

Aos 10 anos, aprendi o significado<br />

da palavra “infiel”.<br />

Tive um curso acelerado de sobrevivência.<br />

Não nas Escoteiras,<br />

mas em um refúgio antiaéreo, onde<br />

vivi durante sete anos na obscuridade,<br />

no frio gelado, na água contaminada<br />

e comendo pasto para sobreviver.<br />

Aos de 13 anos, vestia-me com<br />

minha roupa de enterro para ir dormir<br />

à noite, na espera de ser sacrificada.<br />

Com a idade de 20 anos, tinha<br />

enterrado a maioria dos meus amigos,<br />

assassinados por muçulmanos.<br />

Não éramos os norte-americanos que<br />

vivem em Nova York ou os britânicos<br />

em Londres. Éramos cristãos árabes<br />

vivendo no Líbano.<br />

Como vítima do terrorismo islâmico,<br />

surpreendi-me quando vi que os<br />

americanos acordaram dia 12 de setembro<br />

de 2001, e se perguntaram:<br />

Por que nos odeiam? “Os experts e<br />

psicanalistas saíam-se com todo o<br />

tipo de desculpas para explicar o que<br />

fizemos para ofender o mundo muçulmano.<br />

Mas se os EUA e o Ocidente<br />

tivessem prestado atenção ao Oriente<br />

Médio, não precisariam fazer essa<br />

pergunta. Em poucas palavras,<br />

odeiam-nos porque somos definidos<br />

de acordo com sua ótica por uma simples<br />

palavra: “infiéis”.<br />

Sob o estandarte da Comunidade<br />

Islâmica ‘la, ilaha illa Alá, Muhammad<br />

- rasoulu Alá’ (Não existe outro D-us<br />

que Alá e Maomé é o Mensageiro de<br />

Alá) assassinaram crianças judias em<br />

Israel, cristãos no Líbano, mataram os<br />

coptas no Egito, os assírios na Síria,<br />

os hindus na Índia, e expulsaram quase<br />

900.000 judeus das terras muçul-<br />

Uma árabe alerta os EUA<br />

contra o islã radical<br />

manas. Nós, os “infiéis” do Oriente<br />

Médio pagamos o preço então. Agora<br />

os “infiéis” em todo o mundo estão<br />

pagando o preço de sua indiferença<br />

e falta de visão.<br />

Tolerar o mal é um crime. O apaziguamento<br />

de assassinos não compra<br />

proteção. Só ganha a falta de respeito<br />

e o ódio do inimigo. No entanto,<br />

a apatia é a arma do suicídio do<br />

Ocidente. A filosofia de ser “politicamente<br />

correto” cria parceiros que nos<br />

amarram os tornozelos, e assim os<br />

islamistas nos conduzem à nossa própria<br />

desaparição.<br />

Os EUA e o Ocidente estão condenados<br />

ao fracasso nesta guerra<br />

a menos que se ponham de pé e<br />

identifiquem seu verdadeiro inimigo:<br />

o Islã. Ouve-se falar da Kahaba<br />

e do Islã salafista como a única forma<br />

extrema do Islã. Todos os outros<br />

muçulmanos são supostamente moderados<br />

maravilhosos. Mais próximas<br />

da verdade encontram-se as<br />

imagens da erupção da violência irracional<br />

em reação às caricaturas de<br />

Maomé impressas por um jornal dinamarquês.<br />

Da queima das embaixadas,<br />

às incitações aos massacres<br />

para os que escarnecem do Islã, ou<br />

as advertências para que o Ocidente<br />

se prepare para outro holocausto,<br />

essas imagens nos têm dado<br />

uma ideia da verdadeira face do inimigo.<br />

Notícias, fotos e vídeos destes<br />

eventos representam a visão do<br />

ódio pintado pelas diferentes nacionalidades<br />

que compartilham uma<br />

ideologia comum do ódio, fanatismo<br />

e intolerância derivados de uma<br />

fonte: o autêntico Islã. Um Islã que<br />

está despertando de séculos de letargia<br />

para voltar a acender sua ira<br />

contra os infiéis e dominar o mundo.<br />

Um Islã que declarou a ‘Intifada’<br />

no Ocidente.<br />

Os Estados Unidos e o Ocidente<br />

não podem mais dar-se ao luxo de<br />

se deixar ficar em seu estado de ignorância<br />

negligente. As consequências<br />

desta enfermidade mental começam<br />

a atacar o corpo, e se não<br />

forem tomadas agora as medidas necessárias<br />

para controlá-la, a morte<br />

estará chegando e logo. Se você pretende<br />

entender a natureza do inimigo<br />

que enfrentamos, visualize um<br />

tapete de serpentes que deslizam e<br />

sibilam, e comer-se-iam vivas uma<br />

às outras, mas uniram-se numa massa<br />

horrivelmente uniforme para lograr<br />

seu objetivo comum de impor o<br />

Islã ao mundo.<br />

Esta é a cara feia do inimigo que<br />

combatemos. Lutamos contra uma<br />

poderosa ideologia que pode alterar<br />

os instintos humanos básicos. Uma<br />

ideologia que pode fazer de uma mãe<br />

plataforma de lançamento de morte.<br />

Um exemplo perfeito é um dos dirigentes<br />

do Hamas nos territórios palestinos<br />

que entrou em paroxismo de<br />

gozo celestial por ter enviado três de<br />

seus filhos à morte enquanto oferecia<br />

os ainda vivos para imolarem-se<br />

pela causa. É uma ideologia que faz<br />

com que indivíduos altamente educados<br />

como médicos e advogados se<br />

alegrem muito mais se matando que<br />

recebendo todo o respeito e prestígio<br />

que a vida em sociedade é capaz<br />

de lhes dar.<br />

Os Estados Unidos têm sido o<br />

objetivo prioritário do ódio e do terror<br />

islâmico radical. Todos as sextasfeiras<br />

soam cantos estridentes nas<br />

mesquitas do Oriente Médio pronunciando<br />

orações e cantorias monótonas<br />

de chamamento à morte, à destruição<br />

e condenações de “abaixo os<br />

Estados Unidos e seu povo”. As<br />

ações de radicais islâmicos têm sido<br />

tão vis como suas palavras. Desde a<br />

crise dos reféns no Irã, mais de três<br />

mil norte-americanos foram mortos<br />

numa campanha de terror sem precedentes<br />

em sua crueldade calculada,<br />

junto com milhares de outros cidadãos<br />

de todo o mundo. Nem sequer<br />

os nazistas transformaram seus<br />

próprios filhos em bombas humanas,<br />

e depois se regozijavam com suas<br />

mortes, assim como a morte de suas<br />

vítimas. Justificam e glorificam este<br />

assassinato intencional, indiscriminado<br />

e ainda por cima de cidadãos<br />

norte-americanos inocentes em<br />

nome do Islã.<br />

Os Estados Unidos não podem se<br />

defender eficazmente nesta guerra a<br />

menos e até que o povo norte-americano<br />

compreenda a natureza do inimigo<br />

que enfrentamos. Inclusive depois<br />

de 11/9 há aqueles que dizem<br />

que temos que conversar com nossos<br />

inimigos terroristas, e que temos que<br />

compreender suas queixas. Sua queixa<br />

é nossa liberdade de religião. Sua<br />

queixa é nossa liberdade de expressão.<br />

Sua queixa é nosso processo democrático<br />

onde impera a lei proveniente<br />

das vozes de muitos e não de<br />

só um profeta. Reside no respeito que<br />

inculquemos em nossas crianças respeito<br />

a todas as religiões. É a igualdade<br />

que outorgamos entre nós como<br />

seres humanos que compartilham um<br />

planeta e a luta para fazer do mundo<br />

um lugar melhor para toda a humanidade.<br />

Sua queixa é a amabilidade e o<br />

respeito que um homem mostra a uma<br />

mulher, a justiça que praticamos<br />

como iguais perante a lei, e a miseri-<br />

VISÃO JUDAICA outubro de 2010 Tishrei / Chesvan 5771<br />

Discurso dirigido ao norte-americano, mas que se aplica perfeitamente a todo ser humano não-muçulmano<br />

Brigitte Gabriel *<br />

córdia que concedemos aos inimigos.<br />

Essas queixas não podem ser respondidas<br />

com a desculpa do que somos<br />

e quem somos.<br />

Nossa atitude medíocre de não<br />

enfrentar as forças islâmicas de intolerância<br />

e ódio onde se manifestaram<br />

nos últimos 30 anos, deu-lhes<br />

poder e fortaleceu-os para lançar o<br />

ataque em grande escala contra as<br />

mesmas liberdades que tanto valorizamos.<br />

Eles querem impor à nossa<br />

civilização seus valores e sua<br />

forma de vida.<br />

Se não despertarmos e desafiarmos<br />

nossa comunidade muçulmana a<br />

agir contra os terroristas dentro dela,<br />

se não acreditarmos em nós mesmos<br />

como norte-americanos e no sistema<br />

que todos devemos celebrar juntos<br />

patrioticamente, pagaremos um preço<br />

por nossa inação. Para o bem de<br />

nossos filhos e nosso país, devemos<br />

acordar e tomar medidas. Frente a<br />

uma torrente de invectivas de ódio e<br />

assassinato terrorista, a curva de<br />

aprendizagem dos Estados Unidos<br />

desde a crise dos reféns no Irã é tão<br />

pouco profunda que é quase plana.<br />

Quanto mais tempo permanecermos<br />

em posição inerte, mais difícil será<br />

mantermo-nos em pé.<br />

Tudo isto está se tornando uma<br />

realidade. Um antipatriota a favor dos<br />

muçulmanos é o Presidente deste<br />

grande país. Como pode acontecer?<br />

Pela apatia, por isso mesmo!<br />

<strong>VJ</strong> INDICA<br />

Receitas da Vida<br />

Ed. Melhoramentos<br />

LIVRO<br />

Receitas da Vida é um livro de culinária<br />

que vai além de ingredientes<br />

e modos de preparo, pois reúne receitas<br />

e o ambiente em que esses<br />

pratos eram preparados e degustados.<br />

Cada receita ganha vida ao<br />

fazer parte de uma cozinha com<br />

forno a lenha, na década de 1920,<br />

ou no gesto de uma criança que<br />

pega kneidalach da panela antes<br />

mesmo de ele estar pronto ou de<br />

uma mãe que prepara uma refeição especial para<br />

sua família.<br />

Prove as receitas e saboreie as recordações dos<br />

residentes do RIAE – Residencial Israelita Albert<br />

Einstein. Finalista 2010 do Prêmio Gourmand.<br />

9<br />

* Brigitte Gabriel é<br />

especialista no<br />

conflito do Oriente<br />

Médio e<br />

conferencista<br />

internacional sobre<br />

o tema. Foi<br />

apresentadora de<br />

notícias da<br />

televisão El Mundo<br />

Noticias de Medio<br />

Oriente e<br />

fundadora do<br />

AmericanCongress<br />

forruth.com Este<br />

discurso foi<br />

pronunciado em<br />

Washington, DC,<br />

em 3 de agosto<br />

2010. Para saber<br />

mais sobre Brigitte<br />

Gabriel acesse<br />

http://<br />

es.wikilingue.com/<br />

pt/Brigitte_Gabriel


10<br />

VISÃO JUDAICA outubro de 2010 Tishrei / Chesvan 5771<br />

Chavez não crê que o Irã seja um perigo<br />

Fidel diz que Ahmadinejad deve abandonar<br />

antissemitismo e parar de negar o Holocausto<br />

uma entrevista a um<br />

correspondente da revista<br />

americana The<br />

Atlantic, o ex-presidente<br />

cubano Fidel Castro<br />

criticou duramente o iraniano<br />

Mahmoud Ahmadinejad<br />

por continuar a negar o Holocausto.<br />

Segundo o ex-comandante da ilha,<br />

o governo de Teerã deveria abandonar<br />

o antissemitismo e tentar entender<br />

os motivos pelos quais os judeus<br />

foram perseguidos em todo o mundo<br />

ao longo da história.<br />

— Acho que ninguém sofreu mais<br />

do que os judeus. Diria até que eles<br />

sofreram<br />

muito mais<br />

do que os<br />

muçulmanos.<br />

Sofreram<br />

muito mais<br />

porque são<br />

acusados e<br />

caluniados<br />

por tudo. Nenhum<br />

povo<br />

foi tão perse-<br />

guido na história<br />

- disse<br />

Fidel Castro<br />

na entrevista.<br />

— Os judeus tiveram uma existência<br />

muito pior que a nossa. Não há<br />

nada que se compare ao Holocausto.<br />

Ainda assim, Fidel não é a favor<br />

das sanções dos Estados Unidos e de<br />

Israel ao Irã, que considera gratuitas.<br />

Considera, ainda, que Israel só conseguirá<br />

garantir a sua segurança<br />

quando se comprometer ao desarmamento<br />

nuclear.<br />

O ex-presidente cubano está<br />

afastado do poder desde 2006 devido<br />

a problemas de saúde. Ele renunciou<br />

ao cargo em favor do seu irmão,<br />

Raúl Castro, que hoje governa Cuba.<br />

No mês passado, o líder fez seu<br />

primeiro discurso no Parlamento nos<br />

últimos quatro anos. Na semana passada,<br />

ele falou a milhares de estudantes<br />

da Universidade de Havana.<br />

Nas duas ocasiões, Fidel abordou o<br />

risco de uma guerra nuclear envolvendo<br />

Estados Unidos, Irã e Israel.<br />

Defesa dos muçulmanos<br />

Três dias depois, o líder da Revolução<br />

cubana, Fidel Castro, amenizou<br />

suas explosivas declarações anteriores,<br />

em que dissera que o modelo<br />

comunista já não servia mais para<br />

Cuba, lembrou que é o capitalismo<br />

que fracassou, sublinhando o sofrimento<br />

dos muçulmanos no mundo.<br />

As palavras de Castro tinham causado<br />

estupor dentro e fora da ilha, e<br />

originaram rios de tinta sobre um suposto<br />

reconhecimento do fracasso do<br />

socialismo cubano e o apoio às reformas<br />

empreendidas por seu irmão,<br />

Raúl Castro, mas nenhum meio oficial<br />

fez a menor alusão á famosa frase.<br />

Fidel não negou ter dito aquelas<br />

palavras nem pôs em questão o trabalho<br />

do entrevistador da revista, Jeffrey<br />

Goldberg, um “grande jornalista”<br />

que “não inventa frases”. No entanto,<br />

Fidel disse que sua frase “representava<br />

exatamente o contrário do<br />

que fora interpretado pelo jornalista<br />

sobre o modelo cubano”.<br />

Fidel explicou o que havia querido<br />

dizer: “Minha ideia, como todos<br />

O site israelense da Palestinian Media Watch - PMW<br />

(Observação da Mídia Palestina - http://palwatch.org/<br />

main.aspx?fi=157&doc_id=3053), ONG dirigida por Itamar<br />

Marcus e Zilberdik Jacques Nan noticiou que no Ano Novo<br />

judaico, a TV oficial da Autoridade Palestina transmitiu uma<br />

reportagem mostrando os judeus rezando no Muro das Lamentações, enquanto a<br />

narradora dizia que eram “pecadores e imundos”.<br />

O mesmo programa também descreveu a história judaica como sendo “falsa”.<br />

A narradora da TV da AP disse textualmente: “Eles [israelenses] sabem com certeza<br />

de que nossas raízes [palestinas] são mais profundas do que a sua falsa história.<br />

Nós, das varandas de nossas casas, olhamos para fora e nos preocupamos com a<br />

santidade [islâmica] e com o pecado e a imundície [dos judeus orando junto ao Muro<br />

Ocidental]”. O programa foi transmitido pela TV da AP, que está a cargo da Fatah, no<br />

dia 10 de setembro de 2010. É mais uma demonstração das intenções da Autoridade<br />

palestina e firmar um acordo de paz com Israel. (PMW)<br />

..E em pecado e imundos [os judeus<br />

rezando no Muro]<br />

TV da AP: judeus rezando no<br />

Muro das Lamentações são<br />

“pecadores e imundos”<br />

Dias depois, ataca o capitalismo e defende os muçulmanos<br />

sabem, é que o sistema capitalista já<br />

não serve nem para os Estados Unidos,<br />

nem para o mundo, já que cai de<br />

crise em crise, que são cada vez mais<br />

globais e repetidas (...) Como poderia<br />

servir semelhante sistema para um<br />

país socialista como Cuba?”.<br />

Mas Fidel não só mudou essa frase,<br />

como também fez com a que se<br />

referira à sua pouco comum defesa<br />

dos judeus na entrevista, ao recordar<br />

que “não foram os únicos perseguidos<br />

e caluniados por suas crenças: os<br />

muçulmanos, durante mais de 12 séculos,<br />

foram atacados e perseguidos<br />

pelos cristãos europeus”.<br />

Além disso, a par do reconhecimento<br />

do sofrimento dos judeus, Fidel<br />

atacou, mais uma vez, o Estado de<br />

Israel, ao dizer que ali “os palestinos<br />

são privados de suas terras, suas casas<br />

são demolidas por monstruosos<br />

equipamentos e, homens, mulheres e<br />

crianças, bombardeados com fósforo<br />

e outros meios de extermínio”.<br />

Com seu discurso, o volátil Fidel<br />

Castro aparenta querer emendar um<br />

lapsus linguae (“escorregão de linguagem”)<br />

e tornar todas as declarações<br />

com as quais ultimamente surpreendeu<br />

o mundo de novo numa miragem em<br />

um país donde suas palavras sempre<br />

foram lidas como o farol da revolução.<br />

Após o “pai”, manifesta-se o<br />

“filhote”<br />

Depois que Castro falou dos judeus,<br />

advertindo Ahmadinejad para<br />

que parasse com seu antissemitismo<br />

e a negação do Holocausto, o presidente<br />

venezuelano, Hugo Chávez,<br />

anunciou que em breve se reunirá com<br />

a comunidade judaica da Venezuela.<br />

“Tentaram fazer uma campanha<br />

de que sou antijudeu, inimigo dos judeus<br />

(...); na verdade, respeitamos e<br />

queremos ao povo judeu”, disse.<br />

“Na Venezuela há uma comunidade<br />

judaica respeitável” e a presidenta<br />

argentina, Cristina Fernandez, “que<br />

sempre tem estado preocupada porque<br />

sabe que me chamam de tirano,<br />

assassino, ditador, antissemita, mas<br />

ela sabe que é totalmente falso, como<br />

sabe quase todo o mundo (...), inteirou-se<br />

dessa reunião” e expressou<br />

sua felicidade, reiterou.<br />

Chávez rompeu relações diplomáticas<br />

com Israel após os ataques de<br />

janeiro de 2009 contra o grupo terrorista<br />

palestino Hamas na Faixa de<br />

Gaza, e também então exigiu que se<br />

retratassem os que em seu país o responsabilizaram<br />

pelo ataque perpetrado<br />

um ano antes a sinagoga Tiferet-<br />

Israel, a principal de Caracas.<br />

Uma vez conclamado pela justiça<br />

venezuelana que o ataque teve estranhamente<br />

como móvel o roubo e que<br />

as pichações contra Israel em suas<br />

paredes pretendiam confundir a polícia,<br />

Chávez pediu retratação aos líderes<br />

opositores, diretores da mídia<br />

e personalidades judaicas que lhe<br />

atribuíram responsabilidades no fato.<br />

“Não sejam tão descarados e irresponsáveis!”,<br />

disse após acusálos<br />

de pretender “uma criminosa espécie<br />

de guerra religiosa midiática”<br />

na Venezuela.<br />

O governo dos EUA, que analisa<br />

anualmente a situação mundial sobre<br />

a perseguição e a discriminação por<br />

motivos religiosos, assinalou em outubro<br />

passado que a liberdade religiosa<br />

é “amplamente respeitada” na América<br />

Latina, “exceto” em Cuba e incluiu a<br />

Venezuela entre os países que acusa<br />

de por travas à liberdade de culto.<br />

País mais perigoso do mundo<br />

Não faz muito tempo, o mesmo<br />

Hugo Chávez, disse que o maior risco<br />

de que irrompa uma guerra nuclear<br />

no mundo provém de Israel, “que tem<br />

bombas atômicas que lhe deram os<br />

Estados Unidos”.<br />

“Há milhares de ogivas nucleares<br />

no mundo, mas Israel é o mais perigoso”,<br />

disse Chávez após nomear os<br />

países que têm armas atômicas e referir-se<br />

às advertências do líder cubano<br />

Fidel Castro de que atualmente<br />

existe um risco certo de que se desate<br />

uma conflagração nuclear.<br />

Chávez declarou que conhece vários<br />

dos governantes que têm arsenais<br />

atômicos, entre os que citou, da<br />

Rússia e China, mas descartou que<br />

eles possam ser os precursores desse<br />

conflito “porque são gente séria”.<br />

O governante venezuelano disse<br />

que após o risco israelense, a segunda<br />

opção é a dos Estados Unidos.<br />

“Podemos ter grandes dúvidas<br />

sobre os Estados Unidos, porque ainda<br />

que (o presidente Barack) Obama<br />

seja um homem distinto a extrema<br />

direita yanque, não está claro quem<br />

mande realmente”, disse Chávez.<br />

“Há dúvidas se é Obama quem<br />

realmente manda nos Estados Unidos<br />

ou é o império o que manda”, insistiu<br />

o venezuelano.<br />

Chávez acrescentou que colocar<br />

os Estados Unidos entre os possíveis<br />

causadores de uma “catástrofe nuclear”<br />

não é desatino porque foi o<br />

único país que já lançou duas bombas<br />

atômicas, contra o Japão.<br />

Ele ainda disse que se apesar das<br />

advertências de Castro acontecer<br />

essa guerra “poderia significar o fim<br />

da espécie humana”. (EFE).


sta espantosa comparação<br />

entre a ajuda<br />

ao Haiti e a Gaza<br />

não obteve repercussão<br />

na mídia, nos<br />

meios políticos internacionais<br />

e nem entre<br />

as ONGs do mundo todo.<br />

O fato é ainda muito pior do<br />

que parece — quando se coteja<br />

ambas as populações envolvidas e<br />

as mortes em decorrência do terremoto<br />

e da operação Chumbo<br />

Derretido desencadeada por Israel,<br />

contra os ataques terroristas<br />

orientados pelo Hamas.<br />

Estimativas da CIA de 2009 dão<br />

conta que 1.551.859 pessoas vivem<br />

em Gaza, mas a população do<br />

Haiti é de 5.035.536 habitantes.<br />

Isso significa que, per capita,<br />

Gaza obtém US$ 579,95, mas o<br />

Haiti apenas US$ 77,47. Assim,<br />

Gaza é aquinhoada 7,5 vezes mais<br />

por habitante após a operação das<br />

FDI de Israel do que o Haiti depois<br />

do terremoto que devastou o país.<br />

Se prestarmos atenção também<br />

para o número de mortos, o<br />

Haiti perdeu uma estimativa de<br />

230.000 pessoas em 12 de janeiro<br />

de 2010, o que equivale a uma<br />

ajuda dos EUA de US$ 3.043,48<br />

para cada fatalidade. A maior alegação<br />

do número de mortos em<br />

Gaza é de 1417 habitantes, significando<br />

uma “igual” ajuda norteamericana<br />

de US$ 635.144,70 por<br />

fatalidade.<br />

Dessa forma, para obter a ajuda<br />

dos EUA, cada morte em Gaza<br />

vale 209 vezes mais do que uma no<br />

Haiti. Gaza perdeu, no máximo,<br />

0,0913% de sua população, mas o<br />

Haiti perdeu 4,568%, ou seja, 50<br />

vezes mais. Gaza perdeu um habitante<br />

em cada 1095, mas o Haiti<br />

perdeu um em cada 22 pessoas.<br />

Por outro lado, o Haiti não é<br />

nem árabe nem muçulmano. E não<br />

tem tiranos ricos por causa do petróleo<br />

ou homens-bomba para serem<br />

apaziguados.<br />

O Índice de Desenvolvimento<br />

Humano da ONU também desmascara<br />

o mito dos palestinos como<br />

sendo “os miseráveis do planeta”.<br />

Das 182 áreas e países pesquisados,<br />

a Palestina é o 110º, no ranking que<br />

analisa não só os rendimentos,<br />

mas o bem-estar humano em muitos<br />

campos, tais como alfabetização<br />

e expectativa de vida.<br />

No seu grupo “Desenvolvimento<br />

Humano Médio” a Palestina<br />

bate e está acima de países como a<br />

Indonésia, na posição 111, Bolívia -<br />

113, Vietnã - 116, Egito - 123, África<br />

do Sul em 129, Marrocos - 130,<br />

Índia - 134, Iêmen - 140,<br />

Paquistão - 141, Haiti - 149, Sudão<br />

– 150, Tanzânia - 151 e Nigéria - 158.<br />

A expectativa de vida dos palestinos<br />

é de 73,3 anos, a mesma da<br />

Hungria, membro da União Europeia,<br />

enquanto seu percentual de<br />

alfabetização de adultos de 93,8%<br />

ultrapassa o das Filipinas, que tem<br />

93,4%. Quanto às crianças abaixo<br />

do peso normal por idade, a taxa é<br />

igual à da Rússia, onde 3% são de<br />

menores de cinco anos, enquanto<br />

o ingresso de capital é dos palestinos<br />

é de 149 dólares per capita, em<br />

comparação com US$ 150 em Israel,<br />

101 dólares no Egito, US$ 125<br />

para os países árabes em geral, e<br />

de US$ 135 para a Irlanda.<br />

Realmente, são estranhas as<br />

prioridades no trabalho de ajuda internacional,<br />

quando Gaza, com os<br />

índices de desenvolvimento que<br />

tem, recebe muito mais ajuda do<br />

que o Haiti devastado por violento<br />

terremoto.<br />

Bloqueio gera crise<br />

humanitária?<br />

O secretário-geral das Nações<br />

Unidas, Ban Ki-moon, é esperado<br />

em Israel para visitar a Faixa de<br />

Gaza em meio a demandas para<br />

acabar com o chamado bloqueio ao<br />

território controlado pro terroristas.<br />

No entanto, é preciso questionar<br />

se o cerco, ou bloqueio, referese<br />

às 738.576 toneladas de ajuda<br />

humanitária transferidas para a<br />

Faixa de Gaza em 2009.<br />

Além disso, a ONU forneceu<br />

US$ 200 milhões à Faixa de Gaza<br />

de ajuda na sequência da operação<br />

militar israelense que supostamente<br />

reivindicou 1.417 mortos entre<br />

uma população de 1,5 milhão, enquanto,<br />

não obstante os planos<br />

para levantar mais fundos, a organização<br />

ofereceu apenas US$ 10<br />

milhões para vítimas do terremoto<br />

no Haiti até o final de janeiro,<br />

um terremoto que ceifou a vida de<br />

mais de 230 mil pessoas e afetou<br />

mais de três milhões. Tudo isso<br />

sem que os haitianos atacassem<br />

uma população civil inocente em<br />

suas proximidades durante uma<br />

década inteira.<br />

A comunidade internacional<br />

tem comprado essa mentira descarada<br />

sobre o bloqueio israelense à<br />

Faixa de Gaza, ignorando os fatos<br />

no local. A ajuda humanitária internacional<br />

tem sido fluida rapidamente<br />

para a Faixa de Gaza durante<br />

anos e não cessou nem depois<br />

da Operação Chumbo Derretido,<br />

quando 30.576 caminhões de ajuda<br />

entraram no território em 2009.<br />

Em 2009, 4.883 toneladas de equipamentos<br />

médicos ingressaram na<br />

Faixa de Gaza. Em agosto, um novo<br />

equipamento de tomografia foi levado<br />

para a Faixa.<br />

Maior prisão do mundo?<br />

A Faixa de Gaza também tem<br />

sido chamada de “a maior prisão<br />

do mundo”, o que implicaria no<br />

fato de que os moradores não seriam<br />

capazes de sair do território.<br />

Só em 2009, 10.544 pacientes e<br />

seus acompanhantes deixaram a<br />

Faixa de Gaza para tratamento<br />

médico em Israel, e apenas na última<br />

semana de agosto foram cerca<br />

de 500 pacientes e acompanhantes<br />

de Gaza que entraram em Israel<br />

para obter tratamento médico.<br />

Enquanto isso, autoridades dos<br />

Estados Unidos, como os congressistas<br />

Keith Ellison e Brian Baird,<br />

ambos os quais visitaram a cidade<br />

de Sderot — uma das mais atingidas<br />

pelos mísseis do Hamas — por<br />

intermédio do Sderot Media Center,<br />

têm promovido a ideia do “Cerco<br />

a Gaza”. Eles devem ignorar o<br />

fato de que a secretária de Estado<br />

dos EUA, Hillary Clinton prometeu<br />

US$ 900 milhões em ajuda para a<br />

Faixa de Gaza, na sequência da operação<br />

“Chumbo Derretido”. Um relatório<br />

da USAID e do Departamento<br />

de Defesa dos EUA calcula que o<br />

auxílio enviado ao Haiti após o violento<br />

terremoto até o mês passado,<br />

somando todos os programas<br />

do governo dos EUA totaliza pouco<br />

mais de US$ 700 milhões em<br />

ajuda, quase US$ 200 milhões a<br />

menos do que a Faixa de Gaza controlada<br />

por terroristas.<br />

Mais de um ano se passou desde<br />

que a Operação Chumbo Derretido<br />

aconteceu e a comunidade<br />

internacional ainda está comprando<br />

a mentira sobre o “Cerco de<br />

Gaza”. Nesse meio tempo, o Sderot<br />

Media Center informou que<br />

mais de 320 foguetes e morteiros<br />

atingiram Israel no mesmo ano. Na<br />

verdade, Ban Ki-moon, deveria ir<br />

visitar o Kibbutz Nirim para ver de<br />

onde veio um foguete que destruiu<br />

um prédio semana atrás, ao<br />

invés de ficar ajudando a promover<br />

o mito com sua visita à Faixa<br />

de Gaza.<br />

VISÃO JUDAICA outubro de 2010 Tishrei / Chesvan 5771<br />

Gaza recebe 7,5 vezes mais ajuda<br />

per capita dos EUA do que o Haiti<br />

Cada habitante da Faixa obtém US$ 579,95, mas sobreviventes do terremoto só U$S 77,47 individualmente<br />

O texto original em inglês, com as<br />

referidas estatísticas encontra-se<br />

publicado em http://middle-eastanalysis.blogspot.com:80/2010/06/gazaalready-pledged-75-times-more-us.html<br />

Praças arborizadas. É esta a grande prisão de Gaza?<br />

11<br />

Mansões com piscinas demonstram que não há pobreza em Gaza<br />

Lazer em Gaza: A praia lotada parece campo de prisioneiros?<br />

Gaza tem um moderno sistema viário, urbanização e belos prédios, mas<br />

é dominada por terroristas do Hamas


12<br />

* Jane Bichmacher<br />

de Glasman é<br />

escritora, doutora<br />

em Língua<br />

Hebraica,<br />

Literaturas e<br />

Cultura <strong>Judaica</strong><br />

pela USP,<br />

professora<br />

adjunta,<br />

fundadora e exdiretora<br />

do<br />

Programa de<br />

Estudos Judaicos<br />

da UERJ<br />

VISÃO JUDAICA outubro de 2010 Tishrei / Chesvan 5771<br />

Piratas judeus do Caribe - Ahoy Vey?<br />

Jane Bichmacher de Glasman *<br />

ontinuando a saga<br />

pelo judaísmo no<br />

Brasil e no Caribe,<br />

não poderia deixar de<br />

mencionar os piratas<br />

judeus.<br />

Apesar da imagem estereotipada<br />

de judeus como mercadores e intelectuais,<br />

muitos deles levaram uma vida<br />

de intrépidos aventureiros, especialmente<br />

na época dos grandes descobrimentos<br />

e nos séculos seguintes.<br />

E - é claro - não por acaso!<br />

Este período é marcado na história<br />

judaica sefaradi pela expulsão da<br />

Península Ibérica e sua consequente<br />

diáspora, o concomitante desenvolvimento<br />

do criptojudaísmo e perseguição<br />

pela Inquisição.<br />

Os caminhos alternativos pelos<br />

quais os judeus enveredaram, abrangiam<br />

desde a dupla vida de anuss,<br />

(converso à força, praticando o<br />

judaísmo em segredo), passando<br />

pela busca por novos lares em países<br />

onde a tolerância lhes<br />

acenava como esperança<br />

(da Holanda aos países árabes<br />

em tempos de pacífica<br />

coexistência), indo até a fuga<br />

para as terras recém descobertas<br />

(onde estariam, a priori,<br />

menos ao alcance dos longos braços<br />

inquisitoriais), incluindo sua participação<br />

– tanto velada quanto aberta<br />

– nos projetos de navegação e de<br />

colonização dos territórios<br />

além mar.<br />

Outro tipo de atuação, que<br />

vem sendo mais estudado, fez<br />

parte dos rumos tomados pelos<br />

judeus conversos, expulsos<br />

e perseguidos – a pirataria!<br />

Sim, houve judeus piratas, e<br />

não foram poucos ou inexpressivos!<br />

Como uma “racionalização simplificadora”<br />

poderia dizer que esta<br />

representou a reação ativa, uma resposta<br />

agressiva a tanta hostilidade<br />

sofrida.<br />

Na verdade, a pirataria judaica<br />

existe desde muito antes de piratas<br />

berberes atacarem navios durante as<br />

Cruzadas. Na época do Segundo Templo,<br />

o historiador judeu Flávio Josefo<br />

registra que Hircano Aristóbulo fora<br />

acusado de “atos de pirataria no<br />

mar”. Existe um desenho de um navio<br />

pirata seguindo dois navios mercantes<br />

no túmulo de Jason.<br />

No final do século XV,<br />

os judeus foram expulsos<br />

da península ibérica. Na<br />

procura desesperada por<br />

refúgio, os judeus encontraram<br />

na Holanda uma<br />

sociedade tolerante, com<br />

governantes que consideravam<br />

Espanha e Portugal<br />

inimigos. Os holandeses<br />

estimularam os judeus de Amsterdam<br />

a viajarem às Índias Ocidentais e a<br />

se converterem em bucaneiros que<br />

combatessem as nações de seus perseguidores.<br />

Muitos dos piratas do<br />

Caribe eram sefaradim que<br />

se tornaram corsários para<br />

se vingar dos espanhóis que<br />

os expulsaram, assassinaram<br />

suas famílias e roubaram<br />

os seus bens. Os mais<br />

aventureiros foram para alto<br />

mar e em navios com nomes<br />

como profeta Samuel, rainha<br />

Ester e protetor de Abraão,<br />

atacaram e saquearam a frota<br />

espanhola ao mesmo tempo em<br />

que formaram alianças com outras<br />

potências europeias para garantir a<br />

segurança dos judeus que viviam na<br />

clandestinidade.<br />

Dentre eles encontramos figuras<br />

ousadas como “o grande pirata judeu”<br />

Sinan, segundo em comando de<br />

Barbarossa ou Barba Ruiva (seis dos<br />

seus oficiais eram judeus); o “pirata<br />

rabino” Samuel Pallache<br />

(de origem marroquina),<br />

que fundou a primeira comunidade<br />

judaica da Holanda,<br />

a Neve Shalom;<br />

Abraham Cohen Henriques,<br />

um traficante de armas<br />

que usou sua astúcia e força econômica<br />

para encontrar refúgios para<br />

os outros judeus, e seu irmão pirata<br />

Moisés, a quem é creditada a captura<br />

da frota da prata espanhola em 1628 -<br />

o maior assalto da história de piratas.<br />

Sem esquecer o mais famoso: Jean<br />

Lafitte, judeu sefaradi, que no seu<br />

auge, tinha uma frota inteira e até<br />

comprou uma loja de ferragens para<br />

esconder os saques da pirataria. Ele<br />

foi um dos poucos bucaneiros que não<br />

morreu em batalhas ou cadeias.<br />

Em 2008, Edward Kritzler publicou<br />

o livro “Jewish Pirates of the Caribbean”,<br />

que foca a saga da sua perseguição,<br />

especialmente na Espanha, e<br />

seus contatos com o próprio Cristóvão<br />

Colombo. Centrado nos séculos<br />

XVI, XVII e XVIII, o livro ilustra numerosas<br />

anedotas desconhecidas, provavelmente<br />

tanto para nãojudeus<br />

como para os próprios<br />

judeus. Quando o autor<br />

foi morar na Jamaica,<br />

estudando a história da<br />

ilha, achou um diário de piratas<br />

britânicos de 1642, no<br />

qual eles foram abordados<br />

por um grupo de portugueses<br />

de ascendência judaica<br />

na procura de asilo, e<br />

que prometeram revelar<br />

onde os espanhóis escondiam os<br />

seus tesouros. Continuando a investigação,<br />

Kritzler descobriu que antes<br />

do Império Britânico conquistar Jamaica<br />

em 1655, a ilha foi propriedade<br />

de descendentes de Cristóvão Co-<br />

lombo, e que esses “proporcionaram<br />

um refúgio aos judeus, que estavam<br />

proscritos também no Novo Mundo”.<br />

Na comunidade judaica da Jamaica,<br />

com mais de 500 anos, havia judeus<br />

comerciantes que se<br />

correspondiam com conversos<br />

das colônias espanholas,<br />

obtendo detalhes dos<br />

navios que iriam zarpar,<br />

além da listagem das mercadorias<br />

embarcadas. Estes<br />

dados e a projeção das rotas<br />

marítimas eram passados<br />

aos piratas. Alguns acreditavam,<br />

ingenuamente,<br />

que a atividade judaica limitava-se<br />

às informações de inteligência.<br />

Existem cemitérios no Caribe com<br />

lápides com o nome do falecido em<br />

caracteres hebraicos, acompanhados<br />

por símbolos piratas com a Estrela de<br />

David!<br />

Determinar o número exato de piratas<br />

judeus é difícil, Kritzler disse,<br />

porque muitos deles viajaram<br />

como conversos ao<br />

cristianismo e praticavam<br />

seu judaísmo em segredo.<br />

Alguns judeus, como<br />

Pallache, assumiram a pirataria<br />

para dar uma vida<br />

melhor para os sefaradim<br />

expulsos; outros foram<br />

motivados por vingança<br />

contra a Inquisição.<br />

Um exemplo é Moisés<br />

Cohen Henriques, que ajudou<br />

a planejar um dos<br />

maiores roubos da história contra a<br />

Espanha, como citei anteriormente.<br />

Em 1628, Henriques partiu com o Almirante<br />

holandês Piet Hein, da Cia.<br />

das Índias Ocidentais, cujo ódio à Espanha<br />

foi alimentado por quatro anos<br />

que passou como escravo de galé a<br />

bordo de um navio espanhol. Henriques<br />

e Hein abordaram navios espanhóis<br />

de Cuba e apreenderam carregamentos<br />

de ouro e prata do Novo<br />

Mundo no valor de milhões de dólares<br />

de hoje.<br />

Foi no início do século XVII que<br />

Henriques ganhou fama. A<br />

sua história adivinha-se:<br />

família expulsa de Portugal,<br />

passagem por Amesterdam,<br />

aventura nas Américas<br />

onde se esperava não<br />

chegasse o braço da Inquisição.<br />

Aliado dos holandeses,<br />

atacou todos os galeões<br />

espanhóis que lhe<br />

passaram à frente e alguns<br />

portugueses também. Nessa<br />

época, os Filipes reinavam sobre<br />

Portugal e Henriques foi ao ponto de<br />

atacar o Nordeste brasileiro, onde<br />

chegou a se instalar - montou sua própria<br />

ilha de piratas ao largo da costa<br />

do Brasil. Outros judeus jamaicanos,<br />

também de origem portuguesa, acabaram<br />

por ir parar mais tarde ao Brasil,<br />

como a família Coutinho, aparentada<br />

a António José da Silva, que acabaria<br />

na fogueira em Lisboa. Apesar<br />

de seu papel na invasão ter sido divulgado<br />

durante a Inquisição espanhola,<br />

ele nunca foi capturado.<br />

Outro pirata sefardi citado desempenhou<br />

um papel crucial na história<br />

americana. No livro “Jews on the Frontier”<br />

de Rachelle Simon, 1991, o Rabino<br />

Harold I. Sharfman conta a história<br />

do Jean Lafitte, cuja avó e mãe<br />

conversas fugiram da Espanha para<br />

a França em 1765, depois que seu avô<br />

materno foi condenado à morte pela<br />

Inquisição por ser “judaizante”.<br />

Referido como o Corsário, Lafitte<br />

estabeleceu um reino de piratas<br />

nos pântanos de Nova Orleans e liderou<br />

mais de 1.000 homens durante<br />

a Guerra de 1812. Depois de ser<br />

expulso de Nova Orleans em 1817,<br />

Lafitte restabeleceu seu reino na ilha<br />

de Galveston, Texas. Durante a luta<br />

pela independência do<br />

México, os revolucionários<br />

incentivaram Lafitte a<br />

atacar navios espanhóis e<br />

manter o saque.<br />

Algumas fontes citam<br />

também Yaakov Koriel, nascido<br />

no seio de uma família<br />

judia que se converteu<br />

forçadamente ao cristianismo<br />

quando ele era criança.<br />

Na juventude, Koriel<br />

foi um capitão da frota espanhola,<br />

até ser pego pela<br />

Inquisição. Ele foi libertado por seus<br />

marinheiros, a maioria dos quais<br />

eram marranos. Por muitos anos seguintes,<br />

seu único objetivo era a vingança.<br />

Ele teve três navios piratas sob<br />

seu comando. Pouco se sabe sobre o<br />

que aconteceu com ele depois. Alguns<br />

acreditam que ele teria ido para Tzfat<br />

na Terra Santa, onde estudou Cabala<br />

com Isaac Luria e morreu pacificamente<br />

de velhice.<br />

Para finalizar, cabe mencionar<br />

David Abravanel, descendente do rabino<br />

Isaac Abravanel, que para vingar<br />

a matança de sua família pelos<br />

espanhóis juntou-se aos ingleses,<br />

adotou o nome de “Capitão Davis” e<br />

comandava a nau “The Jerusalem”.<br />

Sobre ele se conta que nunca atacava<br />

no Shabat, só comia kasher em seu<br />

navio e seu diário de bordo foi escrito<br />

em caracteres hebraicos.<br />

O assunto é, para mim, fascinante.<br />

E abre novo leque de questões<br />

para serem pesquisadas. Desculpando<br />

o trocadilho (que já me coçava a<br />

língua com o pirata Abravanel, da ascendência<br />

do nosso Abravanel do<br />

Baú da Felicidade), é mais uma pedra<br />

cintilante (seja jóia ou bijuteria)<br />

que vislumbramos no baú de tesouros<br />

da história judaica...


VISÃO JUDAICA outubro de 2010 Tishrei / Chesvan 5771<br />

B’nai B’rith e PUC entregam Prêmio “Anjo de Hamburgo”<br />

um raro evento conjunto,<br />

a Pontifícia<br />

Universidade Católica<br />

- PUCPR (através<br />

do seu Núcleo da Pastoral,<br />

o Instituto Memória)<br />

e a comunidade israelita<br />

do Paraná (a Kehilá, a Federação<br />

Israelita do Paraná e a Loja Chaim<br />

Weizmann da B’nai B’rith do Paraná)<br />

promoveram entre os dias 30 de agosto<br />

a 1º de setembro de 2010, a II Semana<br />

Cultura e Fé no mundo contemporâneo,<br />

uma sequência de ações<br />

voltadas à História e Memória do<br />

Holocausto no Contexto da Segunda<br />

Guerra Mundial.<br />

O evento foi promovido ainda em<br />

parceria com o Departamento de História<br />

da PUCPR e o apoio da B’nai<br />

B’rith do Brasil e desenvolveu-se nos<br />

campi de Curitiba e de São José dos<br />

Pinhais. Houve palestras da professora<br />

Maria Luiza Tucci Carneiro da<br />

USP, do professor Wilson Maske, da<br />

PUCPR, e de Isaac Cubric, da B’nai<br />

B’rith, além dos depoimentos dos sobreviventes<br />

do Holocausto Moysés<br />

Jakobson e Sara Goldstein. O ponto<br />

alto foi a entrega do Prêmio “Anjo de<br />

Hamburgo” para pessoas que combatem<br />

o racismo e a discriminação.<br />

Os objetivos foram proporcionar<br />

o vínculo e o diálogo entre ciência,<br />

cultura e fé, no meio acadêmico, dis-<br />

Os sobreviventes do Holocausto<br />

Moysés Jakobson e Sara<br />

Goldstein, deram depoimentos<br />

ao público presente<br />

cutindo a respeito do compromisso da<br />

Universidade Católica e Marista com<br />

a educação para o exercício da cidadania<br />

democrática e responsável, que<br />

leve em conta a formação humanista<br />

para a construção de uma sociedade<br />

economicamente viável, humanamente<br />

justa, ecologicamente correta<br />

e sustentável; refletir sobre os limites,<br />

possibilidades e disparidades<br />

entre fé e razão e os desafios relacionados<br />

com a defesa e manutenção da<br />

vida e do planeta diante da memória,<br />

história e educação, na recordação<br />

dos 65 anos do fim da II Grande Guerra<br />

Mundial, ocorrido no dia 2 de setembro<br />

de 1945, um dos fatos mais<br />

dramáticos da história do século XX,<br />

que precisa ser lembrado, discutido<br />

e analisado a fim de ser superado definitivamente.<br />

Shmá Israel<br />

Com o auditório Maria Montesso-<br />

ri, do Centro de Teologia e Ciências<br />

Humanas, para mais de 400 pessoas<br />

lotado, o evento teve início com o professor<br />

de Teologia e membro do Núcleo<br />

de Pastoral, Ernesto Sienna,<br />

apresentando a oração Shmá Israel,<br />

que foi recitada de forma coletiva<br />

pela platéia, em português. A abertura<br />

oficial foi feita pelo pró-reitor de<br />

Atividades Comunitárias, Ricardo Tescarolo.<br />

A seguir, o presidente da B’nai<br />

B’rith, Leon Knopfholz, representando<br />

a BB nacional, destacou em seu<br />

discurso “a necessidade de se aprender<br />

que a virtude está na diversidade,<br />

que não há homem superior a outro,<br />

doutrina superior a outra, e que a<br />

inclusão e a receptividade são as verdadeiras<br />

garantias de êxito social”.<br />

Na sequência, o presidente da Federação<br />

Israelita do Paraná, Manoel<br />

Knopfholz, Israelita do Paraná, destacou<br />

que “a 2ª Guerra Mundial foi a<br />

mais catastrófica, sinistra e cruel passagem<br />

da História do Povo Judeu, em<br />

que 6 milhões deles foram mortos em<br />

campos de concentração numa verdadeira<br />

indústria do extermínio, perpetrada<br />

pelos nazistas de Hitler e seus<br />

asseclas”. Mais adiante pediu que<br />

“deste evento, possamos todos extrair<br />

mais ensinamentos, mais reflexão,<br />

e, acima de tudo, com mais fé num<br />

mundo contemporâneo cada vez mais<br />

pluralista, democrático e fraterno”.<br />

Mesa dos trabalhos do evento no Auditório Maria<br />

Montessori na PUC<br />

Programação<br />

A primeira palestra, no dia 30/8<br />

foi da professora Maria Luiza Tucci<br />

Carneiro, historiadora e coordenadora<br />

do Laboratório de Estudos sobre<br />

Etnicidade, Racismo e Discriminação<br />

da Universidade de São Paulo (LEER/<br />

USP), autora do livro “O antissemitismo<br />

nas Américas”. Ela falou sobre o<br />

tema “História e Memória do Holocausto<br />

no contexto da Segunda Guerra<br />

Mundial: um legado para o futuro”.<br />

Em seguida, o Sr. Moisés Jakobson e<br />

a Sra. Sara Goldstein, sobreviventes<br />

do Holocausto, deram seus pungentes<br />

depoimentos.<br />

No dia 31/8 foi a vez do professor<br />

Wilson Maske, da PUCPR, falar sobre<br />

“Como a experiência Nacional Socialista<br />

foi possível na Alemanha?”. Em<br />

seguida, Isaac Cubric, primeiro secretário<br />

da B’nai B’rith Paraná, fez uma<br />

palestra sobre “Os Schindlers brasileiros”.<br />

Na última noite, no campus de<br />

S. José dos Pinhais, os palestrantes<br />

foram o professor Antonio José de<br />

Almeida e a professora Adalgisa de<br />

Oliveira, ambos da PUCPR, que abordaram<br />

“A Cultura da Paz na sociedade<br />

contemporânea” e “O Instituto<br />

Marista e a educação para a paz”, respectivamente.<br />

Houve também um cine debate<br />

nos dias 30 e 31 de agosto, das 17h<br />

às 19h, com a exibição dos filmes<br />

“Nós que aqui estamos por vós esperamos”<br />

e “A Lista de Schindler”. No<br />

Teatro Leopoldo Scherner, do campus<br />

de São José dos Pinhais houve ainda<br />

uma exposição alusiva aos temas das<br />

palestras.<br />

Premiação<br />

O Instituto Memória idealizou o<br />

Prêmio “Anjo de Hamburgo”, pois segundo<br />

seu editor Anthony Leahy “é<br />

necessário mostrar que existem pessoas<br />

boas que lutam e acreditam em<br />

um mundo melhor”. O Prêmio “Anjo<br />

de Hamburgo” é uma homenagem e<br />

um resgate histórico da luta e do heroísmo<br />

da paranaense Aracy de Carvalho<br />

Guimarães Rosa, esposa de<br />

Guimarães Rosa, que ganhou o apelido<br />

de “Anjo de Hamburgo” por salvar<br />

centenas de judeus do nazismo,<br />

ignorando leis antissemitas e conseguindo<br />

vistos que abriam caminho<br />

para refúgio no Brasil.<br />

Público interessado lotou as dependências do auditório<br />

O Prêmio em sua primeira versão<br />

foi entregue no dia 31/8 para as seguintes<br />

pessoas: Eleonora Bonato Fruet, Rita<br />

O professor Wilson Maske (D), da PUCPR, falou sobre<br />

“Como a experiência Nacional Socialista foi possível na<br />

Alemanha?”. Em seguida, Isaac Cubric, 1º secretário da<br />

B’nai B’rith Paraná, abordou sobre o tema “Os<br />

Schindlers brasileiros”<br />

Leon Knopfholz, presidente da B'nai B'rith do Paraná;<br />

Ester Proveller, presidente da Kehilá; Manoel Knopfholz,<br />

presidente da Federação Israelita do Paraná; Isaac Cubic,<br />

secretário da B'nai B'rith e palestrante, e a professora<br />

Maria Luíza Tucci Carneiro, da USP, que abordou o tema<br />

tema “História e Memória do Holocausto no contexto da<br />

Segunda Guerra Mundial: um legado para o futuro”<br />

de Cássia Munhoz, Nara Salamunes,<br />

Milton Ivan Heller, Marion Brephol de<br />

Magalhães e Eronides Cruz.<br />

Eleonora Fruet, Rita de Cássia<br />

Munhoz e Nara Salamunes são realizadoras<br />

da Jornada Interdisciplinar<br />

sobre o Ensino da História do Holocausto,<br />

que envolve 400 professores<br />

da Rede de Ensino Municipal. Marion<br />

Brephol de Magalhães é professora<br />

da Universidade Federal do Paraná<br />

(UFPR), historiadora e autora de livros<br />

que explicam as raízes do preconceito<br />

e da discriminação. Eronides Cruz<br />

é ex-pracinha e combatente da II<br />

Guerra Mundial, considerado Herói do<br />

Exército Brasileiro. Milton Ivan Heller<br />

é jornalista, escritor e autor dos<br />

livros “Resistência Democrática: Repressão<br />

no Paraná”, “De Catanduvas<br />

ao Oiapoque” e “Conspiração Nazista<br />

nos Céus da América”.<br />

13


14<br />

VISÃO JUDAICA outubro de 2010 Tishrei / Chesvan 5771<br />

Abbas e Netanyahu: A paz é possível?<br />

maioria dos israelenses<br />

tem dúvidas de que o<br />

país poderá chegar a um<br />

acordo de paz com os<br />

palestinos nas negociações<br />

que foram retomadas<br />

nos Estados Unidos inicialmente e<br />

depois no Egito, de acordo com pesquisas<br />

de opinião e diferentes analistas<br />

em Israel.<br />

De acordo com a pesquisa de opinião<br />

do canal 10 da TV de Israel, 60%<br />

dos israelenses não acreditam que o<br />

presidente palestino, Mahmoud Abbas,<br />

tenha “intenções sérias” de alcançar um<br />

acordo de paz e não acham que o processo<br />

de paz possa ser bem sucedido.<br />

Apenas 22,9% manifestaram confiança<br />

no líder palestino e nas chances<br />

de sucesso das negociações. Outros<br />

17,1% disseram que não sabem opinar.<br />

A maioria dos analistas locais também<br />

manifesta ceticismo quanto às<br />

chances de que as novas negociações<br />

resultem em um acordo de paz.<br />

De acordo com o analista do jornal<br />

Yediot Ahronot, Shimon Shifer,<br />

“esse teatro deve acabar em breve,<br />

talvez ainda antes do fim deste mês”.<br />

“Existe uma grande distância entre<br />

o que Netanyahu propõe aos palestinos<br />

e a proposta feita pelo [expremiê<br />

Ehud] Olmert, portanto não<br />

vejo possibilidades de que as negociações<br />

possam ter sucesso”, disse<br />

Shifer a rádio estatal de Israel.<br />

O primeiro-ministro de Israel já<br />

deixou claro que não pretende dividir<br />

a soberania em Jerusalém e que deseja<br />

manter o Vale do Jordão – um<br />

terço da área da Cisjordânia – sob<br />

controle militar israelense.<br />

Já Ehud Olmert, antecessor de<br />

Netanyahu, havia concordado com a<br />

Israelenses estão céticos<br />

sobre negociações de paz<br />

divisão de Jerusalém e com a retirada<br />

de Israel do Vale do Jordão.<br />

Base do governo ameaçada<br />

Yaron Dekel, analista político da<br />

rádio estatal de Israel, afirmou que<br />

para chegar a um acordo com os palestinos,<br />

Netanyahu terá que abrir<br />

mão da base de sua coalizão governamental.<br />

“Não acho que ele colocará<br />

em risco sua coalizão”, disse.<br />

O principal parceiro de Netanyahu<br />

na coalizão atual, o ministro das Relações<br />

Exteriores, Avigdor Lieberman,<br />

se opõe ao desmantelamento dos<br />

assentamentos israelenses na Cisjordânia.<br />

Ele ameaça abandonar a coalizão<br />

caso as negociações com os<br />

palestinos avancem, o que poderia<br />

significar o fim do governo atual.<br />

Segundo o jornal Maariv, Netanyahu<br />

não conta com apoio para a<br />

continuação do congelamento dos<br />

assentamentos – condição fundamental<br />

dos palestinos para as negociações<br />

– em nenhuma das instâncias<br />

do governo.<br />

De acordo com um levantamento<br />

feito pelo jornal, a maioria absoluta<br />

dos ministros se opõe à extensão do<br />

congelamento, que deve terminar no<br />

próximo dia 26 de setembro.<br />

Dos 29 ministros, 21 são a favor<br />

da retomada total da construção dos<br />

assentamentos após o termino do<br />

congelamento.<br />

No Fórum dos Sete – grupo de ministros<br />

que toma as principais decisões<br />

do governo – quatro são contra<br />

a continuação do congelamento.<br />

No Gabinete de Segurança – outro<br />

fórum importante de ministros –<br />

dez dos 15 integrantes apóiam a retomada<br />

da construção nos territórios<br />

ocupados.<br />

Likud dividido<br />

Dentro do próprio partido de Netanyahu,<br />

o Likud, grande parte dos<br />

deputados é contra a continuação do<br />

congelamento. O deputado Dani Danon<br />

declarou que Netanyahu “deve se<br />

lembrar qual é a posição do Likud”.<br />

A ministra da Cultura, Limor Livnat,<br />

também do Likud, disse que depois<br />

do dia 26 de setembro o congelamento<br />

dos assentamentos “não<br />

pode continuar de maneira nenhuma”.<br />

Yossi Beilin, um dos arquitetos do<br />

acordo de Oslo e ex-ministro do governo<br />

do trabalhista Itzhak Rabin, declarou<br />

que Netanyahu “não está disposto<br />

a pagar o preço que o mundo<br />

entende que deve ser pago” pela paz.<br />

Já a deputada Orit Noked, do Partido<br />

Trabalhista, que é parceiro na<br />

coalizão de Netanyahu, manifestou<br />

otimismo.<br />

“Acho que Netanyahu decidiu promover<br />

uma grande mudança. Bibi<br />

(como é chamado Netanyahu) vai se<br />

tornar um (Itzhak) Rabin”, disse Noked<br />

ao site de notícias Ynet, em referência<br />

ao premiê israelense que foi assassinado<br />

em 1995 quando estava<br />

avançando em negociações de paz<br />

com os palestinos.<br />

Otimismo<br />

Mas há otimistas, poucos, mas<br />

há. Para o analista do jornal Haaretz<br />

Aluf Ben, Netanyahu pode se tornar<br />

“o nosso Gorbachev”. Ele pode se<br />

tornar um grande reformista que colocará<br />

um fim ao domínio israelense<br />

nos territórios.<br />

Para ele, Netanyahu é o líder político<br />

mais forte que Israel já teve em<br />

mais de 25 anos e atribui total prioridade<br />

às relações com os Estados Unidos.<br />

Segundo Aluf Ben, o que o premiê<br />

israelense mais teme é o isolamento<br />

internacional crescente de Israel<br />

e o fortalecimento do Irã.<br />

“A linha que Netanyahu está seguindo<br />

é clara: Israel precisa de apoio<br />

internacional e suas relações com os<br />

Estados Unidos são prioridade máxima,<br />

muito acima do que a ideologia<br />

da extrema-direita”, afirma Ben em<br />

artigo no jornal Haaretz.<br />

Netanyahu: sem garantias de<br />

êxito<br />

O primeiro-ministro Binyamin Netanyahu<br />

disse durante saudação de<br />

Rosh Hashaná (o Ano Novo judaico)<br />

aos israelenses, que não há nenhuma<br />

garantia de que as negociações<br />

entre Israel e os palestinos terão êxito,<br />

mas comprometeu-se a buscar um<br />

acordo de paz antes de dezembro.<br />

“Este ano, depois de muitos esforços,<br />

começaram as conversações diretas<br />

com os palestinos” disse ele,<br />

num vídeo divulgado pela Presidência<br />

antes de Rosh Hashaná. “Este é um<br />

passo importante em nossa tentativa<br />

de avançar até um acordo de paz”.<br />

“E digo que isto é uma tentativa,<br />

porque não é certo que terá êxito.<br />

Com certeza há muitos obstáculos,<br />

muitos céticos e muitas razões para<br />

duvidar, mas temos que tratar de alcançar<br />

a paz”, declarou.<br />

“Agimos de boa fé, mas sem ser<br />

ingênuos, para chegar a um acordo<br />

de paz. Qualquer acordo entre nós e<br />

os palestinos, será baseado em dois<br />

critérios: a segurança e o reconhecimento<br />

de Israel como Estado judeu”,<br />

acrescentou Netanyahu.<br />

“Segurança, porque não há paz que<br />

perdure sem uma base de segurança<br />

real, no terreno e não nos papéis, na<br />

forma de um nebuloso compromisso<br />

internacional”, disse. “A segunda base<br />

é o reconhecimento de que Israel é o<br />

Estado nacional do povo judeu”.<br />

“Se nos pedem que reconheçamos<br />

um Estado palestino, é natural e lógico<br />

que os palestinos reconheçam o<br />

Estado de Israel como o estado do<br />

povo judeu”.<br />

As declarações de Netanyahu foram<br />

feitas um dia após expressar sua<br />

preocupação porque o presidente palestino,<br />

Mahmoud Abbas, abandonaria<br />

o processo de paz, depois que este<br />

declarou que não concederia a Israel<br />

uma série de questões básicas e que<br />

não discutiria o reconhecimento de<br />

Israel como Estado judeu.<br />

“Israel pode chamar-se a si próprio<br />

como quiser”, disse Abbas ao jornal<br />

árabe com sede em Jerusalém, Al-<br />

Quds Al-Arabia.<br />

O líder palestino também disse<br />

que se negaria a continuar as negociações<br />

se reiniciassem as construções<br />

nos assentamentos na Cisjordânia.<br />

Obama não imporá solução<br />

“Estou esperançoso. Com uma<br />

certa cautela, mas esperançoso”, disse<br />

o presidente norte americano Barack<br />

Obama, que após reunir-se em<br />

separado com os dois líderes, afirmou<br />

que “querem a paz”.<br />

O presidente norte-americano protagonizou<br />

no início de setembro uma<br />

intensa jornada de reuniões bilaterais<br />

com outros líderes da região, o rei<br />

Abdala da Jordânia e o presidente<br />

egípcio, Hosni Mubarak, que deverá<br />

acolher em seu país a próxima ronda<br />

negociadora.<br />

Obama deixou claro que a frase<br />

do dia é “uma oportunidade que deve<br />

ser aproveitada”, que deve servir para<br />

“resolver todas as diferenças” e lograr<br />

a solução que estabelece o Mapa<br />

da Estrada, a formação de um Estado<br />

palestino que conviva em paz e segurança<br />

com Israel. E deixou claro que<br />

os EUA serão parte “ativa” e “substancial”<br />

nas negociações, mas “não<br />

imporá” uma solução. “Os Estados<br />

Unidos não podem impor soluções e<br />

não podemos desejá-las mais que as<br />

próprias partes”.


economia da faixa palestina<br />

de Gaza cresceu<br />

16% na primeira<br />

metade de 2010, em<br />

parte pela diminuição<br />

das restrições do bloqueio<br />

de Israel, enquanto<br />

o Produto Interno Bruto (PIB) da<br />

Cisjordânia subiu 9%. Mas o real motivo<br />

são as doações de dinheiro a fundo<br />

perdido dos EUA, da União Européia,<br />

dos países árabes produtores de<br />

petróleo e até do Brasil.<br />

Os dados aparecem em relatório<br />

sobre os territórios elaborado pelo<br />

Gaza é uma cidade movimentada e sem<br />

crise humanitária como a mídia apregoa<br />

PIBs de Gaza e Cisjordânia<br />

têm grandes altas no 1º semestre<br />

Gaza cresceu 16% na primeira metade de 2010; na Cisjordânia foi de 9%<br />

Khaled Abu Toameh *<br />

Muitos palestinos da Margem<br />

Ocidental e da Faixa de Gaza têm um<br />

sonho: trabalhar ou viver em Israel.<br />

Alguns, inclusive, dizem que estão dispostos<br />

a pagar grandes somas de dinheiro<br />

para obter a cidadania israelense.<br />

Outros pagam um montão de<br />

dinheiro a traficantes palestinos e judeus<br />

que os ajudam a se esquivar dos<br />

postos de controle para entrar em Israel<br />

em busca de trabalho e uma boa<br />

vida. Estes não são palestinos que se<br />

odeiam a si próprios. Também não são<br />

“traidores pró-israelenses” que<br />

apóiam o movimento sionista.<br />

Muitos palestinos sentem que<br />

nem o Fatah nem o Hamas têm feito<br />

o suficiente para aliviar seu sofrimento.<br />

Muitos líderes do Fatah que<br />

roubaram bilhões de dólares das doações<br />

internacionais destinadas aos<br />

palestinos investiram suas fortunas<br />

em hotéis, centros turísticos e empresas<br />

de bens radicadas no ocidente.<br />

O Hamas, por outro lado, prefere<br />

gastar milhões de dólares na compra<br />

[e contrabando] de grandes<br />

quantidades de armas, incluindo foguetes<br />

e munições.<br />

É uma vergonha para os ditadores<br />

árabes e muçulmanos, especialmente<br />

aqueles que ganham bilhões<br />

de dólares com a venda de petróleo,<br />

Fundo Monetário Internacional (FMI),<br />

que prevê que a economia palestina,<br />

em seu conjunto, crescerá pelo menos<br />

8% em 2010.<br />

Durante o ano passado, a economia<br />

da Faixa de Gaza cresceu somente<br />

1%, enquanto a alta na Cisjordânia<br />

foi de 8,5%.<br />

O relatório do FMI, publicado pelo<br />

jornal israelense Ha’aretz, atribui a<br />

melhoria da situação na faixa, governada<br />

pelo movimento islamita Hamas,<br />

à progressiva diminuição do bloqueio<br />

israelense, o que permitiu um aquecimento<br />

da atividade econômica.<br />

Agitada rua comercial: Economia pujante e<br />

não se vê miséria<br />

que seus representados tenham que<br />

buscar trabalho e refúgio em Israel e<br />

no Ocidente. Também é uma vergonha<br />

para o Fatah e o Hamas, que milhares<br />

de palestinos não possam encontrar<br />

emprego ou uma boa vida nos<br />

dois estados palestinos na Margem<br />

Ocidental e na Faixa de Gaza.<br />

Os regimes árabes e islâmicos<br />

estão gastando bilhões de dólares na<br />

construção de novas mesquitas e<br />

madrassas, enquanto que quase a<br />

metade de sua população é analfabeta<br />

e vive abaixo da linha de pobreza.<br />

Os universitários graduados nesses<br />

países se vêem obrigados a buscar<br />

trabalho no ocidente por causa<br />

das más condições de trabalho e a<br />

falta de oportunidades.<br />

A ausência de um bom governo,<br />

de transparência, de prestação das<br />

contas e democrático nestes países,<br />

está levando os árabes e muçulmanos<br />

a buscar trabalho e uma vida<br />

melhor, não só na América do Norte e<br />

Europa, mas em lugares como Israel.<br />

Um árabe rico prefere gastar milhões<br />

de dólares num zoológico particular<br />

que na construção de um hospital<br />

ou uma universidade. Por que<br />

haveria de fazê-lo, quando ele e os<br />

membros de sua família poderiam<br />

viajar a qualquer momento que desejem<br />

para receber tratamento médico<br />

Israel, que supervisiona todos os<br />

produtos que entram em Gaza para<br />

impedir a entrada de material bélico,<br />

começou a suavizar o bloqueio de forma<br />

muito superficial no começo do<br />

ano, e no início de junho aplicou mais<br />

medidas por causa das pressões internacionais<br />

pela morte de nove ativistas<br />

turcos no ataque a uma frota<br />

humanitária.<br />

Oussama Kanaan, representante<br />

do FMI para Gaza e Cisjordânia, explicou<br />

ao jornal que a recuperação na<br />

faixa é alta porque “partia de uma situação<br />

econômica muito baixa pelo<br />

Onde estão os escombros? Os prédios<br />

destruídos?<br />

Eles querem viver em Israel<br />

na Clínica Mayo ou estudar na Universidade<br />

de Harvard?<br />

Em muitos sentidos, estes palestinos<br />

não são diferentes dos imigrantes<br />

africanos que procuram se infiltrar<br />

em Israel, todos os dias, através<br />

do Egito. Os imigrantes procedem do<br />

Sudão, Etiópia, Eritreia, Nigéria e outros<br />

países africanos.<br />

Como os palestinos, os africanos<br />

estão dispostos a pagar muito dinheiro<br />

para entrar em Israel. Os traficantes<br />

egípcios cobram até 1.000 dólares<br />

por cada imigrante.<br />

Mas para os imigrantes africanos,<br />

a viagem é também muito perigosa.<br />

Nos últimos três anos, guardas fronteiriços<br />

egípcios têm disparado e<br />

matado dezenas de homens e mulheres<br />

africanos que tentavam cruzar a<br />

fronteira com Israel.<br />

Há poucas semanas, um homem<br />

sudanês de 23 anos de idade, foi baleado<br />

fatalmente pelas tropas egípcias,<br />

quando procurava entrar em Israel.<br />

Outros quatro em busca de asilo<br />

foram detidos.<br />

Enquanto que os egípcios matam<br />

os imigrantes africanos, Israel está<br />

favorecendo os afortunados que conseguem<br />

cruzar a fronteira, com postos<br />

de trabalho, assim como também<br />

serviços médicos e sociais.<br />

VISÃO JUDAICA outubro de 2010 Tishrei / Chesvan 5771<br />

forte bloqueio”, e<br />

porque em 2009 a<br />

ofensiva israelense<br />

neutralizou qualquer<br />

possibilidade<br />

de crescimento.<br />

Uma série de<br />

projetos internacionais<br />

de reconstrução<br />

também teve<br />

influência na recuperação<br />

da economia<br />

palestina na pri-<br />

meira metade de 2010.<br />

(http://portalexame.abril.com.br/).<br />

Falta mesmo energia elétrica em Gaza<br />

como diz a propaganda anti-Israel?<br />

É certo que Israel não é 100%<br />

perfeito. Mas um africano muçulmano<br />

ou cristão continua preferindo Israel<br />

que países como Egito, Jordânia,<br />

Síria, Arábia Saudita e Irã. Como explicou<br />

um “refugiado” de Darfur, Sudão,<br />

que agora vive em Tel Aviv: “Sinto-me<br />

mais seguro no Estado judeu<br />

do que no Sudão ou em qualquer país<br />

árabe ou islâmico”.<br />

Para muitos palestinos, é mais<br />

fácil encontrar um trabalho em Israel<br />

e no Canadá que em qualquer país<br />

árabe ou islâmico, a maioria dos quais<br />

lhes impõem estritas restrições para<br />

viajar e trabalhar. Os palestinos não<br />

podem entrar na maioria dos países<br />

árabes e islâmicos sem um visto.<br />

Pode-se entender por que um<br />

palestino precisa de um visto para<br />

entrar nos EUA ou em qualquer<br />

país europeu. Mas por que precisa<br />

um palestino de um visto para<br />

visitar seus parentes na Síria, no<br />

Líbano ou Egito?<br />

Muitos palestinos da Margem<br />

Ocidental que visitam países árabes,<br />

frequentemente se encontram jogados<br />

nos centros de detenção durante<br />

semanas, meses e anos, sem julgamento.<br />

Centenas, se não milhares de<br />

palestinos se acredita que modorram<br />

em cárceres por todo o mundo árabe,<br />

especialmente na Síria e no Egito.<br />

15<br />

Fábrica de refrigerantes em Gaza: economia<br />

da região cresceu 16% na primeira metade<br />

de 2010<br />

* Khaled Abu<br />

Toameh é um<br />

jornalista árabeisraelense,<br />

correspondente na<br />

Margem Ocidental<br />

dos jornais The<br />

Jerusalem Post e<br />

U.S. News and<br />

World Report.<br />

Anteriormente foi<br />

um dos editores do<br />

The Jerusalem<br />

Report. Produziu<br />

diversos<br />

documentários<br />

sobre os palestinos<br />

para a BBC e<br />

muitas outras<br />

redes, incluindo<br />

alguns que<br />

expuseram a<br />

conexão entre<br />

Arafat e<br />

pagamentos à ala<br />

armada do Fatah e<br />

a corrupção<br />

existente na<br />

Autoridade<br />

Palestina.<br />

Publicado em<br />

Guysen News


16<br />

VISÃO JUDAICA outubro de 2010 Tishrei / Chesvan 5771<br />

OLHAR<br />

○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○<br />

HIGH-TECH<br />

○<br />

Descoberta destrói células de HIV<br />

Cientistas de Israel dizem ter descoberto<br />

uma nova forma de eliminar células infectadas<br />

com HIV, em um processo que<br />

provoca a autodestruição de células contaminadas.<br />

Pela técnica desenvolvida pelos<br />

cientistas da Universidade Hebraica<br />

de Jerusalém, as células infectadas com<br />

HIV recebem um DNA viral, que faz com<br />

que a célula morra. A técnica não afetou<br />

as células não-infectadas. Até o momento,<br />

a pesquisa foi desenvolvida apenas<br />

em pequena escala, com poucas células.<br />

Nenhum teste foi realizado em humanos.<br />

Ela foi publicada na revista científica Aids<br />

Research and Therapy. (BBC).<br />

Células de HIV - II<br />

Os pesquisadores afirmam que a técnica<br />

poderia levar a um tipo de tratamento<br />

contra o vírus HIV. O melhor tratamento<br />

disponível hoje — à base de antiretrovirais<br />

— é eficaz no combate à replicação<br />

de células infectadas, mas ele não consegue<br />

eliminá-las. Segundo o artigo, assinado<br />

pelo professor Abraham Loyter e<br />

sua equipe, o método desenvolvido no laboratório<br />

“resultou não só no bloqueio do<br />

HIV-1, mas também exterminou as células<br />

infectadas por apoptose [autodestruição]”.<br />

O artigo ressalva, no entanto, de<br />

que há mais de um tipo de vírus HIV e<br />

que o trabalho da equipe está apenas nos<br />

estágios iniciais. Os pesquisadores acreditam<br />

que o trabalho pode ajudar no desenvolvimento<br />

de um novo tipo de tratamento<br />

no futuro contra a Aids. (BBC).<br />

Nova quimioterapia contra o câncer<br />

A quimioterapia, embora considerada um<br />

tratamento eficaz do câncer, também<br />

traz efeitos colaterais debilitantes,<br />

como náuseas, intoxicação do fígado e<br />

agressão ao sistema imunológico. Agora,<br />

uma nova forma de empregar a terapia<br />

de salvamento para pacientes com<br />

câncer foi desenvolvida por pesquisadores<br />

da Universidade de Tel Aviv. A tecnologia<br />

é constituída de um veículo de<br />

tamanho nano e com capacidade para<br />

entregar drogas quimioterápicas diretamente<br />

nas células com câncer, evitando<br />

a interação com as células saudáveis, e<br />

aumentando assim a eficiência do tra-<br />

Veículo-nano usado em novo tratamento<br />

quimioterápico<br />

tamento quimioterápico, com a redução<br />

dos seus efeitos colaterais. O dr. Dan<br />

Peer, do Departamento de Imunologia e<br />

Pesquisa da Célula, da Universidade de<br />

Tel Aviv, e a professora Rimona Margalit,<br />

do Departamento de Bioquímica e<br />

Biologia Molecular conduziram a pesquisa.<br />

(Arutz Sheva).<br />

Nova quimioterapia II<br />

“O veículo é similar a uma bomba de<br />

fragmentação”, explica o dr. Peer. Dentro<br />

do próprio veículo nano há pequenas<br />

partículas das drogas da quimioterapia.<br />

Quando o veículo entra em<br />

contato com células cancerígenas, ele<br />

libera a carga de quimioterapia diretamente<br />

nessas células. Segundo o dr.<br />

Peer, o dispositivo médico nano pode<br />

ser usado para tratar diversos tipos de<br />

câncer, incluindo do pulmão, do sangue,<br />

do cólon, da mama, do ovário, do<br />

pâncreas e ainda vários tipos de cânceres<br />

cerebrais. O nanoveículo, acrescenta<br />

o dr. Peer, é fabricado a partir<br />

de materiais orgânicos que se decompõem<br />

totalmente no corpo, uma vez<br />

que exerceu a sua função, tornando o<br />

tratamento mais seguro do que terapias<br />

atuais. A descoberta foi recentemente<br />

publicada na revista Biomaterials.<br />

(Arutz Sheva).<br />

Açúcar reconhecido por célula doente<br />

A chave para a plataforma de entrega das<br />

drogas é a molécula usada para criar o<br />

revestimento exterior do veículo nano,<br />

um açúcar reconhecido por receptores de<br />

vários tipos de células cancerosas.<br />

“Quando o veículo nano interage com os<br />

receptores da célula cancerosa, o receptor<br />

sofre uma mudança estrutural e a carga<br />

quimioterápica é liberada diretamente<br />

dentro da célula do câncer”, diz o dr.<br />

Peer, que lidera a mais focada pesquisa<br />

de tratamento quimioterápico contra células<br />

doentes. Como o nanoveículo reage<br />

apenas nas células cancerosas, as<br />

células sadias que as cercam permanecerão<br />

intocadas e não serão afetadas<br />

pela terapia. (Arutz Sheva).<br />

Ensaios clínicos chegando logo<br />

A nova droga será uma melhoria em qualquer<br />

coisa que existe atualmente no mercado,<br />

diz o dr. Peer. Cumprindo sua missão<br />

quimioterápica diretamente nas células<br />

cancerosas, o processo não apenas<br />

é mais potente, como também muito mais<br />

seguro. Os drs. Peer e Margalit estão trabalhando<br />

com a Oruus Pharma, da Califórnia,<br />

EUA, que licenciou a bomba-cluster<br />

“plataforma” da Universidade e poderá<br />

garantir uma rápida transição do laboratório<br />

para os ensaios clínicos, que<br />

devem começar em dois anos ou menos,<br />

diz o dr. Peer. (Arutz Sheva).<br />

O futuro está em Israel<br />

Durante décadas os europeus têm<br />

sofrido com os caprichos de seus fornecedores<br />

de petróleo. Primeiro, com<br />

os países árabes jogando com o preço<br />

do óleo cru que religiosamente pagavam,<br />

apesar do dano infligido às suas<br />

economias. Em segundo lugar, com<br />

uma dependência quase absoluta do<br />

gás siberiano controlado politicamente<br />

pelo Kremlin que, com o intuito de<br />

alcançar seus objetivos, tem feito abrir<br />

e fechar a torneira do abastecimento<br />

nos últimos anos, ameaçando sempre<br />

com um inverno cada vez mais frio.<br />

A possibilidade de trocar as fontes<br />

energéticas tem se revelado cara<br />

e pouco produtiva (se recusa por questões<br />

ideológicas, como a energia nuclear);<br />

e o cenário da mudança de produtores,<br />

pouco seguro tendo em conta<br />

a volatilidade estratégica da África<br />

subsaariana ou o côncavo andino.<br />

Mas aqui está uma boa notícia:<br />

Um país democrático e ocidental ao<br />

que parece, pode estar se transformando<br />

em fonte de abastecimento<br />

energético. E não são os EUA ou a In-<br />

Shaná Tová 5771<br />

Rafael L. Bardají *<br />

glaterra. É, nem mais nem menos, que<br />

Israel. Sim, Israel. Às novas descobertas<br />

que equivalem a reservas de mais<br />

de 1,5 bilhão de barris em um novo<br />

poço ao oeste de Tel Aviv (insuficientes<br />

para a exportação, mas muito acima<br />

das expectativas de 200 milhões<br />

de barris), vem-se somar agora a descoberta<br />

da maior reserva off-shore (ao<br />

largo do litoral) da região, em frente<br />

às costas de Haifa. Tal é o tamanho,<br />

que já é chamado de Titan o poço a<br />

ser explorado.<br />

Não seria um excelente paradoxo<br />

se pudéssemos nos libertar do jugo<br />

russo e árabe e passar a comprar diretamente<br />

de um bom aliado como<br />

Israel? As voltas que o mundo dá! Se<br />

as expectativas técnicas acabarem<br />

sendo cumpridas e Israel, em um prazo<br />

de uma década, se transformar<br />

num grande exportador de petróleo e<br />

gás, continuarão os Moratinos1 de<br />

plantão criticando-o tanto ou passariam<br />

a adulá-lo como agora fazem<br />

com os sauditas e companhia?<br />

1 Referência a Miguel Ángel Moratinos, ministro<br />

do Exterior da Espanha, contumaz crítico de Israel<br />

* Rafael L. Bardají é espanhol e bacharel em Ciências Políticas e Sociologia pela<br />

Universidad Complutense de Madri. Estudou segurança com especialização em<br />

defesa, na Inglaterra e nos EUA. Ex-diretor de Pesquisa e Análise do Instituto Real<br />

Elcano e fundador do Grupo de Estudos Estratégicos (GEES). De 1996 e 2000 foi<br />

assessor sênior dos ministros da Defesa da Espanha, Eduardo Serra e Federico<br />

Trillo. É membro do Instituto Internacional de Estudos Estratégicos (IISS) em<br />

Londres, do Conselho Internacional do Instituto de Análises para a Política Externa<br />

(IFPA), entre outros organismos.<br />

○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○<br />

O LEITOR ESCREVE<br />

Prezados amigos:<br />

Shalom! Rosh Hashaná suscita profundas reflexões individuais e<br />

coletivas. Considerado o aniversário do Universo, Rosh Hashaná é na<br />

realidade o sexto dia da Criação, quando D-us criou o primeiro homem,<br />

Adam – o propósito de toda Criação. O primeiro ato de Adam<br />

foi proclamar D-us como Rei do Universo. Também parece despertar<br />

um sonho que se quer atingir — o Sonho de um Mundo Melhor, Justo,<br />

Pacífico, de Cooperação, Sustentável, Próspero, Destituído de Maldade,<br />

no qual viver com as respectivas famílias e amigos torna-se algo<br />

verdadeiramente bom e agradável. Portanto, que Rosh Shaná seja<br />

um período propício para uma fértil colheita de Amor, Paz, Harmonia,<br />

Saúde, Alegria, Felicidade, Longevidade, Prosperidade e Mel na<br />

sua vida bem como na dos seus familiares.<br />

Shana Tova Umetuka! Feliz 5771! Esses são nossos sinceros e efusivos<br />

votos.<br />

Marcelo Walsh<br />

Professor, pesquisador do Laboratório de Estudos sobre a Intolerância da<br />

Universidade de São Paulo (Linha de Pesquisa de “Holocausto e<br />

Antissemitismo”)<br />

Mestre em História das Relações Internacionais (UNB-1997)<br />

Para escrever ao jornal <strong>Visão</strong> <strong>Judaica</strong> basta passar um fax pelo telefone:<br />

0**41 3018-8018 ou e-mail para visaojudaica@visaojudaica.com.br


ordem é “adeus, Iêmen”.<br />

O governo do<br />

Iêmen e seu povo<br />

são enfaticamente<br />

contra Israel. Três<br />

membros do parlamento<br />

desse país estavam<br />

na “flotilha de ajuda” a Gaza, que<br />

foi atacada por soldados israelenses,<br />

no final de maio, resultando na morte<br />

de nove militantes. Quando mais<br />

tarde voltaram para casa, foram recebidos<br />

como heróis. Iemenitas raramente<br />

protestam publicamente contra<br />

a própria e miserável situação em<br />

seu país. Mas quando as tensões surgem<br />

na Faixa de Gaza, eles, felizes,<br />

realizam manifestações em Sanaa,<br />

capital do país. As comédias na televisão,<br />

frequentemente mostram estúpidos<br />

soldados israelenses sendo<br />

“passados para trás” por valentes<br />

palestinos.<br />

No entanto, os iemenitas também<br />

dizem apreciar o patrimônio judaico<br />

de seu país. Na Grande Mesquita,<br />

na antiga cidade antiga de<br />

Sanaa, um guarda, sussurra com um<br />

Judeus diminuem no Iêmen<br />

homem piedoso que medita sobre o<br />

Corão, apontando entalhes judaicos.<br />

Na aldeia de Jibla, ao sul de Sanaa,<br />

os moradores mostram a estrela de<br />

David em uma antiga sinagoga, hoje<br />

uma mesquita. Comerciantes do<br />

mercado se gabam que possuem produtos<br />

feitos de prata judaica<br />

tradicional. Um carrancudo oficial de<br />

polícia dá uma autorização para que<br />

um judeu-americano possa visitar<br />

uma antiga aldeia judaica.<br />

A aldeia em breve poderá não<br />

existir mais. A última centena e<br />

poucos mais de judeus iemenitas<br />

já definiram sua saída após mais<br />

de dois milênios no país. Um século<br />

atrás, cerca de 50.000 deles vivia<br />

mais ou menos em paz em meio<br />

à maioria muçulmana, que agora<br />

são 23 milhões.<br />

A vida ficou mais difícil para eles<br />

após a criação de Israel em 1948,<br />

com surtos de violência contra os<br />

judeus. A maioria animou-se a sair<br />

ao longo dos anos seguintes, na chamada<br />

Operação Tapete Mágico, em<br />

aviões americanos. Em seguida, uma<br />

onda muito menor de cerca de 1.200<br />

pessoas dos quais foram reassentados<br />

no início da década de 1990.<br />

Poucas centenas permaneceram em<br />

sua maior parte no norte da província<br />

de Saada. Depois que rebeldes<br />

Houthi enfraqueceram o domínio do<br />

governo na região, em recentes confrontos,<br />

os judeus foram evacuados<br />

para um complexo em Sanaa. À medida<br />

que a ameaça a eles cresce,<br />

grupos de judeus americanos e<br />

israelenses e diplomatas norte-americanos<br />

estão tentando estabelecer<br />

status de refugiados para eles e, em<br />

seguida, pagar por sua reinstalação<br />

nos Estados Unidos ou em Israel.<br />

Sua partida será um marco. Judeus<br />

do Iêmen, que falam o árabe, remontam<br />

a uma época em que era possível<br />

ter uma identidade compartilhada<br />

como judeus e árabes. Em outras<br />

partes do mundo árabe a maioria das<br />

comunidades judaicas feneceu. Em<br />

Beirute, Damasco e Bagdá (onde os<br />

judeus foram uma vez a maior comunidade<br />

isolada) os números encolheram<br />

para um punhado de gente velha<br />

VISÃO JUDAICA outubro de 2010 Tishrei / Chesvan 5771<br />

Antiga comunidade finalmente abandona sua terra natal. São os últimos judeus de um país árabe<br />

Venezuela: uma comunidade<br />

judaica em risco<br />

A comunidade israelita de Curitiba recebeu<br />

a visita Alberto Jabiles Schwartz dia 23/<br />

8 para uma palestra no Centro Israelita do<br />

Paraná (CIP), com o título de “Venezuela,<br />

uma Kehilá em risco”, abordando detalhes<br />

da situação da comunidade naquele país.<br />

Alberto Jabiles é vice-presidente executivo<br />

do Distrito XXIII da B’nai B’rith Internacional,<br />

América Latina, do Norte e Caribe.<br />

Atualmente, reside no Panamá, mas viveu<br />

muitos anos na Venezuela.<br />

Estiveram presentes ao evento a presidente<br />

da Kehilá local, Ester Proveller, o presidente<br />

da Federação israelita do Paraná,<br />

Manuel Knopfholz, o presidente da B’nai<br />

B’rith da Loja Chaim Weizman, Leon Knopfholz,<br />

o rabino Pablo Berman, membros das<br />

diretorias dessas três organizações, além de<br />

dirigentes das entidades da comunidade e<br />

pessoas da coletividade.<br />

Ele descreveu a situação que vive a comunidade<br />

judaica daquele país,<br />

transmitindo sua preocupação<br />

pela dita situação,<br />

destacando as dificuldades<br />

que enfrenta com as crescentes<br />

declarações contra Israel<br />

que se evidenciam na<br />

Venezuela, relembrando<br />

também os atos de antissemitismo<br />

como o ataque à<br />

principal sinagoga de Caracas,<br />

a Maripá, as pichações<br />

nas paredes e nos muros,<br />

além de folhetos instigando<br />

Alberto Jabiles Schwartz falou no CIP<br />

sobre a comunidade judaica da Venezuela<br />

até a violência contra judeus.<br />

Jabiles explicou que pertence à B’nai<br />

B’rith, uma instituição que atua na área dos<br />

direitos humanos e que tem 163 anos de<br />

existência (foi fundada em 1847 anos), está<br />

presente em 61 países, incluindo Israel,<br />

mesmo antes de sua independência. O Distrito<br />

XXIII abrange 12 países, México, Colômbia,<br />

Costa Rica, Venezuela, Cuba, Curaçao,<br />

Equador, Panamá, Nicarágua, Honduras,<br />

El salvador e Guatemala.<br />

Sobre a Venezuela, observou que até<br />

1983 havia naquele país cerca de 20 mil judeus,<br />

quantidade hoje reduzida a 8 mil, que<br />

representam 0,0285% de uma população de<br />

28 milhões de habitantes. Desde a ascensão<br />

de Hugo Chávez ao poder, cerca de 2/3 da<br />

comunidade judaica deixaram o país.<br />

Dos que ainda restam quase 50% estão na<br />

Capital, Caracas e os demais distribuídos entre<br />

as cidade Maracaibo, Maracay, Valência, San<br />

Cristobal e Isla Marguerita.<br />

São ao todo na Venezuela<br />

20 sinagogas, e todas<br />

foram pichadas, algumas<br />

inúmeras vezes.<br />

Há discursos anti-Israel<br />

que acabam incrementando<br />

o antissemitismo,<br />

caricaturas na imprensa<br />

e manifestações públicas,<br />

que geram uma si-<br />

tuação difícil para a comunidade<br />

judaica.<br />

mantendo angustiadamente um baixo<br />

perfil. As poucas centenas de judeus<br />

do Iêmen são alguns os últimos<br />

que preservaram suas sinagogas e<br />

continuaram a conduzir cerimônias<br />

nelas. Zion Ozeri, um fotógrafo judeu<br />

de descendênciaiemenita,<br />

que documentou<br />

os<br />

últimos judeus<br />

do Iêmen,<br />

diz que,<br />

para aqueles<br />

que se estabelecem<br />

em<br />

Israel, existem“conotaçõesnegativas”<br />

ligadas<br />

ao fato de ser<br />

um judeu árabe.<br />

“Em Israel<br />

ou na Diáspora,dificilmente<br />

algum judeuconsiderase<br />

de cultura<br />

árabe”.<br />

(Artìgo<br />

traduzido de<br />

HonestReporting)<br />

17<br />

Líderes judeus de todo mundo<br />

reunidos em Jerusalém<br />

Com um discurso de boas vindas do<br />

presidente Shimon Peres foi aberta a<br />

reunião da Junta Diretiva do Congresso<br />

Judaico Mundial. O encontro foi realizado<br />

em Jerusalém, que foi o local<br />

onde líderes comunitários e políticos<br />

se uniram sob o lema: “Em apoio ao<br />

Estado de Israel”.<br />

Lideranças comunitárias<br />

do mundo inteiro<br />

participaram do evento<br />

em que também estiveram<br />

presentes o ex-primeiro<br />

ministro espanhol<br />

José María Aznar, a exchanceler<br />

e líder da oposição<br />

Tzipi Livni, o atual<br />

ministro da Defesa Ehud<br />

Barak, o diretor do Banco<br />

de Israel, Stanley Fischer<br />

e o grão-rabino de<br />

Tel Aviv Meir Lau, entre<br />

outras personalidades<br />

do cenário político e da<br />

diplomacia.<br />

Durante o evento, a Junta Diretiva<br />

do CJM concedeu menção honrosa para<br />

o Prêmio Nobel Elie Wiesel como<br />

“Guardião de Jerusalém” e rendeu homenagem<br />

aos soldados das Forças de<br />

Defesa de Israel por terem sido os primeiros<br />

a estabelecer um hospital de<br />

campanha no Haiti, depois do devastador<br />

terremoto que atingiu o país.<br />

Um dia antes da abertura do referido<br />

Encontro, 25 delegados de comu-<br />

A comunidade judaica do Iêmen está acabando<br />

nidades judaicas latino-americanas<br />

convocadas pelo Congresso Judaico Latino-Americano<br />

(CJL), se encontraram<br />

em Jerusalém com o objetivo de compartilhar<br />

experiências acerca do desenvolvimento<br />

da vida judaica na região.<br />

Membros da chancelaria israelense<br />

participaram da reunião e a Ve-<br />

Shimon Peres abriu o evento anual que reúne o Congresso<br />

Judaico Mundial<br />

Foto: Andres Lacko<br />

nezuela, um dos países que vem sofrendo<br />

incidentes antissemitas nos últimos<br />

dois anos, apresentou um informe<br />

de sua situação atual.<br />

A reunião se encaixa na estratégia<br />

geral do trabalho do CJL, que consiste<br />

em manter um intercâmbio permanente<br />

de informações entre as comunidades<br />

judaicas regionais para acompanhálas<br />

e conhecer tanto suas necessidades<br />

como seus avanços, e assim poder levar<br />

experiências exitosas de um ponto<br />

a outro do continente.


18<br />

VISÃO JUDAICA outubro de 2010 Tishrei / Chesvan 5771<br />

Jane Glassman, nossa colaboradora, está<br />

chique neste início de ano. Seu primeiro<br />

artigo sobre Rosh Hashaná foi publicado<br />

em inglês, na Jewish Magazine de Israel,<br />

na edição especial High Holiday,<br />

com o título “Tahslich, Water and Judaism”.<br />

Quem quiser ler é so acessar<br />

http://www.jewishmag.com/147mag/<br />

tashlich/tashlich.htm<br />

Em 20/08/10 a Escola Superior de<br />

Guerra comemorou seu 61º aniversário,<br />

agraciando ilustres personalidades<br />

com a Medalha do Mérito Marechal<br />

Cordeiro de Farias, um dos fundadores<br />

da ESG, que se destina a homenagear<br />

civis e militares que prestaram<br />

bons serviços a instituição.<br />

Professor Rosental (E) com o general Enzo<br />

Martins Peri, Comandante do Exército (D) e<br />

com o ministro Marco Aurelio de Mello, do<br />

Supremo Tribunal Federal (C)<br />

Na oportunidade, recebeu a honraria<br />

o professor Simon Rosental, integrante<br />

do Corpo de Conferencistas da ESG,<br />

nas áreas de Engenharia Química e<br />

Nuclear e Estudos Brasileiros. É exaluno<br />

do CPOR do Rio de Janeiro, da<br />

turma de 1962.<br />

A comunidade judaica esteve presente<br />

no desfile de 7 setembro no Rio de<br />

Janeiro, na Av. Presidente Vargas. O<br />

deputado federal Marcelo Itagiba assistiu<br />

ao desfile na Tribuna de Honra.<br />

Alguns que desfilaram foram: Miguel<br />

Grinspan, que foi soldado do Batalhão<br />

de Guardas em 1946; tenente da Marinha<br />

do Brasil Melquisedec Affonso de<br />

Carvalho, da ARI; o presidente da Associação<br />

dos Ex-Combatentes do Brasil,<br />

Akiba Levy, diretor da Associação<br />

dos Ex-Combatentes Franceses. Serviu<br />

a bordo do Cruzador Jean Bart. Foi da<br />

Infanterie de Marine.<br />

Veteranos que prestaram o Serviço Militar<br />

como Oficiais R/2 da Reserva do<br />

Exército Brasileiro desfilaram no Grupamento<br />

da Associação dos Ex-Alunos<br />

do CPOR / RJ (Centro de Preparação de<br />

Oficiais da Reserva), dentre os quais o<br />

porta-bandeira, 1º tenente R/2 de Infantaria<br />

Israel Zuckerman, e o assessor<br />

Cultural da Associação, 2º tenente<br />

R/2 de Artilharia Israel Blajberg e Bension<br />

Akerman, da turma de Infantaria<br />

de 1953.<br />

Miguel Grinspan foi condecorado com<br />

a Ordem do Mérito da Defesa pelo Comandante<br />

do 1º Batalhão de Guardas<br />

“Batalhão do imperador/1823” tenente-coronel<br />

Alfredo de Andrade Bottino,<br />

na manhã do dia 3/9.<br />

Nos idos de 1946, o jovem Miguel<br />

Grinspan foi um Granadeiro, tradicional<br />

designação dos soldados que nos<br />

tempos da Monarquia serviam na escolta<br />

militar do Imperador D Pedro II,<br />

ele mesmo um reconhecido hebraísta<br />

que visitou a Terra Santa, de lá trazendo<br />

uma milenar Torá que hoje se encontra<br />

no Museu da Quinta da Boa Vista,<br />

bem próximo do Batalhão. Ele recebeu<br />

a medalha no grau de Cavaleiro<br />

da Ordem do Mérito da Defesa.<br />

Em seu discurso, o comandante do Batalhão<br />

de Guardas ressaltou a dedicação<br />

de Miguel ao Exército e ao Brasil,<br />

que o fizeram merecedor desta honraria,<br />

como exemplo aos jovens soldados<br />

O grand monde jornalístico, político, social,<br />

cultural e econômico esteve presente ao<br />

lançamento do livro “Vozes do Paraná” Volume<br />

3, do professor e jornalista Aroldo<br />

Murá Haygert, dia 17/8, no Salão de recepções<br />

do Shopping Crystal. O livro inclui nomes<br />

como Antonio Carlos Coelho (colaborador<br />

do <strong>VJ</strong>), o governador Orlando Pessuti,<br />

o prefeito Luciano Ducci, o ex-governador<br />

João Elísio Ferraz de Campos, o crítico<br />

formados a sua frente, até hoje ligado<br />

ao seu antigo quartel. Disse ainda da<br />

satisfação por ter Miguel optado por receber<br />

a comenda não em Brasília, em<br />

cerimônia presidida pelo ministro Nelson<br />

Jobim, mas sim no seu antigo quartel,<br />

onde ao longe se lia o dístico “A<br />

guarda morre, mas não se rende”.<br />

Miguel participou com a delegação brasileira<br />

do Desfile do 1º aniversário do<br />

Dia da Vitoria Aliada na Europa, em 8<br />

de maio de 1946, diante da Tribuna de<br />

Honra onde se encontravam todos os<br />

Reis, Presidentes e Primeiros-Ministros<br />

das Nações Aliadas.<br />

Miguel se emocionou ao receber a medalha<br />

do coronel Bottino e da sua neta<br />

Karen, naquele mesmo pátio onde um<br />

dia ele foi um dos Granadeiros do Imperador,<br />

eternizados nas figuras dos<br />

soldadinhos de chumbo.<br />

Estiveram presentes a esposa Suzana,<br />

literário Wilson Martins, o irmão marista Dario Bortolini, os jornalistas<br />

Luiz Geraldo Mazza e Hélio de Freitas Puglieli, entre outros.<br />

A obra foi realizada pela Editora Esplendor, comandada pelo jornalista<br />

e editor Eduardo Sganzerla. E o lançamento impecável em<br />

todos os detalhes esteve a cargo da Enfoque Comunicação e Eventos,<br />

da jornalista Christiane Moraes.<br />

Eretz Amazonia e David<br />

Benzecry<br />

Aroldo Murá Haygert lançou<br />

o Volume 3 de "Vozes do<br />

Paraná"<br />

O professor e pesquisador Samuel Benchimol<br />

(1924-2002) foi um dos maiores conhecedores<br />

da região amazônica, sobre<br />

a qual escreveu diversas obras. Uma delas,<br />

‘Eretz Amazônia’, conta a história do<br />

povo judeu na região, desde a chegada<br />

dos primeiros imigrantes, há 200 anos. O<br />

título faz referência ao nome bíblico<br />

‘Eretz Israel’ [Terra de Israel].<br />

Em comemoração à data, ‘Eretz Amazônia’ foi adaptada ao teatro<br />

pelo escritor e dramaturgo Márcio Souza (autor de ‘Galvez, Imperador<br />

do Acre’ e ‘Mad Maria’, entre outros livros), ele mesmo descendente<br />

de judeus do Marrocos, principal origem dos imigrantes.<br />

A peça é formada por sete esquetes, que mostram diferentes épocas<br />

da imigração judaica para a Amazônia, iniciando pelo Marrocos,<br />

passando pelo interior dos Estados do Pará e Amazonas e chegando<br />

até Manaus. A trilha sonora é baseada nas tradições judaico-marroquinas,<br />

e os diálogos incluem expressões em hakietia, o<br />

dialeto usado pelos imigrantes.<br />

‘Eretz Amazônia’ está sendo encenada aos sábados, às 20 horas,<br />

desde 4/9 no Teatro Oficina do SESC, em Manaus.<br />

Miguel Grispan, Israel Zuckerman e Israel Blajberg<br />

Colabore com notas para a coluna. Fone/fax 0**41 3018-8018 ou e-mail: visaojudaica@visaojudaica.com.br<br />

filhos e netos, inúmeros amigos e representantes<br />

da comunidade, como<br />

o vice-presidente da Fierj Helio Koifman,<br />

diretor de Cidadania e tenente<br />

R/2 Israel Blajberg, conselheiros Stephan<br />

Blank, Zvi Reiner, Waldemar<br />

Schaffell, cel. R/1 dr. Aron Felberg,<br />

Paulo Guberfain. diretor do Memorial<br />

Judaico de Vassouras, capitão da FAB<br />

Osias Machado, veterano da guerra<br />

na Itália, onde serviu no 1º Grupo de<br />

Aviação de Caça, o famoso Senta-a-<br />

Pua, dr. Luiz Kutwak, e outros amigos<br />

do homenageado.<br />

O Brasil vai realizar o 1º Festival da Música Klezmer,<br />

um evento que vai marcar o lançamento oficial<br />

do Instituto de Música <strong>Judaica</strong>-Brasil (IMJ)www.imjbrasil.com.br,<br />

que pretende preservar, divulgar<br />

e promover a música judaica em suas diversas<br />

vertentes, sendo que as primeiros grandes atividades<br />

do Instituto criado pela cantora e compositora<br />

Nicole Borger, que também é advogada tributarista,<br />

serão o 1º Festival de Música Klezmer<br />

no Brasil e o lançamento do CD ‘Klezmeriando: Novas<br />

(e Velhas).<br />

Esse tipo de música, que se convencionou chamar<br />

de Klezmer, do hebraico klei (instrumentos) e zemer<br />

(música), poderá ser conferida no 1º Festival de Música<br />

Klezmer no Brasil, o 1º Kleztival, que será realizado<br />

de 23 a 27 de setembro, em São Paulo.<br />

O Festival de Música Klezmer no Brasil terá shows,<br />

de oito a doze grupos, nacionais e estrangeiros (Estados<br />

Unidos e Argentina), na Hebraica, no Museu<br />

da Casa Brasileira, no Centro Cultural São Paulo, no<br />

Jazz nos Fundos e outros espaços culturais. Segundo<br />

Nicole Borger, diretora-executiva do Instituto da Música<br />

<strong>Judaica</strong> Brasil (www.imjbrasil.com.br), a ideia<br />

do primeiro Kleztival é “quebrar barreiras”. “Tem<br />

muito músico não judeu fazendo música klezmer, o<br />

que significa que na Europa e nos Estados Unidos,<br />

há um grande mercado de trabalho para este gênero<br />

musical, e que isso pode vir a acontecer no Brasil<br />

também”, afirma.<br />

Nasceu dia 13/8, a mais nova<br />

integrante das famílias Kleiner-Marcovici,<br />

Bruna, filha<br />

de Adriano e Alessandra Marcovici.<br />

Muitos sorrisos entre<br />

os casais de avós, Hana e<br />

Carlos Alberto Kleiner e Rosane<br />

Abraham Marcovici.<br />

Bruna chegou para<br />

alegria das famílias<br />

Kleiner e Marcovici<br />

Fotos: Marlene e Israel Blajberg


atacante israelense<br />

Itay Shechter, do<br />

Hapoel Tel Aviv, recebeu<br />

um cartão<br />

amarelo um tanto<br />

inusitado na partida do<br />

dia 18/8 de seu time contra<br />

o Salzburg, da Áustria, válida pelos<br />

playoffs da Liga dos Campeões, o<br />

principal torneio de clubes da Europa.<br />

Após marcar o terceiro gol do time<br />

na importante vitória fora de casa,<br />

Shechter tirou um kipá – o solidéu judaico<br />

– de dentro da meia, colocou<br />

na cabeça e, aparentemente, fez uma<br />

oração. O juiz português Pedro<br />

Proença não teve dúvidas: mostrou o<br />

cartão amarelo para o atacante.<br />

Shechter se mostrou surpreso com<br />

a atitude do juiz português e, depois<br />

do jogo, vencido pelo Hapoel por 3 a<br />

2, disse que não teve a intenção de<br />

provocar os adversários ou qualquer<br />

outra pessoa. “Um torcedor no aeroporto<br />

me deu o kipá com o emblema<br />

do Hapoel e eu pensei em colocar na<br />

meia e, se D-us me permitisse marcar<br />

eu colocaria e diria Shema Yisrael<br />

(“Escuta ó Israel”, parte de uma importante<br />

oração dos judeus)”, disse o<br />

jogador segundo o jornal Jewish Chronicle.<br />

“Eu não quis provocar ninguém,<br />

só estava pensando na felicidade de<br />

todos os judeus que estavam vendo<br />

o jogo pela TV”, afirmou o atleta.<br />

O técnico do Hapoel, Eli Guttman,<br />

defendeu o atleta. “Eu não tenho<br />

problemas com jogadores cristãos<br />

que fazem o sinal da cruz depois<br />

de marcarem, então porque Shechter<br />

não pode orar como quiser?”,<br />

afirmou Guttman.<br />

VISÃO JUDAICA outubro de 2010 Tishrei / Chesvan 5771<br />

Jogador é punido por comemorar gol com kipá<br />

Itay Shechter, atacante do Hapoel Tel Aviv, recebeu cartão amarelo do juiz<br />

Apesar da reclamação do Hapoel,<br />

o juiz português seguiu as regras da<br />

Federação Internacional de Futebol<br />

(Fifa), que proíbe manifestações religiosas<br />

por parte dos jogadores. A entidade,<br />

que nunca foi favorável a<br />

esse tipo de atitude, ficou ainda mais<br />

atenta depois da Copa das Confederações<br />

de 2009, conquistada pelo Brasil.<br />

Ao comemorar o título, jogadores<br />

como o goleiro Gomes e os zagueiro<br />

Lúcio e Luisão substituíram o uniforme<br />

da seleção brasileira por camisas<br />

com inscrições evangélicas.<br />

Na ocasião, o Brasil não foi punido,<br />

mas o presidente da Fifa, o suíço<br />

Joseph Blatter, fez questão de dizer<br />

que “não há lugar para a religião no<br />

futebol”. Durante a Copa do Mundo<br />

de 2010, quando as questões nacionais<br />

- e às vezes religiosas - pode-<br />

riam estar mais acirradas, não se viu<br />

qualquer manifestação do tipo. A Fifa<br />

também pune manifestações comerciais<br />

e políticas dos jogadores.<br />

Congresso brasileiro da Wizo será em outubro, em Curitiba<br />

Curitiba este ano será<br />

sede do Congresso Brasileiro<br />

Wizo Aviv/Lapid que se<br />

realiza entre os dias 15 e 17<br />

de outubro, oportunidade em<br />

que a instituição feminina irá<br />

debater diversos assuntos da<br />

atualidade.<br />

As inscrições já encerradas,<br />

superaram todas as<br />

expectativas com 150<br />

chaverot participantes,<br />

vindas de vários estados<br />

brasileiros como Rio de<br />

Janeiro, São Paulo, Santa<br />

Catarina, Rio Grande do Sul,<br />

Minas Gerais, Pernambuco,<br />

Pará e Brasília, além das<br />

participantes do Paraná.<br />

Caio Blinder e Osias Wurman<br />

O ponto alto do evento serão as palestras proferidas pelos<br />

jornalistas Caio Blinder, vindo especialmente de Nova York,<br />

sob o patrocínio da Wizo Brasil, e Osias Wurman, que também<br />

é cônsul honorário de Israel no Rio de Janeiro.<br />

As palestras acontecerão no último dia do Congresso, no domingo,<br />

dia 17/10, às 9h, seguidas de um brunch com a apresentação<br />

da Banda Klezmorim.<br />

Em função da limitação de espaço no<br />

CIP, a Wizo disponibilizou a venda de<br />

apenas 50 convites para a comunidade<br />

judaica de Curitiba, para que possam participar<br />

da palestra.<br />

A venda de ingressos individuais para<br />

as palestras e para o brunch (R$100,00)<br />

está sendo feita somente até o dia 5 de<br />

outubro, com Helena Grinbaum (9649-<br />

Os jornalistas Caio Blinder e Osias Wurman<br />

falarão no Congresso da Wizo em Curitiba<br />

9883), Tânia Slud (8808-4085) ou Vera<br />

Sasson (9996-3838).<br />

Itay Shechter (agachado, à direita) e Eran Zahavi<br />

comemoram o terceiro gol do Hapoel Tel Aviv. Celebração<br />

rendeu cartão amarelo a Shechter<br />

Bazar<br />

Outro evento de destaque da Wizo-Pr<br />

será o bazar anual que nesta edição será<br />

realizado dia 28/11 no Centro Israelita do<br />

Paraná (CIP). O bazar coloca à venda variados<br />

produtos e muitas ofertas. A Wizo,<br />

para tanto, conta com a presença da comunidade<br />

para alcançar o sucesso também<br />

deste bazar.<br />

19


20<br />

* David Mandel é<br />

um judeu peruano<br />

que vive em Israel.<br />

Distribuição:<br />

www.porisrael.org<br />

VISÃO JUDAICA outubro de 2010 Tishrei / Chesvan 5771<br />

David Mandel *<br />

as “cowboyadas”<br />

(como chamamos<br />

em Lima há décadas<br />

os filmes de cowboys,<br />

onde atuavam Gene<br />

Autry, Roy Rogers, John<br />

Wayne, Clint Eastwood, e<br />

muitos outros) era fácil diferenciar<br />

entre os “bons” e os “maus”. Bastava<br />

ver a cor de seus chapéus. Os chapéus<br />

dos bons rapazes eram brancos,<br />

e os dos “maus” eram negros.<br />

Hoje, muitos telespectadores na<br />

Europa e em outros países, vendo os<br />

noticiários sabem dizer a diferença<br />

entre os “bons” que usam a kefiyeh,<br />

lenço ou xale que os palestinos usam<br />

sobre a cabeça e os “ruins”, que ostentam<br />

a kipá na cabeça, ou vão com<br />

a cabeça descoberta.<br />

A trama dos filmes de cowboy sempre<br />

era a mesmo: um grupo de malfeitores<br />

se apodera da terra de pessoas<br />

inocentes, até que chega o “bom”, que<br />

os vence, mata ou expulsa, e é idênti-<br />

Os “bons” e os “maus”<br />

ca à trama das notícias manipuladas<br />

que são exibidas hoje em dia na TV:<br />

os israelenses são invasores cruéis e<br />

colonos que tomaram as terras de palestinos<br />

inocentes.<br />

Em ambos os casos, nas “cowboyadas”<br />

e nas notícias manipuladas, isso<br />

é pura ficção que não tem nenhuma<br />

ligação com a história antiga e recente<br />

da região, ou a realidade atual.<br />

Foram escritos centenas de livros<br />

e milhares de artigos foram publicados<br />

descrevendo o conflito, explicando<br />

suas origens e causas, e analisando<br />

as perspectivas de uma paz que<br />

leve em consideração os direitos legítimos<br />

de ambas as nações. Infelizmente,<br />

todos esses esforços de Hasbará<br />

(explicação) não interessam a<br />

nenhum dos que, por ignorância, preconceito<br />

ou antipatia, se recusam a<br />

ouvir o ponto de vista de Israel.<br />

Há casos que ilustram a realidade<br />

do conflito entre israelenses e palestinos<br />

melhor do que as centenas<br />

de milhares de livros e artigos mencionados<br />

acima.<br />

Mídia que defende mesquita “Ground Zero”,<br />

sustentou queima das sinagogas em Gaza<br />

A mídia está dando um grande<br />

espaço na questão da tolerância<br />

e sensibilidade que estariam<br />

faltando às pessoas que se<br />

opõem à construção da mesquita<br />

no “Ground Zero”, escrevendo<br />

sobre como a liberdade de religião<br />

e o direito de construir uma<br />

mesquita superam as emoções<br />

suscitadas pela destruição do<br />

World Trade Center por terroristas<br />

muçulmanos e a insistência<br />

de um imã em construir uma mesquita nas proximidades.<br />

Engraçado, esta mesma tolerância e a sensibilidade<br />

foram atiradas pela janela quando a<br />

mídia sentiu a necessidade de justificar a destruição<br />

das sinagogas em Gaza em seguidas<br />

ao desengajamento de Israel.<br />

Veja-se o exemplo da reportagem da CNN<br />

escrita sobre as desculpas da mídia palestina<br />

para a destruição de sinagogas de Gaza. O correspondente<br />

da CNN na Faixa de Gaza, Matthew<br />

Chance, da mesma forma aproveitou a<br />

oportunidade para criticar Israel, enquanto procurava<br />

amenizar o vandalismo palestino. Culpando<br />

Israel por deixar para trás as sinagogas<br />

e, assim, “ofendendo” a “vitória” dos palestinos,<br />

o repórter Chance absolveu a Autoridade<br />

Palestina por não proteger os sítios religiosos<br />

judaicos da seguinte forma:<br />

Esta estrutura atrás de mim, muito controversa<br />

porque é a sinagoga judaica no meio de<br />

Netzarim. O gabinete israelense, é claro, votou<br />

por deixar as sinagogas de pé, irritando<br />

muito a Autoridade Palestina, porque eles sa-<br />

Sinagoga de Neve Dekalim, em Gaza,<br />

em ruínas após destruição pelos<br />

bem que estes edifícios são<br />

vistos pela grande maioria<br />

dos palestinos como símbolos<br />

potentes da ocupação israelense<br />

e não podiam ser<br />

protegidos ou ainda deixados<br />

de pé. E assim estamos vendo<br />

cenas muito sensíveis aqui<br />

sobre as últimas horas, de<br />

como as forças de segurança<br />

palestinas retiram os civis<br />

para fora da sinagoga e movem<br />

seus tratores para levar embora estas estruturas,<br />

uma vez mais vistos como símbolos<br />

odiados da ocupação israelense. Portanto, estas<br />

são cenas que são muito sensíveis para a<br />

Autoridade Palestina. E também um aspecto<br />

que é realmente um tipo mancha no sentido<br />

ofensa à vitória; é, a sensação de alívio entre<br />

os palestinos de que os israelenses finalmente<br />

se foram...<br />

Mas de volta a Nova York, a mácula (ou a<br />

ofensa) de ter uma mesquita perto de Ground<br />

Zero (Marco Zero) é ignorada, senão minimizada<br />

diminuída. O simbolismo da mesquita é<br />

superado pela liberdade de religião, com apenas<br />

uma escassa menção do compromisso de<br />

construir a mesquita em algum outro lugar. Este<br />

exemplo vem por meio de Daniel Greenfield,<br />

da Free Press, do Canadá, que em “Apenas Os<br />

Fatos”, mostra um imã que observa para a mídia,<br />

como todo muçulmano é um moderado.<br />

Qualquer outra coisa que a mídia possa ser,<br />

o objetivo não é um deles.<br />

E eles têm muito claro onde seu preconceito<br />

é exercido sobre esta questão.<br />

O texto original em inglês encontra-se publicado no Blog Daled Amos (http://daledamos.blogspot.com).<br />

1. Um par de anos atrás, uma<br />

mulher palestina em Gaza sofreu<br />

queimaduras por todo o corpo. Ela foi<br />

levada ao Hospital Soroka, em Beersheba,<br />

onde médicos e enfermeiras<br />

salvaram sua vida e cuidaram dela até<br />

que seu estado de saúde lhe permitisse<br />

voltar a Gaza. Ela deveria retornar<br />

ao hospital algumas semanas<br />

depois para um check-up. Quando a<br />

data chegou, a mulher apresentou-se<br />

no posto de passagem de Gaza para<br />

Israel. Os soldados ficaram surpresos<br />

com a sua gordura súbita. Foi revistada<br />

e encontraram a explicação: a<br />

mulher levava um cinturão de explosivos.<br />

Sua intenção era chegar ao<br />

Hospital Soroka, explodir as bombas<br />

e matar tantos médicos e enfermeiras<br />

quantos pudesse.<br />

2. Há três meses, a filha de três<br />

anos de idade de Elham Fathi Hammad,<br />

ministro do Interior do Hamas,<br />

teve que ser operada do coração no<br />

hospital de Gaza. Devido a um erro<br />

do médico palestino corria perigo de<br />

perder sua vida. O rei Abdullah da<br />

Jordânia pediu a Israel que autorizasse<br />

a transferência urgente da menina<br />

para um hospital na Jordânia. Devido<br />

à gravidade do estado da criança,<br />

a ambulância israelense levou-a<br />

às pressas para o Hospital Barzilai,<br />

em Ashkelon, uma cidade perto de<br />

Gaza, onde os médicos israelenses<br />

a operaram por várias horas para reparar<br />

o dano causado pelo cirurgião<br />

palestino. Quando perceberam que<br />

ela tinha estabilizado um helicóptero<br />

jordaniano pegou a menina e a<br />

levou para um hospital em Amã, capital<br />

da Jordânia.<br />

Os jornais jordanianos informaram<br />

sobre o caso, mas não mencionaram<br />

a intervenção de médicos<br />

israelenses. Hammad, o pai da menina,<br />

agradeceu a Jordânia e o rei,<br />

mas também “esqueceu” de mencionar<br />

os médicos do Hospital Barzilai,<br />

em Ashkelon.<br />

Uma semana depois, os palestinos<br />

em Gaza lembraram-se de Ashkelon.<br />

Manifestaram-se disparando um<br />

foguete contra a cidade, que, embora<br />

tenha causado danos, felizmente<br />

não provocou vítimas, nem caiu perto<br />

do hospital.<br />

3. Há algumas semanas, um palestino<br />

trouxe sua filha de seis anos<br />

de idade ao Hospital Hadassah, em<br />

Jerusalém. Ela tinha um tumor maligno<br />

por trás do olho, que, se não fosse<br />

operado, poderia causar-lhe a morte.<br />

Os cirurgiões do hospital a operaram<br />

com êxito e salvaram sua vida. O custo<br />

da operação e estadia da criança<br />

no hospital foi pago por uma organização<br />

israelense de beneficência.<br />

Enquanto a menina estava sendo<br />

atendida no hospital, seu pai,<br />

um membro da organização terrorista<br />

Hamas tomou armas e munições<br />

com o propósito de atirar em motoristas<br />

judeus nas estradas em Israel.<br />

Ele e seu grupo também planejavam<br />

sequestrar israelenses, para o que<br />

compraram roupas de judeus ortodoxos<br />

para se disfarçar.<br />

Logo que a criança teve alta, seu<br />

pai colocou em execução seu plano<br />

de fogo nas estradas, e conseguiu<br />

ferir mortalmente Shuki Sofer, um jovem<br />

policial que estava prestes a se<br />

casar. Shuki foi levado para o Hospital<br />

Hadassah, o mesmo hospital onde,<br />

poucos dias antes, os cirurgiões judeus<br />

operaram com sucesso a filha<br />

do assassino, mas os médicos não<br />

conseguiram salvá-lo.<br />

4. Israel fornece água e eletricidade<br />

para os palestinos em Gaza, e<br />

envia centenas de caminhões com<br />

suprimentos a cada semana. O Hamas<br />

retribui com foguetes, e disparou<br />

mais de 400 desde o final da Guerra<br />

de Gaza, em janeiro de 2009.<br />

Mas nada disto interessa para os<br />

leitores dos jornais europeus ou os<br />

telespectadores da CNN, da BBC e<br />

outras emissoras, para quem é suficiente,<br />

em reação pavloviana, que os<br />

“bons” são aqueles que usam kefiyeh.<br />

Enquanto os palestinos na Faixa<br />

de Gaza hoje inauguram shopping<br />

centers, restaurantes, piscina olímpica<br />

e locais de recreação*, os correspondentes<br />

de jornais e emissoras de<br />

televisão continuaram a escrever artigos**<br />

patéticos e lacrimosos, conscientemente,<br />

mas sem se importar de<br />

ser manipulados por seus guias e informantes<br />

do Hamas.<br />

* De forma alguma quero dar a impressão<br />

de que Gaza é um paraíso. Não é.<br />

Mas também não é o inferno que descrevem<br />

os apoiadores do Hamas. E se<br />

não fossem as ações do Hamas poderiam<br />

desfrutar da mesma prosperidade<br />

dos palestinos na Cisjordânia.<br />

** Para apenas um exemplo: As casas<br />

bombardeadas nos bairros de Beit<br />

Lahiya, no norte de Gaza, e Ezbt Abed<br />

Rabbo destacam seus interiores<br />

destruídos, suas ferragens esqueléticas<br />

e os restos em todo lugar. (“Amizade<br />

difícil”, de Vargas Llosa). O escritor pecou<br />

pela ingenuidade ao não perguntar<br />

aos seus guias, porque davam prioridade<br />

à construção de centros comerciais<br />

e piscinas em vez de reparar casas<br />

danificadas no conflito do ano passado.<br />

Também não pediu para ver as ruínas<br />

das estufas deixadas intactas pelos<br />

israelenses, mas que foram imediatamente<br />

destruídas pelos palestinos,<br />

causando a perda de milhares de empregos<br />

de seu próprio povo. Que eu<br />

saiba nunca nos muitos artigos que o<br />

escritor tem dedicado ao conflito do<br />

Oriente Médio considerou necessário<br />

comentar a respeito disso.


VISÃO JUDAICA outubro de 2010 Tishrei / Chesvan 5771<br />

Negociações diretas entre Israel e os palestinos<br />

podem resultar em onda de ataques terroristas?<br />

Boaz Ganor *<br />

ão devemos ser enganados<br />

pelos portavozes<br />

oficiais, israelense<br />

e palestino.<br />

Ninguém envolvido na<br />

retomada das negociações<br />

diretas está realmente<br />

interessado em mantê-las. As lideranças<br />

da Autoridade Palestina, Abu<br />

Mazen e Salam Fayyad, são talvez os<br />

primeiros líderes palestinos da história<br />

moderna, que compreendem perfeitamente<br />

que os ataques terroristas<br />

não promovem, e até mesmo colocam<br />

em risco os interesses nacionais dos<br />

palestinos. Eles não se tornaram sionistas,<br />

D-us me livre, mas eles também<br />

não estão fazendo uma dupla estratégia,<br />

como fez Arafat durante o<br />

processo de Oslo na década de 90,<br />

quando ele condenou o terrorismo,<br />

mas, na realidade, nada fez para impedir<br />

os ataques e, em certos casos,<br />

até mesmo veladamente apoiou.<br />

O primeiro-ministro palestino, Salam<br />

Fayyad, não esconde seu plano<br />

operacional. Ele o proclama dia e noite.<br />

Fayyad, durante vários anos trabalhou<br />

na construção da infraestrutura<br />

necessária (de defesa econômica,<br />

administrativa e política), para o<br />

estabelecimento de um Estado palestino.<br />

Essa atividade, que está programada<br />

para ser concluída no final de<br />

2011, está sendo executado com o<br />

apoio maciço europeu e americano<br />

maciço, com Israel fechando um dos<br />

olhos e até dando o seu apoio tácito.<br />

O próprio Fayyad sabiamente tem dito<br />

que não pretende declarar unilateralmente<br />

um Estado palestino, que pos-<br />

Apesar das atuais preocupações<br />

com a segurança e o calor sufocante,<br />

Israel é um lugar muito bom para se<br />

viver. Assim diz a revista Newsweek,<br />

que há algumas semanas publicou um<br />

artigo especial que classifica Israel<br />

como o 22º melhor país do mundo, e<br />

o melhor do Oriente Médio.<br />

No artigo intitulado “Os melhores<br />

Países do Mundo”, Israel se encontra<br />

entre a Espanha e a Itália, classificado<br />

em sétimo na saúde, 25º em qualidade<br />

de vida e 15º em dinamismo econômico.<br />

Numa classificação que surpreendeu<br />

muitos israelenses, a Newsweek<br />

classificou Israel com um respeitável<br />

27º lugar no entorno político.<br />

O país que vem em seguida na lista<br />

do Oriente Médio é o Kuwait, em 40º,<br />

enquanto que a vizinha Jordânia ocupa<br />

o posto 53º. O Irã e a Síria também es-<br />

sa embaraçar a Israel, mas que apenas<br />

está agindo para preparar as bases<br />

do estabelecimento de um Estado<br />

e garantir-lhe sua existência, depois<br />

que ambos os lados chegarem a<br />

um acordo. (Se ele irá cumprir sua<br />

promessa, ainda está para ser visto).<br />

Do ponto de vista dos responsáveis<br />

pela Autoridade Palestina, manter<br />

negociações diretas com Israel é<br />

um obstáculo, e até mesmo coloca em<br />

perigo a sua estratégia. Isto porque,<br />

até agora, eles estavam trabalhando<br />

para alcançar seus objetivos estratégicos<br />

com profuso apoio (até certo<br />

ponto, até com o apoio do Hamas),<br />

sem que tenha que pagar qualquer<br />

preço a Israel, sem assinar acordo algum,<br />

sem reconhecer o direito de Israel<br />

a existir, e sem renunciar “ao direito<br />

de retorno”, etc. Qualquer progresso<br />

significativo nas negociações<br />

diretas com Israel irá necessariamente<br />

resultar em fortes críticas dentro<br />

da arena palestina e sua posição estará<br />

enfraquecida.<br />

Por outro lado, há Benyamin Nethanyahu,<br />

o primeiro-ministro de um<br />

governo cuja inclinação é de direita, e<br />

que agora está sendo percebido como<br />

o indicador de esquerda de seu próprio<br />

governo. Mesmo que ele queira<br />

dar a essas negociações um teor prático,<br />

é evidente para todos que assim<br />

fazendo, ele vai colocar em risco seu<br />

governo e até mesmo a continuação<br />

de sua política. Bibi não é alguém que<br />

esteja cometendo suicídio político. Ele<br />

está feliz em ajudar Salam Fayyad no<br />

estabelecimento da infraestrutura de<br />

um Estado palestino, em segredo. No<br />

entanto, ele não está interessado no<br />

franco avanço significativo das negociações<br />

diretas com os palestinos, por<br />

causa do alto preço político envolvido,<br />

a partir do seu ponto de vista.<br />

O terceiro jogador na arena — o<br />

Hamas, também está amedrontado<br />

com a renovação de negociações diretas.<br />

A liderança do Hamas está empenhada<br />

em obter sua legitimidade<br />

perante o mundo e se esforça pela<br />

retirada do bloqueio a Gaza. Ataques<br />

terroristas em larga escala agora não<br />

servem aos interesses imediatos do<br />

Hamas. Os líderes do Hamas analisam<br />

as ações de Fayyad na construção<br />

da infraestrutura do Estado palestino<br />

e, ao invés de chegar a um<br />

confronto aberto com o Fatah na<br />

Cisjordânia, eles escolheram preparar<br />

suas forças na Cisjordânia para o<br />

momento em que eles irão enfrentar<br />

o Fatah abertamente, e vencer, e então<br />

arrancar a infraestrutura já preparada<br />

pela Autoridade Palestina,<br />

como uma fruta madura. Enquanto<br />

Abu Mazen e Fayyad não pagarem um<br />

preço político a Israel e não assinarem<br />

qualquer acordo com ele, o Hamas<br />

não pretende violar o status quo.<br />

No entanto, a Casa Branca está<br />

com pressa. O presidente Obama quer<br />

produzir uma grande conquista política,<br />

se possível, antes das eleições<br />

para o Congresso em novembro de<br />

2010. Ele está, portanto, coagindo os<br />

dois lados para realizarem negociações<br />

diretas. Israel e os palestinos<br />

obedecem a despeito deles próprios,<br />

e de seu único desejo de ganhar pontos<br />

suficientes para atendê-los na<br />

campanha de propaganda, que certamente<br />

irá ter lugar após o colapso<br />

Israel é o 22º melhor país do mundo<br />

tão na lista, 79º e 83º receptivamente.<br />

O estudo seguiu a pesquisa do<br />

Instituto Gallup, dada a conhecer recentemente<br />

e publicada na revista<br />

Forbes, que arguiu que Israel é o oitavo<br />

país mais feliz do mundo.<br />

Curiosamente, os “melhores” países<br />

perfilados no estudo da Newsweek<br />

mostraram uma marcada correlação<br />

com os “mais felizes” países medidos<br />

na pesquisa da Gallup, ao menos entre<br />

os melhores classificados.<br />

Os Estados Unidos e a Grã Bretanha<br />

estão situados em 11º e 14º no estudo<br />

da revista Newsweek, comparados<br />

com o 14º e o 17º na lista da Gallup.<br />

Dinamarca, Finlândia, Noruega,<br />

Suécia e Holanda estão todos entre<br />

os 10 melhores na análise da<br />

Newsweek, enquanto que ficaram<br />

com os cinco primeiros lugares no da<br />

Gallup. O Irã está em 79º na lista da<br />

Newsweek, e em 81º na da Gallup.<br />

Enquanto a pesquisa Gallup adotou<br />

um enfoque de baixo para cima,<br />

interrogando milhares de pessoas<br />

pesquisadas em 155 países, durante<br />

quatro anos, o estudo da Newsweek<br />

levou “vários meses” para compilálo,<br />

com a ajuda de um prêmio Nobel,<br />

um diretor da McKinsey & Co., e diversos<br />

professores universitários. O<br />

estudo da Newsweek só listou os 100<br />

melhores países.<br />

A Newsweek classificou os “melhores<br />

países” segundo a pontuação<br />

em cinco categorias, que foram:<br />

Educação, saúde, qualidade de vida,<br />

dinamismo econômico, e entorno<br />

político. As pontuações se basearam<br />

nos índices internacionais, tais<br />

como indicadores econômicos, o<br />

coeficiente Gini (mede a distribuição<br />

de renda), o índice de inovação,<br />

dessas conversações.<br />

A liderança do Hamas não está interessada<br />

neste estágio em “quebrar<br />

as regras”, iniciando uma onda de ataques<br />

suicidas. É com ansiedade após<br />

a abertura das negociações que está<br />

apoiando ataques terroristas numa<br />

escala limitada, principalmente na<br />

Cisjordânia. Esses ataques podem estar<br />

sendo iniciados pela liderança ou<br />

podem ser resultado de iniciativa local.<br />

Serve ao Hamas como meta para<br />

transmitir uma mensagem de advertência<br />

e insatisfação em relação à liderança<br />

do Fatah, para que não se<br />

afaste dos procedimentos de seu mandato.<br />

No entanto, no caso do processo<br />

que começou em Washington parecer<br />

dar frutos, então a liderança do<br />

Hamas irá remover todos os obstáculos<br />

e agir no sentido de reiniciar as<br />

ondas de ataques suicidas dentro de<br />

Israel. Se for esse o caso, o alcance<br />

do terrorismo será o resultado do que<br />

os Serviços de Segurança de Israel, as<br />

Forças de Defesa de Israel e os serviços<br />

de segurança palestinos forem<br />

capazes de localizar, prevenir e impedir<br />

estes ataques.<br />

e o Índice de Paz Global.<br />

Enquanto que Israel obteve uma<br />

pontuação geral de 22º lugar, obteve<br />

melhores resultados na subclassificação<br />

da saúde, na qual ocupa o sétimo<br />

lugar entre 100.<br />

Educação foi a pior categoria de<br />

Israel das cinco estudadas, chegando<br />

ao número 41, apesar de que Israel<br />

tem a maior proporção de títulos universitários<br />

em relação à população,<br />

que qualquer outro país do mundo.<br />

Isso se deve ao fato que Israel<br />

não aplica o TIMMS (Trends in International<br />

Mathematics and Science<br />

Study) ou a prova do PISA (Programa<br />

Internacional de Avaliação de Alunos)<br />

aos seus estudantes e, sua pontuação,<br />

de acordo com o estudo, foi calculada<br />

mediante uma regressão da<br />

taxa de alfabetização e a média de<br />

anos de escolaridade.<br />

21<br />

* Ganor Boaz é<br />

vice-reitor da<br />

Escola Lauder de<br />

Governo, diretor<br />

executivo Centro<br />

Interdisciplinar de<br />

Herzliya do<br />

Instituto<br />

Internacional de<br />

Contraterrorismo<br />

(The<br />

International<br />

Institute for<br />

Counter<br />

Terrorism – ICT).<br />

Baseado no<br />

artigo de Boaz<br />

Ganor. publicado<br />

em hebraico no<br />

“Israel Today”, em<br />

5/9/2010.<br />

A secretária de Estado norte-americana Hillary Clinton comanda<br />

as conversações entre israelenses e palestinos<br />

Ben Hartman e Dov Preminger * * Ben Hartman e<br />

Dov Preminger são<br />

jornalistas do The<br />

Jerusalem Post.


22<br />

VISÃO JUDAICA outubro de 2010 Tishrei / Chesvan 5771<br />

VISÃO<br />

Míssil cai em escola 30 minutos<br />

antes da aula<br />

panorâmica<br />

Um míssil Kassam disparado da Faixa de<br />

Gaza na manhã do dia 8/9 caiu junto de<br />

uma escola de um kibutz no Município<br />

de Sha’ar Hanegev, 30 minutos antes da<br />

chegada das crianças às aulas. A escola<br />

sofreu danos leves e não houve registro<br />

de feridos. O prédio da escola atingida<br />

havia recebido reforço apenas no telhado<br />

e não nas paredes laterais, assim<br />

como outros edifícios da área. Agentes<br />

de segurança decidiram que a escola<br />

continuasse as aulas, mas crianças permaneceram<br />

em sala de aula e não puderam<br />

brincar no pátio externo nas horas<br />

seguintes. Já chegam a 20 os disparos<br />

de mísseis a partir Gaza contra cidades<br />

israelenses desde o início do Ano Novo<br />

judaico. (The Jerusalem Post).<br />

Esfomeados ou obesos?<br />

De acordo com o ranking do site da revista<br />

The Economist, sobre a obesidade<br />

no mundo, os homens de Gaza estão em<br />

oitavo lugar entre as populações mais<br />

gordas do mundo. Mas as mulheres que<br />

vivem em Gaza estão em terceiro lugar!<br />

Não é muito para os pobres esfomeados<br />

habitantes de Gaza? O ranking foi<br />

obtido da edição de 2007 da publicação<br />

Pocket World in Figures (Mundo de bolso<br />

em números), produzida pelo The<br />

Economist, na seção Maiores obesidades.<br />

(Economist.com).<br />

Newsweek: Israel é um dos melhores países<br />

A revista norte-americana Newsweek<br />

classificou 100 países com base na saúde,<br />

educação, economia e critérios de<br />

corrupção, colocando Israel na 22ª posição,<br />

um ponto acima da Itália e um<br />

abaixo da Espanha. Na categoria saúde,<br />

Israel ocupa o oitavo lugar, 15° em<br />

dinamismo econômico, 25° em qualidade<br />

de vida, 27° em ambiente político,<br />

40° na educação. Os dez primeiros países<br />

do ranking foram: Finlândia, Suíça,<br />

Suécia, Austrália, Luxemburgo, Noruega,<br />

Canadá, Holanda, Japão e Dinamarca.<br />

Os EUA ficaram em 11° lugar e o Brasil<br />

ocupa a 48° posição. Nigéria, Camarões<br />

e Burkina Faso são os três últimos colocados.<br />

A Turquia foi avaliada em 52°, a<br />

Síria em 83° e o Irã em 79°. (Jornal Alef).<br />

Muçulmanos em Dachau e Auschwitz<br />

Líderes muçulmanos americanos visitaram<br />

os campos de concentração de Dachau<br />

e Auschwitz convidados por Marshall<br />

Breger, judeu que ocupou alto posto<br />

na Casa Branca durante a presidência<br />

de Ronald Reagan e de George H.<br />

Bush. Ele organizou o grupo com o objetivo<br />

de neutralizar o notório e crescen-<br />

(com informações das agências AP, Reuters, AFP,<br />

EFE, jornais Alef na internet, Jerusalem Post,<br />

Haaretz, Notícias da Rua Judaíca e IG)<br />

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• Yossi Groisseoign •<br />

te antissemitismo e a negação do Holocausto<br />

que se tem registrado nos últimos<br />

anos em todo o mundo. Em seu regresso,<br />

os ativistas muçulmanos se<br />

mostraram comovidos pela experiência<br />

e Mohammed Magid, iman e diretor da<br />

organização “All Dulles Area Muslim<br />

Society”, escreveu um artigo na revista<br />

muçulmana Islamic Horizons sobre a<br />

negação do Holocausto. “Nenhum muçulmano<br />

em sã consciência, homem ou<br />

mulher, deveria negar o Holocausto.<br />

Quando você percorre os caminhos pelos<br />

quais outros foram levados às câmaras<br />

de gás para morrer, como é possível<br />

que alguém possa negar evidências<br />

físicas, é algo que está acima de<br />

qualquer dúvida?”, destaca um parágrafo<br />

do texto (Jornal Alef).<br />

Outro iraniano nega o Holocausto<br />

O aiatolá Naser Makarem Shirazi, de influência<br />

no clero conservador iraniano,<br />

afirmou dia 4/9: “O Holocausto não é<br />

mais que uma superstição. Mas os sionistas<br />

dizem que todos os povos do mundo<br />

devem aceitá-la. Os americanos e os<br />

ocidentais estão afetados por superstições<br />

surgidas recentemente, como o<br />

Holocausto. A verdade sobre o Holocausto<br />

não está clara. E quando investigadores<br />

querem determinar se é verídico ou<br />

se os judeus o inventaram para se fazer<br />

de vítimas, são presos”. (Jornal Alef).<br />

Palestinos rebatem Ahmadinejad<br />

A Autoridade Palestina respondeu dia 4/<br />

9 os ataques do presidente iraniano<br />

Mahmoud Ahmadinejad contra a retomada<br />

de negociações de paz diretas<br />

entre israelenses e palestinos em Washington.<br />

Num comunicado da agência<br />

oficial palestina Wafa, o porta-voz da AP,<br />

Nabil Abu Rodeina, afirmou que Ahmadinejad,<br />

“que não representa o povo iraniano,<br />

que falsificou as eleições e tomou<br />

o poder de forma fraudulenta, não<br />

tem direito a falar da Palestina, de seu<br />

presidente (Mahmoud Abbas) ou de<br />

seus representantes”. “O presidente<br />

Abbas foi eleito em eleições livres, em<br />

presença de mais de mil observadores<br />

internacionais e árabes”, acrescentou o<br />

texto. “Defendemos nossos direitos e<br />

interesses nacionais” e não permitiremos<br />

que ninguém “nos ameace ou questione”.<br />

No dia 3/9, Ahmadinejad criticara<br />

indiretamente Abbas, a quem qualificou<br />

de “refém” de Israel por haver iniciado<br />

dia 2/9 conversações com o primeiro-ministro<br />

israelense, Benjamin<br />

Netanyahu. (O Estado de S. Paulo).<br />

Teerã agora muda acusação contra Sakineh<br />

O governo do Irã disse que o caso de<br />

Sakineh Mohammadi Ashtiani, conde-<br />

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nada à morte não é uma questão de<br />

direitos humanos e rejeitou o posicionamento<br />

de outros países em relação<br />

ao tema. Antes a “justiça” iraniana a<br />

havia condenado por adultério mesmo<br />

sendo viúva, mas depois que houve<br />

protestos em todo mundo a acusação<br />

passou a ser também de assassinato,<br />

e por isso “a proteção de um indivíduo<br />

que é acusado de assassinato não<br />

deve se tornar uma questão de direitos<br />

humanos”, disse o porta-voz do<br />

Ministério das Relações Exteriores do<br />

Irã, Ramin Mehmanparast, em uma<br />

coletiva transmitida pela rede de TV<br />

local Irinn. No dia 7/9, o presidente da<br />

Comissão Europeia, José Manuel Durão<br />

Barroso, se disse chocado com o<br />

caso da iraniana e classificou a sentença<br />

como “bárbara” e “injustificada”.<br />

Durão Barroso afirmou que os direitos<br />

humanos não são negociáveis.<br />

(BBC).<br />

Alemanha fecha cerco a neonazistas<br />

A polícia alemã fez no dia 7/9, em nove<br />

estados do país, uma operação simultânea<br />

contra uma organização neonazista.<br />

Segundo o Ministério do Interior,<br />

foram realizadas buscas em instalações<br />

da organização HNG, grupo que<br />

tem por objetivo declarado apoiar extremistas<br />

presos e seus dependentes.<br />

O Ministério estuda uma possível proibição<br />

da HNG e as buscas tiveram por<br />

objetivo reunir material para essa análise.<br />

A HNG não trabalha em prol da<br />

ressocialização dos extremistas, mas<br />

os incentiva nas suas ideias radicais,<br />

afirmou Klaus-Dieter Fritsche, do Ministério<br />

do Interior. A HNG é a maior<br />

organização neonazista da Alemanha.<br />

O grupo foi fundado em 1979 e tem<br />

atualmente cerca de 600 membros.<br />

Uma das figuras centrais da organização<br />

é uma mulher: nascida em 1933,<br />

Ursula Müller, que já foi condenada<br />

por suas atividades radicais. (Deutsche<br />

Welle).<br />

Marina sobre Lula: “qual a razão de dar<br />

audiência a um ditador?”<br />

Durante sabatina realizada dia 9/9 pelo<br />

jornal O Globo, a candidata do PV à presidência,<br />

Marina Silva, criticou a política<br />

externa do governo Lula, por suas<br />

alianças com regimes autoritários. “A<br />

gente deve se pautar por princípios de<br />

direitos humanos, da cultura da paz e<br />

de que a democracia é o melhor caminho.<br />

Dentro desses princípios, sem abrir<br />

mão, conversamos com todos (...) mas<br />

qual a razão de dar audiência a um ditador<br />

que quer fazer a bomba atômica e<br />

riscar Israel do mapa?”, questionou, em<br />

relação ao presidente iraniano Mahmoud<br />

Ahmadinejad, por quem Lula já<br />

afirmou sentir “carinho”. Ela também<br />

criticou a conivência com as prisões<br />

políticas de Cuba e a “falta de equidistância”<br />

para “mediar conflitos” na América<br />

Latina. (O Globo/Terra).<br />

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Morre o general Tal, criador<br />

do tanque Merkava<br />

O general da reserva Israel Tal, que projetou<br />

o tanque israelense Merkava, morreu<br />

dia 8/9 aos 86 anos, anunciou a rádio<br />

pública de Israel. Teórico da guerra<br />

relâmpago e da mobilidade extrema das<br />

forças israelenses, Tal, conhecido como<br />

Talik, fez fama em seu país ao afirmar<br />

que “são os tripulantes dos blindados”<br />

que ganham as guerras. Em 1970, o governo<br />

o encarregou da supervisão e desenvolvimento<br />

de um tanque de concepção<br />

totalmente israelense, o Merkava.<br />

Tal foi comandante da região militar Sul<br />

e subchefe do Estado Maior. Os Merkava<br />

III e IV, últimos modelos deste tanque<br />

de silhueta baixa e afilada, possuem<br />

um motor diesel de 1,5 mil cavalos<br />

situado na parte dianteira, o que dá<br />

maior proteção e espaço aos quatro tripulantes.<br />

(Terra).<br />

General Tal - 2<br />

Utilizado pela primeira vez em uma<br />

guerra durante a invasão do Líbano em<br />

1982, o Merkava é considerado um<br />

dos melhores tanques do mundo. O<br />

blindado de 65 toneladas pode alcançar<br />

velocidade de até 64 km/h com autonomia<br />

de 500 km. Seu principal armamento<br />

é um canhão de 120 mm de<br />

calibre com alcance de 7 km, ladeado<br />

por três metralhadoras e um lançamorteiros<br />

de 60 mm. Durante a guerra<br />

de 2006, a blindagem dos Merkava<br />

mostrou-se vulnerável contra os mísseis<br />

antitanque utilizados pelo Hezbolá<br />

libanês, motivo pelo qual foi posteriormente<br />

reforçado e melhorado. Segundo<br />

o Centro de Estudos Estratégicos<br />

Jaffee da Universidade de Tel Aviv,<br />

Israel conta atualmente com 4 mil blindados,<br />

dos quais 1.280 são tanques<br />

Merkava. (Terra).<br />

Cidadania honorária à babá<br />

de Mumbai por bravura<br />

O ministro do Interior de Israel Eli<br />

Yishai concedeu dia 6/9 o título de cidadania<br />

honorária à mulher indiana<br />

que salvou um menino israelense dos<br />

ataques terroristas em Mumbai, em<br />

2008, que assassinaram os pais da<br />

criança. Sandra Samuel enfrentou armas<br />

de fogo para resgatar Moshe Holtzberg,<br />

então com dois anos de idade,<br />

do centro judaico invadido pelos terroristas<br />

islâmicos. Ela o encontrou junto<br />

aos corpos de seus pais e correu<br />

com ele para um local seguro. Ela continuou<br />

cuidando do menino mesmo depois<br />

em Israel, onde está sendo criado<br />

por parentes. O ministro Yshai entregou<br />

pessoalmente o certificado<br />

para Sandra, em reconhecimento à sua<br />

bravura. A ela também foi concedido<br />

o status de residente permanente em<br />

Israel. Entrevistada pela Rádio do<br />

Exército, disse estar “feliz e muito<br />

honrada”. (Associated Press).


Dori Lustron *<br />

“Então dizemos aos filhos de Israel,<br />

Habitem esta terra e, quando tiver<br />

chegado o fim da vida futura, os<br />

reuniremos todos juntos. O Corão<br />

que enviamos desceu sobre vós e<br />

para Ti Maomé enviamos “para<br />

Avisar e Advertir”<br />

Corão: 17:106<br />

amas e cavalheiros.<br />

Esta sura do Corão<br />

não é por acaso uma<br />

validação do sionismo?<br />

Mas, os filhos do Islã não<br />

o entendem assim. Decidiram mudar<br />

as palavras de seu livro sagrado e<br />

também a História Universal que todos<br />

conhecemos e querem nos obrigar<br />

a aceitá-lo. Ou nos convertemos<br />

ou estão em guerra com os infiéis.<br />

Desde Abrahão, pai do monoteísmo,<br />

todos eram muçulmanos… (!?). Aquilo<br />

que tivemos sempre é desvirtuado<br />

pelo fanatismo irracional dos jihadistas<br />

que pretendem governar o mundo<br />

dos infiéis. Não só os judeus são<br />

seu objetivo. Cristãos e qualquer religião<br />

que não seja o Islã é sua inimiga.<br />

Não reconhecem que do judaísmo<br />

nasceram as três religiões<br />

monoteístas porque o judaísmo nunca<br />

existiu, mas só os muçulmanos<br />

povoaram o mundo e isso é o que colocam<br />

na cabeça de seu pobre povo<br />

que os segue. É que ninguém leu esta<br />

Sura do Corão?<br />

Da história à fantasia<br />

Mesmo que os filhos de Israel os<br />

precederam. Abrahão data de 2025<br />

a.e.c e eles apareceram em 640 d.e.c<br />

Centenas de escavações arqueológicas.<br />

Documentos encontrados em<br />

vasilhas como nos Pergaminhos do<br />

Mar Morto. Os judeus não existiram<br />

porque a Palestina existe desde que<br />

caíram as muralhas de Jericó com a<br />

liderança de um muçulmano Josué.<br />

Não é para rir. Convencem milhares<br />

de pessoas que acabam pensando<br />

que sua professora na escola os ensinou<br />

mal e a culpam por sua ignorância.<br />

Esta gente, no seu afã em desvirtuar<br />

tudo, são os “Grandes Professores<br />

da Fantasia”, os quais têm acesso<br />

aos meios de difusão e o povo lhes<br />

presta atenção. Aqueles que em sua<br />

mediocridade detestam os judeus<br />

aceitam que Jesus era palestino... e<br />

Abrahão, Isaac e Jacob, nossos<br />

patriarcas, eram muçulmanos.<br />

Para o Islã há um só D-us e Maomé<br />

é seu profeta. Nasceu com a ideia<br />

que deve governar o mundo, governar<br />

sobre todas as demais religiões.<br />

No ano 640 d.e.c estabelece-se o império<br />

islâmico. Os judeus já tinham<br />

construído toda uma História na região.<br />

Temos 3300 anos de permanência<br />

judaica na Terra de Israel. Mas…<br />

Maomé sustentou que cada profeta<br />

bíblico foi muçulmano… E devido ao<br />

fato da totalidade de seus heróis serem<br />

muçulmanos a história mundial<br />

é na realidade a história do Islã.<br />

Os muçulmanos aceitaram o fato<br />

Com os candidatos<br />

de que os profetas bíblicos trazem<br />

consigo algum tipo de revelação.<br />

Segundo eles Moisés, trouxe o Taurat,<br />

que equivale à Torá, e Jesus<br />

trouxe o Ingeel, que equivale ao<br />

Evangelho e é conhecido como Novo<br />

Testamento. A Bíblia versus o Corão.<br />

Por que a Bíblia não se parece<br />

em nada ao livro do Corão? Maomé<br />

explica que tanto judeus como cristãos<br />

falsificaram os livros.<br />

Se os judeus e cristãos não desejam<br />

viver sob as leis do Islã os muçulmanos<br />

têm que lutar contra eles.<br />

E aí aparece a Jihad. Jihad quer dizer<br />

guerra contra aqueles que não estão<br />

dispostos a aceitar o domínio superior<br />

islâmico. Sejam judeus, cristãos, budistas,<br />

politeístas ou de qualquer religião.<br />

Assim, se o Ocidente não quer<br />

Jihad, deverá permitir ser dominado<br />

por eles que governaram o mundo. A<br />

ideia, não é que todo o mundo se converta<br />

e seja muçulmano, mas que o<br />

mundo inteiro se submeta à autoridade<br />

e domínio do Islã.<br />

Diz o erudito islamista professor.<br />

Moshe Sharon:<br />

“O Corão percebe o mundo dividido<br />

em dois — uma parte, submetida<br />

no presente ao domínio do Islã e<br />

outra parte a submeter-se supostamente<br />

num futuro. No Islã está muito<br />

clara a separação do planeta. Cada<br />

novo estudante do islamismo sabe<br />

disso. O mundo é considerado Dar al-<br />

Islam (casa do Islã) — ou seja, o lugar<br />

onde o Islã governa — e o resto<br />

VISÃO JUDAICA outubro de 2010 Tishrei / Chesvan 5771<br />

do mundo é denominado Dar al-Harb<br />

— que quer dizer, casa da guerra. O<br />

Islã não o chama “casa dos não-muçulmanos”,<br />

mas o qualifica como<br />

“casa da guerra”. É a casa da guerra<br />

a que será conquistada ao final dos<br />

tempos. O mundo continuará sendo<br />

casa da guerra até que se submeta<br />

ao total domínio e soberania do Islã.<br />

Assim diz a norma, mas por quê? Simplesmente,<br />

porque assim o declara<br />

Alá no Corão. Alá enviou seu profeta<br />

Maomé e a religião verdadeira para<br />

que a verdade triunfe e submeta o<br />

resto das demais religiões.<br />

Aparece, então, sua deformação de<br />

nossa própria História <strong>Judaica</strong>. O Templo<br />

de Jerusalém não existiu, era uma<br />

mesquita, portanto, o Muro Ocidental,<br />

o das Lamentações era sua mesquita.<br />

E lá vão os bobos acreditar, quando o<br />

Templo é um dos acontecimentos bíblicos<br />

mais documentados da História<br />

em geral. Os restos arqueológicos<br />

com inscrições em aramaico e hebraico<br />

dão fé disso. Sob o Muro há escavações<br />

às quais todos nós temos acesso...<br />

O hebraico é idioma deles?<br />

A limpeza étnica que estão realizando<br />

em Gaza e em Belém demonstra<br />

qual é seu modo de agir. Obrigam<br />

a converterem-se ao Islã os cristãos<br />

que vivem ali. E os que se negam são<br />

assassinados impunemente.<br />

Se eles pensam que nossos<br />

Patriarcas são os mesmos que os deles<br />

estão em seu direito, mas que não<br />

obriguem o mundo a viver segundo<br />

suas regras e seus mandatos.<br />

Uma série de cafés da manhã no Hotel Quality Curitiba, iniciativa da Federação Israelita do Paraná, procura reunir os candidatos às próximas eleições, que solicitaram os encontros, e<br />

as lideranças da comunidade judaica. O primeiro foi realizado no dia 14/9 com o candidato à reeleição para deputado federal Marcelo Almeida. No dia seguinte, 15/9 a comunidade<br />

ouviu o candidato ao Senado Gustavo Fruet. Líderes da coletividade e dirigentes das entidades judaicas participaram, entre elas, a presidente da Kehilá, Ester Proveller, e o presidente<br />

da Federação Israelita do Paraná, Manoel Knopfholz que, em ambas ocasiões, fez a entrega aos candidatos da Carta de Princípios elaborada pela Federação. Knopfholz expressou, em<br />

nome da comunidade, que "deposita grandes esperanças neste momento de renovação política pelo qual nosso país atravessa, aplaude o gesto de amor ao Brasil que a candidatura<br />

representa", e declarou que a carta "enumera alguns valores éticos da tradição multimilenar judaica que poderiam nortear ideias, propostas e projetos". Marcelo Almeida agradeceu<br />

a colaboração através do documento entregue, contou sobre sua atuação em Brasília na defesa dos interesses da comunidade judaica brasileira e renovou seu compromisso de<br />

trabalho nesse sentido. Gustavo Fruet falou sobre a importância dessas eleições para o País. A candidata ao Senado Gleisi Hoffman tem café agendado para o dia 22/9.<br />

23<br />

* Dori Lustron é<br />

licenciada em<br />

Letras, escritora,<br />

jornalista<br />

especializada em<br />

política externa e<br />

hasbará de Israel<br />

(esclarecimento),<br />

autora de músicas<br />

e cantora. Nascida<br />

em Buenos Aires,<br />

cresceu e estudou<br />

em Mendoza,<br />

Argentina.<br />

Emigrou para<br />

Israel em 2002 e<br />

vive em Nahariya,<br />

onde montou a<br />

Rede de Hasbará<br />

sob o lema “Juntos<br />

somos mais”,<br />

unindo todas as<br />

páginas da<br />

internet que se<br />

dedicam ao tema,<br />

inclusive o site do<br />

jornal <strong>Visão</strong><br />

<strong>Judaica</strong><br />

(www.visao<br />

judaica.com.br)<br />

para enfrentar a<br />

guerra midiática<br />

contra Israel.<br />

Colabora em várias<br />

publicações e<br />

administra a<br />

página na internet<br />

do site<br />

www.porisrael.org.


24<br />

* George F. Will é<br />

colunista e<br />

escreve sobre<br />

política, cultura<br />

e basebol no<br />

jornal norteamericano<br />

The<br />

Washington<br />

Post. Artigo<br />

publicado no dia<br />

19/8/2010.<br />

VISÃO JUDAICA outubro de 2010 Tishrei / Chesvan 5771<br />

a intifada que começou<br />

em 2000, o terrorismo<br />

palestino matou mais<br />

de 1.000 israelenses.<br />

Proporcionalmente à população<br />

dos Estados Unidos,<br />

seriam 42.000, aproximando-se<br />

do número de mortes dos oito anos<br />

da América do Vietnã. Durante a<br />

ofensiva, que começou dez setembros<br />

atrás, os pais israelenses enviavam<br />

dois filhos para a escola colocando-os<br />

em ônibus separados para<br />

diminuir a chance de que não voltariam<br />

para o jantar. Certamente a<br />

Ignore palestras sobre Israel<br />

assumindo “riscos para a paz”<br />

George F. Will *<br />

maioria dos americanos pode imaginar,<br />

até mesmo que seus líderes, com<br />

dificuldades de audição, não podem<br />

compreender, como é difícil quando<br />

querem ensinar os líderes de Israel<br />

sobre a necessidade de tomar “os riscos<br />

para a paz”.<br />

Durante a visita do primeiro-ministro<br />

Binyamin Netanyahu, em julho,<br />

a Washington, Barack Obama<br />

elogiou a “disposição de assumir<br />

riscos pela paz”. Houve uma época<br />

em que isso significava trocar “terra<br />

por paz”, Israel sacrificando algo<br />

tangível e irrecuperável, profundidade<br />

estratégica, em troca de algo intangível<br />

e perecível, promessas da<br />

87 Estados contra a<br />

negação da Shoá<br />

Países de todo o mundo se uniram<br />

para colaborar na luta contra o antissemitismo.<br />

Com o apoio do Ministério de<br />

Relações Exteriores de Israel e com a<br />

presença do vice-chanceler Danny Ayalon,<br />

foi firmado um acordo que envolve<br />

o compromisso de 87 países para lutar<br />

contra a negação do Holocausto e do antissemitismo<br />

no mundo.<br />

As entidades que uniram seus objetivos<br />

são a “Força Tarefa internacional<br />

para a Memória do Holocausto” (ITF) e<br />

o “Bureau de Instituições Democráticas<br />

e Direitos Humanos” (ODIHR), braço executor<br />

da Organização para a Segurança<br />

e colaboração Mútua na Europa.<br />

É a primeira vez que mais de 80 Estados<br />

se unem para colaborar mutuamente<br />

contra a campanha de deslegitimação<br />

que sofre Israel no plano local e o judaís-<br />

mo em nível internacional.<br />

“Existem certos elementos que negam<br />

a Shoá e preparam o próximo Holocausto.<br />

Devemos preservar a memória<br />

para que tais horrores, junto com<br />

a xenofobia, não se repitam e para<br />

que tenhamos um mundo mais seguro”,<br />

enfatizou Ayalon durante a assinatura<br />

do documento.<br />

A ITF - cujo objetivo é promover a memória<br />

do Holocausto por meio da educação,<br />

investigação e monumentos recordatórios,<br />

conta atualmente com 27 países<br />

membros, em sua maioria, europeus.<br />

A ODIHR, da qual são membros 57<br />

países, se ocupa entre outras coisas de<br />

programas educativos e de monitoração<br />

de fenômenos tais como a xenofobia<br />

contra os estrangeiros e, em especial, o<br />

antissemitismo.<br />

normalidade diplomática.<br />

Questões estratégicas de profundidade<br />

em uma nação onde quase<br />

todo mundo é ou foi um soldado, é<br />

como a sociedade que não pode funcionar<br />

por muito tempo com a nação<br />

inteiramente mobilizada. Além disso,<br />

antes da Guerra dos Seis Dias de<br />

1967, Israel dentro das fronteiras estabelecidas<br />

pelo armistício de 1949<br />

estava em um lugar de apenas nove<br />

milhas de largura, um fato que levou<br />

George W. Bush a dizer: No Texas,<br />

temos estradas com essa largura. Israel<br />

trocou um monte de terra para<br />

alcançar uma paz fria com o Egito,<br />

rendendo o Sinai, que é quase três<br />

vezes maior que Israel e era 89 por<br />

cento da terra capturada no processo<br />

de repelir a agressão de 1967.<br />

A intifada foi lançada pelo falecido<br />

Yasser Arafat — terrorista e vencedor<br />

do Prêmio Nobel da Paz — após<br />

a reunião de Camp David em julho de<br />

2000, durante o qual o então primeiro<br />

ministro Ehud Barak ofereceu ceder<br />

o controle de toda a Faixa de Gaza<br />

e mais de 90 por cento da Cisjordânia,<br />

com pequenas trocas de terras<br />

para acomodar o crescimento dos<br />

subúrbios de Jerusalém, do outro lado<br />

da linha de armistício de 1949.<br />

Os israelenses são notoriamente<br />

rebeldes, mas a intifada produziu entre<br />

eles um consenso de que mais do<br />

que qualquer coisa que o governo<br />

deles possa oferecer, sem perder o<br />

apoio interno é menos do que qualquer<br />

interlocutor palestino possa exigir.<br />

Além disso, a intifada foi parte de<br />

um padrão. Como em 1936 e em 1947,<br />

ao falar-se sobre a partilha, irrompeu<br />

a violência árabe...<br />

A Palestina tem aparentemente<br />

uma capacidade ilimitada para extrair<br />

absurdos de longe, como aconteceu<br />

recentemente, quando o primeiro-ministro<br />

britânico, David Ca-<br />

meron, se referiu a Gaza como uma<br />

“prisão campo”. Se em certo sentido<br />

é, não é, no entanto, no sentido<br />

que Cameron pretende. Sua implicação<br />

era que Israel é o carcereiro<br />

cruel. O infortúnio real Gaza é estar<br />

sob o punho de ferro do Hamas, uma<br />

organização terrorista.<br />

Em maio, uma flotilha lançada da<br />

Turquia aproximou-se de Gaza para<br />

provocar um confronto com Israel,<br />

que, como Egito, administra um bloqueio<br />

para impedir que armas cheguem<br />

ao Hamas. A pretensão da flotilha<br />

era ajuda humanitária para<br />

Gaza, onde a taxa de mortalidade infantil<br />

é menor e a expectativa de vida<br />

é maior do que na Turquia.<br />

Israelenses com menos de 50<br />

não têm memória de sua nação dentro<br />

das fronteiras de 1967 estabelecidas<br />

pelo armistício de 1949 que<br />

pôs fim à Guerra da Independência.<br />

O resto do mundo parece não ter<br />

memória de forma alguma a respeito<br />

da história da interseção da Palestina<br />

e do povo judeu. A criação<br />

de Israel não envolve a destruição<br />

de um Estado palestino, por não ter<br />

havido tal estado desde que os romanos<br />

chegaram. E se o percentual<br />

da população judaica do mundo fosse<br />

hoje o que era quando os romanos<br />

governaram a Palestina, seria de<br />

200 milhões de judeus. Depois de<br />

uma passagem única e arriscada<br />

durante dois milênios sem pátria, há<br />

13 milhões de judeus.<br />

Nos 62 anos desde que este país<br />

foi fundado em um sexto de um por<br />

cento da descuidada terra que é imprecisamente<br />

chamado de “mundo<br />

árabe”, os israelenses nunca souberam<br />

o que é uma hora de paz<br />

real. Os paternalistas americanos<br />

que dão palestras sobre a realidade<br />

dos riscos e são desejosos de<br />

paz, que outrora eram apenas tolos,<br />

agora são obscenos.

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