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Monografia Incontinência Urinária - Plenitud

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<strong>Incontinência</strong> <strong>Urinária</strong><br />

Dr. Ubirajara Ferreira<br />

Professor titular de Urologia da UNICAMP e<br />

Presidente (2008/2009) da Sociedade Paulista de Urologia<br />

Dr. Lísias Nogueira Castilho<br />

Professor Livre – Docente da Faculdade de Medicina da<br />

Universidade de São Paulo e membro do departamento de Uro Geriatria<br />

Apoio:<br />

da Sociedade Brasileira de Urologia<br />

Porque a vida é para ser vivida.


É com grande prazer que <strong>Plenitud</strong> ® traz a você uma revisão<br />

bibliográfica sobre o tema <strong>Incontinência</strong> <strong>Urinária</strong>. Este material,<br />

desenvolvido por dois grandes nomes da Urologia no Brasil, Dr.<br />

Ubirajara Ferreira, Professor Titular de Urologia da UNICAMP e Dr.<br />

Lísias Nogueira Carvalho, Professor Livre-Docente da Faculdade<br />

de Medicina da Universidade de São Paulo, tem como objetivo<br />

passar um panorama sobre o impacto da <strong>Incontinência</strong> na vida<br />

das pessoas, principalmente dos idosos, e também trazer o que<br />

há de mais recente sobre suas definições, tipos, tratamentos e<br />

cuidados paliativos.<br />

Esperamos que seja uma leitura agradável e que agregue ainda<br />

mais ao seu conhecimento profissional.<br />

Índice<br />

1. Fisiologia da micção ..................................................... 04<br />

2. Diagnóstico da incontinência urinária ........................... 06<br />

3. <strong>Incontinência</strong> urinária no homem adulto ...................... 08<br />

4. <strong>Incontinência</strong> urinária e<br />

hiperatividade vesical na mulher .................................. 11<br />

5. Alternativas para a correção da<br />

<strong>Incontinência</strong> urinária na mulher ................................. 13<br />

6. Alterações fisiológicas do envelhecimento .................... 16<br />

7. <strong>Incontinência</strong> urinária no homem idoso ........................ 18<br />

8. <strong>Incontinência</strong> urinária na mulher idosa ......................... 20<br />

Referências bibliográficas ................................................. 22


Fisiologia da Micção<br />

Ubirajara Ferreira<br />

Prof. Titular de Urologia da UNICAMP<br />

Bexiga<br />

A bexiga é composta por fibras musculares lisas<br />

que são distribuídas em três camadas distintas,<br />

divididas em longitudinal interna, circular<br />

média e longitudinal externa, arranjadas de<br />

tal modo que possibilitam a sua contração de<br />

forma uniforme durante a micção. Esse arranjo<br />

é importante para permitir boa complacência<br />

e bom esvaziamento vesical. A base ou parede<br />

posterior da bexiga é mais espessa e composta<br />

de fibras mais circulares com orientação à<br />

uretra. A camada muscular média no homem<br />

Uretra<br />

A uretra é formada por tecido conectivo denso<br />

entremeado por fibras musculares lisas e estriadas<br />

que formam o complexo esfincteriano.<br />

Existem distinções importantes entre a fisiologia<br />

uretral masculina e a feminina, sendo que a uretra<br />

feminina varia de extensão dependendo da<br />

postura da paciente. Ela torna-se maior quando<br />

a paciente está em pé e reduz cerca de 0,5cm<br />

quando a paciente está sentada.<br />

As estruturas que dão apoio à região parauretral<br />

são os músculos elevadores e também<br />

o ligamento pubo-uretral. Em ambos os sexos,<br />

a musculatura lisa apresenta duas camadas<br />

a partir do colo vesical: A interna é composta<br />

continua na direção da uretra prostática até o<br />

nível do verumontanum para formar o esfíncter<br />

pré-prostático. As fibras da camada longitudinal<br />

externa formam uma alça ao redor<br />

do colo vesical que também contribui para o<br />

mecanismo de continência dessa região. É provável<br />

que este arranjo proporcione um efeito<br />

em funil por ocasião da micção. Na mulher,<br />

as fibras longitudinais internas convergem<br />

para formar a camada muscular longitudinal<br />

interna da uretra.<br />

de um grupo de fibras longitudinais que se<br />

contraem no início da micção, e com isto,<br />

diminuem o tamanho da uretra, já a camada<br />

externa é constituída de fibras com arranjo<br />

circular e oblíquo que apresentam efeito<br />

esfincteriano, ou seja, participam do fechamento<br />

uretral e do colo vesical. O esfíncter<br />

externo na mulher é menos vigoroso, sendo<br />

que a sua espessura só é mais significativa no<br />

terço médio. Porém, no sexo masculino rodeia<br />

completamente a uretra membranosa,<br />

formando uma camada mais espessa anteriormente,<br />

para depois tornar-se mais delgado<br />

ao nível do verumontanum.<br />

Circuitos da micção<br />

Circuito 1. Este circuito conecta a córtex do<br />

lobo central à formação reticular pontino-mesencefálica<br />

do tronco cerebral, possibilitando o<br />

controle voluntário do detrusor. É o desenvolvimento<br />

deste circuito na criança que promove o<br />

controle miccional.<br />

Circuito 2. É denominado de circuito longo e<br />

vai desde a formação reticular ponto-mesencefálica<br />

no tronco cerebral até a medula sacra.<br />

Esse circuito está encarregado de levar e trazer<br />

impulsos entre estes dois centros. A secção da<br />

medula resulta em perda do controle do detrusor<br />

e dissinergia do esfíncter uretral externo.<br />

O circuito 2 não inclui vias periféricas sensitivas<br />

e motoras.<br />

Fisiologia<br />

As funções do trato urinário inferior são o armazenamento<br />

e a liberação periódica da urina.<br />

Durante o enchimento a bexiga acumula progressivamente<br />

maior quantidade de urina com<br />

manutenção de baixas pressões. Nesta fase, a<br />

atividade predominante é a do sistema nervoso<br />

simpático, situado entre T10 e L2.<br />

Durante a fase de armazenamento ocorrem<br />

efeitos predominantes da atuação simpática que<br />

levam à inibição da contração vesical e da musculatura<br />

lisa ureteral (atividade parassimpática).<br />

Concomitantemente, a musculatura ureteral<br />

estriada e a do assoalho pélvico são contraídas<br />

por estimulação dos nervos pudendos. A contração<br />

do esfíncter externo e do interno mantém<br />

a pressão uretral maior do que a vesical, portanto<br />

enquanto isso ocorrer não há fluxo urinário.<br />

O esvaziamento vesical não é apenas um ato<br />

Circuito 3. Consiste nas vias aferentes do detrusor<br />

para a medula com terminações sinápticas<br />

como o núcleo do nervo pudendo. Os axônios do<br />

nervo pudendo atingem o esfíncter uretral externo.<br />

Cada vez que os ramos aferentes do detrusor<br />

são estimulados, são gerados estímulos que inibem<br />

a contração do esfíncter uretral externo.<br />

Circuito 4. Dois componentes formam este circuito,<br />

inervação do córtex frontal para o nervo<br />

pudendo e inervação segmentar do músculo<br />

uretral externo. Anomalias deste circuito produzem<br />

uma resposta alterada do nervo pudendo<br />

durante o enchimento vesical e micção, resultando<br />

em contração incontrolável do esfíncter<br />

uretral externo.<br />

reflexo, pois envolve coordenação das vias<br />

supra-espinais e controle voluntário. Durante<br />

o ato da micção ocorre a interrupção da atividade<br />

simpática, iniciando-se a contração<br />

do detrusor por ação parassimpática. Simultaneamente<br />

cessa a estimulação pelos nervos<br />

pudendos, ocorrendo relaxamento perineal e<br />

esfincteriano, o que proporciona eliminação<br />

urinária com mínima resistência.<br />

Para interromper voluntariamente o fluxo urinário,<br />

realiza-se contração da musculatura periuretral<br />

e do períneo, o que resulta no aumento da<br />

resistência uretral e na conseqüente interrupção<br />

do jato miccional.<br />

Distúrbios em vários níveis podem acometer o<br />

trato urinário levando a alterações de armazenamento<br />

ou de eliminação ocasionando, respectivamente,<br />

a incontinência ou a obstrução.<br />

Fisiologia da Micção


Diagnóstico da<br />

<strong>Incontinência</strong> <strong>Urinária</strong><br />

Introdução<br />

<strong>Incontinência</strong> urinária (IU), bexiga hiperativa e<br />

outros sintomas do trato urinário inferior são<br />

altamente prevalentes e representam condições<br />

que impactam sobremaneira na qualidade de<br />

vida, tanto pela saúde do paciente quanto pelo<br />

impacto social, uma vez que a incontinência<br />

urinária gera diversos problemas psicossociais,<br />

como a perda da auto-estima, isolamento social,<br />

e o embaraço.<br />

Pelo fato de haver milhões de pessoas acometidas<br />

por esta desordem, o interesse no conhecimento<br />

de suas implicações sociais, nas alternativas<br />

propedêuticas e nas modernas técnicas<br />

terapêuticas tem crescido consideravelmente.<br />

No Brasil, segundo a Sociedade Brasileira de<br />

Urologia (SBU), estima-se que uma em cada 25<br />

pessoas apresente sintomas de incontinência e<br />

40% das mulheres em idade pós menopausa<br />

tenham algum tipo de incontinência urinária. Já<br />

no universo masculino, a SBU estima que 10 %<br />

dos homens idosos apresentem IU, sendo que<br />

na maioria dos casos a <strong>Incontinência</strong> está associada<br />

a cirurgias prévias na uretra ou próstata.<br />

O impacto econômico da IU é difícil de estimar.<br />

Além dos custos diretos relativos à investigação,<br />

tratamento e cuidados rotineiros,<br />

os gastos associado à morbidade (ex: fratura<br />

por queda ocasionada por urgência noturna) e<br />

com a perda da produtividade também devem<br />

ser considerados.<br />

Tipos de IU e avaliação clínica<br />

Basicamente, são quatro as causas de incontinência<br />

urinária: alterações vesicais, anormalidades<br />

uretrais, incontinência por transbordamento<br />

e incontinência extra-uretral. As alterações<br />

da bexiga incluem detrusor hiperativo e baixa<br />

complacência vesical. As anormalidades uretrais<br />

compreendem a insuficiência esfincteriana e a<br />

hipermobilidade uretral. A IU por transbordamento<br />

é a perda urinária quando a bexiga está<br />

com a capacidade acima do normal. Na IU extra-uretral<br />

a perda se dá por outra via que não a<br />

uretral, como nos casos de fístula urinária.<br />

O histórico pode usualmente revelar o tipo, a<br />

intensidade e o grau de incômodo da IU. Outras<br />

informações importantes são a ingestão<br />

líquida, queixas de infecção urinária pregressa,<br />

dificuldade miccional, tratamentos prévios,<br />

antecedentes obstétricos, cirurgias pél<br />

vicas ou abdominais, o uso de medicamentos,<br />

presença de prolapso pélvico e incontinência<br />

fecal concomitante.<br />

O exame físico pode auxiliar no sentido de excluir<br />

prolapsos ou massas pélvicas e identificar<br />

perda urinária durante o teste de esforço. Alterações<br />

atróficas podem ser detectadas, assim<br />

como sinais neurológicos focais representados<br />

por alterações sensitivas ou perda de reflexos.<br />

Avaliação urodinâmica<br />

O estudo urodinâmico avalia a capacidade de<br />

armazenamento e de esvaziamento vesical,<br />

além da atividade esfincteriana.<br />

A análise isolada do sintoma de incontinência<br />

urinária de esforço coincide em 79% dos casos<br />

com os achados urodinâmicos, mostrando que<br />

este exame é dispensável nos casos de sintomas<br />

típicos. Ao passo que sintomas de urgência miccional<br />

coincidem em 37% das vezes com hiperatividade<br />

do detrusor nos achados urodinâmicos,<br />

reforçando a indicação desta análise.<br />

Os seguintes testes podem ter importância na<br />

avaliação dos pacientes com IU:<br />

1. Estudo fluxo-pressão. Consiste na medida da<br />

pressão vesical, da pressão abdominal e da<br />

fluxometria durante a micção. Fluxo urinário<br />

abaixo de 10 mL/seg é considerado anormal,<br />

podendo denotar obstrução infravesical.<br />

2. Urina residual. Presença de urina residual<br />

considerável persistente (acima de 150 mL),<br />

após cirurgia corretiva de IU, pode representar<br />

obstrução uretral.<br />

3. Perfil pressórico uretral: pode auxiliar no<br />

diagnóstico de IU esfincteriana quando a<br />

perda ocorre com pressões menores de<br />

60 cmH2O.<br />

O diário miccional, representado pela anotação<br />

de toda ingestão hídrica, número e volume das<br />

micções, os episódios de perda urinária e uso de<br />

absorventes, por um período aproximado de três<br />

dias pode ser útil em casos mais complexos.<br />

O exame de urina é mandatório para se afastar<br />

infecção urinária concomitante, além de trazer<br />

outras informações importantes como presença<br />

de glicosúria.<br />

4. Eletromiografia. A principal informação obtida<br />

é quanto à integridade da inervação do<br />

esfíncter externo e da musculatura do assoalho<br />

pélvico. Este exame deve fazer parte da<br />

avaliação de todo paciente com disfunção<br />

vesical de causa neurológica.<br />

5. Cistometria. Através deste exame podem-se<br />

obter informações dos seguintes parâmetros:<br />

a) Atividade do detrusor: Pode ser detectada<br />

hiperatividade do detrusor, caracterizada<br />

por contrações involuntárias. Quando tais<br />

contrações estão relacionadas a lesão neurológica<br />

denomina-se hiperreflexia. Nos<br />

casos em que não se identifica a causa<br />

categoriza-se como instabilidade.<br />

b) Sensibilidade vesical: Quando ocorre o primeiro<br />

desejo de urinar. O valor tido como<br />

normal é entre 150 e 250 mL.<br />

c) Complacência vesical: Avalia se a bexiga<br />

armazena urina com baixa pressão. Valores<br />

acima de 10 mL/cmH2O são considerados<br />

normais.<br />

d) Capacidade vesical: Representa a quantidade<br />

de urina que a bexiga pode conter.<br />

No adulto, varia de 300 a 600 mL.<br />

Diagnóstico da<br />

<strong>Incontinência</strong> <strong>Urinária</strong>


<strong>Incontinência</strong> urinária<br />

no homem adulto<br />

Introdução<br />

No homem adulto o tipo mais comum de incontinência<br />

é a IU por esforço, sendo a causa mais<br />

importante as lesões iatrogênicas decorrentes<br />

de cirurgias prostáticas. Dentre as mais recorrentes<br />

estão a ressecção transuretral da próstata<br />

(RTU), a prostatectomia aberta e a prostatectomia<br />

radical (PR).<br />

Os três mecanismos relacionados com à IU<br />

pós-operatória são a insuficiência esfincteriana,<br />

a hiperreflexia do detrusor e a obstrução<br />

infravesical residual. É importante a diferenciação<br />

clínica e urodinâmica destes fatores,<br />

pois cada um apresenta diferente forma<br />

de tratamento.<br />

Ressecção transuretral da próstata<br />

A taxa de incontinência urinária pós-RTU da<br />

próstata é baixa, variando de 0,5 a 1%. Nesta<br />

cirurgia o esfíncter interno é ressecado endoscopicamente,<br />

juntamente com o adenoma<br />

prostático, formado pelos lobos laterais e<br />

mediano. O esfíncter externo, localizado ao<br />

Prostatectomia aberta<br />

A prostatectomia aberta, indicada no tratamento<br />

de Hiperplasia Benigna da Próstata (HBP)<br />

de grande volume, pode ser realizada por via<br />

transvesical e retropúbica. Atualmente é realiza-<br />

nível do verumontanum, deve ser preservado,<br />

pois representa o único fator responsável<br />

pela continência pós-operatória. O lobo<br />

apical, adjacente ao esfíncter externo, é uma<br />

área de risco que também deverá ser manuseada<br />

com muito cuidado.<br />

da em menos de 5% dos casos, apresentando<br />

possibilidade de IU com patogênese e manifestação<br />

clínica semelhante ao quadro pós-RTU<br />

da próstata.<br />

Prostatectomia radical<br />

Com a diminuição da morbidade e mortalidade,<br />

decorrente dos avanços técnico-cirúrgicos, a<br />

Prostatectomia Radial (PR) tornou-se frequente<br />

no tratamento dos tumores malignos confina-<br />

dos à próstata, apresentando incidência de IU<br />

pós-operatória de 0,5% a 40%. Após a PR o<br />

controle urinário passivo é mantido basicamente<br />

pelo esfíncter uretral estriado.<br />

Formas clínicas e achados urodinâmicos<br />

É frequente a associação da instabilidade vesical<br />

e obstrução infravesical. Por isso, muitas vezes<br />

no pós-operatório imediato, logo após a retirada<br />

da sonda uretral, é comum que ocorram sintomas<br />

reversíveis de urgência e incontinência urinária<br />

aos esforços, decorrentes da instabilidade<br />

do detrusor.<br />

Outras causas de urge-incontinência também<br />

devem ser excluídas:<br />

1. Obstrução infra-vesical;<br />

2. Infecção urinária;<br />

3. Doenças neurológicas associadas.<br />

A persistência da perda urinária após seis meses,<br />

ou a presença de incontinência urinária<br />

total apresenta pior prognóstico de recupe-<br />

Métodos de tratamento<br />

Na presença de fator obstrutivo deverá ser realizada<br />

avaliação uretral endoscópica e a localização<br />

do ponto de obstrução. Se houver<br />

lobo prostático residual, após RTU, procedese<br />

a ressecção do tecido restante. A presença<br />

de estenose uretral normalmente ocorre<br />

numa fase mais tardia e deve ser tratada com<br />

uretrotomia interna.<br />

A instabilidade do detrusor deverá ser tratada,<br />

preferencialmente, com medicações anticolinérgicas,<br />

técnicas de estimulação elétrica,<br />

exercícios de Kegel, para o fortalecimento do<br />

ração. Na maioria das vezes, estão associadas<br />

a lesão esfincteriana e a comprovação do<br />

diagnóstico é realizada através da avaliação<br />

urodinâmica.<br />

Durante o exame urodinâmico deverão ser pesquisadas:<br />

1. Contrações involuntárias do detrusor, presentes<br />

na instabilidade vesical;<br />

2. Medidas do fluxo urinário e pressão do<br />

detrusor durante o esvaziamento vesical,<br />

para excluir a possibilidade de obstrução<br />

residual;<br />

3. Pressão de perda urinária aos esforços menor<br />

de 60 cmH20, caracterizando a insuficiência<br />

esfincteriana.<br />

assoalho pélvico, e feed-back.<br />

A insuficiência esfincteriana, fator de maior importância<br />

epidemiológica, poderá ser tratada<br />

inicialmente com manobras fisioterápicas. Em<br />

casos de falha, o implante de esfíncter artificial<br />

poderá ser indicado.<br />

O uso de fraldas, clamps penianos e coletores<br />

externos poderão ser empregados até a confirmação<br />

do diagnóstico etiológico, durante o<br />

tratamento e também durante a recuperação<br />

da continência no pós-operatório, podendo<br />

seu tempo mínimo, variar de 6 a 12 meses.<br />

<strong>Incontinência</strong> urinária<br />

no homem adulto


Esfíncter artificial<br />

O tratamento com esfíncter artificial para correção<br />

da insuficiência esfincteriana foi desenvolvido<br />

e utilizado pela primeira vez em 1972, pelo<br />

então chefe do departamento de Urologia do<br />

Hospital Episcopal St. Luke, em Houston e fundador<br />

da American Medical Systems, F. Brantley<br />

Scott. Era composto de um aparelho hidráulico<br />

de silicone com “cuff” inflável colocado no<br />

colo vesical, em ambos os sexos, ou posicionado<br />

em volta da uretra bulbar nos homens. Com<br />

o passar dos anos várias modificações foram<br />

adicionadas a este aparelho, evoluindo até os<br />

modelos do AMS (American Medical Systems,<br />

Minnesota, USA).<br />

Nos homens com incontinência urinária pósprostatectomia<br />

radical ou pós-RTU, o AMS tem<br />

melhores resultados quando o “cuff” é implantado<br />

ao redor da uretra bulbar, o reservatório na<br />

região pré-peritoneal e o dispositivo de acionamento<br />

no escroto.<br />

O tratamento com esfíncter artificial tem apresentado<br />

bons resultados com taxa de continência<br />

e melhora clínica variando de 87% a 99%,<br />

dependendo dos critérios de sucesso utilizados.<br />

A principal complicação deste método é o mal<br />

funcionamento do sistema levando a necessidade<br />

de revisão cirúrgica. A erosão e a infecção,<br />

com taxa de incidência de 7% a 19%, representam<br />

complicações graves, pois implicam em<br />

re-intervenção cirúrgica obrigatoriamente.<br />

<strong>Incontinência</strong> urinária<br />

e hiperatividade vesical<br />

na mulher<br />

Introdução<br />

A prevalência de IU entre as mulheres varia amplamente<br />

em diversos estudos pela utilização<br />

de diferentes definições e pela utilização de diferentes<br />

populações de estudo. Numa revisão<br />

de 36 estudos populacionais de 17 países diferentes,<br />

a prevalência da IU variou de 5 a 69%,<br />

sendo que a maioria dos autores reportou uma<br />

variação entre 25 e 45%.<br />

O tipo de IU mais comumente encontrado nas<br />

mulheres, segundo a revisão de estudos, é a IU<br />

de esforço, com cerca de 50% das pacientes<br />

catalogadas. Uma menor proporção foi catalogada<br />

como tendo IU mista e uma minoria como<br />

urge-incontinência.<br />

A causa da IU é amplamente reconhecida como<br />

multifatorial. Existe consistente evidência que a<br />

mulher branca é mais susceptível que a negra.<br />

Parece existir uma propensão familiar para o<br />

surgimento deste transtorno miccional.<br />

Esse elevado número de incontinentes fez<br />

com que a International Continence Society<br />

(ICS) alterasse a definição de IU, antes<br />

considerada como “perda involuntária de<br />

urina, que é objetivamente demonstrável<br />

e um problema social ou higiênico”, para<br />

“perda involuntária de urina que é um problema<br />

social ou higiênico”, valorizando<br />

com isso o paciente.<br />

Tipos de <strong>Incontinência</strong> <strong>Urinária</strong><br />

<strong>Incontinência</strong> urinária de esforço (IUE): é<br />

aquela que ocorre devido ao aumento da pressão<br />

abdominal, durante a tosse, o espirro e os<br />

movimentos vigorosos. Ela pode ser causada por<br />

alteração funcional da uretra, tendo como causa<br />

a hipermobilidade da uretra ou a insuficiência<br />

intrínseca do esfíncter. Um dado importante<br />

para diferenciar um tipo do outro é a pressão<br />

de perda sob esforço. Esta medida corresponde<br />

à medida da pressão vesical mínima necessária<br />

para a ocorrência de perda urinária, duran-<br />

te a manobra de Valsalva, na qual a paciente<br />

faz esforço contrário a musculatura abdominal,<br />

fechando a glote (como no esforço de evacuação),<br />

após enchimento vesical com volume padronizado<br />

de líquido. As pacientes portadoras<br />

de insuficiência esfincteriana intrínseca normalmente<br />

apresentam perda com pressão inferior<br />

a 60 cmH2O, enquanto perdas com pressão<br />

acima de 90 cmH2O indicam hipermobilidade<br />

uretral. As pacientes com pressão entre 60<br />

cmH2O e 90 cmH2O, encontram-se em uma<br />

<strong>Incontinência</strong> urinária<br />

e hiperatividade vesical<br />

na mulher


faixa de dúvida, devendo ser analisado caso a<br />

caso de acordo com o quadro clínico.<br />

Parto vaginal, defeitos do colágeno, demência,<br />

mal de Parkinson, constipação intestinal, diuréticos,<br />

grupo étnico (mulheres brancas como<br />

citado anteriormente), fumo, bronquite crônica<br />

e obesidade podem representar fatores de risco<br />

para o aparecimento da IUE.<br />

Didaticamente a IUE pode ser classificada em:<br />

Grau O – continente.<br />

Grau I – perda somente após esforço rigoroso<br />

e em pé.<br />

Grau II – incontinência com esforço moderado.<br />

Grau III – incontinência não relacionada a esforço,<br />

posição ou atividade, correspondendo<br />

a insuficiência esfincteriana.<br />

<strong>Incontinência</strong> por urgência (UI): também conhecida<br />

como urge-incontinência, é aquela que<br />

ocorre devido a uma necessidade imperiosa de<br />

urinar, não havendo tempo hábil para chegar ao<br />

banheiro. Este sintoma muitas vezes é a expressão<br />

clínica do diagnóstico urodinâmico de instabilidade<br />

ou hiperatividade do detrusor (bexiga hiperativa).<br />

Esta condição, quando ocorre nas pacientes<br />

jovens pode ser um sinal inicial de doença neurológica,<br />

como esclerose múltipla, podendo ser<br />

dividida em tipo motor e sensitivo. O tipo motor<br />

caracteriza-se por apresentar durante a cistometria<br />

contrações involuntárias do detrusor. No tipo<br />

sensitivo o detrusor é estável e indica um controle<br />

ineficiente do mecanismo vesical, ocorrendo<br />

contração vesical apenas em certas ocasiões.<br />

O tratamento é diferente para os dois tipos de<br />

instabilidade do detrusor. O tipo motor responde<br />

bem ao tratamento com medicamentos anticolinérgicos,<br />

enquanto o sensitivo responde melhor<br />

a treinamento comportamental.<br />

As pacientes portadoras de UI se queixam de<br />

urgência e perda urinária. A perda, que ocorre<br />

subitamente, é o sintoma mais característico, já<br />

quando associada à IUE, a distinção clínica de<br />

ambas pode ser difícil, sendo que muitos casos<br />

só são esclarecidos com o auxílio da avaliação<br />

urodinâmica. A correção cirúrgica pode determinar<br />

a resolução espontânea da urge-incontinência.<br />

Do ponto de vista clínico, o forte desejo<br />

miccional acompanhado de perda urinária sugere<br />

UI. Nestes casos, o volume da perda de urina<br />

depende da habilidade da paciente contrair o<br />

esfíncter uretral voluntário e o assoalho pélvico.<br />

A perda de urina varia desde algumas gotas até<br />

todo o volume vesical.<br />

A instabilidade ou hiperatividade deve ser diferenciada<br />

da hiperreflexia do detrusor pelo fato<br />

de neste último caso a paciente apresentar lesão<br />

neurológica evidente, algumas vezes associada<br />

a ausência de sensibilidade vesical. A cistometria<br />

demonstra contrações involuntárias do<br />

músculo vesical.<br />

<strong>Incontinência</strong> paradoxal: é a chamada incontinência<br />

por transbordamento. Ocorre quando<br />

a bexiga se enche até sua capacidade máxima<br />

e, por alguma razão, não pode se contrair adequadamente,<br />

de modo que a urina começa a<br />

gotejar pela uretra. Fator obstrutivo é raro na<br />

mulher, podendo ser funcional ou anatômico.<br />

A obstrução de causa funcional é conseqüente<br />

à dissinergia detrusor-esfincteriana decorrente<br />

de lesão neurológica. A causa anatômica pode<br />

estar relacionada à cirurgia prévia para correção<br />

de IUE, em que ocorre hipercorreção uretral. O<br />

diagnóstico é difícil e muitas vezes o estudo fluxo/pressão<br />

é normal. Nestes casos a videourodinâmica<br />

pode confirmar o diagnóstico. Não há<br />

um padrão para o tratamento da <strong>Incontinência</strong><br />

paradoxal, sendo necessária uma análise detalhada<br />

de cada caso.<br />

<strong>Incontinência</strong> contínua: corresponde à perda<br />

urinária constante, ocasionada pela maior pressão<br />

da urina retida na bexiga em relação à resistência<br />

uretral. Tal condição pode ocorrer nos casos de lesão<br />

grave do sistema esfincteriano, decorrente de<br />

grandes ressecções pélvicas ou traumas genitais. O<br />

tratamento mais aconselhável para a <strong>Incontinência</strong><br />

contínua é a colocação de esfíncter artificial.<br />

Alternativas para a correção<br />

da IU na mulher<br />

Introdução<br />

São várias as alternativas terapêuticas empregadas<br />

com o objetivo de melhorar ou curar<br />

a IU. Tais condutas vão variar, dentre outras<br />

Medidas Comportamentais<br />

As principais medidas comportamentais incluem<br />

a re-educação vesical (orientação<br />

para que a mulher urine em intervalos progressivamente<br />

maiores) redução do peso, o<br />

coisas, com a idade da paciente, com a gravidade<br />

da IU e com a história prévia de tratamento<br />

deste distúrbio.<br />

controle das atividades físicas que desencadeiam<br />

a perda, controle de ingestão hídrica,<br />

tratamento da constipação intestinal e alterações<br />

posturais.<br />

Exercícios de reabilitação perineal<br />

Este treinamento consiste num programa de repetição<br />

voluntária de contrações da musculatura<br />

do assoalho pélvico que são ensinados por um<br />

fisioterapeuta especializado. Os treinos melhoram<br />

a força muscular perineal incrementando o<br />

padrão motor neuromuscular e a hipertrofia das<br />

fibras contráteis. A hipertrofia leva no mínimo<br />

Biofeedback<br />

Consiste numa técnica fisioterápica onde são<br />

utilizados diferentes tipos de equipamentos<br />

para ajudar a melhorar a propriocepção. Tais<br />

equipamentos oferecem às pacientes informa-<br />

oito semanas para ocorrer. Esta prática pode<br />

propiciar à mulher realizar uma manobra reflexa<br />

da musculatura perineal evitando assim perda<br />

urinária, ou pelo menos minimizá-la, durante a<br />

tosse ou esforço físico. Tal terapia pode trazer<br />

resultados, inclusive nas pacientes portadoras<br />

de urge-incontinência e incontinência mista.<br />

ções sobre a musculatura perineal, que permite<br />

reconhecer melhor o assoalho pélvico a fim de<br />

exercitá-lo. Este método é recomendado como<br />

auxiliar dos exercícios de reabilitação.<br />

Alternativas para a<br />

correção da IU na mulher


Eletroestimulação<br />

Colocam-se eletrodos especiais na vagina e no<br />

ânus. São aplicados estímulos elétricos com intensidade<br />

de corrente variável e freqüência de<br />

pulso padronizada, de acordo com o tipo de IU.<br />

Os programas variam de 12 a 24 sessões de 20<br />

a 30 minutos, duas a três vezes por semana.<br />

Existem séries, sem forte evidência científica,<br />

que demonstram melhora de até 50%<br />

da IUE e até da urge-incontinência com estas<br />

medidas fisioterápicas.<br />

Tratamento medicamentoso<br />

Este tratamento é feito com medicamentos<br />

que atuam nas terminações parassimpáticas<br />

viscerais (anticolinérgicos). Este grupo<br />

de drogas é especialmente útil nos casos de<br />

urge-incontinência e na incontinência reflexa<br />

por instabilidade vesical, propiciando relaxamento<br />

vesical, inibindo as contrações involuntárias<br />

do detrusor. Os efeitos colaterais<br />

mais comuns são: Secura na boca, aumento<br />

da freqüência cardíaca por bloqueio vagal e<br />

constipação intestinal.<br />

O cloridrato de oxibutinina, uma das drogas<br />

mais utilizadas, é recomendada na dose de 5<br />

mg até três vezes ao dia.<br />

A tolterodina representa um avanço no tratamento<br />

destas pacientes, não apenas pelo<br />

seu perfil farmacodinâmico favorável, permitindo<br />

apenas duas tomadas diárias, mas por<br />

apresentar efeitos colaterais menos pronunciados.<br />

A dose recomendada é de 2 mg a<br />

cada 12 horas.<br />

Os antidepressivos tricíclicos (principalmente<br />

a imipramina) têm demonstrado ser um excelente<br />

coadjuvante à ação dos anticolinérgicos.<br />

Parecem ser efetivos por determinar<br />

diminuição da contração vesical associada<br />

ao aumento da resistência uretral. A dose<br />

recomendada é de 25 mg à noite, podendo<br />

chegar até a 75 mg ao dia.<br />

A duloxetina, um inibidor da recaptação de<br />

serotonina e da noradrenalina, age aumentando<br />

a estimulação do nervo pudendo para<br />

o músculo estriado do esfíncter uretral, detectado<br />

por aumento da atividade eletromiográfica<br />

na fase de enchimento vesical.<br />

Em estudo norte-americano recente foram<br />

tratadas 683 mulheres portadoras de incontinência<br />

urinária de esforço com duloxetina<br />

(80mg/dia), durante 12 semanas. As pacientes<br />

foram avaliadas em relação à freqüência<br />

dos episódios de perda urinária e à aplicação<br />

de um questionário de qualidade de vida (I-<br />

QOL). A duloxetina foi eficaz na redução de<br />

pelo menos 50% dos episódios de perda urinária<br />

e na melhora do índice de qualidade<br />

de vida.<br />

A injeção intra-vesical de toxina botulínica<br />

tem sido utilizada nos casos de urge-incontinência<br />

refratários às medidas fisioterápicas<br />

e aos tratamentos medicamentosos. Pode<br />

ocorrer melhora em até 60% dos casos, efeito<br />

este que dura até 6 meses.<br />

Tratamento cirúrgico<br />

Pela falta de evidência científica na literatura,<br />

não é possível apontar uma técnica cirúrgica<br />

como sendo a de escolha para a correção da<br />

IUE. Porém, existem alguns consensos em relação<br />

à utilização de determinadas técnicas. A<br />

via trans-obturatória parece não ter bons resultados<br />

nos casos de uretras já manipuladas, que<br />

apresentam pouca mobilidade.<br />

De alguns anos para cá, o sling pubo-vaginal<br />

autólogo tornou-se a alternativa cirúrgica mais<br />

utilizada, tanto nos casos de incontinência esfincteriana<br />

pura como nos casos associados a<br />

urge-incontinência, propiciando cura ou melhora<br />

significativa em 50 a 75% das mulheres.<br />

Pacientes com história pregressa de irradiação<br />

pélvica, atrofia vaginal, divertículo uretral e<br />

grandes prolapsos vaginais apresentam resultados<br />

cirúrgicos inferiores, necessitando alternativas<br />

técnicas mais complexas.<br />

Atualmente, existem no mercado vários slings<br />

sintéticos constituídos por malha de polipropileno<br />

que apresentam resultados semelhantes ao<br />

sling autólogo, representando uma boa alternativa<br />

na correção da IUE.<br />

Vale ressaltar que durante os períodos de tratamento,<br />

independente de seu tipo e também<br />

durante o período de recuperação pós-operatória,<br />

as pacientes podem contar com alternativas<br />

como absorventes, fraldas e roupas íntimas descartáveis<br />

para se manterem ativas e saudáveis.


Alterações fisiológicas<br />

do envelhecimento<br />

Lísias Nogueira Castilho<br />

Prof. Livre-Docente da Faculdade de Medicina<br />

da Universidade de São Paulo<br />

A micção normal de uma pessoa jovem e sadia<br />

ocorre em duas etapas que se sucedem:<br />

a fase do enchimento da bexiga e a fase de<br />

seu esvaziamento. A micção é extraordinariamente<br />

complexa e envolve centros corticais,<br />

pontes, medula, receptores aferentes<br />

sensitivos periféricos autonômicos e somáticos,<br />

vias eferentes motoras autonômicas<br />

e somáticas, bem como componentes anatômicos<br />

do trato urinário inferior. Durante<br />

a fase de enchimento, a bexiga se comporta<br />

como um reservatório de baixa pressão,<br />

de alta complacência, sem contrações de<br />

seu músculo detrusor. Durante a fase de<br />

esvaziamento, o músculo detrusor se contrai<br />

eficazmente, o mecanismo esfincteriano<br />

se relaxa, e o conteúdo vesical é expelido<br />

praticamente sem resíduo. A micção,<br />

apesar de comandada pelo sistema nervoso<br />

autônomo, tem o controle voluntário e socialmente<br />

conveniente em razão das conexões<br />

dos centros miccionais com estruturas<br />

encefálicas corticais. Além da integridade<br />

do controle neurológico, a integridade da<br />

musculatura vesical, a elasticidade da bexiga<br />

e a integridade do mecanismo esfincteriano<br />

determinam a qualidade da micção, a<br />

continência urinária e a qualidade de vida.<br />

O trato urinário inferior e o sistema nervoso<br />

mudam com o envelhecimento, mesmo<br />

na ausência de qualquer doença. Não se<br />

sabe muito sobre o processo íntimo dessas<br />

alterações degenerativas, mas algum<br />

conhecimento foi acumulado nos últimos<br />

anos. Sabe-se que a capacidade vesical não<br />

se altera substancialmente e que a ocorrência<br />

de contrações involuntárias do detrusor<br />

aumenta com a idade, bem como o volume<br />

urinário residual, o que explica, em parte,<br />

a perda de autonomia dos idosos (aumento<br />

da frequência miccional) e a noctúria<br />

(micções noturnas). A noctúria, fenômeno<br />

universal em homens e mulheres idosos,<br />

não pode ser explicada somente por esses<br />

fatores. Ela depende, em grande parte, da<br />

incompetência da secreção de hormônio<br />

antidiurético e da redução da capacidade<br />

de concentração renal, além das alterações<br />

fisiológicas do sono nos idosos. Seja como<br />

for, a presença de noctúria, aqui definida<br />

como o aumento da frequência urinária<br />

durante o período de sono, é uma marca<br />

registrada do envelhecimento e associando-se<br />

à redução da qualidade de vida, bem<br />

como a acidentes domésticos (quedas no<br />

banheiro), que causam aumento da morbidade<br />

e da mortalidade.<br />

O aumento da atividade detrusora (hiperatividade<br />

detrusora) pode levar ao quadro<br />

de bexiga hiperativa, que comete cerca de<br />

15% dos homens e mulheres com mais de<br />

60 anos de idade, especialmente as mu-<br />

lheres. A Sociedade Internacional de Continência<br />

define a bexiga hiperativa como<br />

uma síndrome caracterizada por urgência<br />

miccional, geralmente acompanhada em<br />

seus estados mais avançados de urge-incontinência<br />

(perdas involuntárias de urina),<br />

e sempre acompanhada de aumento da<br />

frequência miccional e noctúria.<br />

Numa pesquisa realizada em Campinas,<br />

São Paulo, encontraram-se 17% de idosos<br />

com bexiga hiperativa, número compatível<br />

com o que tem sido publicado na Europa e<br />

nos Estados Unidos. Isso representa um importante<br />

dado de Saúde Pública, uma vez<br />

que temos no Brasil cerca de 15 milhões de<br />

idosos, muitos dos quais têm sua qualidade<br />

de vida prejudicada.<br />

Em mulheres, alguns dados sugerem que<br />

a paridade (número de partos ocorridos)<br />

guarda relação forte com disfunções miccionais,<br />

independentemente de menopausa<br />

e de idade. Seja como for, a mulher tem<br />

mais bexiga hiperativa do que o homem<br />

e muito mais incontinência urinária grave,<br />

na qual necessite de usar fraldas diuturnamente,<br />

na comparação há cerca de 28%<br />

das mulheres incontinentes utilizando fraldas,<br />

contra 4% dos homens incontinentes.<br />

O que gera uma preocupação quanto<br />

ao uso deste material, pois é preciso que<br />

o paciente tenha acesso a um produto<br />

que lhe proporcione saúde e bem-estar,<br />

através de descrição, praticidade, conforto,<br />

e principalmente sendo dermatologicamente<br />

testado.<br />

No homem, a perda da força detrusora<br />

associa-se frequentemente ao aumento da<br />

resistência uretral em função do crescimento<br />

da próstata. Isso promove uma disfunção<br />

miccional em cerca de um terço dos<br />

homens idosos, pelo menos. Além disso, a<br />

presença de sintomas miccionais no homem<br />

correlaciona-se com as disfunções sexuais,<br />

notadamente a disfunção erétil, por razões<br />

não completamente esclarecidas.<br />

Em resumo: o envelhecimento normal, sem<br />

doenças, causa a perda da autonomia miccional<br />

(aumento da frequência miccional,<br />

aumento do resíduo e noctúria), uma tendência<br />

à urgência e a urge-incontinência<br />

(bexiga hiperativa), um aumento da incontinência<br />

(especialmente em mulheres) e um<br />

prejuízo da qualidade de vida. Os mecanismos<br />

íntimos que levam a isso são ainda relativamente<br />

pouco conhecidos.<br />

Alterações fisiológicas<br />

do envelhecimento


<strong>Incontinência</strong> urinária<br />

no homem idoso<br />

A incontinência urinária do homem idoso<br />

é um importante problema de Saúde Pública<br />

porque afeta uma parcela da população<br />

muito grande de homens, provocando neles<br />

problemas físicos, danos psicológicos, isolamento<br />

social e custos para o indivíduo e<br />

para a sociedade. Os problemas físicos vão<br />

desde dermatites perineais e úlceras genitais<br />

até as quedas, fraturas e óbitos. Os problemas<br />

psicológicos, notadamente a depressão,<br />

e sociais, como constrangimento, isolamento<br />

e estigma, promovem danos graves ao relacionamento<br />

interpessoal, à auto-estima e à<br />

dinâmica familiar e conjugal. Além disso, por<br />

questões financeiras, devido ao já elevado<br />

gasto com medicamentos, cirurgias, esfíncteres<br />

cirúrgicos e exames médicos, os pacientes<br />

que acabam por necessitar do uso de fraldas<br />

geriátricas, trocam seu uso por, “paninhos”,<br />

forros, clamps penianos e outros aparatos,<br />

muitos dos quais improvisados, inadequados<br />

e prejudiciais a saúde do paciente.<br />

É muito importante que o médico ou o cuidador<br />

atente ao paciente sobre os riscos dessa<br />

troca, orientando-o a procurar por produtos<br />

que lhe proporcione saúde e bem-estar,<br />

através de descrição, praticidade, conforto,<br />

e principalmente sendo dermatologicamente<br />

testado. Além é claro, da correta orientação<br />

sobre a troca constante desse produto,<br />

evitando assim o aparecimento de doenças<br />

secundárias, como por exemplo, dermatite<br />

de fraldas.<br />

Embora a prevalência da incontinência urinária<br />

aumente com o envelhecimento do homem,<br />

de modo algum ela deve ser considerada<br />

normal, como parte do complexo processo<br />

do envelhecimento humano. A incontinência<br />

urinária, mesmo em homens muito idosos,<br />

deve ser considerada anormal e o tratamento<br />

deve ser perseguido. De modo algum a incontinência<br />

urinária pode ser aceita como um<br />

mal necessário do avançar dos anos.<br />

Numa pesquisa realizada, em 2007, na cidade<br />

de Campinas, São Paulo, com 741 pessoas,<br />

sendo 44,26% homens e 55,74% mulheres<br />

encontraram-se alguns dados interessantes<br />

sobre a incontinência masculina. A metodologia<br />

utilizada foi a de questionários distribuídos<br />

para pessoas “comuns”, moradoras de<br />

um bairro de classe média, alcançadas em<br />

suas residências, com um total de 42 questões<br />

sobre disfunções sexuais e urinárias. Sobre<br />

as disfunções urinárias, destacam-se os<br />

seguintes dados:<br />

1. 15% dos homens com 60 anos de idade,<br />

ou mais, apresentam bexiga hiperativa<br />

(nas mulheres o número é de 19%,<br />

na mesma amostra).<br />

2. 30% dos homens têm sintomas de obstrução<br />

do trato urinário baixo (LUTS), a<br />

maioria de caráter moderado.<br />

3. 22% dos homens têm medo de perder<br />

urina na roupa, quase todos por terem<br />

tido perdas involuntárias nos meses anteriores.<br />

4. 16% perderam urina na roupa nos 30<br />

dias que antecederam a pesquisa.<br />

5. 4% de todos os homens usam fralda ou<br />

forro dia e noite.<br />

As causas da incontinência urinária no homem<br />

idosos podem ser divididas em causas<br />

transitórias e causas definitivas.<br />

Causas transitórias, portanto reversíveis espontaneamente<br />

ou por meio de intervenção<br />

terapêutica, destacam-se: infecção urinária<br />

sintomática, delírio ou estado confusional,<br />

drogas e medicamentos (álcool, opiáceos,<br />

alfa-bloqueadores adrenérgicos, anti-parkinsonianos,<br />

diuréticos potentes, antidepressivos,<br />

anti-psicóticos, alguns anti-hipertensivos<br />

e outros), poliúria, mobilidade restrita e<br />

“fecaloma”. Todas essas causas são muito<br />

prevalentes nos idosos, frequentemente recorrentes,<br />

e potenciais causadoras de perdas<br />

urinárias involuntárias. O tratamento às vezes<br />

é óbvio, mas nem sempre pode ser aplicado,<br />

como é o caso de medicamentos para<br />

Parkinson, que não podem ser simplesmente<br />

retirados. O processo de reversão das causas<br />

transitórias às vezes é simples, outras vezes<br />

lento e frustrante.<br />

Causas definitivas, mais dificilmente reversíveis,<br />

mesmo com intervenção médica, destacam-se:<br />

bexiga hiperativa (caracterizada<br />

por urgência, urge-incontinência, aumento<br />

da frequência miccional e noctúria), doenças<br />

neurológicas degenerativas (Alzheimer, sequela<br />

de acidente vascular cerebral, esclerose<br />

múltipla, neoplasia do SNC, e diversas outras),<br />

“prostatismo” (sintomas miccionais do<br />

trato urinário baixo), incontinência urinária<br />

pós-prostatectomia radical, lesões medulares<br />

(traumáticas, degenerativas, compressivas),<br />

contração vesical (tuberculose, cistite intersticial,<br />

cistite actínica), neobexiga ortotópica e<br />

outras derivações urinárias utilizadas no tratamento<br />

da neoplasia de bexiga, e outras.<br />

O tratamento da incontinência urinária do<br />

homem idoso depende da causa subjacente,<br />

do prognóstico de cada caso analisado individualmente<br />

e dos recursos diagnósticos e terapêuticos<br />

disponíveis. Em nosso meio, dada a<br />

escassez de recursos, a utilização de esfíncteres<br />

artificiais e de outras técnicas caras, infelizmente<br />

não é viável na maioria dos casos e,<br />

eventualmente, o uso da fralda torna-se um<br />

eficiente “tratamento”, desde que seja oferecidos<br />

aos pacientes produtos com qualidade<br />

e atributos benéficos a saúde.<br />

<strong>Incontinência</strong> urinária<br />

no homem idoso


<strong>Incontinência</strong> urinária<br />

na mulher idosa<br />

A incontinência urinária da mulher idosa é uma<br />

situação muito prevalente e nem por isso pode<br />

ser considerada como uma condição normal,<br />

inerente ao processo do envelhecimento. A<br />

incontinência urinária deve ser entendida pela<br />

comunidade médica como algo anormal, em<br />

grande medida evitável e altamente tratável.<br />

Da mesma forma, a mulher não deve aceitar a<br />

perda involuntária de urina como o “destino”<br />

natural da idosa e deve buscar ativamente uma<br />

solução para seu problema. Um paralelo que<br />

pode ser feito neste particular, é com o edentulismo,<br />

ou perda da dentição definitiva do adulto.<br />

A perda da dentição e o uso da dentadura<br />

são tidos por muitos como uma condição inexorável<br />

que a natureza impõe aos seres humanos<br />

que envelhecem, da mesma forma que a perda<br />

urinária involuntária. A verdade é que nem o<br />

edentulismo, nem a incontinência urinária, devem<br />

ser entendidos como nosso “destino”.<br />

Ainda sobre a pesquisa realizada na cidade de<br />

Campinas, foram detectados índices muito elevados<br />

de disfunção sexual e urinária na mulher<br />

idosa (60 anos ou mais).E uma vez que cerca de<br />

50% dessas mulheres entrevistadas pertencem<br />

à classe média, a amostra é representativa da<br />

sociedade brasileira.<br />

Os principais dados da pesquisa são destacados<br />

a seguir. A título de comparação, os dados obtidos<br />

em homens da mesma população estão<br />

relacionados entre parêntesis.<br />

1. 19% apresentam bexiga hiperativa (homens,<br />

15%)<br />

2. 41% têm medo de perder urina na roupa,<br />

quase todas por terem tido perdas involuntárias<br />

nos meses anteriores (homens,<br />

22%)<br />

3. 38% perderam urina na roupa nos 30 dias<br />

que antecederam a pesquisa (homens,<br />

16%)<br />

4. 28% usam fralda ou forro dia e noite (homens,<br />

4%)<br />

Assim como nos homens, as mulheres apresentam<br />

fatores causais de incontinência urinária<br />

transitórios e definitivos. Os fatores transitórios<br />

podem cessar com ou sem tratamento médico<br />

e são geralmente mais fáceis de manejar do que<br />

os fatores definitivos, ainda que todos sejam<br />

passíveis de intervenção terapêutica potencialmente<br />

curativa.<br />

Os principais fatores transitórios são os seguintes:<br />

infecção urinária sintomática, delírio ou estado<br />

confusional, drogas e medicamentos (álcool,<br />

opiáceos, alfa-bloqueadores adrenérgicos,<br />

anti-parkinsonianos, diuréticos potentes, antidepressivos,<br />

anti-psicóticos, alguns anti-hipertensivos<br />

e outros), poliúria, mobilidade restrita<br />

e “fecaloma”.<br />

Os principais fatores definitivos são os seguintes:<br />

bexiga hiperativa (caracterizada por urgência,<br />

urge-incontinência, aumento da frequência<br />

miccional e noctúria), incontinência urinária de<br />

esforço, doenças neurológicas degenerativas<br />

(Alzheimer, sequela de acidente vascular cerebral,<br />

esclerose múltipla, neoplasia do SNC, e<br />

diversas outras), lesões medulares (traumáticas,<br />

degenerativas, compressivas), contração vesical<br />

(tuberculose, cistite intersticial, cistite actínica),<br />

neobexiga ortotópica e outras derivações urinárias<br />

utilizadas no tratamento da neoplasia de<br />

bexiga, e outras. As duas principais causas são<br />

a bexiga hiperativa e a incontinência urinária<br />

de esforço, esta geralmente causada por hipermobilidade<br />

do colo vesical ou por insuficiência<br />

esfincteriana, ambas muito comuns na mulher<br />

idosa, e freqüentemente, associadas.<br />

Na casuística obtida por meio de questionário,<br />

bexiga hiperativa e incontinência de esforço<br />

também foram as duas causas mais comuns de<br />

incontinência urinária da mulher idosa. Todavia,<br />

os 28% de mulheres que usam fralda, surpreenderam<br />

pelo fato de acabarem trocando o uso<br />

correto das fraldas por forros, ou “paninhos”.<br />

O que prejudicou a saúde dessas pacientes,<br />

pois é necessário um controle e cuidado no uso<br />

das fraldas geriátricas, observando atentamente<br />

tanto a qualidade do produto, quanto a sua<br />

correta utilização.<br />

Esse índice, porém, é muito elevado e terá que<br />

ser confirmado em pesquisas a serem realizadas<br />

em outras populações com perfis demográficos<br />

e sócio-econômicos semelhantes.<br />

O diagnóstico do fator causal da incontinência<br />

depende de anamnese, exame físico (incluindo<br />

o exame uroginecológico) e, quase sempre,<br />

do exame urodinâmico. Os exames de imagem<br />

não são tão importantes para o diagnóstico<br />

preciso da incontinência na mulher idosa. O<br />

tratamento, evidentemente, é do fator causal,<br />

quando possível.<br />

<strong>Incontinência</strong> urinária<br />

na mulher idosa


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Bibliográficas


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