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<strong>Composições</strong> <strong>Líricas</strong><br />
Lúdicas: Cantigas
Hino da terra<br />
Hino da terra<br />
Coêdo é um jardim,<br />
Toda a gente diz assim:<br />
É tão linda a nossa terra,<br />
Aqui tudo se produz,<br />
Só nos falta ter a luz<br />
E o telefone pr’á terra.<br />
Viva Coêdo, terra da vaidade,<br />
Aldeia pequenina,<br />
Onde reina a mocidade.<br />
Ó meu Couto pequenino,<br />
Belo pelo sol beijado,<br />
Com santa Luzia ao meio,<br />
És um povo abençoado.<br />
Tua gente é generosa,<br />
Sabe dar sem receber.<br />
Não há terra tão formosa,<br />
Nem há gente tão bondosa,<br />
E aqui damos-te viver.<br />
O teu verde é tão verdinho,<br />
Mas põe tudo a cantar,<br />
Torna alegre o coração da gente<br />
Que sabe amar.<br />
Ó meu Couto abençoado,<br />
Cantinho onde eu nasci,<br />
Por mais longe que eu me encontre,<br />
Maria Amélia, 65 anos, Coêdo
Cantiga da terra<br />
Por mais longe que eu viva,<br />
Não me hei-de esquecer de ti.<br />
Este galo quando morrer,<br />
Testamento quer fazer,<br />
A quem deixará as penas,<br />
A quem melhor lhe parecer.<br />
Às meninas do Couto,<br />
Por estarem perto da igreja,<br />
Deixa-lhe as penas do rabo<br />
Para fazerem um chapéu nobo,<br />
P’rá festa da nossa igreja.<br />
Às meninas do Couto,<br />
Por estarem lá perto da serra,<br />
Deixa as unhas das patas<br />
P’ra fazerem cobas no chão,<br />
P’ra se librarem da guerra.<br />
Às meninas de Paredes,<br />
Por estarem perto de São Martinho,<br />
Deixa-lo papo do galo<br />
P’ra embazilhar o binho.<br />
Às meninas de Coêdo,<br />
P’ro causa de não poderem estar,<br />
Deixa-la língua do galo<br />
P’ra elas poderem falar.<br />
Hermínia Coutinho, 81 anos, Couto
Cantiga<br />
Às meninas de Coêdo,<br />
Por serem mais asseadas,<br />
Deixa-los canais do rabo<br />
P’ra elas burrifarem as meadas.<br />
Adeus, adeus, ó Coêdo, adeus,<br />
Ó estimada aldeia,<br />
Adeus, ó Maria loba,<br />
Olhinhos de peneireira.<br />
Menina que está na cama,<br />
Entre dois lençóis de linho<br />
Que tem uma mão no peito<br />
E à outra no passarinho.<br />
Às meninas de Escariz,<br />
Por cá não poderem estar,<br />
Deixa-la língua do galo<br />
P’ra elas não cá poderem vir,<br />
Deixa-la gaita do galo<br />
P’ra s’elas adbertirem.<br />
(Cantavam para o seu/sua amado(a))<br />
O papel com que te escrevo,<br />
Tenho na palma das mãos.<br />
A tinta sai-me dos olhos,<br />
E a pena do coração.<br />
Maria Gravelina Barros, 92 anos, Coêdo
Cantiga<br />
As Janeiras<br />
Vai-te carta, vai-te carta,<br />
Nas asas dum passarinho.<br />
Ó p’ra lá leva um abraço,<br />
Ó p’ra cá traz um beijinho.<br />
O amor é destas coisas,<br />
Que não tem explicação.<br />
Agora agrada, logo enfada,<br />
Mas ninguém percebe nada das coisas do coração.<br />
Lá estão jornais, com coisas tais,<br />
Olha que tão lindas cãs notícias d’hoje são.<br />
Cá estão jornais, com coisas tais,<br />
Que levam cousas dreitinhas ao coração.<br />
Aibram-s’as janelas que é p’ró bem d’elas,<br />
Há muito co’ mar e ber.<br />
Dar a volta ao mundo com o seu jagundo,<br />
Viajar e aprender e, mas afinal, liberdade tal,<br />
Que nos bem dar os bons dias,<br />
À noite, bem trazer também novidades e alegrias.<br />
As janeiras não se cantam,<br />
Não se cantam ós fidalgos,<br />
Só se cantam ós labradores,<br />
Maria Amélia, 65 anos, Coêdo<br />
Maria Amélia, 65 anos, Coêdo
Que são homens mais honrados.<br />
Ó que casinha tão alta forradinha de cortiça,<br />
Viva quem está dentro dela,<br />
Bote cá uma languiça.<br />
Cantiga da desfolhada<br />
Cantiga<br />
Quem me dera cá o brão,<br />
O tempo das esfolhadas,<br />
P’ra eu comer co’ as moças,<br />
Quatro castanhas assadas.<br />
Quatro castanhas assadas,<br />
Quatro goles de aguardente,<br />
Eu a cantar co’ as moças,<br />
Trazem um homem contente.<br />
Quando fores à Samardã,<br />
Leva contas de rezar,<br />
Que lá é o pergatório,<br />
Onde as almas vão penar.<br />
Minha mãe por m’eu casar,<br />
Prometeu-me três obelhas:<br />
Uma manca, outra cega,<br />
Outra mona das orelhas.<br />
Maria Amélia, 65 anos, Coêdo<br />
Maria Gravelina Barros, 92 anos, Coêdo
Cantiga das vindimas<br />
Fui ao Douro às vindimas,<br />
Não achei que vindimar,<br />
Vindimaram-m’as costelas,<br />
Foi o qu’eu lá fui ganhar.<br />
Cantiga do jogador<br />
A vida do jogador é uma vida amargurada,<br />
Quer de dia, quer de noite, traz sempre a vida arriscada.<br />
Duzentos contos que eu tinha todo no jogo deixei,<br />
Tamanha a minha desgracia chapéu e capa joguei.<br />
Quando nisto vou p’ra casa: - Mulher dá-me de cear!<br />
- Que queres homem qu’eu te deia, eu não tenho que te dar,<br />
Eu inda estou im jejum e mais os teus queridos filhos,<br />
Por causa do triste jogo, nós tamos todos perdidos.<br />
- Cala-te lá, ó mulher, cala-te que eu não te vejo!<br />
Se meto a mão ó bolso, satisfaço o meu desejo.<br />
Se meto a mão ó bolso, satisfaço o meu desejo.<br />
- Satisfaz o teu desejo, sastifaz a tua vontade,<br />
Eu aqui estou aos teus pés, com olhos de piedade.<br />
Os filhos que nisto ouviram, p’rá porta vieram gritar:<br />
- Quem acode à minha mãe, que o meu pai a quer matar!<br />
Maria Gravelina Barros, 92 anos, Coêdo<br />
Francelina Fernandes, 73 anos, Paredes
- Quem acode à minha mãe, que o meu pai a quer matar!<br />
- Adeus, ó causa do jogo, e adeus, cartas de jogar,<br />
Que fostes a causadora de mulher e filhos matar.<br />
Que fostes a causadora de mulher e filhos matar.<br />
Mataste mulher e teus filhos e indó vens aqui dizer<br />
E agora vais degradado, às cadeias vais morrer!<br />
E agora vais degradado, às cadeias vais morrer!<br />
Cantiga romanceada<br />
Encimais de família, nesta quadra reparei,<br />
No dia 27 de abrili, uma filha matou o pai.<br />
No dia 27 de abrili, uma filha matou o pai.<br />
Eram três horas da manhã, quando a malvada o matou,<br />
Com a navalha da barba, a garganta lhe cortou.<br />
Com a navalha da barba, a garganta lhe cortou.<br />
Estiveram-se assim dois dias, sem ninguém desconfiari,<br />
E o pai já era belhinho, ninguém no ia procurar.<br />
Ela partiu-o ós pedaços, onde o iria deitar,<br />
A um poço de cinco metros reformado no quintal.<br />
Uma criança de oito anos, que no quintal deu entrada,<br />
Olha p’ra dentro do poço, viu a água asseguentada.<br />
A criança, sem maldade, colhe na roseira uma rosa<br />
E logo ao mesmo tempo, chamou pela crimenosa.<br />
Maria da Conceição ficou um pouco suspensa,<br />
Maria da Conceição deita ao poço a criança.<br />
Quando a criança faltou, não volta a casa dos pais,<br />
Por bem que a procurassem, ninguém lhes dava sinais.<br />
Por bem que a procurassem, ninguém lhes dava sinais.<br />
Foram a casa do crime, com alguma desconfiança,<br />
Ana Maria Simões, 74 anos, Gravelos
Para ver se encontravam a desditosa criança.<br />
Para ver se encontravam a desditosa criança.<br />
Quando abriram a porta, viram em cima de uma escada,<br />
Maria da Conceição numa corte enforcada.<br />
E logo assim a seu lado, um enbelope fechado,<br />
Em poucas letras dizia: vão ao poço do quintal.<br />
António é meu pai, lá os hão-de encontrar.<br />
Os pais da criancinha, que choravam sem conforto,<br />
Quando ouviram dizer que o seu filho estava morto.<br />
Foram tirar a criança, a sua mãe a levava nos braços,<br />
Depois tiraram-no velhinho, todo feito em pedaços.<br />
Quando um pai se sacrifica, para dar aos filhos pão,<br />
Depois que estão criados, é o pago que lhe dão.<br />
Canção de embalar<br />
Dorme, dorme, meu menino,<br />
E a tua mãe já lá vem,<br />
Foi lavar os teus paninhos,<br />
À fontinha de Belém.<br />
E o meu menino é d’oiro,<br />
D’ouro é o meu menino,<br />
Oferecê-lo ao Senhor,<br />
Enquanto é pequenino.<br />
Adeus lugar de Gravelos,<br />
Tem duas pedras no centro:<br />
Uma é de namorar (bis)<br />
E outra é de passar tempo. (bis)<br />
Ana Maria Simões, 74 anos, Gravelos
Cantiga<br />
Se fores ao cemitério,<br />
No dia do meu interro,<br />
Diz à terra que não coma<br />
E ai, ai, as tranças ao meu cabelo.<br />
E o cantar da meia-noite<br />
É um cantar incelente.<br />
Acorda quem está a dromir, (bis)<br />
E ai, ai, alegra quem está doente. (bis)<br />
Menina que está no meio,<br />
Tem quinze anos, já se quer casar,<br />
Desand’à roda, desand’à roda,<br />
Escolha o par, escolha o par<br />
Que lh’agradar.<br />
Eu não te quero,<br />
Tu não me serves.<br />
E eu não te quero,<br />
Já to tenho dito.<br />
Desand’à roda, desand’à roda.<br />
Eu tenho outro, eu tenho outro mais bonito.<br />
Esta menina, que está no meio,<br />
Tem quinze anos, já se quer casar,<br />
Desand’à roda, desand’à roda<br />
Escolha o par, escolha o par que lh’agradar.<br />
Ana Maria Simões, 74 anos, Gravelos<br />
Ana Maria Simões, 74 anos, Gravelos
Cantiga<br />
Pensavas qu’eu te cria,<br />
Meu barbas de peneireiro,<br />
Antes me cria matar,<br />
E ai, ai ou deitar-m’a um ribeiro. bis<br />
Olh’ó tolo, olh’ó doudo,<br />
Olh’ó mal ajuizado,<br />
Vai pedir a filha ao pai,<br />
E ai, ai, sem com ela ter falado. bis<br />
As telhas do teu tilhado<br />
E as tábuas do teu salão<br />
É que te podem dizer,<br />
E ai, ai, se te quero bem ou não. bis<br />
Não olhes p’ra mim, não olhes,<br />
Qu’eu não sou o teu amor.<br />
E eu não sou com’à figueira,<br />
E ai, ai que dá fruto sem flor. bis<br />
Cantiga das cegadas<br />
Ó rio das águas claras,<br />
Que vais correndo p’ró mare,<br />
Não contes as minhas penas,<br />
Tem pena do meu penare.<br />
Ana Maria Simões, 74 anos, Gravelos
Ó doce estrela do norte,<br />
Agulha de mareare,<br />
É por onde eu me goberno,<br />
Quando te quero falare.<br />
Ó luar da meia-noite,<br />
Tu és o meu inimigo,<br />
Estou à porta de quem amo,<br />
Não posso entrar contigo.<br />
Ó Rita, arredonda à saia,<br />
Ó Rita, arredond’à bem,<br />
À saia bem redondinha,<br />
Ó Rita, parece bem.<br />
Que t’importa a minha saia,<br />
Nem a roda qu’ela tem,<br />
Já paguei à questureira,<br />
Não devo nada a ninguém.<br />
Ó Rita, arredonda à saia,<br />
Ó Rita, arredond’à bem,<br />
Ó Rita, arredanda à saia,<br />
Olh’à roda qu’ela tem.<br />
Olh’à roda qu’ela tem,<br />
Olh’à roda qu’ela tinha,<br />
Arredond’à tua saia,<br />
Arredond’à redondinha.<br />
Já paguei à questureira,<br />
Não devo nada a ninguém.<br />
Ó Rita, arredonda à saia,<br />
Ó Rita, arredond’à bem,
Ó Rita, arredand’ à saia,<br />
Olh’à roda qu’ela tem.<br />
Cantiga do soldado<br />
Canção dos Reis<br />
Quando parti p’rá guerra,<br />
Lá no campo de batalha,<br />
O meu coração tremia,<br />
Com pena de te deixar, com pena de te deixar.<br />
Adeus, ó crida Maria. bis<br />
Neste campo invejoso, junto aos cadáveis dromindo, bis<br />
Os olhos que Deus me deu,<br />
Inda guardo a imagem desse teu rosto tão lindo, bis<br />
Que nunca mais será meu.<br />
Perdão, Senhores,<br />
Se, por ventura, vos não dá prazer<br />
Esta visita que, a horas mortas,<br />
Vos vimos fazer.<br />
Mas não podemos<br />
Deixar morrer a velha tradição,<br />
Grupo Folclórico de Gravelos<br />
De vir cantar, dia de Reis, esta Canção.<br />
Agradecemos toda a prendinha que nos quiser dar,<br />
P’ró nosso Rancho, onde também vós tendes um lugar.<br />
Ana Maria Simões, 74 anos, Gravelos<br />
Ana Maria Simões, 74 anos, Gravelos
E proclamamos aqui, bem alto, a nossa gratidão,<br />
Vamos cantar, só para vós, esta canção:<br />
Felicidades!....<br />
Boas festas Senhores.<br />
Marcha de Gravelos<br />
Gravelos terra de encanto,<br />
O cantinho onde eu nasci!<br />
És a terra mais bonita,<br />
De quantas terras eu vi.<br />
Tua gente é delicada,<br />
Sabe a todos agradar,<br />
A quem passa pela estrada,<br />
Ou te vem cá visitar.<br />
Terra de Gravelos,<br />
Como é bom viver aqui!<br />
Belos horizontes,<br />
Natureza que sorri.<br />
É São Domingos de Gravelos,<br />
Da terrinha de Gravelos,<br />
Ele ouve os nossos pedidos,<br />
Despacha os nossos anelos.<br />
Quando subo ao pedregulho,<br />
Que está junto da capela,<br />
Olho à roda e sinto orgulho,<br />
(esta canção foi feita pelo Sr. Padre Ângelo Minhava<br />
para o rancho de Gravelos em 1985)
Desta terra ser tão bela.<br />
Terra de Gravelos,<br />
Como é bom viver aqui!<br />
Belos horizontes,<br />
Natureza que sorri.<br />
Ao lado passa o rio Corgo,<br />
Com saudades a chorar,<br />
Tem pena de se ir embora,<br />
Tem pena de te deixar.<br />
Olha a recta… que beleza,<br />
Para loucas correrias,<br />
Para espalhar a tristeza,<br />
Ou desfrutar alegrias.<br />
Terra de Gravelos,<br />
Como é bom viver aqui!<br />
Belos horizontes,<br />
Natureza que sorri.<br />
Marcha de Vila Real<br />
Ornada de tantas galas,<br />
Ó abram alas linda princesa,<br />
A filha do rei troveiro,<br />
Sonho primeiro de hora e beleza.<br />
Teu nome cheio de encanto,<br />
Que eu amo tanto, também o diz;<br />
(esta marcha foi escrita pelo Sr. Padre Ângelo Minhava<br />
para o rancho de Gravelos em 1985)
Real de aspecto e de graça,<br />
A sorrir para quem passa,<br />
A filha de Dom Diniz.<br />
Vila Real, ó que linda és,<br />
Tens o corgo aos pés,<br />
Em adoração; Coro<br />
Vila Real, como és gentil,<br />
Canta-te o cabril,<br />
Beija-te o Marão.<br />
Teus filhos linda princesa,<br />
Tua nobreza sempre te herdam;<br />
E no campo da batalha,<br />
Nunca a metralha,<br />
As costas voltam.<br />
A ver o bravo Araújo,<br />
Aquele marujo, Diogo cão;<br />
Pelotas e Alves Roçadas,<br />
Brandindo suas espadas,<br />
A lutar por seu brasão.<br />
Coro<br />
À tua sombra descansa,<br />
Deposta a lança bravo espadeiro;<br />
E guardas em teu jazigo,<br />
O grande amigo, do rei primeiro.<br />
A tua santa madrinha,<br />
Foi a rainha, santa imortal;<br />
Que num sorriso de amor,<br />
Converteu numa flor,<br />
O jardim de Portugal.
Coro<br />
Alice cara formosa<br />
Alice, cara formosa,<br />
Cabelo aos caracóis;<br />
Tua camisa tem renda,<br />
Tua cama tem lençóis.<br />
Alice, dá cá um beijo,<br />
Alice, dá cá dá cá;<br />
Alice, dá cá um beijo Coro<br />
A quem te ama,<br />
Não sejas má.<br />
Coro<br />
Ó que ranchinho de moças<br />
Ó que ranchino de moças,<br />
Ó que bela mocidade,<br />
Criadinhas numa aldeia,<br />
Parece numa cidade.<br />
É mentira, é mentira,<br />
É mentira, sim senhor;<br />
Eu nunca pedi um beijo, Coro (bis)<br />
Quem mo deu foi meu amor.<br />
Mocidade que aqui anda,<br />
É toda da nossa terra;<br />
É um vaso de flores,
Criado na Primavera.<br />
Coro<br />
Cantai, raparigas todas,<br />
Rapazes, cantai com elas;<br />
Aqui não há que dizer,<br />
Nem dos rapazes nem delas.<br />
Coro<br />
Ó que lindo chapéu preto,<br />
Naquele cabelo vai;<br />
Ó que lindo rapazinho,<br />
Para genro de meu pai.<br />
Coro (bis)<br />
Vira de quatro<br />
Meninas vamos ao vira, bis<br />
Ai no vira há passos belos;<br />
Eu já vi dançar o vira bis<br />
Aí às meninas de Gravelos.<br />
Coro<br />
Ó vira que vira,<br />
Ó vira virou; Coro<br />
As voltas do vira<br />
Sou eu quem as dou.<br />
Meninas vamos ao vira, bis
Ai o vira é bestial;<br />
Eu já vi dançar o vira, bis<br />
Às meninas de Vila Real.<br />
Coro<br />
Ó laranja, ó laranja<br />
Ó laranja, ó laranja,<br />
Ó laranja, ó limão;<br />
Dá-me um abraço, amor,<br />
Dá-me um aperto de mão.<br />
Eu não estou habituado<br />
A dar apertos de mão;<br />
Quando estivermos casados,<br />
Dar-te-ei o meu coração.<br />
Dar-te-ei meu coração,<br />
E as chaves para o abrir;<br />
Não tenho mais que te dar,<br />
Nem tu mais que me pedir.<br />
Ainda tenho que te dar,<br />
E tu mais que pedir;<br />
Esse corpinho bem feito,<br />
Para contigo dormir.<br />
Coro<br />
Aí além do Corgo
Ai além do Corgo, tenho eu,<br />
Um lencinho a corar; bis<br />
Se eu agora não namoro,<br />
Quando hei-de namorar?<br />
Coro<br />
Ai tudo é cantar, bailar,<br />
Ai tudo é cantar assim;<br />
Vai de roda com teu par,<br />
Vai de roda ao par de mim.<br />
Viva a gente desta terra<br />
Viva a gente desta terra,<br />
Viva o militar do rei, bis<br />
Vivam os primeiros olhos,<br />
Que eu na minha vida amei.<br />
Coro<br />
Seguimos passos em frente,<br />
Caminhos da nossa aldeia;<br />
Mostrando a nossa renda<br />
E a nossa fininha meia.<br />
Também os nossos calções<br />
E o nosso pé delicado;<br />
Esse corpinho bem feito<br />
Na roda é desejado.<br />
Daqui para a minha terra,<br />
Tudo é caminho chão; bis
Tudo são cravos e rosas,<br />
Dispostos por minha mão.<br />
Coro<br />
Seguimos passos em frente,<br />
Caminhos da nossa aldeia;<br />
Mostrando a nossa renda,<br />
E a nossa fina meia.<br />
Também os nossos calções<br />
E o nosso pé delicado;<br />
Esse corpinho bem feito<br />
Na roda é desejado.<br />
Assenta-te aqui António<br />
Assenta-te aqui, António,<br />
Ai menino, que vens cansado;<br />
Ai menino, que vens cansado,<br />
Nesta cadeirinha nova,<br />
Ai feita da raiz do cravo.<br />
Coro<br />
Que me digas que sim,<br />
Que me digas que não;<br />
Que me digas amor,<br />
Do meu coração.<br />
Anda lá para diante,<br />
Ai que eu atrás de ti não vou,<br />
Ai que eu atrás de ti não vou,
Não me ajuda o coração,<br />
Ai amar a quem me deixou.<br />
Ai amar a quem me deixou.<br />
Coro<br />
Eu amar ainda amava,<br />
Ai sabendo que eras para mim;<br />
Ai sabendo que eras para mim;<br />
Eu amar-te e seres para outro,<br />
Ai são penas que não têm fim,<br />
Ai são penas que não têm fim.<br />
Coro<br />
Ó fiandeira velhinha<br />
Ó fiandeira velhinha, bis<br />
Não fies tanto que cansas;<br />
Também nossos corações, tirana,<br />
Encerram novas esperanças. bis<br />
Coro<br />
Ó vira que vira,<br />
E torna a virar;<br />
As voltas do vira,<br />
São boas de dar.<br />
As voltas que o linho leva, bis<br />
Antes de entrar ao tear;<br />
Não são tantas como dizem, tirana, bis
Verde-gaio<br />
Que eu neste vira vou dar.<br />
Coro<br />
Debaixo desta ramada,<br />
Nem chove nem cai orvalho;<br />
Menina, que há-de ser minha,<br />
Não me deia mais trabalho.<br />
Coro<br />
Ó de verde-gaio,<br />
Ó de ruz truz truz, bis<br />
Que é do meu amor<br />
Foi p’ró bom Jesus.<br />
Pedrinhas desta calçada,<br />
Levantai-vos e dizei;<br />
Quem vos passeia de noite,<br />
Que eu de dia bem o sei!<br />
Coro<br />
Ó luar da meia-noite,<br />
Alumia cá p’ra baixo;<br />
Que eu perdi o meu amor,<br />
É às escuras não o acho.<br />
Coro<br />
Debaixo da oliveira,
Não se pode namorar;<br />
Tem a folha miudinha,<br />
Deixa passar o luar.<br />
Coro<br />
As penas do verde-gaio<br />
São verdes e amarelas;<br />
Segurem-me senão caio,<br />
Não me tenho nas canelas.<br />
Coro<br />
Chora a videira<br />
Não corteis a videirinha, bis<br />
Que sobe pela janela;<br />
Chora a videira,<br />
Ó videirinha!<br />
Chora a videira,<br />
Ó prenda minha! Coro<br />
Chora a videira,<br />
Deixa-a chorar;<br />
Pelo seu baguinho,<br />
Que a vai deixar!<br />
É a escada do amor, bis<br />
Que sobe e desce por ela.<br />
A videira chora, bis<br />
Quando vê o podador;<br />
Coro
Também eu tenho chorado, bis<br />
Saudades do meu amor.<br />
Ó videira, dá-me um cacho,<br />
Ó cacho, dá-me um baguinho; bis<br />
Coro<br />
A quem deste os abraços,<br />
Dá-lhe também os beijinhos. bis<br />
Coradinha olá, olá<br />
Coradinha, olá, olá,<br />
Coradinha, olá limão; bis<br />
Dá-me cá esses teus braços,<br />
Aceita o meu coração.<br />
Coro<br />
Fala-me, rosa, a mim sozinha, bis<br />
Veras como ficas coradinha<br />
O meu amor onte à noite,<br />
Pela vida me jurou;<br />
Que se ia deitar ao mar,<br />
Eu atrás dele não vou.<br />
Coro<br />
Fala-me, rosa, a mim sozinha, bis<br />
Verás como ficas coradinha
O meu amor não é este, bis<br />
O meu amor traz chapéu;<br />
O meu amor ao pé deste, bis<br />
Parece um anjo do céu.<br />
Coro<br />
Coradinha, olá, olá,<br />
Coradinha, olá, limão; bis<br />
Dá-me cá esses teus braços,<br />
Aceita o meu coração.<br />
Coro<br />
Fala-me, rosa, a mim sozinha, bis<br />
Verás como ficas coradinha.<br />
Ontem à noite lá na minha aldeia<br />
Ontem à noite, lá na minha aldeia,<br />
Tudo dormia só eu namorava;<br />
Ora doba, dobadeira, doba,<br />
Não me enrices a meada.<br />
O novelo era grande,<br />
Não me cabia na mão;<br />
Ora doba, dobadeira, doba,<br />
Amor do meu coração.<br />
Amor do meu coração,<br />
Quanto tenho já é teu;<br />
Só a minha alma não,<br />
Que foi o Senhor quem ma deu.
Foi o Senhor quem ma deu,<br />
Foi o Senhor quem ma dava;<br />
Ora doba, dobadeira, doba,<br />
Não me enrices a meada.<br />
Não me enrices a meada,<br />
Não me enrices o novelo;<br />
Ora doba, dobadeira, doba,<br />
As tranças ao meu cabelo.<br />
Ó Margarida moleira<br />
Ó Margarida moleira, bis<br />
Dá-me da tua farinha;<br />
Ai, ai, ai que a quero peneirar, bis<br />
Ai, ai, ai pela minha peneirinha.<br />
Fui à fonte p’ra te ver, bis<br />
E ao rio p’ra te falar;<br />
Ai, ai, ai nem na fonte nem no rio, bis<br />
Ai, ai, ai nunca te pude encontrar.<br />
Os sete-estrelos caíram, bis<br />
Mesmo à beira do tanque;<br />
Ai, ai, ai quem vem aqui p’ra te ver, bis<br />
Ai, ai, ai já te tem amor bastante.<br />
Ó Margarida moleira, bis<br />
Dá-me da tua farinha;<br />
Ai, ai, ai que a quero peneirar, bis<br />
Ai, ai, ai pela minha peneirinha.
Ó linha Rosinha<br />
Ó linda Rosinha,<br />
Eu hei-de-te amar; bis<br />
De dia ao sol,<br />
De noite ao luar.<br />
Coro<br />
De noite ao luar,<br />
De noite ao luar;<br />
Ó linda Rosinha,<br />
Eu hei-de-te amar.<br />
Ó linda Rosinha,<br />
Eu hei-de-te ir, hei-de ir; bis<br />
Jurar a verdade,<br />
Que eu não sei mentir.<br />
Coro<br />
Que eu não sei mentir,<br />
Que eu não sei mentir;<br />
Ó linda Rosinha,<br />
Eu hei-de ir, hei-de ir.<br />
Ó linda Rosinha,<br />
Do meu coração;<br />
Tu vais p’ra Lisboa,<br />
Não levas paixão.<br />
Coro
Não levas paixão,<br />
Não levas paixão;<br />
Ó linda Rosinha,<br />
Do meu coração.<br />
Ó linda Rosinha,<br />
Toma lá e leva; bis<br />
Esta moda nova,<br />
Lá p’rá tua terra.<br />
Coro<br />
Lá p’rá tua terra,<br />
Lá p’rá tua terra;<br />
Ó linda Rosinha,<br />
Toma lá e leva.<br />
O meu lencinho das mãos<br />
O meu lencinho das mãos,<br />
Ainda não foi à barrela; bis<br />
É só p’ra dizer adeus,<br />
Quando me for desta terra.<br />
Coro<br />
Pois agora é que me maneio,<br />
Maneavas tu, maneava eu;<br />
Vai p’ró pé do teu amor,<br />
Que eu cá estou ao pé do meu.<br />
Eu cortei o Ramalhinho
Eu cortei o ramalhinho,<br />
Eu cortei-o, está cortado;<br />
Eu deixei o meu amor,<br />
Eu deixei-o, está deixado.<br />
Coro<br />
Ó larai, ó larai, lai ,lai bis<br />
Ó larai, ó larai, lai, lai<br />
Ó meu amor, não me deixes,<br />
Que eu ainda te não deixei;<br />
As folhas do olmo viram,<br />
Eu ainda me não virei.<br />
Coro<br />
Ó larai, ó larai, lai ,lai bis<br />
Ó larai, ó larai, lai, lai<br />
Eu hei-de subir ao alto,<br />
Ao mais alto que puder;<br />
Ao mais alto ramalhinho,<br />
Que a oliveira tiver.<br />
Coro<br />
Ó larai, ó larai, lai ,lai bis<br />
Ó larai, ó larai, lai, lai<br />
O meu amor coitadinho,<br />
Chora de noite na cama;<br />
Chora que já foi amado,<br />
E agora ninguém o ama.<br />
Coro
Ó larai, ó larai, lai ,lai bis<br />
Ó larai, ó larai, lai, lai<br />
Eu cortei o ramalhinho,<br />
Eu cortei-o, está cortado;<br />
Eu deixei o meu amor,<br />
Eu deixei-o, está deixado.<br />
Coro<br />
Ó larai, ó larai, lai ,lai bis<br />
Ó larai, ó larai, lai, lai<br />
Ó malhão triste malhão<br />
Ó malhão, triste malhão,<br />
Ó malhão, triste coitado;<br />
Por causa de ti, malhão,<br />
Ando triste apaixonado.<br />
Coro<br />
Eu por ti suspiro,<br />
Eu por ti dou ais,<br />
Eu por ti não vou,<br />
Suplicar jamais.<br />
Ando triste apaixonado,<br />
Nem o dinheiro me alegra,<br />
Só me alegra se eu visse,<br />
O meu amor nesta terra.<br />
Coro<br />
Eu por ti suspiro,<br />
Eu por ti dou ais,
Eu por ti não vou,<br />
Suplicar jamais.<br />
Ó meu amor, quem te disse,<br />
Que eu a dormir suspirava;<br />
Quem te disse não mentiu,<br />
Que eu por ti suspiros dava.<br />
Coro<br />
Eu por ti suspiro,<br />
Eu por ti dou ais,<br />
Eu por ti não vou,<br />
Suplicar jamais.<br />
O malhão, quando morreu,<br />
Deixou dito na escritura:<br />
Que lhe forrassem o caixão,<br />
Com pano de pouca dura.<br />
Coro<br />
Eu por ti suspiro,<br />
Eu por ti dou ais,<br />
Eu por ti não vou,<br />
Suplicar jamais.<br />
Minha mãe mandou-me à fonte<br />
Minha mãe mandou-me à fonte,<br />
Pela hora do calor,<br />
Eu parti a cantarinha,<br />
A dar água ao meu amor.<br />
Coro
Quem compra, compra,<br />
Quem quer comprar,<br />
Água fresquinha,<br />
P’rá refrescar.<br />
P’rá refrescar,<br />
Teu coração,<br />
Água fresquinha,<br />
Da minha mão.<br />
Minha mãe mandou-me à fonte,<br />
E eu parti a cantarinha;<br />
Ó minha mãe, não me bata,<br />
Que eu ainda sou pequenina.<br />
Coro<br />
Quem compra, compra,<br />
Quem quer comprar,<br />
Água fresquinha,<br />
P’rá refrescar.<br />
P’rá refrescar,<br />
Teu coração,<br />
Água fresquinha,<br />
Da minha mão.<br />
Deixem-me ir que levo pressa,<br />
Levo água vou regar;<br />
Amanhã é dia santo,<br />
Temos tempo de falar.<br />
Coro<br />
Quem compra, compra,<br />
Quem quer comprar,<br />
Água fresquinha,<br />
P’rá refrescar.
Regadinho<br />
P’rá refrescar,<br />
Teu coração,<br />
Água fresquinha,<br />
Da minha mão.<br />
É um regalo na vida,<br />
À beira da água morar;<br />
Quem tem sede vai beber,<br />
Quem tem calor vai nadar.<br />
Coro<br />
Quem compra, compra,<br />
Quem quer comprar,<br />
Água fresquinha,<br />
P’rá refrescar.<br />
P’rá refrescar,<br />
Teu coração,<br />
Água fresquinha,<br />
Da minha mão.<br />
Água leva o regadinho,<br />
Água leva o regador;<br />
Enquanto leva e não leva,<br />
Vou falar ao meu amor.<br />
Água leva o regadinho,<br />
Água leva vou regar;<br />
Enquanto leva e não leva,<br />
Ao meu amor vou falar.<br />
Deixem-me ir que levo pressa,
Levo água, vou regar;<br />
Enquanto levo e não levo,<br />
Ao meu amor vou falar.<br />
Ao meu amor vou falar,<br />
Ao meu amor vou falar;<br />
Deixem-me que levo pressa,<br />
Levo água, vou regar.<br />
Água leva o regadinho,<br />
Água leva o regador;<br />
Enquanto leva e não leva,<br />
Vou falar ao meu amor.<br />
Toca a bailar e a bater o pé<br />
Adeus, que me vou embora,<br />
Adeus, que embora me vou;<br />
Vou daqui p’rá minha terra,<br />
Que eu desta terra não sou.<br />
Coro<br />
Toca a bailar e a bater o pé, bis<br />
Quanto mais se bate, mais bonito é.<br />
Ó meu amor, não vás hoje,<br />
Que amanhã também é dia;<br />
Os meus olhos fazem gosto,<br />
De ir na tua companhia.<br />
Coro<br />
Toca a bailar e a bater o pé, bis<br />
Quanto mais se bate, mais bonito é.
Ó meu amor, vai e vem,<br />
E à vinda vem por aqui;<br />
Uma fala dá-se a todos,<br />
Lealdade é só para ti.<br />
Coro<br />
Toca a bailar e a bater o pé, bis<br />
Quanto mais se bate, mais bonito é.<br />
Ó meu amor de tão longe,<br />
Perde um dia e vem-me ver,<br />
As cartas não valem nada,<br />
Para mim que não sei ler.<br />
Coro<br />
Ó lida morena<br />
Toca a bailar e a bater o pé, bis<br />
Quanto mais se bate, mais bonito é.<br />
Ó meu amor, anda, anda, ó linda morena,<br />
Que te quero ver andar, ó linda morena, ó morena linda<br />
Quero ver o teu jeitinho, ó linda morena,<br />
E mais o teu passear, ó linda morena, ó morena linda.<br />
Coração acima, acima, linda morena,<br />
Quem não pode correr anda, ó linda morena, ó morena linda;<br />
Assim faz o meu amor, ó linda morena;<br />
Quando não pode vir manda, ó linda morena, ó morena linda.<br />
Coração por coração, ó linda morena,<br />
Amor, não deixes o meu, ó linda morena, ó morena linda;
Linda morena<br />
Olha que o meu coração, ó linda morena;<br />
Sempre foi leal ao teu, ó linda morena, ó morena linda.<br />
Raparigas de Gravelos, ó linda morena,<br />
Abençoadas sejais, ó linda morena, ó morena linda;<br />
Vós sois as que dais o ramo, ó linda morena;<br />
Onde quer que vós chegais, ó linda morena, ó morena linda.<br />
Eu hei-de ir à tua terra, linda morena,<br />
À tua missa do dia, ó linda morena, ó morena linda,<br />
Pois muito me têm gabado<br />
Essa tua freguesia.<br />
À entrada desta rua,<br />
Logo por ti perguntei.<br />
Não me deram novas tuas,<br />
Com vergonha não chorei.<br />
Pus-me a contar as estrelas,<br />
Só a do norte deixei.<br />
Por ser a mais pequenina,<br />
Contigo a comparei.<br />
Ó estrelinha do norte,<br />
Agulha de mareare.<br />
É por donde me eu governo,<br />
Quando te quero falare.<br />
Grupo Etnográfico de Gravelos
Ó Sete-estrelo<br />
Ó Sete-estrelo, rondeia<br />
Por cima do couto fora,<br />
Recolhe-te, ó sete-estrelo,<br />
Deixa-me rondar agora.<br />
Abaixa-te é sete-estrelo<br />
Quero ver Vila Real,<br />
Quero ver o meu amor<br />
Na vida de militar.<br />
Na vida de militar,<br />
No treze d’infantaria,<br />
Dês que te fostes imbora,<br />
Nunca mais tibe alegria.<br />
Bou-me cantar, que é de noite,<br />
E a noite tudo encobre.<br />
Dê-me uma fala, menina,<br />
Que a sua gente já dorme.<br />
Dei um ai que fez tremer<br />
As ‘squinas à tua sala.<br />
Se ‘stás a dormir, acorda,<br />
Se ‘stás acordada, fala.<br />
À sombra da oliveira<br />
À sombra da oliveira<br />
É um regalo estar,<br />
Tem a folha miudinha,<br />
Quando vem caindo a noite,
Deixa passar o luar.<br />
Ó luar da meia-noite,<br />
Tu és o meu inimigo,<br />
‘stou à porta de quem amo,<br />
‘stou à porta de quem amo,<br />
Não posso entrar contigo.<br />
Fui a Cravelas às moças,<br />
Não achei senão urtigas;<br />
Dei a volta pelo Couto,<br />
Bai-te embora e vem cá logo,<br />
Oh, que belas raparigas!<br />
Fui a Lordelo aos moços,<br />
Não achei senão tições;<br />
Dei a volta pelo Couto<br />
Bai-te embora e vem cá logo,<br />
Oh, que belos rapazões!<br />
Vai indo, amor, vai indo<br />
Vai indo, amor, vai indo,<br />
Vai indo, que eu lá vou ter.<br />
Um amor como eu tenho,<br />
Não no há, nem pode haver.<br />
O sol dês que p’ra lá vai,<br />
Já vai brandinho, não queima.<br />
Hei-de lograr os teus olhos,<br />
Só por causa de uma teima.<br />
Tudo o que é verde seca,
Roca<br />
Lá na tineira do b’rão.<br />
Tudo torna a renovar,<br />
Só a mocidade não.<br />
Ó Aninhas fiadeira,<br />
Fia o linho sem parar;<br />
Enquanto fias lá pensas,<br />
No teu lindo enxoval.<br />
Tenho uma roca<br />
De pau de oliveira, coro<br />
Diz a minha mãe<br />
Que sou fiadeira.<br />
Tenho uma roca<br />
De cana rachada,<br />
Diz meu amor:<br />
- ’stás bem arranjada.<br />
Ó Aninhas tecedeira,<br />
Tens o tear na barriga.<br />
Quando bot’à lançadeira,<br />
Perna abaixo, perna arriba.<br />
Coro<br />
Assenta-te aqui, Antonho,<br />
Na mesa do meu teare,<br />
Enche-me duas canelas<br />
E o mundo deix’ó falare.
Coro<br />
Ó minha mãe venha ver<br />
Ó minha mãe, venha vere<br />
A água que leva o rio,<br />
Venha ver os dois canários<br />
A cantar ao desafio.<br />
Amores além do rio<br />
São caros custam dinheiro.<br />
Cada vez que eu vou e venho,<br />
Dou um tostão ao barqueiro.<br />
Dou um tostão ao barqueiro<br />
E dez reis ao passador,<br />
Cada vez que eu vou e venho<br />
À terra do meu amor.<br />
O meu amor e o teu<br />
Andam ambos na ribeira:<br />
O teu anda à erva-doce<br />
E o meu à erva-cidreira.<br />
Aquela roseira está<br />
Aquela roseira está<br />
Viradinha p’ró jardim.<br />
Só falas quando me encontras,<br />
Não dás passadas por mim.<br />
Não dás passadas por mim,
Não dás passadas, não, não.<br />
Só falas quando me encontras,<br />
Amor do meu coração.<br />
Amor do meu coração,<br />
Quanto tenho já é teu.<br />
Só a minha alma não,<br />
Foi o Senhor que ma deu.<br />
Ó ribeira, ó ribeira<br />
Ó ribeira, ó ribeira – olaré<br />
Ó ribeira, és tamanha.<br />
Criadinha na ribeira – olaré,<br />
Não me afaço na montanha.<br />
Não me afaço na montanha – olaré<br />
Entre o tojo e a carqueja.<br />
Dei a mão ao meu amor – olaré<br />
Lá no arco da igreja.<br />
Lá no arco da igreja – olaré<br />
Disse adeus à liberdade,<br />
Estava bária do juízo – olaré,<br />
Quando te fi-la vontade.<br />
Quando te fi-la vontade – olaré,<br />
Quando te fi-lo pedido,<br />
Estava bário do juízo – olaré,<br />
Quando casei contigo.<br />
Oh, que rua tão escura
Oh, que rua tão escura!<br />
Não vejo nada por ela.<br />
Bem podias, ó menina,<br />
Pôr candeias à janela!<br />
Se eu soubesse o Padre-nosso,<br />
Tanta lima e tanta mora,<br />
Tanta menina bonita<br />
E o meu pai sem uma nora.<br />
Tanta menina bonita<br />
E eu sem ter nenhuma agora.<br />
Vou-me dá-la despedida,<br />
Por hoje num canto mais,<br />
Já me dói o céu-da-boca<br />
E o coração inda mais.<br />
Já me dói o céu-da-boca<br />
E mais os dentes queixais.<br />
Ala, ala, meu menino<br />
Ala, ala, meu menino,<br />
Que a mãezinha logo vem,<br />
Foi lavar os cueirinhos,<br />
Ao ribeirinho d’além.<br />
Quem tem meninos pequenos,<br />
Por força tem de cantar.<br />
Quantas vezes as mães cantam,<br />
Com vontade de chorar.<br />
Rouxinol do bico preto,
Tira a baga ao loureiro,<br />
Deixa dormir o menino,<br />
Que está no sono primeiro.<br />
Marcha dos jogos populares transmontanos<br />
Cantigas do grupo de cantares Sete-estrelo e do Grupo Etnográfico do Linho,<br />
Venham ver, são os jogos populares,<br />
São os jogos populares,<br />
As grandes festas do povo, pum, pum, pum.<br />
Tudo vai participar,<br />
Minha gente, é só jogar.<br />
cantadas pela Dª Hermínia Coutinho, 81 anos, Couto<br />
E depois vamos beber do pichel com vinho novo, pum, pum, pum.<br />
Olh’à Maria como corre de folia,<br />
Repartindo alegria ao jogo da panelinha.<br />
E venha o Zé despachado como é<br />
A remar contra a maré,<br />
Dar a sua corridinha.<br />
E tu, Joaquim, não podes ficar assim.<br />
Dá lá dois toques na reca.<br />
Vamos, Manel, salta, vai, larga o pichel,<br />
Se ganhares o bacalhau,<br />
Tens aqui uma caneca.<br />
Pum, pum, pum, zá, trás, pás, vira, vira, catrapum.<br />
Tudo canta, tudo dança<br />
E o povo vai animado.<br />
Venham velhos, venham novos,<br />
Que ninguém fique parado.<br />
Cá o povo transmontano,<br />
P’rá ramboia é lebado do Diabo.
Cantar os reis<br />
(quando não dão nada)<br />
Desimblinhai-vos, desimblinhai-vos,<br />
Tornai-vos a desimblinhar,<br />
Qu’estes barbas de farelo<br />
Não têm nada p’ra vos dar.<br />
Só têm uma caixa belha,<br />
Onde os ratos vão cagar.<br />
Hermínia Coutinho, 81 anos, Couto<br />
Hermínia Coutinho, 81 anos, Couto
Pêlo por fora, pêlo por dentro,<br />
Alça a perna e mete dentro.<br />
Grande como uma abelha,<br />
Enche a casa até à telha.<br />
Verde foi meu nascimento,<br />
Eu de luto me vesti,<br />
Para dar a luz ao mundo,<br />
Meus instrumentos padeci.<br />
Que é, que é,<br />
Que vai deitado e vem a pé?<br />
R.: Meiote<br />
R.: Luz<br />
R.: Azeitona<br />
<strong>Composições</strong> <strong>Líricas</strong><br />
Lúdicas: Adivinhas<br />
R.: O cântaro<br />
Maria Amélia, 65 anos, Coêdo<br />
Que é, que é, que um combento bem fechado, sem sinos nem torres, com muitas freirinhas<br />
dentro, e todas fazem doce?<br />
Que é, que é, que alto vive,<br />
Alto mora,<br />
R.: As abelhas
Todos o vêem,<br />
Ninguém o adora?<br />
Do tamanho de uma abelha,<br />
Enche a casa até à telha.<br />
R.: O sino<br />
R.: A luz da candeia<br />
Que é, que é, que grande como um melão,<br />
Cabe num ninho de um berdilhão?<br />
R.: O novelo<br />
Que é, que é, que minha dama fidalguinha,<br />
De pau é o seu comer,<br />
Mastigar e deitar fora<br />
É coisa que não pode ser?<br />
Qual é a coisa, qual é ela,<br />
R.: Uma cherra<br />
Que mal entra em casa põe-se logo à janela?<br />
Que é, que é,<br />
Anda de buraco em buraco,<br />
Sempre com as tripas de rasto?<br />
Roupa branca, tela mimosa,<br />
R.: O botão<br />
R.: Agulha quando está a coser
Onde pousa, deixa uma rosa.<br />
Que é, que é<br />
Do tamanho de uma pulga,<br />
Deita orelhas como uma burra?<br />
R.: A pulga<br />
R.: A couve<br />
Que é, que é, que quando cai ao chão, fica amarelo.<br />
À meia-noite se levanta o francês,<br />
Sabe da hora, não sabe do mês<br />
Tem esporas, não é cabaleiro,<br />
Tem pico e não é pedreiro,<br />
Escaba no chão e não acha dinheiro.<br />
R.: Ovo quando parte<br />
R.: O galo<br />
São mil soldados a guardar uma donzela,<br />
Põem-se a rir<br />
E deixam-na fugir.<br />
Verde foi meu nascimento,<br />
E de luto me vesti,<br />
Para dar a luz ao mundo,<br />
Mil tormentos padeci.<br />
R.: A castanha quando cai do ouriço<br />
R.: Azeitona
Dois irmãos muito destintos, um vai à missa outro não.<br />
Que é, que é<br />
Do tamanho d’uma soga,<br />
Deita dentes como uma loba?<br />
Quatro pés, à espera de quatro pés,<br />
Quatro pés não vieram,<br />
Quatro pés ficaram<br />
E quatro pés foram embora.<br />
Verde com’ó pez,<br />
Amarga como fel,<br />
É doce como mel.<br />
R.: O vinho e o vinagre<br />
R.: A silba<br />
R.: O gato em cima de uma cadeira à espera do rato<br />
R.: A noz<br />
Andam sempre a andar e nunca se encontram uns com os outros.<br />
R.: Os estadulhos do carro<br />
Que é, que é? Estão doze meninas numa sala, todas têm meias e nenhumas têm sapatos.<br />
R.: O relógio<br />
Que é, que estão mais de cem meninas numa baranda,<br />
Todas a chorar para a mesma banda?
Que é, que é, ó de verde, verde galho,<br />
Entre as pernas mete o galho.<br />
R.: As telhas quando está a chover<br />
R.: O basculho quando tira as brasas do forno<br />
Ó comadre, empreste-me o seu nico, para nicar o meu,<br />
Depois do meu nicado, serbe para nicar o seu.<br />
Cal a coisa cal é ela<br />
Qu’inda agora falei nela?<br />
R.: O fermento<br />
R.: A cal<br />
Que é, que é, que antes de ser pescado já o era?<br />
Qual o animal que pare congritos?<br />
Verde foi meu nascimento,<br />
Eu de luto me vesti,<br />
Para dar a luz ao mundo,<br />
Mil tormentos padeci.<br />
R.: Pescada<br />
R.: A congra<br />
R.: É a azeitona<br />
Francelina Fernandes, 73 anos, Paredes
Qual é a coisa que quanto maior é, menos se vê?<br />
Alto está,<br />
Alto mora,<br />
Todos o vêem<br />
E ninguém o adora.<br />
R.: É o escuro<br />
R.: É o sino<br />
Dar no cu a quem passa, e puxar o nariz a quem bem.<br />
Uma capelinha branca,<br />
Que não tem porta, nem tranca.<br />
Meto mango no tango,<br />
Entro enxuto, sai pingando.<br />
R.: Agulha de cozer<br />
R.: Um ovo<br />
António Alfredo Sousa Monteiro, 70 anos, Gravelos<br />
R.: Com que se tira a água do caneco de pau antigamente<br />
Ana Maria Simões, 74 anos, Gravelos