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“ESTUDO MORFOLÓGICO DOS CAPILARES UNGUEAIS PELA ...

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Universidade Federal do Rio de Janeiro<br />

Centro de Ciências da Saúde<br />

Faculdade de Medicina<br />

Curso de Pós-graduação em Endocrinologia<br />

<strong>“ESTUDO</strong> <strong>MORFOLÓGICO</strong> <strong>DOS</strong> <strong>CAPILARES</strong><br />

<strong>UNGUEAIS</strong> <strong>PELA</strong> VIDEOCAPILAROSCOPIA<br />

NAS PACIENTES COM SÍNDROME DE<br />

TURNER”<br />

Simone Cristina da Silva Coelho<br />

2007


<strong>“ESTUDO</strong> <strong>MORFOLÓGICO</strong> <strong>DOS</strong> <strong>CAPILARES</strong><br />

<strong>UNGUEAIS</strong> <strong>PELA</strong> VIDEOCAPILAROSCOPIA NAS<br />

PACIENTES COM SÍNDROME DE TURNER”<br />

Simone Cristina da Silva Coelho<br />

DISSERTAÇÃO DE MESTRADO APRESENTADA AO PROGRAMA DE PÓS-<br />

GRADUAÇÃO EM MEDICINA, DA UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE<br />

JANEIRO, COMO PARTE <strong>DOS</strong> REQUISITOS NECESSÁRIOS À OBTENÇÃO<br />

DO TÍTULO DE MESTRE EM MEDICINA (ENDOCRINOLOGIA).<br />

Orientadoras: Prof a . Marília Martins Guimarães<br />

Prof a . Therezinha de Jesus Fernandes<br />

Rio de Janeiro<br />

Fevereiro, 2007


<strong>“ESTUDO</strong> <strong>MORFOLÓGICO</strong> <strong>DOS</strong> <strong>CAPILARES</strong> <strong>UNGUEAIS</strong> <strong>PELA</strong><br />

VIDEOCAPILAROSCOPIA NAS PACIENTES COM SÍNDROME DE<br />

TURNER”<br />

Simone Cristina da Silva Coelho<br />

Orientadoras: Prof a . Marília Martins Guimarães<br />

Prof a . Therezinha de Jesus Fernandes<br />

Dissertação de Mestrado submetida ao Programa de Pós-Graduação / Corpo<br />

Docente da Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ)<br />

como parte dos requisitos necessários à obtenção do título de Mestre em Medicina<br />

(Endocrinologia).<br />

Aprovada por:<br />

----------------------------------------------<br />

Presidente da banca<br />

----------------------------------------------<br />

Prof.<br />

-----------------------------------------------<br />

Prof.<br />

RIO DE JANEIRO<br />

Fevereiro, 2007


Coelho, Simone Cristina da Silva<br />

Estudo morfológico dos capilares ungueais pela videocapilaroscopia nas<br />

pacientes com Síndrome de Turner / Simone Cristina da Silva Coelho. – Rio<br />

de Janeiro: UFRJ / Faculdade de Medicina, 2007.<br />

xiv, 70 f. : il. ; 31 cm<br />

Orientadoras: Marília Martins Guimarães e Therezinha de Jesus<br />

Fernandes<br />

Dissertação (mestrado) –UFRJ / Faculdade de Medicina, Programa<br />

de Pós-graduação em Endocrinologia, 2007.<br />

Referências bibliográficas: f. 55-70<br />

1. Síndrome de Turner - diagnóstico. 2. Resistência à insulina. 3.<br />

Capilares – anatomia e histologia. 4. Endotélio vascular - fisiopatologia.<br />

5. Unhas - fisiopatologia. 6. Angioscopia microscópica. 7. Criança. 8.<br />

Mulheres. 9. Endocrinologia - Tese. I. Guimarães, Marília Martins. II.


A Deus por todas as<br />

graças recebidas em<br />

minha vida.<br />

Aos meus pais pelo amor<br />

incondicional e apoio em<br />

todos os momentos.


AGRADECIMENTOS<br />

À Profª Marília Martins Guimarães pela orientação<br />

científica, pelo incentivo e companheirismo durante toda essa<br />

jornada, não só como orientadora, mas como amiga na<br />

confecção dessa tese.<br />

À Profª Therezinha de Jesus Fernandes pela importante<br />

orientação técnica, carinho e otimismo em todos os momentos<br />

dessa jornada, tornando-se uma amiga eterna em minha vida.<br />

À Profª Isabel Caland Ricarte Bezerra pela amizade e<br />

apoio constantes durante todo esse processo.<br />

Aos queridos amigos Vírginia Soares Pinheiro e Paulo<br />

Ferrez Collett-Solberg pelo encaminhamento das pacientes e<br />

apoio durante toda a tese.<br />

À mestranda e hoje grande amiga Andressa Doelinger<br />

Ramos pelo carinho em todos os momentos.<br />

À mestranda Michele Pochetini Martins pela amizade e<br />

auxílio durante a realização da pesquisa.<br />

Aos meus amigos do Corpo de Bombeiros pelo carinho,<br />

incentivo e força nos momentos difíceis durante todo esse<br />

trajeto.<br />

À Profª Alda Cândido Torres Bozza, pelo incentivo e<br />

abertura incondicional do serviço para realização da pesquisa.<br />

Ao Prof. Mário Bruno Lobo pelo entusiasmo e<br />

colaboração com ilustrações do trabalho.<br />

Aos professores Arildo Franco da Fonseca, Maria de<br />

Fátima Goulart Coutinho e Ricardo do Rego Barros do<br />

Ambulatório de Adolescentes do Instituto de Puericultura e<br />

Pediatria Martagão Gesteira pela abertura do Serviço e<br />

encaminhamento do grupo controle.<br />

Aos professores Roberto Aires e Grant Wall Barbosa de<br />

Carvalho Filho do Ambulatório de Pediatria do Instituto de<br />

Puericultura e Pediatria Martagão Gesteira pela abertura do<br />

Serviço e encaminhamento do grupo controle.<br />

Aos amigos Tereza Cristina Abi-Chain, Rafael Lima da Silva<br />

do Serviço de Angiologia e Ingrid Bandeira Moss por todo<br />

auxílio na realização dos exames e pela motivação diária .<br />

À Janaina Pólo de Faria, doutoranda da Nutrologia pelo<br />

auxílio na técnica e apoio durante a pesquisa.<br />

Aos alunos do Programa de Iniciação Científica da UFRJ<br />

(PINC) Gabriela Viana Vizzoni e Felipe Lameirão de Oliveira<br />

pela dedicação total ao trabalho e pela ajuda no<br />

encaminhamento de pacientes e que se tornaram grandes<br />

amigos.


À Nilda do Nascimento Santos, Rosenilda Cardoso Araújo e<br />

Cláudia Bento da Silva pelo apoio administrativo e técnico junto<br />

às pacientes e todo carinho durante a realização da tese.<br />

A todos os professores da Endocrinologia pelo incentivo e<br />

apoio técnico, em especial à Profª Alice Helena Dutra Violante<br />

pela orientação durante o envio do projeto de pesquisa à<br />

Comissão de Ética em Pesquisa e as palavras de motivação<br />

durante todo o período do Mestrado.<br />

À Nádia Glória Penna Queiroz secretária da Endocrinologia<br />

pelo auxílio administrativo e pelas palavras de motivação<br />

durante todo o período do Mestrado.<br />

À Fernanda Miguens Castelar Pinheiro do Laboratório<br />

Sérgio Franco pela dosagem das insulinas.<br />

À minha prima e amiga Márcia Maria de Jesus Vieira Poço<br />

por todo amor e encaminhamento de pacientes para a tese.<br />

Aos meus pais Elza e Adilson, ao meu irmão Marcelo e<br />

minha cunhada Sandra pelo amor incondicional e palavras de<br />

otimismo durante todo esse período.<br />

Às queridas pacientes, sem as quais não seria possível a<br />

realização da pesquisa.


LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS<br />

Sigla Especificação<br />

ST Síndrome de Turner<br />

RI Resistência Insulínica<br />

DM2 Diabetes mellitus tipo 2<br />

HOMA Homeostatic model assessment<br />

QUICKI Quantitative insulin sensitivity check index<br />

PA pressão arterial<br />

IC idade cronológica<br />

IMC índice de massa corpórea<br />

TRH terapia de reposição hormonal<br />

GH hormônio de crescimento<br />

E estrogênio<br />

P progesterona<br />

IGF insulin growth factor<br />

AAV anastomoses arteriolovenulares<br />

e-NO óxido nítrico endotelial<br />

NO óxido nítrico<br />

PGI2 prostaciclina<br />

CO monóxido de carbono<br />

TXA2 tromboxano A2<br />

EDHFs fatores hiperpolarizantes do endotélio<br />

H4 biopterina tetrahidropterina


Ca ++ cálcio<br />

e- NOS sintase de óxido nítrico<br />

GTP guanosina trifosfato<br />

GMPc 3,5 guanosina monofosfato cíclico<br />

EROx espécies reativas de oxigênio<br />

ET1 endotelina 1<br />

HUCFF Hospital Universitário Clementino Fraga Filho<br />

TCLE Termo de consentimento livre e esclarecido<br />

UFRJ Universidade Federal do Rio de Janeiro<br />

CT colesterol total<br />

LDL-c Low density lipoprotein cholesterol<br />

HDL-c High density lipoprotein cholesterol<br />

TG triglicerídeos<br />

VGEF-A fator de crescimento endotelial vascular A<br />

ICAM molécula de adesão intercelular<br />

VCAM molécula de adesão celular<br />

NCEP National Cholesterol Education Program<br />

IDF Internacional de Diabetes Federation<br />

AC anticoncepcional<br />

VCA videocapilaroscopia alterada


SUMÁRIO<br />

1. Introdução Pág. 1<br />

2. Fundamentos Teóricos: Pág. 2<br />

2.1. Aspectos Gerais na Síndrome de Turner Pág. 2<br />

2.2. Resistência Insulínica na Síndrome de Turner Pág. 2<br />

2.3. Aspectos anatômicos e funcionais da Microcirculação Pág. 5<br />

2.4. Videocapilaroscopia Pág. 10<br />

2.5. Endotélio e influências medicamentosas na Síndrome<br />

de Turner<br />

Pág. 12<br />

3. Objetivo Pág. 15<br />

4. Pacientes e Métodos Pág. 16<br />

4.1. Desenho de Estudo e Aprovação no Comitê de Ética Pág. 16<br />

4.2. Pacientes e Controles Pág. 16<br />

4.3. Metodologia Pág. 16<br />

4.3.1. Critérios de inclusão Pág. 16<br />

4.3.2. Critérios de exclusão Pág. 16<br />

4.3.3. Avaliação clínica Pág. 17<br />

4.3.4. Avaliação laboratorial Pág. 17<br />

4.3.5. Avaliação da morfológica dos capilares ungueais<br />

com a videocapilaroscopia dinâmica<br />

Pág. 19<br />

4.4. Tratamento de dados Pág. 21<br />

5. Resultados Pág. 22<br />

6. Discussão Pág. 29<br />

7. Conclusão Pág. 32<br />

8. Referências bibliográficas Pág. 33<br />

9. Anexos


LISTA DE TABELAS<br />

1. Valores de referência de lipídeos entre 2 e 19 anos. Pág.18<br />

2. Valores de referência de CT, LDL-c, HDL-c e TG em adultos<br />

(mg/dl).<br />

Pág.19<br />

3. Distribuição dos cariótipos. Pág.22<br />

4. Distribuição das pacientes e controles pelo desenvolvimento<br />

puberal<br />

Pág.22<br />

5. Perfil do IMC nas pacientes e grupo controle Pág.23<br />

6. Mediana, Desvio Padrão, valor mínimo e valor máximo de<br />

colesterol, HDL, LDL e triglicerídeos nas pacientes e grupo controle.<br />

7. Mediana, Desvio Padrão, valor mínimo e valor máximo de HOMA IR<br />

e QUICKI nas pacientes e controles.<br />

Pág.24<br />

Pág.24<br />

8. Freqüência das alterações da morfologia Pág.25<br />

9. Pacientes e controles com alterações videocapilaroscópicas e<br />

história familiar de diabetes.<br />

10. Distribuição das alterações na videocapilaroscopia de acordo com<br />

a história familiar de diabetes.<br />

Pág.25<br />

Pág.26<br />

11. Distribuição das alterações capilares por faixa etária Pág.27<br />

12. Distribuição dos grupos quanto à classificação de puberdade e<br />

alterações na capilaroscopia.<br />

Pág.27<br />

13.Distribuição das alterações capilaroscópicas quanto ao IMC Pág.27<br />

14.Distribuição das alterações capilaroscópicas quanto aos lipídeos. Pág.28<br />

15. Dislipidemia e alterações capilares entre a Síndrome de Turner e<br />

controle.<br />

Pág.28


LISTA DE FIGURAS<br />

1. Representação esquemática da unidade<br />

microcirculatória.<br />

2. Síntese de óxido nítrico na vasodilatação endotélio<br />

dependente.<br />

3. Padrão normal dos capilares ungueais.<br />

4. Alça curta e edema.<br />

Pág.7<br />

Pág.11<br />

Pág.26<br />

Pág.26<br />

5. Praias desertas. Pág.27<br />

6 Capilares ramificados.<br />

Pág.27<br />

7.Capilares ectasiados. Pág.27<br />

8.Tortuosidade.<br />

9. Hemorragia.<br />

Pág.28<br />

Pág.28


RESUMO<br />

<strong>“ESTUDO</strong> <strong>MORFOLÓGICO</strong> <strong>DOS</strong> <strong>CAPILARES</strong> <strong>UNGUEAIS</strong> <strong>PELA</strong><br />

VIDEOCAPILAROSCOPIA NAS PACIENTES COM SÍNDROME DE<br />

TURNER”<br />

SIMONE CRISTINA DA SILVA COELHO<br />

ORIENTADORAS: Prof a . Marília Martins Guimarães<br />

Profª. Therezinha de Jesus Fernandes<br />

Resumo da Dissertação de Mestrado submetida ao Programa de Pós-Graduação<br />

em Medicina, da Universidade Federal do Rio de Janeiro – UFRJ, como parte dos<br />

requisitos necessários à obtenção do título de Mestre em Medicina (Endocrinologia).<br />

Introdução: A Síndrome de Turner está associada a alterações no metabolismo dos<br />

carboidratos, resistência insulínica e diabetes. A disfunção endotelial está presente em<br />

grupos com risco elevado para resistência insulínica. Há poucos estudos sobre a<br />

função endotelial na Síndrome de Turner.<br />

Objetivos: Descrever a morfologia dos capilares ungueais nas pacientes com<br />

Síndrome de Turner com o uso da videocapilaroscopia, comparando aos controles<br />

saudáveis e comparar os resultados entre pacientes com e sem resistência insulínica.<br />

Casuística e Metodologia: Cinqüenta pacientes com ST e cinqüenta controles do<br />

sexo feminino realizaram videocapilaroscopia. Foi feita dosagem sérica de glicemia e<br />

insulina para avaliação de resistência insulínica. Os capilares foram classificados de<br />

acordo com os seguintes parâmetros: distribuição e tamanho das alças, papila, praias<br />

desertas, edema, forma, fluxo, tortuosidade, hemorragia e microectasias. A resistência<br />

insulínica foi avaliada pelos HOMA IR e QUICKI.<br />

Resultados: A média de idade foi semelhante entre as pacientes 17,4±7,6 e o grupo<br />

controle 18,2±7,7(p=0,59). As alterações capilares estavam presentes em 32(64%)<br />

pacientes e 4 (8%) dos controles com diferença significativa (p


ABSTRACT<br />

“MORPHOLOGIC STUDY OF CAPILLARIES WITH NAILFOLD<br />

CAPILLAROSCOPY IN TURNER SYNDROME”<br />

SIMONE CRISTINA DA SILVA COELHO<br />

ORIENTADORAS: Prof a . Marília Martins Guimarães<br />

Profª Therezinha de Jesus Fernandes<br />

“Abstract” da Dissertação de Mestrado submetida ao Programa de Pós-Graduação em<br />

Medicina, da Universidade Federal do Rio de Janeiro, como parte dos requisitos<br />

necessários à obtenção do título de Mestre em Medicina (Endocrinologia).<br />

Introduction: An increased prevalence of impaired glucose homeostasis is reported in<br />

Turner syndrome (TS). Endothelium disturbance is present in groups with increased<br />

risk for insulin resistance. There are few reports about vascular endothelium in Turner<br />

syndrome.<br />

Aims: We describe the morphology of nailfold capillaries in patients with Turner<br />

syndrome with and without insulin resistance, using videocapillaroscopy and compare<br />

with healthy women controls.<br />

Sample and Methods: Fifty patients and fifty healthy women underwent to<br />

capillaroscopy and insulin and glucose analysis to evaluate insulin resistance.<br />

Capillaries were studied according to the following patterns: loops distribution, loops<br />

length, papilla, avascular fields, edema, form, tortuosity, flow, hemorrhagic extravasion<br />

and microectasy. Insulin resistance was evaluated with HOMA IR and QUICKI.<br />

Results: The mean age was similar (p=0,59) between patients (17,4 ± 7,6) and<br />

controls (18,2±7,7). Capillar abnormalities were present more often in 32 (64%)<br />

patients and 5 (10%) of controls (p


INTRODUÇÃO<br />

A Síndrome de Turner é uma das anomalias cromossômicas mais comuns com<br />

prevalência de 1: 2500 recém-natas do sexo feminino, correspondendo a,<br />

aproximadamente, 1,5 milhões de mulheres em todo o mundo e se caracteriza pela<br />

perda total ou parcial de um cromossoma X (1) . O quadro clínico é evidenciado pela<br />

baixa estatura, infantilismo genital, malformações e estigmas diversos. Os estigmas<br />

mais comuns são: o palato em ogiva, o cúbito valgo e o epicanto (2) . Apesar desses<br />

estigmas, somente 20% das pacientes com Síndrome de Turner são diagnosticadas<br />

na infância e, em alguns casos, a identificação da síndrome só acontece na fase<br />

adulta em mais de 10% das mulheres que apresentam amenorréia ou infertilidade (1) .<br />

A principal causa de mortalidade nessas pacientes é a doença cardiovascular (1,2) .<br />

A incidência de resistência insulínica pode ocorrer em mais de 50% dos casos com<br />

a contribuição de vários fatores como a obesidade, a deficiência de estrogênio e o<br />

tratamento com hormônio de crescimento (1,3) . Esse quadro surge precocemente por<br />

um defeito na captação da glicose e surgimento de hiperinsulinemia com redução na<br />

sensibilidade insulínica, o que poderia explicar uma alta incidência de intolerância à<br />

glicose nesse grupo (3) . A reposição hormonal com estrogênio melhora a sensibilidade<br />

insulínica nessas pacientes.<br />

A resistência insulínica pode ser fator predisponente para o surgimento da<br />

disfunção endotelial ( 4, 5) . A avaliação do endotélio nos grupos com maior risco de<br />

diabetes ou síndrome metabólica tem se tornado importante para a identificação das<br />

pacientes com alteração e possível prevenção no surgimento de doença<br />

aterosclerótica (4) .<br />

Existem diversos métodos para a avaliação do endotélio vascular. A<br />

videocapilaroscopia dinâmica é um método rápido, indolor e não invasivo e permite a


avaliação morfológica e funcional dos capilares ungueais (6) . As alterações<br />

encontradas através deste método tem sugerido a presença de diversas patologias,<br />

tais como: diabetes, artrite reumatóide, lúpus eritematoso sistêmico, dermatomiosite (<br />

6) .<br />

Há poucas pesquisas sobre o endotélio vascular na Síndrome de Turner. O<br />

presente estudo pretende descrever as alterações no endotélio nessas pacientes com<br />

e sem resistência insulínica, utilizando a videocapilarocopia dinâmica.


2. FUNDAMENTOS TEÓRICOS<br />

2.1 Aspectos gerais na Síndrome de Turner:<br />

A Síndrome de Turner (ST) é caracterizada pela perda parcial ou total de um<br />

cromossoma sexual (1,7,8) , em algumas ou em todas as células. Em 1930, Otto Ulrich<br />

descreveu pela primeira vez uma menina com 8 anos com baixa estatura, linfedema<br />

em região cervical, mãos e pés, palato em ogiva, cúbito valgo, ptose e baixa<br />

implantação de orelhas (9) . Em 1938, Henry H. Turner descreveu sete mulheres com as<br />

mesmas características fenotípicas e enfatizou a presença de disgenesia gonadal com<br />

o surgimento do epônimo Síndrome de Ulrich- Turner (10) . O diagnóstico da síndrome<br />

foi confirmado somente em 1959 por Ford com a realização do cariótipo (11) . Na<br />

década de 90 foi identificado o gene SHOX, localizado no braço curto do cromossoma<br />

X e foi associado à baixa estatura e às anormalidades esqueléticas na Síndrome de<br />

Turner (12,13) . A ST afeta, aproximadamente, 50 casos em 100000 mulheres<br />

caucasianas (14,15) . Em 40 a 60% dos casos, o cariótipo das pacientes é 45, X. Ocorre<br />

abortamento espontâneo em 7 a 10% e somente 1% dos fetos com esse cariótipo<br />

nascem a termo (16,17) .<br />

O quadro clínico da ST consiste, principalmente, no déficit de crescimento com<br />

baixa estatura final, na falência ovariana e em diversas alterações no fenótipo que<br />

variam em freqüência (7,14). O diagnóstico pode ser feito no período neonatal com a<br />

presença de linfedema de mãos e pés, na infância pela baixa estatura ou na<br />

adolescência pela insuficiência gonadal (18) e é confirmado com a realização do<br />

cariótipo em cultura de linfócitos de células periféricas (19) .<br />

A incidência de puberdade espontânea na ST ocorre em torno de 5 a 10%.<br />

Estudos recentes revelam uma incidência de 20% de pacientes com algum


desenvolvimento puberal (1, 20, 21) . Em 2 a 5% dos casos, ocorre menstruação<br />

espontânea (1, 20, 21) .<br />

A terapia de reposição hormonal (TRH) inicia-se nas pacientes com ST, em torno<br />

de 12 anos de idade (16) . Estudos recentes revelam que a introdução de estrogênio<br />

nessa faixa etária em pacientes que iniciaram precocemente o uso de hormônio de<br />

crescimento (GH) não ocasiona prejuízo na estatura final (22) . Além disso, a idade de<br />

início da TRH mostrou ter influência na qualidade de vida das pacientes (23) .<br />

A morbidade é elevada na ST e está associada a um aumento de três vezes na<br />

mortalidade, em relação à população geral com uma redução na expectativa de vida,<br />

em torno de treze anos (1) . Essas pacientes, portanto, devem ser acompanhadas<br />

desde a infância até a fase adulta (24) . As associações mórbidas mais comuns são:<br />

malformações cardíacas (coarctação de aorta, valva aórtica bicúspide) e renais (rim<br />

em ferradura, duplicação de ureter e outras), hipertensão arterial, hipotireoidismo,<br />

resistência insulínica e diabetes mellitus, alterações hepáticas, osteoporose e doença<br />

celíaca (1,15) . A maior causa de mortalidade nas adultas com ST é a doença<br />

cardiovascular, principalmente, o aneurisma dissecante da aorta (1) .<br />

2.2 Resistência insulínica e diabetes na Síndrome de Turner:<br />

A resistência insulínica pode ser definida como uma resposta reduzida às ações da<br />

insulina nos tecidos alvos, caracterizada pela presença de níveis normais de glicose e<br />

elevados de insulina. Desde os anos 30, já existia a descrição da resistência insulínica<br />

(25) . Nesta década, Himsworth e Kerr introduziram o primeiro procedimento padrão para<br />

o estudo da sensibilidade à insulina in vivo (26) . Os autores realizaram dois testes de<br />

tolerância oral à glicose com e sem injeção de insulina endovenosa e a sensibilidade à<br />

insulina era obtida pela razão entre as áreas sob as curvas glicêmicas dos dois testes.


Em 1960, Yalow e Berson<br />

possibilitando a dosagem da insulina.<br />

(27) desenvolveram o radioimunoensaio (RIA),<br />

Em 1988, Reaven descreveu a Síndrome X, atualmente denominada síndrome<br />

metabólica, que consiste em um conjunto de anormalidades do metabolismo e<br />

cardiovasculares como: hipertensão, dislipidemia, intolerância à glicose ou diabetes<br />

tipo 2 e cujo denominador comum é a resistência insulínica (5,28,29) .<br />

Os critérios adotados para a classificação da síndrome metabólica são os definidos<br />

pela Organização Mundial de Saúde (30) , pelo National Cholesterol Education Program<br />

(NCEP) (31) ou pela Federação Internacional sobre diabetes (IDF) (32) .<br />

A Organização Mundial de Saúde classifica como síndrome metabólica o indivíduo<br />

que possui dois ou mais dos seguintes componentes: intolerância à glicose ou<br />

diabetes e/ou resistência insulínica, pressão arterial elevada(>140x90mmHg),<br />

triglicerídeos plasmáticos elevados (>150mg/dl), HDL colesterol baixo (35mg/dL para<br />

homens e 39mg/dL para mulheres), obesidade central (relação cintura-quadril >0,9<br />

para homens e 0,85 para mulheres e IMC>30Kg/m 2 ), microalbuminúria (excreção<br />

>15µ/min) (30) .<br />

Um grupo de especialistas pertencentes ao NCEP, nos Estados Unidos da<br />

América, definiu a síndrome metabólica pela presença de três ou mais dos seguintes<br />

fatores: hiperglicemia de jejum (>110mg/dL), hipertensão arterial (130x85mmHg), HDL<br />

colesterol baixo ( 102cm em homens<br />

>88cm em mulheres) (31) .<br />

Os critérios atuais estabelecidos pela Federação Internacional sobre diabetes são:<br />

obesidade central com valores de cintura de 94cm para homens e 80cm para<br />

mulheres e 2 ou mais dos seguintes critérios: hipertensão arterial (130x85mmHg) ou<br />

tratamento de hipertensão diagnosticada previamente, HDL colesterol baixo<br />

(


triglicerídeos altos (>150mg/dl), glicemia de jejum de 100mg/dl ou diabetes tipo 2<br />

diagnosticado previamente (32) .<br />

Existem diferentes métodos para avaliação da RI in vivo. O método considerado<br />

padrão ouro é o clamp euglicêmico hiperinsulínêmico (33) , no entanto, sua técnica é<br />

complexa, o que dificulta sua utilização em estudos epidemiológicos. O modelo<br />

alternativo ao clamp para estimar a sensibilidade à insulina é o “minimal model”, que<br />

também é complexo, pois exige a retirada de 30 amostras de sangue em três horas<br />

(34) .<br />

Os métodos indiretos como o “homeostasis model assessment” (HOMA) e o<br />

“quantitative insulin sensitivity check index” (QUICKI) são simples e podem ser<br />

aplicados facilmente aos estudos epidemiológicos. O HOMA foi criado por Mathews e<br />

col (35) e pode ser obtido por um modelo matemático simples, a partir de uma amostra<br />

de glicose e insulina de jejum. A partir dele, são extraídos dois índices: o HOMA-IR<br />

que avalia a sensibilidade à insulina e o HOMA ß que expressa a capacidade<br />

secretora da célula ß. O modelo prediz para uma determinada sensibilidade e<br />

capacidade de secreção da célula ß, uma insulinemia de jejum e uma glicemia de<br />

jejum.<br />

Mathews e col encontraram correlação direta e siginificativa entre a RI avaliada<br />

pelo HOMA e pelo clamp euglicêmico. O HOMA ß apresentou discreta correlação com<br />

o clamp euglicêmico em pessoas não diabéticas. Bonora e cols (36) encontraram forte<br />

correlação entre o HOMA-IR e o clamp hiperinsulinêmico em 115 indivíduos sem<br />

diferenças entre o sexo, obesos e não-obesos, diabéticos e não diabéticos (37) .<br />

O método QUICKI foi descrito em 2000 por Katz (38) como um método simples para<br />

medir a sensibilidade insulínica em humanos. Assim como o HOMA é obtido somente<br />

com a amostra de glicose e insulina de jejum. Nesse estudo inicial, foi observada uma<br />

melhor correlação entre o QUICKI e o clamp hiperinsulinêmico do que entre o clamp e<br />

o “minimum model”. Posteriormente, o QUICKI foi revisado (39,40) com a incorporação<br />

de ácidos graxos livres.


Na Síndrome de Turner diversas alterações no metabolismo dos carboidratos<br />

estão presentes, tais como: intolerância à glicose, hiperinsulinemia e sensibilidade à<br />

insulina reduzida (3) .<br />

O diabetes mellitus tipo 2 (DM2) é 2 a 4 vezes mais comum em mulheres com ST<br />

comparado à população geral (34,41) . Um achado na ST é a intolerância aos<br />

carboidratos, com características semelhantes às de diabetes mellitus tipo 2,<br />

ocorrendo, em alguns estudos em cerca de 10-34% (17) podendo, em outros, chegar a<br />

50% das adultas (3,42) . Esta intolerância melhora com o tratamento com hormônios<br />

sexuais ao longo do tempo, devendo ocorrer, em parte, devido aos efeitos destes<br />

esteróides na composição corporal, eixo GH-IGF e pressão arterial (42) .<br />

A resistência insulínica (RI) ocorre precocemente na Síndrome de Turner, mesmo<br />

em pacientes que não fazem uso de hormônio de crescimento (GH) ou de terapia de<br />

reposição hormonal (TRH) (43) . Alguns estudos revelaram que a presença de<br />

resistência insulínica ocorria nessas pacientes, independente, do índice de massa<br />

corpórea (IMC) (41,44) , mesmo com uma maior prevalência de obesidade na ST. A<br />

causa da obesidade nas mulheres com ST é desconhecida, mas pode estar<br />

relacionada com a deficiência de estrogênio. O uso de TRH reduz a massa gorda, a<br />

relação cintura - quadril (RCQ) sem afetar o IMC (17) . O uso de GH, no entanto, tem<br />

sido associado com a piora da resistência insulínica (17) . Bakalov (45) em 2004<br />

comparou três grupos de indivíduos: mulheres com ST, mulheres com hipogonadismo<br />

sem ST e um grupo controle com mulheres saudáveis e constatou que a sensibilidade<br />

à insulina avaliada pelo QUICKI foi menor nas pacientes com ST em relação ao grupo<br />

controle e considerou a deficiência de secreção de insulina como um evento<br />

independente e ligado a haploinssuficiência do cromossoma X, ocasionando um déficit<br />

na função das células ß e uma predisposição ao diabetes mellitus na ST.


2.3 Aspectos anatômicos e funcionais da Microcirculação:<br />

A microcirculação consiste em uma unidade morfológica e funcional do sistema<br />

cardiovascular. Inclui os capilares e as porções terminais das arteríolas e vênulas e<br />

tem como funções a termorregulação, a manutenção do equilíbrio hemodinâmico e o<br />

fornecimento de nutrientes à célula e retirada dos catabólitos resultantes do<br />

metabolismo celular. É composta de pequenos vasos sanguíneos e linfáticos. Deste<br />

modo, a microcirculação está perfeitamente adaptada, tanto anatômica quanto<br />

funcionalmente às exigências metabólicas dos tecidos (46,47) .<br />

A microcirculação apresenta duas grandes funções: a ação loco-regional e a ação<br />

sistêmica. A ação loco-regional visa manutenção do débito sangüíneo para nutrição,<br />

participando das trocas metabólicas entre o sangue e os tecidos. A ação sistêmica tem<br />

uma função termorreguladora e mantém o débito sangüíneo “anastomótico”, realizado<br />

pelas comunicações entre pequenas artérias e pequenas veias e, entre arteríolas e<br />

vênulas (46) .<br />

As comunicações artério-venosas se originam das pequenas artérias terminais, as<br />

quais desviam sangue para as pequenas veias (48) . As pequenas artérias terminais<br />

possuem camada muscular bem desenvolvida com inervação colinérgica e ação<br />

vasodilatadora. A ação vasodilatadora desses vasos é fundamental na<br />

termorregulação e na manutenção da pressão arterial. As pequenas artérias terminais<br />

se ramificam e originam as arteríolas. As arteríolas dão origem às anastomoses<br />

arteriolovenulares (AAV) e as metarteríolas. As metarteríolas originam os capilares<br />

preferenciais e os potenciais.<br />

A Fig 1 ilustra os principais aspectos da microcirculação.


Figura 1-: Representação esquemática da unidade microcirculatória -PA-<br />

pequena artéria; L- vaso linfático; CAV- comunicação artériovenosa; aav-<br />

anastomose arteríolovenular; . Halfoun VLRC, Fernandes TJ, Pires MLE, Braun<br />

E, Cardoso MGT, Bahout GC. Estudos morfológicos e funcionais da<br />

microcirculação da pele no diabetes mellitus (46)<br />

As arteríolas apresentam a camada média bem desenvolvida e essencialmente<br />

formada por músculo liso. Oferecem, portanto, grande resistência à progressão do<br />

fluxo sangüíneo e são responsáveis pelas taxas elevadas da pressão arterial mínima<br />

sistêmica, assim como pela queda abrupta das pressões nos capilares. A inervação<br />

das arteríolas é mediada pela noradrenalina, com predomínio de receptores α com<br />

função vasoconstrictora e responsáveis pela resistência periférica e pela regulação da<br />

pressão com que o sangue chega aos capilares. Isso é fundamental para que ocorram<br />

as trocas metabólicas passivas sem alterar a permeabilidade capilar ou causar lesões<br />

nas células endoteliais (46) .


As metarteríolas não têm revestimento muscular contínuo. Quando os capilares<br />

emergem das metarteríolas surge uma fibra muscular lisa que os circunda e é<br />

denominada de esfíncter pré-capilar (46) . As metarteríolas terminam por desembocar<br />

nas vênulas pericíticas (pré-vênulas) (46) .<br />

A parede capilar é formada por uma camada de células endoteliais envoltas por<br />

uma lâmina basal. O sangue flui por eles de modo permanente, uma vez que não<br />

possuem camada muscular. Por este circuito que comunica a arteríola à vênula<br />

passam, em condições basais, 75% do débito sangüíneo, que na pele é responsável<br />

pela termorregulação sistêmica (46,49) . O restante do fluxo sangüíneo é encaminhado<br />

por outro circuito, o metabólico, cujos capilares são denominados nutricionais ou<br />

potenciais (46) .<br />

Os capilares são formados por ramos aferente, transverso e eferente. Os capilares<br />

têm um diâmetro médio de 5µ , suficiente para permitir que os elementos figurados do<br />

sangue passem enfileirados em seu interior. As hemácias possuem diâmetro médio de<br />

7,3 µ e precisam sofrer uma grande deformação para que possam passar nesses<br />

vasos e, deste modo, podem ser observadas, durante esse processo, utilizando-se<br />

exames como a videocapilaroscopia.<br />

O sangue dos capilares é drenado pelo sistema venoso composto por pré-vênulas,<br />

vênulas e pequenas veias, assegurando o retorno venoso da maior parte das<br />

substâncias facilmente difusíveis.<br />

As vênulas são os vasos de capacitância com parede elástica bem desenvolvida.<br />

As vênulas menores drenam diretamente o sangue dos capilares e dos capilares<br />

preferenciais (46) . Outras com calibre maior são chamadas de vênulas coletoras.<br />

Vênulas com maior calibre apresentam camada média com músculo liso e recebem a<br />

denominação de vênulas musculares. A inervação das vênulas é adrenérgica com<br />

resposta vasoconstrictora menos intensa que à do sistema arterial (46) . O sistema<br />

linfático é formado pelos capilares linfáticos. Sua parede é formada por células<br />

endoteliais, sem membrana basal. Sua função principal é a retirada de


macromoléculas, principalmente as proteínas, extravasadas para o interstício e de<br />

água (46) .<br />

A regulação do fluxo sanguíneo na microcirculação depende de vários fatores, tais<br />

como: capacidade de distensibilidade da parede capilar, a capacidade de<br />

deformabilidade da hemácia, o grau de hidratação e viscosidade plasmática. O sangue<br />

normal apresenta como característica extrema fluidez quando passa pelos capilares.<br />

Em condições fisiológicas isso decorre da capacidade de deformidade dos glóbulos<br />

vermelhos associada ao efeito lubrificante do plasma. Em condições não fisiológicas<br />

como quando ocorre formação de agregados de hemácias essa fluidez pode estar<br />

reduzida (50) .<br />

Os leucócitos desempenham papel importante na regulação da perfusão<br />

microcirculatória. São capazes de aderir às paredes dos vasos e podem causar<br />

obstrução da microcirculação, dificultando o retorno das hemácias (51) .<br />

Nos capilares nutridores, além do tônus basal da musculatura das metarteríolas, o<br />

fluxo também depende da abertura e fechamento do esfíncter pré-capilar, que é<br />

intermitente, instável e, algumas vezes, retrógrado (53) . Esse fenômeno é denominado<br />

vasomotricidade.<br />

Há três mecanismos que regulam a motricidade vascular: centrais, regionais e<br />

locais. A regulação central se dá pelos barorreceptores carotideanos, sistema renina-<br />

angiotensina e pela regulação hormonal e renal da quantidade de sódio e água (46) . A<br />

regulação regional é realizada nas arteríolas, pequenas artérias e metarteríolas<br />

através de receptores alfa-adrenérgicos (46) . A regulação local é realizada pelo<br />

endotélio com a atuação de substâncias por ele produzidas. A principal substância é o<br />

óxido-nítrico derivado do endotélio (e-NO), que tem ação vasodilatadora,<br />

principalmente em resposta à hipóxia. O endotélio exerce importante papel no controle<br />

do tônus vascular, na hemostasia com manutenção da fluidez do sangue e ajuste no<br />

calibres dos vasos sangüíneos ao ambiente hemodinâmico e hormonal (51) .


Funcionalmente, o endotélio é um órgão endócrino ativo, que sintetiza e libera<br />

substâncias vasoativas que modulam tônus, calibre vascular e fluxo sangüíneo em<br />

resposta a estímulos humorais, neurais e mecânicos, se estendendo à regulação da<br />

proliferação e migração das células do músculo liso vascular e adesão de leucócitos<br />

(52) .<br />

Em situações fisiológicas, o endotélio desempenha papel protetor do vaso<br />

sangüíneo. Em certas condições como o exercício físico, há uma elevação do débito<br />

cardíaco, da pressão de perfusão e da força que o sangue exerce sobre a parede<br />

vascular, que é denominada força de cisalhamento ou shear stress. Essa força de<br />

arraste e tensão de cisallhamento (shear stress), leva à liberação de óxido nítrico e<br />

mantém o vaso sangüíneo em estado constante de vasodilatação (49,52) .<br />

Os fatores produzidos pelo endotélio podem ser relaxantes ou constrictores. Os<br />

fatores relaxantes derivados do endotélio são: óxido nítrico (NO), prostaciclina (PGI2),<br />

monóxido de carbono (CO) e vários fatores hiperpolarizantes do endotélio (EDHFs) (52) .<br />

Os fatores hiperpolarizantes derivados do endotélio (EDHFs) são: ácido<br />

epoxieicosatrienóico, metabólito do ácido araquidônico via P450 e endocanabinóides.<br />

Os fatores constrictores derivados do endotélio são: endotelina (ET1), produtos da<br />

cicloxigenase: endoperóxidos (PGH2) e tromboxano (TXA2), espécies reativas do<br />

oxigênio: ânion superóxido (52) .<br />

A PGI2 é um potente vasodilatador. Provoca relaxamento da musculatura lisa<br />

vascular por ativar adenilato ciclase, aumentando a adenosina monofosfato cíclico<br />

(AMPc) (52) .<br />

Os fatores hiperpolarizantes derivados do endotélio têm ação vasodilatadora com<br />

aumento na concentração de cálcio intracelular, abertura dos canais de potássio e<br />

hiperpolarização das células endoteliais (51) .<br />

O NO é considerado o mais potente vasodilatador endógeno e, também, um<br />

protetor vascular, inibindo a oxidação, a proliferação e a migração das células lisas<br />

vasculares (51, 52, 53) .


A figura 2 descreve a síntese do NO derivado do endotélio.<br />

ACETILCOLINA<br />

SEROTONINA<br />

TROMBINA<br />

BRADICININA<br />

TENSÃO DE CISALAHAMENTO<br />

Calmodulina Ca ++<br />

NADPH<br />

H4 biopterina<br />

e-NOS<br />

L- arginina L-citrulina<br />

guanilato ciclase<br />

Figura 2: Síntese de óxido nítrico na vasodilatação endotélio dependente:<br />

Etapas na síntese de óxido nítrico pelo endotélio com os co-fatores<br />

essenciais: calmodulina, NADPH (fosfato dinucleotídeo adenina nicotinamida<br />

reduzido), tetrahidropterina (H4 biopterina), cálcio (Ca ++ ), e- NOS ( sintase de<br />

óxido nítrico), GTP ( guanosina trifosfato), GMPc (3,5 guanosina monofosfato<br />

cíclico). O NO é sintetizado por ação de enzimas NO sintase nas células<br />

endoteliais, a partir do aminoácido L-arginina. O efeito vasodilatador do NO<br />

surge quando ele se liga ao grupo heme da enzima guanilato ciclase levando ao<br />

aumento do GMPc e redução do cálcio intracelular resultando no relaxamento<br />

celular.Luz PL e Favorato D, modificado pela autora (54) .<br />

A membrana endotelial possui invaginações denominadas cavéolas. Nas<br />

cavéolas, ocorre a ligação entre a calmodulina e a sintetase do NO (e-NOS)<br />

promovida pelo aumento do Ca ++ intracelular. Há uma quebra da ligação da e-NOS<br />

com a caveolina tornando essa enzima ativa e estimulando a produção de NO (50) . A<br />

isquemia promove abertura do esfíncter pré-capilar com aumento do fluxo sangüíneo e<br />

NO<br />

GTP<br />

r<br />

GMPc<br />

CÉLULA ENDOTELIAL CÉLULA MUSCULAR LISA


da força de cisalhamento. Esse conjunto de eventos leva à liberação de NO e aumento<br />

da dilatação arteriolar (55) .<br />

Os ânions superóxidos agem no sentido oposto liberando substâncias tóxicas<br />

como o peroxinitrito e lesando o endotélio e resultando em disfunção da parede<br />

vascular (51) .<br />

Além disso, em situações de deficiência de L-arginina, H4 biopteridina,<br />

calmodulina ou NADPH pode produzir espécies reativas de oxigênio (EROx). Os<br />

EROx são os mais potentes moduladores da bioatividade do NO. O estresse oxidativo<br />

ocorre quando existe uma maior produção de EROx ou uma menor atividade<br />

antioxidante (56) .<br />

A lesão endotelial nos vasos sangüíneos estimula a produção da endotelina 1<br />

(ET1) que é um potente vasoconstrictor e que , em conjunto com o NO, regula o tônus<br />

vascular e a pressão arterial. O desequilíbrio entre a produção aumentada de ET1 e a<br />

produção diminuída de NO parece estar relacionada com diversos fatores de risco<br />

cardiovasculares como hipercolesterolemia, diabetes e hipertensão arterial (57) .<br />

O tromboxano A2 (TXA2), a serotonina, o ácido araquidônico, a trombina e a<br />

nicotina também são secretados pelo endotélio e têm efeito vasoconstrictor (58) .<br />

A lesão endotelial também ocasiona níveis aumentados das moléculas de adesão<br />

endotelial. As moléculas de adesão endotelial são divididas em três classes, de<br />

acordo com a sua estrutura e função: integrinas, selectinas e a superfamília das<br />

imunoglobulinas. As principais moléculas de adesão do grupo das imunoglobulinas<br />

são: a molécula de adesão intercelular (ICAM) e a molécula de adesão celular<br />

(VCAM). A VCAM e a ICAM têm sido correlacionadas com diversas patologias como<br />

doença arterial coronariana, a hipertensão arterial e o diabetes mellitus (59) .<br />

Os fatores produzidos pelo endotélio podem ser inativados dentro da célula,<br />

difundir-se no sangue ou atravessar a membrana do músculo liso vascular. No<br />

músculo liso vascular podem exercer ação vasodilatadora ou vasoconstrictora,<br />

dependendo dos receptores ativados (51) .


2.4 Videocapilaroscopia:<br />

Existem diversos métodos para a avaliação da microcirculação. As técnicas mais<br />

utilizadas são: a fluoximetria Doppler a laser, a pletismografia, a oximetria tissular, a<br />

tensimetria capilar e a videocapilaroscopia (53) . A videocapilaroscopia é um método<br />

simples, indolor e não invasivo de observação “in vivo” dos capilares da prega<br />

ungueal. Por ser uma técnica não traumática, pode ser repetido diversas vezes,<br />

possibilitando seu uso clínico no acompanhamento da resposta terapêutica (51) . A<br />

visualização direta dos capilares cutâneos com uso de lupa estereoscópica vem sendo<br />

utilizada desde o século XVII (6) . Em 1893, Spalteholz estudou a distribuição dos<br />

capilares da pele com o uso de óleo mineral para torná-la transparente e demonstrou<br />

que os microvasos eram terminais e não se anastomosavam, formando alças com<br />

ramos arteriolar e venular bem distintos. Cada papila da pele era suprida por uma alça<br />

que corria em ângulo reto até a superfície cutânea. Na cutícula, o capilar encontrava-<br />

se paralelo à pele (6,60) .<br />

A capilaroscopia, no entanto, foi realizada pela primeira vez somente no século<br />

passado (6) .<br />

Em 1912, Lombard, usou um microscópio com lâmpada lateral e aplicou uma gota<br />

de óleo e conseguiu distinguir os capilares da derme. O autor indicou, pela primeira<br />

vez, a face dorsal da primeira falange como o local mais adequado para a realização<br />

do exame e observou a distribuição dos capilares paralelos à pele com disposição<br />

regular das alças, facilitando o seu estudo morfológico (61) .<br />

Em 1921, Mayer realizou um estudo dos capilares da criança a partir do<br />

nascimento e descreveu o padrão normal nas várias fases de desenvolvimento. Nesse<br />

estudo, o autor notou que no recém-nato (primeiro e segundo dias de vida), os<br />

capilares surgiam como plexo fino próximo à pele. Este plexo se estendia da região<br />

mais interna para a borda da prega ungueal com distribuição irregular. Os vasos mais


distais eram denominados de capilares terminais e apresentavam forma encurvada,<br />

variando no comprimento e na largura. Os ramos arterial e venoso estavam<br />

diferenciados, sendo o primeiro fino e o segundo discretamente dilatado. A<br />

anastomose foi observada somente no plexo subcapilar.<br />

Na criança com uma semana de vida, os capilares se alongavam e eram<br />

projetados para região entre o plexo e a superfície cutânea com distribuição mais<br />

regular e o surgimento do padrão de alças. Na terceira semana de vida, as alças se<br />

distribuíam regularmente, bem separadas umas das outras e se estendiam para o<br />

interior da papila, com o ramo venoso discretamente tortuoso. Aos seis meses,<br />

assumem o padrão do adulto (6,62) .<br />

No mesmo ano, Weiss notou que com a utilização desse método não era possível<br />

ver a parede do capilar, já que somente o seu conteúdo era visualizado. O autor<br />

denominou esse conteúdo de “corrente sangüínea”. A afirmou ainda que, no indivíduo<br />

normal, o fluxo era contínuo, rápido e regular (63) .<br />

Em 1922, Freelander & Lenhart observaram que a pele fina das crianças facilitava<br />

a visualização dos capilares e que eles se mostravam muito tortuosos nessa faixa<br />

etária (64) .<br />

Brown & Root, em 1927, descreveram o padrão capilar no adulto dispostos em<br />

linha reta ou em forma de grampo com o ramo venoso mais largo e longo e tortuoso<br />

que o arterial (65) .<br />

Leader , em 1932, estudou a morfologia capilar e o fluxo sangüíneo na criança e<br />

definiu o período de desenvolvimento dos microvasos até um ano de idade (6,66) .<br />

Descreveu o capilar normal em forma de grampo, não tortuoso com o ramo venoso<br />

mais largo que o arterial. O fluxo sangüíneo era constante com um capilar contido em<br />

cada papila. O autor não evidenciou plexo e considerou que qualquer tortuosidade na<br />

criança deveria ser considerada anormal. Após esse período, a morfologia do capilar<br />

se manteve constante, podendo alongar-se ou tornar-se mais tortuosa com o aumento<br />

da idade (66) .


Em 1992, Cony e cols descreveram os capilares em 80 crianças normais. As<br />

crianças foram divididas em quatro grupos, considerando-se a faixa etária: 0 a 1 ano (<br />

recém-nato), de 1 a 5 anos ( criança pequena), de 5 a 10 anos (criança grande) e pré-<br />

puberdade e puberdade.<br />

No recém-nato, somente os plexos subpapilares eram visualizados. Aos seis<br />

meses, os vasos se distribuíam como alças curtas, com arcos capilares distantes da<br />

borda dérmica e em número reduzido. Os capilares e os plexos subpapilares<br />

assumem forma de candelabros. Os autores notaram que, na puberdade, as alças se<br />

alongavam e o plexo venoso se tornava menos visível (6,67) .<br />

A capilaroscopia considera o território cutâneo na região periungueal do dedo<br />

como o local de eleição para observação, pois nessa região os capilares se tornam<br />

horizontalizados sendo visíveis em toda a extensão (51,68) . O dedo anular representa o<br />

local de preferência, pois está mais protegido de lesões e traumas e possui um novelo<br />

de capilares bem visualizados à capilaroscopia (51,53) .<br />

A capilaroscopia se desenvolveu, ao longo dos anos, com o surgimento de lupas<br />

mais potentes e as imagens passaram a ser captadas e armazenadas em câmeras e<br />

acopladas em gravadores de vídeo e televisão (69) . Isso permitiu que os dados<br />

pudessem ser analisados repetidamente e fosse obtida a concordância inter e entre<br />

observadores, o que conferiu uma maior confiabilidade à técnica. Posteriormente, os<br />

novos programas de microcomputador proporcionaram um aprimoramento na análise<br />

da morfologia capilar, possibilitaram a realização de medidas de aspectos funcionais<br />

da microcirculação como os segmentos dos vasos e suas áreas, assim como a criação<br />

de algoritmos para a análise da rede de capilares (70, 71, 72) . Esse processo de avaliação<br />

destas variáveis quantitativas em computadores acoplados aos gravadores de vídeo e<br />

à câmera foi denominado videofotometria (70) .<br />

A partir desse momento, surge o processo dinâmico de avaliação da<br />

microcirculação da pele das regiões periungueais das extremidades superior ou<br />

inferior denominado videocapilaroscopia dinâmica (VCD). A VCD permite o uso de


estímulos fisiológicos (calor, frio, isquemia induzida) ou farmacológicos (injeção de<br />

drogas ou contrastes) (71) .<br />

A videocapilaroscopia basal é realizada com o estudo de um capilar de boa<br />

visibilidade e calibre com a gravação da imagem por 1 minuto. O teste de hiperemia<br />

reativa provocada é feito após a gravação da imagem da capilaroscopia basal com o<br />

uso de um manguito conectado a um manômetro de mercúrio, preferencialmente na<br />

falange proximal do 4º quirodáctilo. Após oclusão de 1 minuto, o manguito é<br />

desinsuflado com captura das imagens no computador por 1 minuto e, posterior<br />

análise do incremento com medidas dos segmentos do capilar (53) .<br />

Outros métodos de análise de imagens têm sido associados à VCD. Entre eles,<br />

destacam-se: Adobe Photoshop e Capiflow. Além disso, um novo aparelho<br />

denominado Cytoscan Model E- II permite a visualização dos vasos em qualquer<br />

superfície da pele ou em mucosas, através de uma tecnologia de imagem espectral de<br />

polarização ortogonal (OPS) (73,74,75,76) .<br />

O programa Adobe Photoshop foi utilizado por Brunner et al e fornece uma<br />

quantificação do diâmetro, densidade e permeabilidade capilar (76) .<br />

Abbink et al utilizaram o sistema Capiflow para comparar a reprodutividade da<br />

medida capilaroscópica da velocidade da célula sanguínea capilar na prega ungueal<br />

(74) .<br />

A OPS tem sido usada para a avaliação de medidas como diâmetro, velocidade<br />

das células sanguíneas e densidade capilar (75) .<br />

A técnica para visualização dos capilares vem sendo aprimorada com a<br />

possibilidade de utilização de outras áreas, além da prega ungueal. Isso se tornou<br />

possível com o desenvolvimento de vídeo microscópios flexíveis (73) .


2.5 Endotélio e influências medicamentosas na ST:<br />

O endotélio é o responsável pela manutenção da homeostase vascular. Em<br />

condições fisiológicas mantém o tônus vascular, o fluxo sangüíneo laminar, a fluidez<br />

da membrana plasmática, o equilíbrio entre coagulação e fibrinólise, a inibição da<br />

proliferação e da migração celulares e o controle da resposta inflamatória (4) .<br />

A disfunção endotelial é definida como uma alteração do relaxamento<br />

vascular por redução dos fatores de vasodilatação derivados do endotélio, com<br />

destaque para o óxido nítrico (4) .<br />

A resistência insulínica está associada ao estresse oxidativo e à produção de<br />

superóxido com vasoconstrição (4) . A resistência insulínica é acompanhada de<br />

hiperinsulinemia e pode predispor à aterosclerose (29) . A insulina, em condições<br />

fisiológicas, promove a liberação de óxido nítrico, porém indivíduos com resistência<br />

insulínica exibem respostas vasodilatadoras diminuídas tanto à infusão de insulina<br />

quanto à de agonistas colinérgicos, sugerindo um bloqueio desse efeito fisiológico (4) .<br />

Arcaro e col realizaram um estudo com indivíduos saudáveis para a avaliação dos<br />

efeitos da insulina sobre a função endotelial e concluíram que a produção excessiva<br />

de insulina plasmática ocasionava uma alteração na vasodilatação endotélio<br />

dependente, enquanto a vasodilatação endotélio independente permaneceu constante<br />

(29) . Isso poderia explicar o mecanismo fisiopatológico da disfunção endotelial<br />

produzida pela resistência insulínica, levando ao quadro de aterosclerose (29,33) .<br />

Shemyankin e col produziram o mesmo efeito utilizando um bloqueador da endotelina<br />

1 em pacientes com resistência insulínica (77) . A obesidade isolada também está<br />

associada com alteração da vasodilatação endotelial dependente, o que é considerado<br />

um fator de risco para doença cardiovascular (78,79,80) .<br />

Na Síndrome de Turner observa-se um risco elevado para o desenvolvimento de<br />

doenças cardiovasculares (1) . A prevalência de diabetes mellitus tipo 2 é duas a quatro<br />

vezes maior na Síndrome de Turner (1,81) . O diabetes mellitus é um fator de risco bem


estabelecido para doença cardiovascular e é causa de mortalidade em 25% das<br />

pacientes com ST (81) . A obesidade também é mais comum nessa síndrome e<br />

associada à dislipidemia (80) . A obesidade nesse grupo é, predominantemente, central<br />

com aumento da relação cintura- quadril e redução da massa magra (80) .<br />

Ostberg e col compararam 117 pacientes com Síndrome de Turner em uso de<br />

estrogênio com um grupo controle de mulheres normais e outro grupo com mulheres<br />

com falência ovariana precoce em uso de reposição com estrogênio. Foram dosados<br />

os seguintes marcadores metabólicos: adiponectina, interleucina 6, leptina e proteína<br />

C reativa (82) .<br />

O estudo revelou um aumento da proteína C reativa e interleucina 6 nas pacientes<br />

com ST. Essas substâncias estão associadas com aumento da gordura visceral e<br />

tiveram correlação estatisticamente significativa com a circunferência abdominal<br />

diferente do relato de Villela e col que encontraram uma melhor correlação entre a<br />

relação cintura-quadril e disfunção endotelial do que com a circunferência abdominal<br />

(83) . Os valores de leptina e adiponectina se mostraram baixos.<br />

Em 2001, Gravholt realizou estudo com avaliação da densidade capilar, da<br />

composição das fibras musculares e da resistência insulínica pelo HOMA em 10<br />

pacientes com ST comparada a 14 mulheres saudáveis. As pacientes com ST<br />

possuíam RI, aumento no tamanho das fibras musculares tipo IIa em relação ao grupo<br />

controle. Não houve diferença na densidade capilar entre os dois grupos (84) .<br />

Ostberg e col avaliaram a macro e a microcirculação das pacientes com ST. Os<br />

autores encontraram alterações macrovasculares com dilatação arterial e<br />

espessamento da íntima sem disfunção endotelial (85) .<br />

As pacientes com Síndrome de Turner podem apresentar linfedema neonatal e um<br />

dos sinais que pode estar presente na ultrassonografia durante o pré-natal é o higroma<br />

cístico. O fator de crescimento endotelial vascular A (VEGF-A) induz angiogênese e<br />

linfangiogênese e pode estar correlacionado com o higroma coli, assim como com as


cardiopatias congênitas nas Síndromes de Turner e Noonan. O VEGF-A também está<br />

associado ao aumento da permeabilidade vascular e ao surgimento de edema (86) .<br />

Em 2006, Gravholt e col realizaram um estudo para detectar uma possível<br />

correlação entre a composição corporal na Síndrome de Turner, o metabolismo dos<br />

carboidratos, as adiponectinas, interleucinas 6 e 8, fator de necrose tumoral e as<br />

moléculas de adesão endotelial (87) .<br />

O IMC e a massa gorda foram maiores na ST, em relação ao grupo controle. A<br />

glicemia de jejum estava aumentada na ST, enquanto a insulina basal e o HOMA<br />

apresentavam valores semelhantes ao grupo controle. Os níveis de leptina,<br />

interleucinas 6 e 8 e fator de necrose tumoral estavam elevados na ST, enquanto os<br />

de adiponectina foram similares as do grupo controle. Não houve diferença entre as<br />

pacientes com ST e as do controle quanto à dosagem de VCMA. A ICAM-I apresentou<br />

níveis elevados na Síndrome de Turner. Não houve correlação entre a composição<br />

corporal e os marcadores da função endotelial na ST.<br />

As pacientes com Síndrome de Turner têm sido tratadas com hormônio de<br />

crescimento e o uso deste hormônio pode levar à intolerância à glicose, à resistência<br />

insulínica e ao diabetes mellitus (88,89) . Há controvérsias se a presença de resistência<br />

insulínica seria um fenômeno transitório ou permanente nesse caso (88) . Estudos<br />

recentes, no entanto, demonstraram o desaparecimento da resistência insulínica após<br />

a suspensão do tratamento (89) . Não existem estudos até o momento correlacionando<br />

o uso de GH nessas pacientes com a disfunção do endotélio vascular.<br />

A reposição hormonal com estrogênio e progesterona tem sido indicada nessas<br />

pacientes, em torno de 12 anos (7) . Estudos em mulheres sem ST têm mostrado um<br />

efeito favorável na resistência insulínica, na dislipidemia e na função endotelial, uma<br />

vez que evidências apontam para a existência de receptores de estrogênio nas células<br />

endoteliais, influenciando na vasomotricidade (90,91) . Não existem muitos trabalhos<br />

sobre a influência do uso de estrogênio na função endotelial nas pacientes com ST.<br />

Elsheikh e col estudaram os efeitos da reposição hormonal na função cardiovascular


nas mulheres com ST (92) . Foram avaliadas 20 pacientes com ST em uso de reposição<br />

hormonal e três meses após a retirada da medicação. Houve redução no<br />

espessamento na aorta com o uso da TRH, independente dos níveis de pressão<br />

arterial ou do lipidograma. Essa melhora hemodinâmica é rápida e pode cessar pouco<br />

tempo após a retirada da medicação. Esse efeito produzido pelo estrogênio seria<br />

mediado pela liberação de óxido nítrico com melhora da função endotelial e<br />

vasodilatação (91) .<br />

Chan e col realizaram uma avaliação da função endotelial com pletismografia de<br />

pacientes com Síndrome de Turner em uso de reposição hormonal (93) . Foram<br />

estudadas 7 pacientes em três momentos: 1°) em uso de reposição hormonal, 2°)<br />

após 6 semanas sem o uso de TRH e 3°) 6 semanas após reintrodução da TRH.<br />

Foram infundidas as seguintes substâncias: bradicinina (vasodilatador endotélio<br />

dependente), trinitrato de gliceril (vasodilatador endotélio independente), noradrenalina<br />

(agonista α adrenérgico) e o N G monometil L- arginina- (inibidor da sintetase de óxido<br />

nítrico). Houve uma redução na resposta da bradicinina e do o N G monometil L-<br />

arginina ( endotélio dependente ) quando houve a retirada da medicação e aumento<br />

quando as pacientes retornaram com a TRH. Não houve alteração da noradrenalina e<br />

do trinitrato de gliceril (endotélio independente) em nenhum momento da avaliação.<br />

Esse estudo reforça a hipótese de que a TRH melhoraria a função endotelial nessas<br />

pacientes.<br />

Não existem estudos até o momento sobre a função endotelial na Síndrome de<br />

Turner com o uso da videocapilaroscopia dinâmica.


3. Objetivo:<br />

3.1 Objetivo geral:<br />

Descrever a morfologia dos capilares ungueais nas pacientes com Síndrome de<br />

Turner com o uso da videocapilaroscopia dinâmica, comparando aos controles<br />

saudáveis.<br />

3.2 Objetivos secundários:<br />

Descrever as alterações morfológicas dos capilares nas pacientes e controles<br />

considerando:<br />

1. IMC<br />

2. Dislipidemia<br />

3. HOMA<br />

4. QUICKI .


4. Pacientes e Métodos:<br />

4.1 Desenho de Estudo e Aprovação no Comitê de Ética:<br />

O estudo é descritivo, de delineamento transversal, com protocolo de pesquisa do<br />

estudo submetido e aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa do HUCFF e<br />

Faculdade de Medicina / UFRJ (nº 085/06), em 22/06/2006.<br />

4.2 Pacientes e Controles:<br />

Foram incluídas no estudo 50 pacientes com Síndrome de Turner, com o<br />

diagnóstico confirmado pelo cariótipo, acompanhadas nos Ambulatórios de<br />

Endocrinologia do Hospital Universitário Clementino Fraga Filho (HUCFF) e do<br />

Instituto de Puericultura e Pediatria Martagão Gesteira (IPPMG) e 50 pessoas do sexo<br />

feminino, com estatura normal e idade pareada com as pacientes.<br />

4.3 METODOLOGIA:<br />

4.3.1 Critérios de inclusão:<br />

Foram incluídas todas as pacientes que concordaram em participar da pesquisa e<br />

que elas ou seus responsáveis legais aceitaram por escrito participar do estudo após<br />

lerem ou ouvirem o termo de consentimento livre e esclarecido (TCLE) - anexo1.<br />

O grupo-controle foi formado por pessoas do sexo feminino, clinicamente<br />

saudáveis, pareadas para a idade, com estatura normal e que elas ou seus<br />

responsáveis legais aceitaram por escrito participar do estudo após lerem ou ouvirem<br />

o termo de consentimento livre e esclarecido (TCLE). Nas crianças foi observado, se<br />

estavam entre o 10º e 90º percentil de acordo com o gráfico do NCHS (94) e dentro do<br />

alvo genético.


4.3.2 Critérios de exclusão:<br />

Foram excluídas pacientes e controles que apresentassem:<br />

- Diabetes – considerado quando a glicemia de jejum era maior que 126mg% (95) .<br />

-Hipotireoidismo; - se apresentassem alteração de TSH e/ou hormônio tireoidianos<br />

e/ou presença de anticorpos antireoidianos.<br />

- Hepatopatia clinicamente evidente (icterícia, telangectasias,hepatomegalia) ou<br />

alteração enzimática com valores aumentados até 1,5 vezes em relação ao normal (96) .<br />

- Insuficiência arterial periférica (clinicamente detectável) observada pela palpação<br />

das artérias de membros superiores e inferiores.<br />

- Insuficiência renal; quando creatinina maior que 1,5mg%.<br />

- Lesões dermatológicas ou processos inflamatórios nas mãos;<br />

- Uso de substâncias vasoativas ou que interfiram na hemorrologia;<br />

- Anemia ou desidratação clinicamente detectável, através de mucosas<br />

hipocoradas e taquicardia;<br />

- Hipertensão arterial;<br />

- Má visualização dos capilares;<br />

- Tabagismo.<br />

- Gestantes.<br />

4.3.3 Avaliação clínica:<br />

Foi realizada revisão histórica dos prontuários e anamnese das pacientes para<br />

obtenção dos seguintes dados: idade, tabagismo, história familiar de diabetes,<br />

ocorrência de linfedema neonatal, idade de desenvolvimento de características<br />

puberais, puberdade espontânea, cariótipo e uso de medicações (GH, reposição com<br />

estrogênio e progesterona). Esses dados estão contidos na ficha clínica padronizada<br />

(anexo 2).


O cariótipo foi classificado em 3 grupos: Monossomia (45, X), Mosaico (45,<br />

X/46,XX) e outros (sendo considerados outros mosaicos, diversas linhagens<br />

cromossômicas diferentes do mosaico e alterações estruturais do X).<br />

O exame clínico constou dos seguintes dados registrados em ficha padronizada<br />

(anexo 2): medida de peso (obtido com a paciente vestida, com roupas leves , em<br />

balança Fillizola, anotado em Kg), altura (obtida com a paciente, descalça, ereta, em<br />

estadiômetro, marca Tonelli e anotada em cm) , pressão arterial (foi realizada no<br />

antebraço de ambos os membros superiores, em posição sentada com<br />

esfignomanômetro aneróide e estetoscópio, anotada em mmHg, sendo considerado<br />

normal o valor de 130X85 mmHg para adultos (97) e os valores normais para crianças<br />

são obtidos em tabelas, de acordo com a idade e percentis de altura para ambos os<br />

sexos (98) , avaliação de linfedema e do desenvolvimento puberal pelos critérios de<br />

Tanner (99) .<br />

As pacientes foram agrupadas em pós menarca (grupo 1) púberes (grupo 2) com<br />

presença de mama sem menarca e grupo 3 impúberes (ausência de características<br />

sexuais).<br />

O IMC na faixa etária inferior a 20 anos, foi considerado normal (percentil de 5 à<br />

85), sobrepeso de 85 a 95 , obesa acima do percentil 95 e baixo peso percentil inferior<br />

à 5 (100) . Para as adultas foram considerados os valores 18 a 24,9, como normal, 25-<br />

29,9, sobrepeso e acima de 30 obeso, sendo o baixo peso considerado abaixo de 18<br />

(101) .<br />

Foi perguntada a altura dos pais do grupo controle e, se presentes, foram medidos,<br />

conforme descrição acima.<br />

O exame vascular foi feito pela avaliação da cor da pele, temperatura cutânea e<br />

palpação das artérias de membros superiores e inferiores.<br />

A temperatura da pele dos quirodáctilos examinados foi medida no início do<br />

exame capilaroscópico por termômetro digital marca GUL term 180, sendo aceita<br />

como normal a variação de 36,5 a 37 º C (102) .


4.3.4 Avaliação laboratorial:<br />

Os pacientes foram submetidos à punção venosa e foram colhidos 15ml de sangue<br />

para a realização dos seguintes exames: glicemia plasmática, colesterol total (CT),<br />

LDL-colesterol (LDL-c), HDL-colesterol (HDL-c), triglicerídeos (TG) e insulinemia basal.<br />

As amostras para medida de glicemia, CT, LDL-c, HDL-c, TG e insulina foram<br />

coletadas em tubo seco.<br />

O sangue para a dosagem de insulina foi transportado imediatamente,<br />

centrifugado durante 15 minutos, com rotação de 3000rpm. O plasma foi separado e<br />

transferido para tubo específico e armazenado em freezer a – 70°C.<br />

A glicose plasmática foi dosada pelo método enzimático, com limites de referência<br />

entre 70-99mg/dL.<br />

A dosagem de insulina basal foi feita em kit de eletroquimioluminescência com<br />

duplo anticorpo, específico para insulina humana da Roche®, com coeficiente intra-<br />

ensaio de 1,5 % e inter- ensaio de 4,9%. Reação cruzada com pró- insulina


O ponto de corte do QUICKI foi considerado 0,47 (42,103) .<br />

O perfil lipídico foi avaliado com a dosagem de CT, TG e HDL-c com método<br />

enzimático, no aparelho Dimension® da Dade Bering. Os resultados foram fornecidos<br />

em mg/dl. O LDL-c foi obtido pela fórmula de Friedewald: LDL= CT-(TG/5+HDL).<br />

Os valores de normalidade para as adultas e a faixa etária pediátrica obedecem<br />

aos critérios estabelecidos pelo NCEP (31,104) com valores anormais considerados na<br />

coluna de valores desejáveis e estão descritos nas tabelas 1 e 2.<br />

Tabela 1: Valores de referência de lipídeos entre 2 e 19 anos :<br />

Lípides Idade<br />

(anos)<br />

Valores (mg/dl)<br />

Desejáveis limítrofes aumentados<br />

CT


Variável<br />

lipídica<br />

4.3.5 Avaliação morfológica dos capilares ungueais com a<br />

videocapilaroscopia dinâmica:<br />

As participantes que preencheram os critérios foram orientadas a seguirem as<br />

seguintes condições durante 20 dias: (1) não lesarem as cutículas dos quirodáctilos e<br />

não pintarem as unhas no prazo de 20 dias anteriores ao exame; (2) não fumarem no<br />

período de 48 horas anteriores ao exame; (3) não ingerir líquidos contendo cafeína<br />

(chá, café, mate, guaraná, chocolate, refrigerantes) no dia do exame; (4) evitar o<br />

manuseio de tintas, detergentes, corantes, solventes pelo menos 2 dias antes do<br />

exame; (5) suspender qualquer tipo de medicação em uso por um período mínimo de<br />

72 horas anteriores ao exame. A seguir foram coletados 15 ml de sangue, após 12<br />

horas de jejum.<br />

Antes do início do exame, as mãos foram lavadas com água e sabão comum. Em<br />

seguida, foi realizada a medida da temperatura da pele dos quirodáctilos, que foi<br />

aferida com um termômetro cutâneo da marca Gul term 180, colocado a um<br />

centímetro proximal da prega ungueal da falange distal, considerando normal a<br />

temperatura entre 36,5 e 37ºC.<br />

Ótimos Limítrofes Limítrofes<br />

altos<br />

CT


As mãos foram examinadas para observar alterações tróficas na pele e nas unhas,<br />

bem como o aspecto das cutículas. As pacientes que apresentaram lesões<br />

macrocópicas, relacionadas ao trauma das mãos foram remarcadas para semana<br />

seguinte. Nos casos em que a camada córnea estava espessada, houve prescrição de<br />

emolientes e retorno em uma semana para a realização do exame.<br />

O exame foi realizado na parte da manhã em sala climatizada com temperatura<br />

ambiente controlada, variando entre 25 e 30ºC aferida com termômetro Inco Term (53) .<br />

A participante permaneceu sentada em uma cadeira. Após repouso suficiente para<br />

aclimatação e relaxamento psicológico (10-30 minutos) com a mão não dominante<br />

situada na altura do coração, o braço foi levemente curvado no cotovelo. Nesta<br />

posição, foi aferida a pressão braquial no braço contralateral ao que foi realizada a<br />

videocapilaroscopia, usando o método auscultatório padrão.<br />

No quirodáctilo a ser examinado foi aplicado álcool etílico a 90% e, em seguida,<br />

óleo secante na prega ungueal para tornar a pele transparente.<br />

As pregas ungueais dos 2º, 3º, 4º e 5º quirodáctilos de ambas as mãos foram<br />

examinadas individualmente. A gravação da imagem foi feita preferencialmente, no<br />

4ºdedo, na mão não dominante.<br />

Os dedos quando examinados foram fixados em massa de modelar da marca<br />

Corfix, sem pressão.<br />

Os capilares foram visualizados por dois observadores concomitantemente e a<br />

concordância entre os dois examinadores foi exigida para preenchimento da ficha<br />

morfológica (anexo 3). Foi utilizado o microscópio estereoscópico marca Leica MZFLIII<br />

(Wetzar, Alemanha), equipado com lentes objetivas para aumentos de 10 a 100 vezes,<br />

com epi-iluminação por um feixe de fibra óptica 45º ( conjunto Leica GLS 100), dotado<br />

de luz polarizada e lâmpada de vapor de mercúrio com 100w de potência, usado para<br />

a avaliação dos parâmetros qualitativos no estudo funcional dos capilares. A imagem<br />

obtida foi captada pela videocâmera de filmagem marca CCD, Kocon, modelo KCC-<br />

31OND (Japão) e transferida para um monitor de TV colorido, da marca Sony 21”,


modelo KV 1450B . As imagens foram captadas simultaneamente e armazenadas<br />

em um computador padrão IBM-PC Pentium 2, 16 NB RAM, placa de vídeo com 1 MB,<br />

monitor SVGA color HD com 500 Mb livres, Windows 2000 NT. Foi usado o software<br />

Studio 8 para captura.<br />

A morfologia dos capilares foi obtida utilizando os aumentos de 0,8 a 10X do<br />

microscópio e avaliou os seguintes parâmetros: a forma e distribuição das alças (em<br />

paliçada ou desordenada), o tamanho das alças (curtas ou longas), a papila (normal,<br />

alargada ou retificada), o fluxo (contínuo, granuloso, rápido ou lento), a forma dos<br />

capilares (normais, ectasiados ou ramificado) , a presença ou ausência de: edema,<br />

praias desertas, tortuosidade, extravasamento hemorrágico ou microectasias. As<br />

seguintes características morfológicas dos capilares são consideradas como normal:<br />

presença de alças em paliçada, papila normal, alças longas, fluxo contínuo, capilares<br />

com forma normal e ausência de edema, praias desertas, tortuosidade,<br />

extravasamento hemorrágico ou microectasias.<br />

Os capilares normais têm a forma de grampo (paliçada), no qual o ramo aferente é<br />

retilíneo, enquanto o ramo eferente apresenta certo grau de tortuosidade (57,105) . O<br />

número normal é de, aproximadamente, 13 alças capilares por milímetro ou leito<br />

ungueal. O padrão em paliçada pode ser observado na figura 3.<br />

Figura 3: Padrão normal dos capilares ungueais.<br />

As alças capilares normais são longas. Em pacientes com edema as alças podem<br />

ser curtas (6). O edema representa uma imagem de névoa localizada ou generalizada


que dificulta a visualização dos contornos das alças capilares (6,105) . As imagens de<br />

alças curtas e edema podem ser observadas na Figura 4.<br />

Figura 4: Alça curta e edema<br />

As alças capilares estão contidas em papilas. No exame de padrão normal cada<br />

papila contém uma alça (105) . Em pacientes com edema a papila pode estar retificada<br />

ou alargada (105) .<br />

A redução do número de alças é sempre patológico (menos de nove alças por<br />

milímetro) e considera-se praia deserta quando existem menos de duas alças em um<br />

território de menos de um milímetro (105) . Essa alteração pode estar presente em<br />

patologias como esclerodermia ou dermatomiosite (105) . A praia deserta pode ser<br />

observada na figura 5.<br />

Figura 5: Praias desertas<br />

Os capilares normais apresentam forma retilínea e diâmetro normal, em torno de<br />

50 micrômetros. Em algumas patologias com esclerodermia e dermatomiosite as alças


podem estar ramificadas ou dilatadas (ectasiadas) (105) . Os capilares ramificados e<br />

ectasiados podem ser observados nas figuras 6 e 7, respectivamente.<br />

Figura 6: Capilares ramificados<br />

Figura 7: Capilares ectasiados<br />

A tortuosidade pode ser definida como a presença de movimento espiralado no<br />

ramo capilar (6, 105) . A tortuosidade pode ser observada na figura 8.


Figura 8: Tortuosidade<br />

O surgimento de imagens anormais pericapilares vermelhas caracterizam a<br />

hemorragia (105) . A hemorragia pode ser observada na figura 9.<br />

Figura 9: Hemorragia


4.4 Tratamento de dados:<br />

Foi calculado o IMC utilizando a fórmula peso (Kg)/altura(m 2 ). As pacientes e<br />

controles foram agrupados por faixa etária, pelo IMC e puberdade.<br />

As pacientes foram agrupadas pelo cariótipo; pela ocorrência de linfedema<br />

neonatal e presença de linfedema ao exame clínico; pela utilização de medicação, em<br />

grupo que utilizava GH isoladamente, estrogênio e progesterona e sem medicação. O<br />

grupo controle foi agrupado com uso anticoncepcional e sem.<br />

As pacientes e controles foram agrupadas pelos valores do HOMA IR, QUICKI ,<br />

presença de resistência insulínica e valores dos lipídeos.<br />

Foram descritas as alterações observadas à capilaroscopia e pacientes e controles<br />

foram agrupadas pelo exame normal ou alterado e quando alterado pela freqüência<br />

das alterações.<br />

Os dados foram armazenados em banco de dados no programa Excel 2003 e as<br />

variáveis foram avaliadas 2 a 2 com o programa Epiinfo 3,2,2.<br />

Foram calculadas as frequências absoluta e relativas das variáveis categóricas e a<br />

média e desvio padrão das variáveis numéricas. Foram utilizados os testes ANOVA,<br />

Fisher , Kruskal Wallis e Quiquadrado.<br />

Foram comparadas:<br />

As alterações morfológicas dos capilares entre as pacientes e as controles.<br />

A ocorrência de resistência insulínica entre os dois grupos.<br />

A ocorrência de dislipidemia entre os dois grupos.<br />

A resistência insulínica e as alterações dos capilares.<br />

O nível de significância aceito foi p


5.RESULTA<strong>DOS</strong><br />

Foram avaliadas 50 pacientes com Síndrome de Turner e 49 controles do sexo<br />

feminino. A média de idade das pacientes foi de 17,4±7,6 e do grupo controle foi de<br />

18,2±7,7 semelhantes (p=0,59) entre os dois grupos, pelo ANOVA.<br />

Os dados originais das pacientes e controles se encontram nos anexos<br />

4,5,6,7,8,9,10.<br />

Vinte e seis (52%) das pacientes apresentaram monossomia, 8 (16%) mosaico e<br />

16 (32%) apresentaram outros tipos de cariótipo.Vide Tabela 3.<br />

Tabela n° 3 – Distribuição dos Cariótipos:<br />

Cariótipo Freqüência<br />

Monossomia (45,X) 26(52%)<br />

Mosaico (45,X/46,XX) 8(16%)<br />

Outros<br />

45, X/46XY<br />

45, X/46XX/47XXX<br />

46, XiXq<br />

45,X/46,XX+r<br />

45,X/46,X(delXp)<br />

2(4%)<br />

1(2%)<br />

9(18%)<br />

2(4%)<br />

2(4%)<br />

Total 50(100%)<br />

Cinco (10%) pacientes apresentaram linfedema neonatal e sem ocorrência desta<br />

doença no grupo controle. Ao exame clínico, observamos linfedema em 3 (6%) das<br />

pacientes e não havia essa alteração no grupo controle. Dezessete (34%) pacientes e<br />

10 (20%) controles relatavam história familiar para diabetes, a capilaroscopia estava


alterada em 11 (22%) pacientes e em 2 (4%) controles, nas que apresentavam este<br />

parentesco. Vinte e uma (42%) pacientes e 2(4%) dos controles possuíam exame<br />

alterado sem história familiar para diabetes. Os grupos eram semelhantes (p=0,05)<br />

pelo teste Quiquadrado,considerando o desenvolvimento puberal. No grupo com ST, 6<br />

(12%) apresentaram puberdade espontânea e todas se mantinham com ciclos<br />

menstruais regulares. Uma paciente (n o 49) não apresentou menarca por ter sido<br />

histerectomizada, mas apresentava pleno desenvolvimento sexual, estando<br />

classificada entre o grupo pós menarca. Os dados podem ser vistos na Tabela n o 4.<br />

Tabela n o 4 – Distribuição das pacientes e controles pelo desenvolvimento<br />

puberal:<br />

Desenvolvimento<br />

Puberal<br />

Pacientes<br />

n=50<br />

Controles<br />

n=49<br />

Total P valor<br />

Impúbere 15(30%) 12(24,5%) 27(27,3%) 0,27<br />

Púbere 6(12%) 9(18,4%) 15(15,2%) 0,19<br />

Pós-menarca 29(58%) 28(57,1%) 57(57,6%) 0,46<br />

Total 50(100%) 49(100%) 50(100%)<br />

Em relação ao IMC, os resultados encontram-se na Tabela n o 5. Encontrou-se<br />

diferença significativa entre pacientes e controles obesas (p=0,02), sendo semelhantes<br />

o IMC entre pacientes e controles nos demais subgrupos.


Tabela n o 5 – Perfil do IMC nas pacientes e grupo controle:<br />

IMC Pacientes Controles Total P valor<br />

Normal 32(64%) 38(77,6%) 70(70,7%) 0,07<br />

Sobrepeso 6(12%) 7(14%) 13(13%) 0,37<br />

Obesa 7(14%) 1(2%) 8(8%) 0,03<br />

Baixo peso 5(10%) 3(6%) 8(8%) 0,36<br />

Total 50(100%) 49(100%) 100(100%)<br />

Em relação aos níveis de lipídeos 26 (52%) pacientes apresentaram dislipidemia<br />

versus 19 (38%) controles, não sendo significante pelo teste de Fisher (p=0,15) a<br />

ocorrência de dislipidemia entre os dois grupos. Quinze (30%) pacientes e 10(20%)<br />

controles apresentaram aumento de colesterol total, o LDL-c e os triglicerídeos<br />

estavam aumentados em 19(38%) pacientes e em 11(22%) controles e 3(6%)<br />

pacientes e em 3 (6%) controles, respectivamente. Duas (4%) pacientes e 3 (6%)<br />

controles possuíam HDL baixo.<br />

Na Tabela n o 6 estão os valores médios dos lipídeos nas pacientes e controles e as<br />

diferenças estatísticas encontradas pelo ANOVA.


Colesterol<br />

(mg/dL)<br />

Tabela n o 6 - Média (X), mediana, desvio padrão (DP), valor mínimo (Vmin) e valor<br />

máximo (Vmax) de Colesterol, HDL, LDL e triglicerídeos nas pacientes e<br />

controles:<br />

Pacientes<br />

N=50<br />

Controles<br />

N=49<br />

Média Mediana DP Vmin Vmax Média Mediana DP Vmin Vmax P<br />

valor<br />

168,74 167,5 32.6 101 288 159,4 158 29.3 90 142 0,12<br />

HDLc 55,3 53,0 12,2 28 93 52,5 54 12,3 31 99 0,22<br />

LDLc 95,0 94,0 23,7 45 152 91,9 90 21,2 45 161 0,44<br />

Triglicerídeos 76,0 76,0 26,7 22 147 73,8 69 26,7 27 151 0,82<br />

Todas as pacientes e controles apresentavam níveis de glicemia de jejum normal.<br />

Os valores de HOMA IR estavam normais em todas a pacientes e 1 controle (n o 29)<br />

apresentava valor elevado. O QUICKI, encontrava-se aumentado em 1 paciente com<br />

Síndrome de Turner (n°10). Os valores foram diferentes, tanto pelo HOMA (p=0,0012)<br />

quanto pelo QUICKI (p=0,0015) pelo Teste de Kruskal Wallis entre as pacientes e<br />

controles. Vide Tabela n o 7.


Tabela n o 7. – Média (X), mediana, desvio padrão (DP), valor mínimo (Vmin) e<br />

valor máximo (Vmax) de HOMA IR e Quicki nas pacientes e controles:<br />

Pacientes<br />

N=50<br />

Controles<br />

N=49<br />

Média Mediana DP Vmin Vmax Média Mediana DP Vmin Vmax<br />

P valor<br />

HOMA IR 1,28 1,17 0,64 0,12 2,9 1,79 1,72 0,85 0,52 5,22 0,0017<br />

QUICK 0,38 0,37 0,04 0,32 0,59 0,35 0,35 0,03 0,30 0,45 0,0019<br />

Quanto aos capilares, 18(36%) pacientes e 45(90%) controles apresentavam todos<br />

os parâmetros normais e 32(64%) pacientes e 4(8%) dos controles apresentavam<br />

alterações, sendo os grupos considerados diferentes pelo Teste exato de<br />

Fischer(0,00000001). A alteração mais encontrada foi edema e estava presente em<br />

21(42%) das pacientes com ST em 4(8%) do grupo controle com diferença significativa<br />

(p=0,0004). A papila retificada apresentou-se com freqüência de 13 (26%) nas<br />

pacientes com ST e 2(4%) no grupo controle, sendo significante. (p=0,001) a diferença<br />

entre os grupos. As demais alterações encontram-se na tabela n°8, sendo<br />

encontradas diferenças entre os dois grupos nos fluxos rápido (p=0,03) e granuloso<br />

(p=0,02).


Tabela n o 8 – Freqüência das alterações da morfologia:<br />

Alterações Pacientes Controles Total P valor<br />

Alças Desordenadas 1(2%) 0(0%) 1(1%) 0,5<br />

Fluxo Granuloso 5(10%) 0(0%) 5(5%) 0,02<br />

Fluxo lento 6(12%) 1(2%) 7(7%) 0,05<br />

Fluxo rápido 7(14%) 1(2%) 8(8%) 0,03<br />

Papila Retificada 13(26%) 2(4%) 15(15%) 0,001<br />

Papila Alargada 4(8%) 1(2%) 5(5,1%) 0,18<br />

Capilar ramificado 3(6%) 0(0%) 3(3%) 0,12<br />

Capilar ectasiado 3(6%) 0(0%) 3(3%) 0,12<br />

Edema 21(42%) 4(8,2%) 25(25,3%) 0,0004<br />

Tortuosidade 5(10%) 0(0%) 5(5%) 0,029<br />

Hemorragia 1(2%) 0(0%) 1(2%) 0,5<br />

A microectasia não ocorreu em nenhum dos 2 grupos.<br />

Considerando a história familiar de diabetes e a presença ou não de alterações<br />

entre os grupos de pacientes e controles estes podem ser vistos na Tabela n o 9.


Tabela n o 9. Pacientes e controles com alterações videocapilaroscópicas e<br />

história familiar de Diabetes:<br />

História familiar<br />

de DM<br />

Pacientes Controles<br />

Normais VCA Normais VCA<br />

Positiva 6(35,3%) 11(64,7%) 8(80%) 2(20%)<br />

Negativa 12(36,4%) 21(63,6%) 37(92,5%) 2(20%)<br />

Total 18(36%) 32(64%) 45(90%) 4(8%)<br />

A distribuição das alterações na videocapilaroscopia, de acordo com a história<br />

familiar de diabetes está descrita na Tabela n°10. A papila retificada e o fluxo rápido<br />

foram observados com maior freqüência em pacientes sem história familiar de<br />

diabetes. A tortuosidade estava presente em maior número nas pacientes com este<br />

parentesco. O grupo controle não apresentou diferença nas freqüências.


Tabela n° 10: Distribuição das alterações na videocapilaroscopia , de acordo<br />

com a história familiar de diabetes:<br />

Pacientes<br />

N=50<br />

Controles<br />

n=49<br />

Alterações HFDM2 Sem HFDM2 HFDM2 Sem HFDM2<br />

Praias desertas 0 (0%) 1 (2%) 0 (0%) 0 (0%)<br />

Alças desordenadas 1 (2%) 0 (0%) 0 (0%) 0 (0%)<br />

Fluxo granuloso 2 (4%) 3(6%) 0 (0%) 0 (0%)<br />

Fluxo lento 5 (10%) 1 (2%) 1 (2%) 0 (0%)<br />

Fluxo rápido 1 (2%) 6 (12%) 0 (0%) 1 (2%)<br />

Papilla retificada 2 (4%) 11 (22%) 1 (2%) 1 (2%)<br />

Papila alargada 2 (4%) 2 (4%) 1 (2%) 0 (0%)<br />

Capilar ramificado 2 (4%) 1 (2%) 1 (2%) 0 (0%)<br />

Capilar ectasiado 1 (2%) 2 (4%) 0 (0%) 0 (0%)<br />

Edema 9 (18%) 12 (24%) 2 (4%) 2 (4%)<br />

Tortuosidade 4 (8%) 1 (2%) 0 (0%) 0 (0%)<br />

Hemorragia 0 (0%) 1 (2%) 0 (0%) 0 (0%)<br />

Considerando o linfedema. 5(10%) das pacientes apresentaram linfedema neonatal,<br />

sendo que 2 apresentavam exame normal e 3 com exame alterado. Dentre estas 3,<br />

três permaneceram com linfedema e à capilaroscopia foram encontradas as seguintes<br />

alterações: (ambas com edema, uma com papila retificada e a outra com papila<br />

alargada, tortuosidade e fluxo lento, sendo a primeira impúbere e fazendo uso de GH e<br />

a segunda apresentado puberdade espontânea), a terceira paciente (impúbere)<br />

apresentava capilar ectasiado, tortuosidade e hemorragia.


A distribuição das alterações por idade encontram-se na tabela n°11, observando-se<br />

que nos controles as alterações só foram encontradas no subgrupo pós-menarca,<br />

enquanto na ST foi encontrada em todas as faixas etárias.<br />

Tabela n o 11- Distribuição das alterações capilares por faixa etária:<br />

Idade (anos)<br />

Pacientes<br />

n=50<br />

Controles<br />

n=49<br />

Normais VCA Normais VCA<br />

6-9 3(16,7%) 5(15,6%) 7(15,6%) 0(0%)<br />

10-14 5(27,8%) 7(21,9%) 13(28,9%) 0(0%)<br />

15-19 5(27,8%) 8(25%) 13(28,9%) 2(40%)<br />

20-24 3(16,7%) 4(12,5%) 3(6,7%) 1(20%)<br />

25-29 0(0%) 6(18,8%) 6(13,3%) 0(0%)<br />

30-34 2(11,1%) 1(3,1%) 2(4,4%) 0(%)<br />

>35 0(0%) 1(3,1%) 1(2,2%) 1(20%)<br />

Total 18(100%) 32(100%) 45(100%) 5(100%)<br />

A distribuição das pacientes e controles por puberdade e alterações capilares podem<br />

ser observadas na tabela n° 12.


Tabela n° 12: Distribuição dos grupos quanto à classificação de puberdade e<br />

alterações na capilaroscopia:<br />

Desenvolvimento<br />

Pacientes<br />

N=50<br />

Controles<br />

N=49<br />

puberal Normais VCA Normais VCA<br />

Impúbere 4(22,2%) 11(34,4%) 12(26,7%) 0(0%)<br />

Púbere 5(27,8%) 1(3,1%) 9(18,2%) 0(0%)<br />

Pós-menarca 9(50%) 20(62,5%) 24(55,1%) 4(100%)<br />

Total 18(100%) 32(100%) 45(100%) 4(100%)<br />

Quanto ao uso de medicações e alterações capilaroscópicas ocorreu um<br />

predomínio de alterações nas pacientes em uso de reposição hormonal com<br />

estrogênio e progesterona (62,5%). Entre as pacientes em uso de GH foi encontrada<br />

uma freqüência de 67% de exames alterados. Vide anexo n°12. Treze pessoas do<br />

grupo controle faziam uso de anticoncepcional e somente 1(2%) apresentaram<br />

alterações à videocapilaroscopia. Vide anexo n°12.<br />

As alterações à videocapilaroscopia considerando o IMC estão na Tabela 13.


Tabela n°13: Distribuição das alterações quanto ao IMC:<br />

Peso<br />

Pacientes<br />

n=50<br />

Controles<br />

n=49<br />

Normais VCA Normais VCA<br />

Baixo 0(0%) 5(100%) 3(100%) 0(0%)<br />

Normal 14(43,8%) 18(56,3%) 34(87,2%) 4(12,8%)<br />

Sobrepeso 0(0%) 6(100%) 7(15,6%) 0(0%)<br />

Obeso 4(57,1%) 3(42,9%) 1(2,2%) 0(0%)<br />

Total 18(100%) 32(100%) 45(100%) 4(100%)<br />

A distribuição das alterações morfológicas quanto aos lipídeos estão descritas nas<br />

Tabelas 14 e 15.<br />

Tabela n°14: Distribuição das alterações quanto aos lipídeos:<br />

Lipídeos<br />

Pacientes<br />

n=50<br />

Controles<br />

n=49<br />

Normais VCA Normais VCA<br />

Colesterol Alto 3(16.7%) 12(37,5%) 10(22%) 0(0%)<br />

HDLc baixo 1(5,7%) 1(3,1%) 3(6,7%) 0(0%)<br />

LDLc Alto 15(46,9%) 4(22,2%) 9(20%) 2(40%)<br />

Triglicerídeos 1(5,6%) 2(6,3%) 3(6,7%) 0(0%)<br />

Dislipidemia 6(33,3%) 20(62,5%) 2(40%) 18(40%)


Tabela n° 15 – Dislipidemia e alterações capilares entre a Síndrome de Turner e<br />

controle:<br />

Alterações<br />

Pacientes<br />

n=50<br />

Controles<br />

n=49<br />

Sem Com Sem Com<br />

Alças Desordenadas 0(0%) 1(100%) 0(0%) 0(0%)<br />

Fluxo Granuloso 2(40%) 3(60%) 0(0%) 0(0%)<br />

Fluxo lento 3(50%) 3(50%) 0(0%) 1(100%)<br />

Fluxo rápido 3(42,9%) 4(57,1%) 0(0%) 1(100%)<br />

Papila Retificada 2(15,4%) 11(84,6%) 1(50%) 1(50%)<br />

Papila Alargada 3(75%) 1(25%) 1(50%) 0(0%)<br />

Capilar ramificado 3(66,6%) 1(33.3%) 1(100%) 0(0%)<br />

Capilar ectasiado 2(66,6%) 1(33,3%) 0(0%) 0(0%)<br />

Edema 9(18%) 12(24%) 4(8%) 0(0%)<br />

Tortuosidade 2(40%) 3(60%) 0(0%) 0(0%)<br />

Hemorragia 0(0%) 1(2%) 0(0%) 0(0%)<br />

A paciente com QUICKI alterado apresentou fluxo rápido e a participante do grupo<br />

controle com HOMA IR alterado apresentou a videocapilaroscopia normal.<br />

Em relação ao uso de medicações houve uma maior freqüência de edema e papila<br />

retificada nas pacientes em uso de estrogênio e progesterona. Vide anexo n°13.<br />

Onze (22%) pacientes apresentaram somente uma alteração, 9 (18%)<br />

apresentaram duas , 7(14%) três, 4(8%) apresentaram quatro e uma (2%) cinco. A<br />

concomitância de alterações está descrita no Anexo 11. No grupo controle, quatro<br />

apresentavam mais de uma alteração: 3(6%) com duas alterações, 1(2%) com três.<br />

Nas 3 pessoas com 2 alterações, todas apresentavam edema associado à papila


etificada , à papila alargada e ao fluxo lento. A participante com 3 alterações possuía<br />

papila retificada, edema e fluxo lento.


6.DISCUSSÃO<br />

O estudo dos capilares ungueais pode identificar precocemente alterações no<br />

endotélio vascular e a videocapilaroscopia é um método simples e não-invasivo para<br />

avaliação desses vasos. Não foram encontrados estudos prévios avaliando o endotélio<br />

vascular na Síndrome de Turner utilizando a videocapilaroscopia. Comparamos nosso<br />

estudo na Síndrome de Turner aos resultados encontrados em um grupo pessoas do<br />

sexo feminino saudáveis e com estudos prévios em pacientes diabéticos ou com<br />

doenças reumatológicas como o lupus eritematoso sistêmico, que utilizaram a técnica<br />

de viedocapilaroscopia (106,107) .<br />

As alterações videocapilaroscópicas foram encontradas de maneira mais<br />

prevalente nas pacientes com Síndrome de Turner do que no grupo controle.<br />

Considerando a história familiar, encontramos tortuosidade em maior número nas<br />

pacientes do que nos controles com este parentesco. A relação entre história familiar<br />

de diabetes mellitus e alterações na videocapilaroscopia, já havia sido descrita por<br />

Moura e cols (108) , que sugere que a história familiar positiva poderia estar relacionada<br />

à disfunção endotelial. Alterações dinâmicas da videocapilaroscópicas em parentes<br />

em primeiro grau de pacientes diabéticos também foi encontrada por Caballero e cols,<br />

estes apresentavam síndrome metabólica porém sem intolerância à glicose (109) .<br />

Nenhum desses estudos avaliou a morfologia capilar dos parentes de diabéticos.<br />

Quanto ao IMC, o número de pacientes em cada grupo foi reduzido , o que tornou<br />

difícil a sua interpretação, entretanto no grupo controle somente pessoas de peso<br />

normal tiveram alterações, o que sugere que o IMC não teria papel determinante no<br />

surgimento dessas alterações.<br />

A dislipidemia, no entanto, esteve presente tanto nas pacientes com ST quanto no<br />

grupo controle. Os dois grupos tiveram distribuição semelhante, tanto quanto aos<br />

níveis médios de colesterol total quanto às frações. A videocapilaroscopia alterada foi<br />

mais prevalente nas pacientes, podendo haver uma contribuição da síndrome ou fator<br />

desconhecido, já que na ST há maior prevalência de alterações cardiovasculares que<br />

a população em geral (3) .<br />

Em nosso estudo as alterações capilaroscópicas não estiveram associadas à<br />

resistência insulínica pelo HOMA e alguns autores acham que existe uma alteração<br />

precoce na sensibilidade insulínica e que o HOMA não seria o melhor preditor para<br />

avaliar resistência insulínica na ST (44) . Levando-se em consideração que o nosso<br />

estudo foi realizado com pacientes jovens é possível que a alteração no metabolismo<br />

glicídico e a resistência insulínica venham a se manifestar posteriormente. Além disso,<br />

anteriormente foi feito um estudo utilizando um método direto o Kitt, para avaliar a


sensibilidade insulínica, nas mesmas pacientes adultas do presente estudo em uso de<br />

reposição hormonal comparadas a um grupo controle saudável, sendo observado<br />

redução significativa na sensibilidade à insulina (37) . Uma participante do grupo<br />

controle apresentou o HOMA elevado, sem possuir os prováveis riscos para<br />

resistência insulínica (obesidade, hipertensão e dislipidemia), para a qual não<br />

sabemos explicar o motivo do valor do HOMA. Este valor provavelmente alterou os<br />

valores mediano e da média, que se tornou mais alto no grupo controle.<br />

A capilaroscopia permite a visualização dos capilares, embora nenhuma alteração<br />

nesses vasos possa ser considerada patognomônica de determinada doença. O<br />

padrão de alças em paliçada é considerado normal (61,65,66,110,111) . A maioria das<br />

pacientes e todo o grupo controle apresentaram essa distribuição de alças.<br />

O edema foi a alteração mais comum nas pacientes e no grupo controle. Todas as<br />

pessoas do grupo controle com exame alterado apresentaram edema. O aparecimento<br />

de edema pode estar relacionado a trauma, especialmente em crianças pela forma de<br />

socialização infantil existente nos trópicos (112) ou a ocorrência de onicofagia (66) . No<br />

entanto, isso não é específico e ele também é relatado em outras doenças como<br />

diabetes (113) . Em nosso estudo, o edema apareceu em todas as faixas etárias e<br />

nenhuma paciente ou controle apresentava trauma prévio. Os traumatismos são mais<br />

comuns em crianças, mas nem sempre elas sabem relatar corretamente esse evento,<br />

enquanto adolescentes e adultas possuem um relato confiável sobre traumas prévios.<br />

As mãos e os dedos foram examinados antes da capilaroscopia e nenhuma das<br />

pacientes ou controles apresentava sinais de trauma.<br />

O edema foi a alteração mais encontrada à videocapilascopia, em todas as<br />

controles que apresentavam alguma alteração e na maioria (64%) das pacientes. Em<br />

14% esta alteração foi isolada. Algumas destas pacientes faziam uso de GH,<br />

estrogênio e progesterona. Estas medicações estão associadas a diversos efeitos<br />

colaterais, inclusive o edema e também está relacionado a RI, o que pode levar à<br />

disfunção endotelial (114,115) . Por outro lado, cerca de 12 (24%) das pacientes faziam<br />

uso destas medicaçções e não apresentavam nenhuma alteração à<br />

videocapilaroscopia. Sabe-se que receptores de estrogênio estão presentes na<br />

camada muscular dos vasos com efeito positivo sobre a função hemodinâmica na ST<br />

(91,92) e Chan et al estudando os efeitos da TRH na função endotelial na Síndrome de<br />

Turner com a pletismografia, concluíram que a reposição hormonal teria um efeito<br />

benéfico no endotélio das pacientes com ST.<br />

O linfedema neonatal tem sido descrito como um dos sinais clínicos na Síndrome<br />

de Turner, podendo se manifestar nos pés, nas mãos e no pescoço, dando origem ao<br />

pescoço alado. Alguns trabalhos correlacionam a existência de linfedema com a maior


prevalência de malformações cardíacas e o aumento nos níveis de fator de<br />

crescimento vascular (85) . Normalmente, o linfedema desaparece nos primeiros meses<br />

de vida, mas pode persistir ou reaparecer na fase adulta, particularmente, com o uso<br />

de estrogênio (12) . Três pacientes apresentavam linfedema no exame clínico e<br />

capilaroscopia alterada (edema e alteração de papila), uma delas fazia uso de GH. As<br />

formas sutis de linfedema talvez escapem ao exame físico e a sua presença poderia<br />

explicar a alta prevalência de edema nessas pacientes, uma vez que o trauma não<br />

esteve presente.<br />

As papilas alargada e retificada, normalmente, estão correlacionadas ao edema<br />

(105) . Observamos que a papila alargada ocorreu em 4 pacientes e estava associada ao<br />

edema em todos os casos. Essa alteração também foi descrita em doenças<br />

reumatológicas (66,116) , assim como o surgimento de extravasamento hemorrágico (66) .<br />

Em nosso estudo, somente uma paciente apresentou hemorragia e está sendo<br />

investigada para doença reumatológica.<br />

As alterações de fluxo estavam presentes, principalmente, nas pacientes com ST.<br />

O fluxo lento e o fluxo granuloso podem representar alterações na circulação dos<br />

capilares (61,66) . O fluxo granuloso esteve presente em algumas pacientes, mas não foi<br />

encontrado no grupo controle. Não há consenso sobre o significado do fluxo rápido.<br />

Alguns autores o consideram como padrão normal (65) , enquanto outros associam o<br />

fluxo rápido à anemia (61) . A anemia foi considerada critério de exclusão no nosso<br />

estudo.<br />

Segundo Leader, a tortuosidade pode ocorrer em adultos sem representar<br />

anormalidade nessa faixa etária, mas qualquer tortuosidade em crianças é<br />

considerada patológica (65) . Fahrig, no entanto, não considera a tortuosidade uma<br />

anormalidade por estar presente em indivíduos normais (117) . Walls e Buchanan (118)<br />

consideram tortuosidade patológica se estiver presente em mais de 20% dos capilares<br />

estudados.<br />

A tortuosidade estava presente somente em 5 das pacientes Duas dessas<br />

pacientes eram crianças, impúberes e faziam uso de GH e as outras três eram<br />

adolescentes, que não usavam medicação e tiveram puberdade espontânea. Nossas<br />

pacientes apresentavam mais de 20% de tortuosidade por campo. A tortuosidade pode<br />

ocorrer no diabetes (108) ou no Lupus Eritematoso Sistêmico (116,118) . As diabéticas foram<br />

excluídas do nosso estudo e nenhuma paciente apresentou sinais ou sintomas<br />

sugestivos de Lupus.<br />

A presença de capilares ectasiados ou ramificado pode indicar doenças crônicas<br />

como dermatomiosite ou esclerodermia (66,116,118) , necessitando de investigação. Uma<br />

das pacientes com capilar ectasiado também tinha tortuosidade. Este tipo de achado


foi encontrado por Moura e col em pacientes diabéticos comparativamente ao grupo<br />

controle (108) . Essas alterações ocorreram em um número reduzido de pacientes em<br />

nosso estudo e não tiveram diferença significativa, em relação ao controle.


7. CONCLUSÃO:<br />

1- Na Síndrome de Turner, as alterações mais encontradas à capilaroscopia foram:<br />

o edema, a papila retificada e as alterações de fluxo.<br />

2- Não foi evidenciado resistência insulínica em nenhum dos 2 grupos.<br />

3- A dislipidemia ocorreu de maneira semelhante nos 2 grupos.<br />

4- A Síndrome de Turner apresenta mais alterações na videocapilaroscopia<br />

dinâmica que o grupo controle pareado por idade e puberdade.


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