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MANACORDA, Mario Alighiero. A Educação no Setecentos. In ...

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mesma didática das “escolas cristãs”, reconhecer as letras, soletrar, silabar e ler. O documento prescreve<br />

um livro de ouro para registro das honras e um livro negro para as punições . Apesar de superar o uso<br />

da vara e chicotes a punição mantem uma prática pedagógica controlada pela violência: transcrição de<br />

lições e correções <strong>no</strong>s trabalhos, admoestação pública de joelhos ou isolamento numa carteira. Ainda,<br />

suspensão e expulsão.<br />

Ao lado destes atos oficiais Manacorda considera importante que se observe “[...] os<br />

sonhos revolucionários de várias tendências [...]”. Por exemplo, Matteo Galdi que manifestava dúvidas<br />

quanto ao “caráter e igualdade” da instrução. Para este nenhuma república tem intenção de que todos<br />

tenham escolaridade consistente (nada de filosofia, ideias, esclarecimento... Isso poderia prejudicar a<br />

prática das artes de primeiras necessidades, bem como eliminaria a divisão de profissões), embora seja<br />

defensor da expansão da instrução. (<strong>In</strong> Saggio d'istruzione pubblica rivolucionaria, 1798 <strong>In</strong><br />

<strong>MANACORDA</strong>, 1996, p. 255).<br />

Vicenzio Russo em Pensieri politici defende que a terra seja purificada da ig<strong>no</strong>rância<br />

propagada <strong>no</strong>s livros dos teólogos (padres, Igreja) e de juristas (Estado).<br />

Entre estes, Manacorda afirma que Vicenzo Cuoco tinha maior senso de história e<br />

equilíbrio. Em “Rapporto al re” de 1809 defende uma escola universal, uniforme e completa, porém,<br />

numa estrutura conforme as classes sociais: “É necessário oque exista uma instrução para todos, uma<br />

para muitos e uma para poucos.” (<strong>In</strong> <strong>MANACORDA</strong>, 1999, p.256).<br />

Manacorda lembra que naquele contexto europeu a instrução como ideal da formação<br />

do homem subordinava-se ao problema da supremacia <strong>no</strong> continente. O modelo francês, o modelo<br />

alemão, o modelo inglês.<br />

7 DUAS EXPERIÊNCIAS CONCRETAS ENTRE O SETECENTOS E OITOCENTOS (256)<br />

A) O ENSINO MÚTUO (256 – 261)<br />

Ao contrário do que se pensa <strong>no</strong> senso comum, Manacorda alerta que as duas<br />

experiências em tor<strong>no</strong> do ensi<strong>no</strong> mútuo que se configuram na <strong>In</strong>glaterra é uma proposta de particulares.<br />

A função básica deste método era ensinar um número cada vez maior de alu<strong>no</strong>s com poucos mestres,<br />

usando da figura do monitor. Conforme Manacorda deixa claro: monitores eram “[...] alguns<br />

adolescentes instruídos diretamente pelo mestre, atuando com variedade de tarefas como auxilares ou<br />

monitores, ensinavam por sua vez outros adolescentes, supervisionando a conduta deles e<br />

administrandos os materiais didáticos.” (<strong>MANACORDA</strong>, 1999, P. 256).<br />

Nosso autor lembra que o método mútuo ou algo parecido pode ser encontrado ao<br />

longo da história do ocidente desde os tempos antigos, Idade Média, até que na proposição dos ingleses<br />

Andrew Bell (1753 – 1832), pastor anglica<strong>no</strong>, e, Joseph Lancaster (1778 – 1838), pertencente à religião<br />

Quaker, o método mútuo adquiriu a condição de rigorosa organização didática e de pla<strong>no</strong> nacional de<br />

instrução popular.<br />

Em Madras, sul da Índia, em 1789, Bell dirigiu uma escola da Cia da Índias<br />

Orientais organizada para os filhos dos soldados europeus. Sua publicação “An experiment in<br />

education”, 1797, propagou suas ideias. O princípio do método é o ensi<strong>no</strong> realizado por terceiros sob a<br />

superitendência de um mestre. Bell expressava em suas publicações posteriores que a intenção era “[...]<br />

a diminuir as despesas da instrução, a abreviar o trabalho do mestre e a acelerar os progressos do<br />

alu<strong>no</strong>” (in <strong>MANACORDA</strong>, 1999, p. 257). Segundo o próprio Bello, o sistema “[...] não é formado de<br />

indagações bem escritas e elaboradas e de rebuscadas especulações sobre a natureza da criança ou a<br />

filosofia do espírito […]”, mas trata-se algo que persegue resultados práticos “[...] na ciência do<br />

ensi<strong>no</strong>.” (<strong>In</strong> <strong>MANACORDA</strong>, 1999, p. 257).<br />

Lancaster abriu uma escola em Londres em 1798 para atender crianças pobres, e em<br />

1803 publicou “Improvements in education”, onde indica que o objetivo é melhorar a educação das<br />

classes do povo. Lancaster propunha uma educação religiosa aconfessional, enquanto Bell representava<br />

uma educação segundo os princípios da Igreja Anglicana.<br />

A Lancaster se deve o espalhamento método mútuo pela <strong>In</strong>glaterra e <strong>no</strong> mundo de<br />

língua inglesa. “[...] em 1811, na <strong>In</strong>glaterra, contavam-se quinze escolas com 30 mil alu<strong>no</strong>s.” Do<br />

ensi<strong>no</strong> elementar masculi<strong>no</strong> o método foi estendido ao ensi<strong>no</strong> femini<strong>no</strong>, educação de adultos e ensi<strong>no</strong><br />

superior, nas mais variadas disciplinas.<br />

No Brasil, o método foi adotado na primeira de ensi<strong>no</strong> em 1827 (15 de <strong>no</strong>vembro)

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