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José Manuel Baptista Gouveia - APH

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homenAgem Ao proFessor<br />

josé mAnuel BAptistA<br />

gouVeiA<br />

‘horticólogo de honrA’<br />

V Simpósio Nacional de Olivicultura,<br />

24-26 de Setembro de 2009, Santarém<br />

Cidália Peres<br />

A mim coube a grande responsabilidade<br />

que é a de dirigir algumas palavras<br />

ao Professor, ao colega, ao amigo<br />

<strong>José</strong> <strong>Gouveia</strong>.<br />

Gostaria, por isso, aproveitar este<br />

encontro que também é de amigos e de<br />

companheiros, com o pretexto de um<br />

jantar de Simpósio, para ler algo, muito<br />

pouco, sobre o Prof. <strong>José</strong> <strong>Manuel</strong> <strong>Baptista</strong><br />

<strong>Gouveia</strong>, mas e, principalmente,<br />

ao amigo Zé <strong>Gouveia</strong> que todos tão<br />

bem conhecem e cujo percurso profissional<br />

e humano precisa apenas reavivar<br />

aqui e agora!<br />

Com ele, e acredito que também<br />

muitos de vós, partilhei uma fatia muito<br />

grande e das mais gratificantes da minha<br />

vida profissional. Com ele aprendi<br />

ao longo de algumas décadas: o PRO-<br />

FESSOR! Com ele reforcei o que já<br />

sabia sobre palavras tão simples, mas<br />

tão esquecidas no vocabulário actual,<br />

colaboração, inter-ajuda e ensinamento<br />

desinteressados: o SÁBIO, o SOLIDÁ-<br />

RIO! Com ele partilhei alguns momentos<br />

defendendo um sector que é muito<br />

grato a ambos, um sector tão importante<br />

em que acreditamos e queremos continuar<br />

a acreditar: o CONSCIENTE, o<br />

CONHECEDOR, também o CRENTE!<br />

Fez o favor de ser meu amigo, será<br />

para o resto da vida!<br />

Por tudo, Prof. <strong>José</strong> <strong>Gouveia</strong>, o<br />

meu/o nosso muito obrigada e o desejo<br />

de sucesso na nova vida, porque o seu<br />

sucesso vai permanecer, vai continuar<br />

e, tenho a certeza, que estará sempre<br />

presente e disponível, quando dele<br />

precisarmos!<br />

soBre o ‘proF. josé<br />

mAnuel gouVeiA’ ….<br />

- Licenciou-se em Engenharia Agronómica<br />

no Instituto Superior de Agronomia<br />

(ISA), em 1976;<br />

- Pós-graduou-se em Engenharia Biológica<br />

na Universidade Nova de Lisboa,<br />

(UNL), em 1980;<br />

- Doutorou-se em Engenharia Agronómica<br />

no ISA, em 1995.<br />

De entre muitas das suas actividades,<br />

vou apenas destacar algumas que exerceu<br />

ao longo de uma vida de entrega, a<br />

bem da OLIVICULTURA NACIONAL, a<br />

BEM DO AZEITE, a BEM DO PAÍS!<br />

O Professor <strong>José</strong> <strong>Manuel</strong> <strong>Gouveia</strong><br />

foi coordenador e leccionou:<br />

- a Disciplina de Tecnologia Agrícola,<br />

do curso de Engenharia Agronómica,<br />

do Instituto Superior de Agronomia;<br />

- o Bloco de Análise Sensorial do curso<br />

de Mestrado de Ciência e Tecnologia<br />

dos Alimentos, da Universidade Técnica<br />

de Lisboa;<br />

- a Disciplina do Controlo de Qualidade<br />

II do Curso de Engenharia Agro-Industrial<br />

da Universidade Técnica de Lisboa;<br />

- a Disciplina de Óleos e Gorduras<br />

Comestíveis do Curso de Engenharia<br />

Agro-industrial do ISA;<br />

- a Disciplina de Projectos Industriais do Curso<br />

de EngenhariaAgro-industrial do ISA;<br />

- a Disciplina de Tecnologia Específica<br />

de Oleaginosas (Tecnologia de Óleos),<br />

do curso de Engenharia Técnica<br />

Agro-Industrial da Escola Superior<br />

Agrária do Instituto Politécnico de Beja;<br />

Aulas, foram muitas, as que dedicou à<br />

Formação Profissional ligadas à área<br />

da sua especialização, em vários Centros<br />

de Formação e nas Escolas Superiores<br />

Agrárias do País.<br />

Títulos Honoríficos<br />

Orientou um número grande de estágios<br />

e trabalhos de final de curso e de<br />

licenciatura.<br />

Participou em júris de provas académicas<br />

de bacharelato, licenciatura,<br />

Mestrado e Doutoramento.<br />

nA ÁreA<br />

cientíFicA…<br />

Iniciou a sua actividade no sector<br />

dos vinhos, mas cedo se dedicou ao<br />

dos óleos e gorduras comestíveis, o<br />

que constituiu o domínio do seu interesse<br />

científico, durante a maior parte<br />

do seu percurso científico.<br />

Foi membro do Conselho Oleícola<br />

Internacional nos grupos de trabalho<br />

relacionados com o desenvolvimento<br />

de metodologias de análise de azeite e<br />

óleos de bagaço de azeitona.<br />

Foi responsável pela elaboração<br />

do Cadastro Oleícola Português, bem<br />

como pela definição de Zonas de Denominação<br />

de Origem Protegida dos<br />

Azeites Virgens em Portugal<br />

Integrou o Centro de Microbiologia e<br />

Indústrias Agrícolas do ISA.<br />

Coordenou e integrou vários grupos<br />

de trabalho, de nomeação ministerial,<br />

para assuntos relacionados com o sector<br />

da Olivicultura e do Azeite.<br />

Integrou um sem número de júris<br />

para classificação e atribuição de prémios<br />

aos melhores azeites, nacionais e<br />

internacionais.<br />

É autor e co-autor de dezenas de<br />

trabalhos publicados, incluindo livros,<br />

artigos em livros e revistas internacionais<br />

e nacionais, com a preocupação<br />

primeira de fazer passar rapidamente<br />

a sua mensagem de sabedoria ao olivicultor,<br />

ao industrial da produção de<br />

azeite, enfim, ao verdadeiro utilizador<br />

Revista da <strong>APH</strong> N.º 99<br />

19


20<br />

Títulos Honoríficos<br />

final de todo um conhecimento único no<br />

nosso País. E que … sinto e ele sentirá<br />

também o quão desperdiçado é, neste<br />

momento, pelo poder, pelos decisores.<br />

Ao homem,<br />

Ao Zé gouVeiA …<br />

Os momentos que seguem, dedico à<br />

PESSOA maravilhosa e ao amigo, ao colega<br />

disponível, ao sábio que sabe partilhar!<br />

Vou fazer algo de diferente para estas<br />

ocasiões. Ao pedido para alguma coisa<br />

preparar ao Zé <strong>Gouveia</strong>, quando da sua<br />

merecida homenagem pela Associação<br />

Portuguesa de Horticultura (<strong>APH</strong>), foi feito<br />

um outro, ao colega da Organização<br />

que me colocou tão grande desafio: o<br />

de preparar algo não convencional para<br />

idênticas situações. Com muito orgulho,<br />

depois de meditar algumas horas aceitei<br />

fazê-lo. A indecisão temporária teve a ver<br />

com o facto de julgar não ser capaz de<br />

preparar algo, ao nível do Zé <strong>Gouveia</strong>!<br />

Mais um desafio na minha vida!<br />

Assim, vou ler um arrazoado de palavras,<br />

minhas, palavras que, por vezes,<br />

me atrevo a juntar e a escrevinhar<br />

num papel! Poucos ou mesmo nenhum<br />

dos presentes sabe deste meu pequeno<br />

segredo: às vezes registo no papel<br />

palavras soltas que, geralmente, espelham<br />

um estado de alma. As palavras,<br />

elas, traduzem sempre o sentimento do<br />

momento que me faz transportar ao<br />

local que me lembra que devo/que<br />

devemos jamais desperdiçar o lugar<br />

onde mora a ESPERANÇA! Estavam<br />

prontas a ser lidas numa ocasião especial.<br />

Essa ocasião chegou!<br />

o Velho piAno<br />

Velho...<br />

O piano começa a tocar, profunda e<br />

docemente e as notas... teimam ficar a<br />

bailar no ar!<br />

O pianista,... de costas voltadas pró<br />

mundo, transbordando talento embirra<br />

e insiste em melodias d’’arrasar do piano<br />

arrancar!<br />

A cada nota dá o seu sabor, injecta<br />

significado e valor e elas,... as notas,...<br />

espirram calor... que não faz mais que<br />

acalentar, sem no entanto abafar,...<br />

Escancara a porta da vida prá música<br />

deixar entrar e o ambiente sua-<br />

Revista da <strong>APH</strong> N.º 99<br />

vizar,... e o piano … continua a trinar<br />

improvisos e variações... pra exibições<br />

exercitar e fazer o tempo passar sem<br />

parar... prá nota final preparar,...<br />

Grita o canto que acompanha a sequência<br />

das notas,... ora altas,... ora<br />

baixas,... faz-se ouvir com ressaibos de<br />

esperança que respira a gritar, faz ecoar<br />

o som que teima em soar complacente,...<br />

convincente,... porque a vida pla<br />

frente é pra continuar ágarrar!... Faz<br />

recordar … sem constrangimentos, sem<br />

culpas, sem pecados que ainda há muito<br />

pra reavivar e não menos pra saborear,<br />

porque o pensamento não quer ocupar<br />

com coisas que não pode apalpar!...<br />

Prefere cantar, a silenciar!...<br />

O pianista continua a exibir talento, no<br />

seu concerto, compondo melodia sem<br />

melancolia, a esperança... em vagas perder-se<br />

ele não vai deixar... quer antes fazer<br />

perdurar, porque um dia,... alguém vai<br />

aceitar contar a sua história, a trautear!...<br />

Aquela que ora pauta em sinfonia<br />

irregular,... inspirada em cenas que do<br />

silêncio faz borbotar e, com paixão, é<br />

compelido a mais e mais acreditar!...<br />

Vai obstar que os anos de segurança,<br />

aqueles que percorrera sem titubear...<br />

mais velozes, mais lentos,... pró<br />

passado se façam arrojar... e não vai<br />

deixar que o encanto interrompa o seu<br />

canto, ... e também não vai tolerar...<br />

que o tempo o deixe transportar-se à<br />

ilusão de um passado passado a galopar.<br />

Prefere recordar, a abafar!...<br />

E o pianista quer retirar, o velho piano<br />

velho quer abandonar mas, por momentos,...<br />

por nervosismo quase impossível<br />

de conter arrostado ... deixa que o sono<br />

implacável,... que volta e vai,... reduza<br />

tudo a silêncio d’atordoar,…<br />

Deixa que no sonho... recordações de<br />

esquálidos traços desbotados que desenham<br />

medo, ansiedade, não certezas... se<br />

deixem apagar,... deixa que rostos magoados<br />

com fragmentos de história abalroados<br />

se façam mostrar,... deixa que o suor frio<br />

das suas agonias se faça borbotar e gotejar,...<br />

deixa recordar palavras estranhas<br />

sem significado, falsas,... mentirosas,...<br />

brotadas do mistério do tempo, fora do<br />

tempo, deixa as palavras do seu próprio<br />

pensamento sopesar num suceder de<br />

imagens misteriosas d’apavorar, deixa que<br />

a vida rasteje numa sucessão de estados<br />

de espírito incertos,... passe de outro para<br />

um,... praguejando raivas, sem nenhum refrear!...<br />

Prefere sonhar, a despertar!...<br />

E num lapso de tempo do tempo,<br />

num sopro de razão que procura vida<br />

soprada por brisa ferida,... faz que<br />

personagens irreais que o território<br />

dos seus sonhos tranquilamente pisoteia<br />

se tornem imortais numa relação<br />

construída por mãos hábeis que desfaz<br />

defeitos, oscilantes à menor corrente<br />

d’ar,... faz que o sono o deixe reestruturar,<br />

porque a pauta tem de terminar<br />

e... ideias obscuras arrancadas das<br />

teias do fundo do pensamento são às<br />

pressas sacudidas,... porque no teatro<br />

da vida... a orquestra vai retomar o seu<br />

lugar, o concerto vai continuar e com<br />

timbres mais agudos a música cantar,...<br />

porque vida... é mesmo pr’ábraçar!<br />

Prefere rir, a chorar!...<br />

E o pianista,... porque maestro da<br />

sua vida,... retoma apressado o seu<br />

lugar no estrado velho do velho piano<br />

velho,... levanta a cabeça e,... d’olhos<br />

postos na multidão... o piano incita a<br />

tocar e acordes profundos faz arrancar<br />

pra emoções fazer transbordar às catadupas<br />

e alegria gritar,...<br />

O piano desata a trinar em soluços<br />

altos que se fazem ouvir, alegremente,<br />

numa melodia singela de vida corrida,<br />

vida ávida de sons que despedidas repudia<br />

e qu’aliviada,... teim’ ámarrar desejosa<br />

de também ela,... nas notas longas e<br />

suaves em fieiras enfiadas nos acordes<br />

claros e vibrantes da música magnífica<br />

envolvida pla vida se deixar agarrar e,...<br />

enfim,... revigorar... e o piano fazer soar!<br />

Prefere exultar, a soçobrar!...<br />

E na doçura do meio despertar do dormitar,<br />

a leveza e o peso do corpo entorpecido<br />

por sonolência faz arrancar, porque<br />

a vida que por ele aguardara e em sons<br />

suplicantes suplicara quase explodira e<br />

o sacudira... e o impelira a despertar...<br />

pra conceber uma sequência de vida em<br />

pauta de música registada onde,... as<br />

únicas respostas às respostas repetidas<br />

não bastariam prá verdade fazer ecoar e<br />

a obra em que acreditara e que apenas<br />

esboçara... poder confirmar e terminar!...<br />

Prefere continuar a tocar!...<br />

Para terminar, parafraseando Luis<br />

Rojas Marcos, eminente psiquiatra<br />

espanhol que, nesta década, resolve<br />

dedicar-se a estudar ‘o optimismo enquanto<br />

ciência’: A VIDA É MUDAN-<br />

ÇA, A MUDANÇA É VIDA!<br />

Obrigada!<br />

Ao Zé <strong>Gouveia</strong>!

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