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Heresias na Idade Média - UEM

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Revista Brasileira de História das Religiões. ANPUH, Ano II, n. 6, Fev. 2010 - ISSN 1983-2850<br />

http://www.dhi.uem.br/gtreligiao - Artigos<br />

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ortodoxia replica que “o Filho é consubstancial ao Pai”, e o Arianismo é conde<strong>na</strong>do<br />

em 325 no primeiro Concílio de Nicéia. A questão é tratada com tanta importância<br />

pelos teólogos que o Arianismo, já enquadrado como heresia, é a<strong>na</strong>temizado em<br />

duas outras oportunidades, uma em 325 e outra em 329. Este exemplo deixa<br />

entrever a importância da questão herética para a época. Mas, conforme veremos a<br />

seguir, ela se tor<strong>na</strong> ainda mais importante para os períodos subseqüentes 2<br />

4. As heresias medievais <strong>na</strong> <strong>Idade</strong> <strong>Média</strong> Central e suas fontes<br />

Com relação às fontes obre heresias do período conhecido como <strong>Idade</strong> <strong>Média</strong><br />

Central, teremos aqui uma significativa documentação que vai dos decretos<br />

imperiais às bulas papais, dos cânones e atas de concílios eclesiais aos processos<br />

movidos contra hereges, dos tratados anti-heréticos aos textos dos cronistas da<br />

época. Mais comuns, como veremos adiante, são as fontes que abordam as<br />

heresias negativamente, de modo que o historiador em alguns casos deverá se<br />

esforçar por perceber as vozes heréticas através de discursos que as oprimem.<br />

Por outro lado, esta variedade de fontes e testemunhos está distribuída de<br />

forma desigual nos conjuntos documentais relativos aos vários períodos históricos.<br />

Como bem observou Georges Duby em uma conferência de 1968, há “períodos em<br />

que os testemunhos sobre as heresias se multiplicam, e outros, pelo contrário, que<br />

são ocos, que são vazios” (1990, p.176).<br />

Para o período da <strong>Idade</strong> <strong>Média</strong> Central, as fontes começam a aparecer a partir<br />

do Ano Mil e tor<strong>na</strong>m-se relativamente abundantes a partir do século XII, quando a<br />

reforma gregoria<strong>na</strong> que havia se iniciado em 1049 3 , para logo adquirir um forte<br />

impulso com Gregório VII, assume novas conotações até chegar ao pontificado de<br />

um Inocêncio III que buscará estabelecer um controle efetivo sobre as novas<br />

alter<strong>na</strong>tivas religiosas que haviam surgido <strong>na</strong>queles tempos.<br />

Partindo de um momento mais recuado, poderemos lembrar uma série de<br />

Crônicas monásticas das quais o exemplo mais significativo são as Histórias de Raul<br />

Glaber, escritas entre 1031 e 1042. Cinco casos de heresias mostrados nestas<br />

fontes permitem que reflitamos sobre a questão da distinção entre as heresias que<br />

2 Para uma visão geral sobre as heresias <strong>na</strong> Alta <strong>Idade</strong> <strong>Média</strong>, ver WAKEFIELD, Walter L. e EVANS,<br />

Austin P. Heresies of the High Middle Ages. New York: Record of Western Civilization series, sd.<br />

3 O primeiro concílio reformador reúne-se em Reims, em 1049, sob a orientação de Leão IX.<br />

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