Contribuição de Onthophagus gazella á melhoria da ... - Rola-Bosta
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MIRANDA, C. H. B., SANTOS, J. C. C., BIANCHIN, I. <strong>Contribuição</strong> <strong>de</strong> <strong>Onthophagus</strong> <strong>gazella</strong> à<br />
<strong>melhoria</strong> <strong>da</strong> fertili<strong>da</strong><strong>de</strong> do solo pelo enterrio <strong>de</strong> massa fecal bovina fresca. 1. Estudo em<br />
casa <strong>de</strong> vegetação. Revista Brasileira <strong>de</strong> Zootecnia. Viçosa, MG, v.27, n.8, p.681 - 685,<br />
1998.<br />
CONTRIBUIÇÃO DE <strong>Onthophagus</strong> <strong>gazella</strong> À MELHORIA DA FERTILIDADE DO<br />
SOLO PELO ENTERRIO DE MASSA FECAL BOVINA FRESCA.<br />
1. ESTUDO EM CASA DE VEGETAÇÃO<br />
CESAR H. BEHLING MIRANDA 1 , JOSÉ CARLOS CHAVES DOS SANTOS 2 e<br />
IVO BIANCHIN 3<br />
EMBRAPA - GADO DE CORTE. CP 154, 79002-970, Campo Gran<strong>de</strong>, MS.<br />
1<br />
Eng. Agr., PhD, CREA-MS 781-D, Bolsista do CNPq.<br />
2 Biólogo, BSc, CRB-1 18769/01-B<br />
3 Med. Vet., PhD, CRMV-NS 0051, Bolsista do CNPq.<br />
RESUMO<br />
Foi estu<strong>da</strong><strong>da</strong>, em condições parcialmente controla<strong>da</strong>s <strong>de</strong> laboratorio e casa-<strong>de</strong>-vegetação,<br />
o enterrio <strong>de</strong> massa fecal bovina fresca por <strong>Onthophagus</strong> <strong>gazella</strong> a um Latossolo Roxo, e a<br />
contribuição <strong>de</strong>sta à produção <strong>de</strong> massa vegetal e teores <strong>de</strong> Nitrogênio (N) e Fósforo (P) <strong>de</strong><br />
Brachiaria <strong>de</strong>cumbens. Sessenta vasos com 10 kg <strong>de</strong> solo foram preparados para os seguintes<br />
tratamentos: testemunha (sem besouro); três, seis e 12 pares <strong>de</strong> casais <strong>de</strong> O. <strong>gazella</strong>, com 15<br />
repetições para ca<strong>da</strong> tratamento. Após a distribuição dos tratamentos, adicionaram-se 400 g <strong>de</strong><br />
massa fecal bovina fresca a ca<strong>da</strong> tratamento, com nova adição <strong>de</strong> 300 g e 300 g aos dois e quatro<br />
dias após a primeira adição, o que resultou num total <strong>de</strong> 159.0 g <strong>de</strong> massa seca total adiciona<strong>da</strong>.<br />
Dez dias após a primeira adição coletou-se o remanescente não enterrado ao solo e 20 dias após<br />
transplantaram-se a ca<strong>da</strong> vaso sete plântulas <strong>de</strong> Brachiaria <strong>de</strong>cumbens. Aos 45, 65 e 85 dias<br />
após o plantio, fizeram-se colheitas <strong>de</strong> cinco repetições <strong>de</strong> ca<strong>da</strong> tratamento, separando-se a parte<br />
aérea e raízes <strong>da</strong>s plantas, <strong>de</strong>terminando-se, assim, a produção <strong>de</strong> massa vegetal, pelo seu peso<br />
seco. Do material colhido aos 85 dias <strong>de</strong>terminaram-se ain<strong>da</strong> os teores totais <strong>de</strong> N e P. Das 159.0<br />
g adiciona<strong>da</strong>s, foram enterra<strong>da</strong>s 85.1, 110.8 e 132.,5 g nos tratamentos com 3, 6 e 12 casais <strong>de</strong><br />
besouro, respectivamente, o que influenciou significativamente (p
ao maior número <strong>de</strong> casais do besouro, maior foi essa contribuição. Verificou-se, igualmente, o<br />
aparecimento <strong>de</strong> lumbricí<strong>de</strong>os (não i<strong>de</strong>ntificados) nos tratamentos com O. <strong>gazella</strong>, o que não<br />
ocorreu no tratamento testemunha. Tais resultados atestam a importante contribuição <strong>de</strong>ssa<br />
espécie <strong>de</strong> besouro à fertili<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> solos com pastagens.<br />
ABSTRACT<br />
CONTRIBUTION OF <strong>Onthophagus</strong> <strong>gazella</strong> TO SOIL FERTILITY IMPROVMENT BY BOVINE<br />
FECAL MASS INCORPORATION INTO THE SOIL. 1. GREENHOUSE STUDIES.<br />
The incorporation of bovine faeces by <strong>Onthophagus</strong> <strong>gazella</strong> on a Purple Latosol, and its<br />
contribution to Brachiaria <strong>de</strong>cumbens production and N and P content was studied, un<strong>de</strong>r<br />
greenhouse controlled conditions. Sixty pots containing 10 kg of that soil were prepared for the<br />
following treatments: control; three, six and 12 pairs of O. <strong>gazella</strong>, with 15 replicates each. After<br />
distributing the treatments, 400 g of bovine faeces was ad<strong>de</strong>d, followed by further additions of<br />
300 g and 300 g, two and four <strong>da</strong>ys later, equivalent, in total, to 159.0 g of dry weight. Ten <strong>da</strong>ys<br />
after the first addition, the faeces not incorporated was collected, and twenty <strong>da</strong>ys latter seven<br />
seedlings of Brachiaria <strong>de</strong>cumbens were transplanted to each pot. Fourty-five, 65, and 85 <strong>da</strong>ys<br />
later, five replicates per treatment were harvested, separating plant shoot and root for estimating<br />
plant production. At harvest 85 <strong>da</strong>ys after planting, N and P contents were also <strong>de</strong>termined.<br />
From the initial 159.0 g (dry weight) ad<strong>de</strong>d, 85.1, 110.8, and 132.5 g, were burried by three, six,<br />
and twelve pairs of the bettle, respectively, which significantly (p
solo-pastagem por volatilização <strong>da</strong> uréia em poucos dias, o que po<strong>de</strong> ser diminuído<br />
sensivelmente caso a excreta seja rapi<strong>da</strong>mente incorpora<strong>da</strong> ao solo. Nesse sentido, besouros<br />
coprófogos po<strong>de</strong>m <strong>de</strong>sempenhar um papel importante.<br />
Estes besouros usam a massa fecal como alimentação e na construção <strong>de</strong> estruturas para<br />
nidificação. Besouros coprófagos paracoprí<strong>de</strong>os, por exemplo, escavam galerias no solo<br />
embaixo dos bolos fecais, para on<strong>de</strong> carregam porções <strong>da</strong> massa, formando estruturas chama<strong>da</strong>s<br />
pêras <strong>de</strong> alimentação. Nestas estruturas é <strong>de</strong>positado um ovo, do qual emerge uma larva <strong>de</strong>ste<br />
escarabeí<strong>de</strong>o, a qual se alimentar<strong>á</strong> <strong>da</strong>s fezes e permanecer<strong>á</strong> na pêra <strong>de</strong> alimentação até seu<br />
est<strong>á</strong>gio adulto. Daí sai <strong>da</strong> pêra à procura <strong>de</strong> algum bolo fresco <strong>de</strong> massa fecal, para completar seu<br />
ciclo biológico.<br />
Em diversos países, <strong>de</strong>senvolveu-se nos últimos anos uma série <strong>de</strong> projetos envolvendo<br />
besouros coprófagos como agentes <strong>de</strong> reciclagem <strong>de</strong> nutrientes e melhoradores <strong>da</strong>s condições<br />
físicas do solo, bem como <strong>de</strong> <strong>de</strong>struidores do habitat dos nemató<strong>de</strong>os gastrointestinais <strong>de</strong><br />
ruminantes e insetos que vivem na massa fecal. A Austr<strong>á</strong>lia importou, entre 1962 e 1982,<br />
cincoenta e duas espécies <strong>de</strong> besouros coprófagos, a maioria <strong>de</strong> origem africana, e que se<br />
a<strong>da</strong>ptaram muito bem às condições <strong>da</strong>quele país (DOUBE et al., 1991).<br />
Nesta linha, a EMBRAPA - Gado <strong>de</strong> Corte, importou, em 1989, o besouro <strong>Onthophagus</strong><br />
<strong>gazella</strong>, espécie paracoprí<strong>de</strong>a, para compor um programa <strong>de</strong> controle integrado <strong>de</strong> helmintos<br />
gastrointestinais e a mosca-dos-chifres, Haematobia irritans (BIANCHIN et al., 1992). A partir<br />
<strong>de</strong> 1990 o besouro foi liberado a campo em diversas <strong>á</strong>reas, e estima-se que esteja hoje presente<br />
na maioria dos Estados brasileiros. Esta espécie é muito prolífera, tendo v<strong>á</strong>rias gerações ao ano,<br />
ao contr<strong>á</strong>rio <strong>da</strong>s espécies nativas <strong>de</strong>ssa região. Por isso, po<strong>de</strong>ria ser <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> utili<strong>da</strong><strong>de</strong> no<br />
controle <strong>da</strong> mosca-dos-chifres e parasitos intestinais, os quais, tais como a mosca, têm parte do<br />
seu ciclo <strong>de</strong> vi<strong>da</strong> <strong>de</strong>senvolvido na massa fecal <strong>de</strong> bovinos.<br />
O enterrio <strong>da</strong> massa fecal, entretanto, também tem algumas implicações agronômicas<br />
benéficas ao <strong>de</strong>senvolvimento <strong>da</strong>s plantas e sani<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong>s pastagens. Sabe-se, por exemplo, que a<br />
<strong>á</strong>rea <strong>de</strong> pastagem ao redor do bolo fecal é rejeita<strong>da</strong> para pastejo por bovinos por um largo<br />
período <strong>de</strong> tempo (HAYNES & WILLIANS, 1993). Isso po<strong>de</strong> ser importante em uma pastagem,<br />
on<strong>de</strong> a excreta po<strong>de</strong> vir a cobrir até um terço <strong>da</strong> area pasteja<strong>da</strong>, quando a <strong>á</strong>rea é usa<strong>da</strong> em rotação<br />
(AFZAL & ADAMS, 1992). Seu enterrio imediato evitaria a formação <strong>de</strong>ssas <strong>á</strong>reas <strong>de</strong> rejeição<br />
ao pastejo. Além disso, a massa fecal é, basicamente, materia orgânica, <strong>da</strong> qual a contribuição<br />
para o crescimento <strong>da</strong>s plantas é indiscutível (SCHNITZER & KHAN, 1978).
Neste trabalho, são apresentados os <strong>da</strong>dos obtidos <strong>de</strong> um estudo em condições<br />
parcialmente controla<strong>da</strong>s <strong>de</strong> laboratorio e casa-<strong>de</strong>-vegetação, nos quais estimou-se a<br />
contribuição efetiva <strong>da</strong> massa fecal bovina enterra<strong>da</strong> a um Latosso Roxo por O. <strong>gazella</strong> à<br />
produção <strong>de</strong> massa vegetal e conteúdos <strong>de</strong> N e Fósforo (P) <strong>de</strong> Brachiaria <strong>de</strong>cumbens.<br />
MATERIAIS E MÉTODOS<br />
Foram colocados em vasos pl<strong>á</strong>sticos 10 kg <strong>de</strong> um Latossolo Roxo, <strong>de</strong> forma a encher 25<br />
cm do bal<strong>de</strong>. Uma vez preparados os vasos, fizeram-se os seguintes tratamentos, com 15<br />
repetições ca<strong>da</strong>: a) - testemunha sem besouro; b) 3; c) 6; e, d) 12 casais <strong>de</strong> <strong>Onthophagus</strong> <strong>gazella</strong>,<br />
respectivamente, os quais foram coletados <strong>de</strong> massa fecal bovina em pastagens <strong>de</strong> Brachiaria<br />
<strong>de</strong>cumbens na EMBRAPA - GADO DE CORTE, Campo Gran<strong>de</strong>, MS. Imediatamente após a<br />
distribuição dos besouros nos respectivos tratamentos, foram adicionados a ca<strong>da</strong> vaso 400 g <strong>de</strong><br />
massa fecal bovina fresca, cobrindo-se em segui<strong>da</strong> ca<strong>da</strong> vaso com uma tampa em forma <strong>de</strong><br />
peneira, <strong>de</strong> modo a impedir a saí<strong>da</strong> dos besouros. Dois dias após a primeira adição, adicionaram-<br />
se outros 300 g <strong>de</strong> massa fecal, segui<strong>da</strong> <strong>de</strong> nova adição, após dois dias, <strong>de</strong> outros 300 g. Assim,<br />
no período <strong>de</strong> seis dias adicionaram-se 1000 g <strong>de</strong> massa fecal bovina fresca a ca<strong>da</strong> bal<strong>de</strong>, as<br />
quais correspon<strong>de</strong>m a 159.0 g <strong>de</strong> massa seca. A ca<strong>da</strong> adição, foram toma<strong>da</strong>s amostras <strong>da</strong> massa<br />
fecal, as quais foram secas a 45 o C até peso constante, pesa<strong>da</strong>s, e analisa<strong>da</strong>s para <strong>de</strong>terminação do<br />
seu teor em P, usando-se a metodologia <strong>de</strong>scrita por ADLER & WILCOX (1985). O N foi<br />
<strong>de</strong>terminado em amostras ain<strong>da</strong> frescas <strong>da</strong>s fezes, para se evitar per<strong>da</strong>s <strong>de</strong> amônia, usando-se a<br />
metodologia <strong>de</strong> Kjel<strong>da</strong>hl, sistema macro, como <strong>de</strong>scrita por BREMNER (1965). Aos 10 dias <strong>da</strong><br />
primeira adição, o que não foi enterrado pelos besouros, portanto, o que permaneceu na<br />
superficie do solo, foi cui<strong>da</strong>dosamente retirado. Este material foi seco em estufa a 45 o C até peso<br />
constante, e em segui<strong>da</strong> pesado. Por diferença com os 159.0 g <strong>de</strong> massa seca adiciona<strong>da</strong>s a ca<strong>da</strong><br />
vaso, foi estimado o total <strong>de</strong> massa fecal enterrado pelos besouros em ca<strong>da</strong> um dos tratamentos.<br />
A fase anterior foi to<strong>da</strong> conduzi<strong>da</strong> em laboratório. Vinte dias após a coleta <strong>da</strong> massa<br />
fecal remanescente na superficie do solo, os vasos foram transferidos para casa <strong>de</strong> vegetação e<br />
<strong>de</strong>scartou-se a tampa <strong>de</strong> ca<strong>da</strong> um. A ca<strong>da</strong> bal<strong>de</strong> foram, então, transplanta<strong>da</strong>s sete plântulas pré-<br />
germina<strong>da</strong>s <strong>de</strong> B. <strong>de</strong>cumbens, <strong>da</strong>ndo-se início a uma fase <strong>de</strong> <strong>de</strong>terminação <strong>da</strong> contribuição <strong>da</strong><br />
massa fecal enterra<strong>da</strong> pelos besouros à nutrição <strong>da</strong>s plantas, especialmente com relação ao N e P.<br />
Após 45, 65, e 85 dias do plantio, cinco repetições por tratamento foram colhi<strong>da</strong>s, separando-se<br />
a parte aérea <strong>da</strong>s plantas, corta<strong>da</strong> no ponto <strong>de</strong> inserção ao solo, e as raízes, obti<strong>da</strong>s através <strong>de</strong>
cui<strong>da</strong>doso peneiramento do solo. O material colhido foi seco em estufa a 65 o C até peso<br />
constante, pesado, moído, e analisado para <strong>de</strong>terminação dos seus teores em N e P, usando-se a<br />
metodologia <strong>de</strong>scrita por ADLER & WILCOX (1985). Dado o contrastante número <strong>de</strong><br />
minhocas observa<strong>da</strong>s nos diversos tratamentos nas duas primeiras colheitas, estas foram<br />
separa<strong>da</strong>s <strong>de</strong> ca<strong>da</strong> vaso e, posteriormente, anotado o número total <strong>de</strong> minhocas por vaso.<br />
Nenhuma tentativa <strong>de</strong> classificação <strong>de</strong> espécie <strong>de</strong> minhocas foi feita.<br />
RESULTADOS E DISCUSSÃO<br />
Na Tabela 1 po<strong>de</strong>-se verificar o <strong>de</strong>sempenho do O. <strong>gazella</strong> quanto ao enterrio <strong>de</strong> massa<br />
fecal bovina fresca. Das 159.0 g adiciona<strong>da</strong>s, foram enterra<strong>da</strong>s 85.1, 110.8 e 132.,5 g nos<br />
tratamentos com 3, 6 e 12 casais <strong>de</strong> besouro, respectivamente. Tal potencial é evi<strong>de</strong>nciado no<br />
campo na época <strong>de</strong> chuvas, quando um bolo fecal médio é enterrado em torno <strong>de</strong> 24h.<br />
Os <strong>da</strong>dos <strong>de</strong> produção <strong>de</strong> massa seca <strong>da</strong> parte aérea e raízes dos tratamentos estão<br />
dispostos na Tabela 2. Verificou-se um aumento significativo (p < 0.01) <strong>da</strong> produção nos<br />
tratamentos com diferentes casais <strong>de</strong> O. <strong>gazella</strong> em relação à testemunha sem besouro, na qual<br />
não foi incorpora<strong>da</strong> a massa fecal adiciona<strong>da</strong>. Este aumento po<strong>de</strong> ser particularmente visto na<br />
coleta aos 85 dias após o plantio. Resultados semelhantes a foram obtidos por GALBIATI et al.<br />
(1995), com a cultura do milho. No trabalho <strong>da</strong>queles autores, foram comparados duas espécies<br />
<strong>de</strong> besouro, uma introduzi<strong>da</strong> (O. <strong>gazella</strong>) e outra nativa (Dichotomius anaglypticus). Ambas<br />
espécies não diferiram entre si quanto ao enterrio <strong>de</strong> massa fecal bovina, bem como tiveram a<br />
mesma contribuição em relação aos teores <strong>de</strong> N, P e Pot<strong>á</strong>ssio do milho. Entretanto,<br />
consi<strong>de</strong>rando-se que O. <strong>gazella</strong> é uma espécie mais prolífera, gerando um maior numero <strong>de</strong><br />
individuos do que o D. anaglypticus, é <strong>de</strong> se esperar que tenha maior contribuição no enterrio<br />
total <strong>de</strong> massa fecal do que este.<br />
Os teores totais <strong>de</strong> N e P <strong>da</strong>s amostras <strong>de</strong> parte aérea <strong>da</strong>s plantas aos 85 dias após o<br />
plantio estão dispostos na Tabela 3. Da mesma forma que para o peso seco, verifica-se que<br />
houve um aumento significativo (p
1). Entretanto, para se confirmar isso, uma vez que os aumentos <strong>de</strong> raízes observados nos<br />
tratamentos com besouro criam a possibili<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> exploração <strong>de</strong> uma area <strong>de</strong> solo maior do que<br />
a do tratamento testemunha, a extração exata <strong>de</strong>sses nutrientes <strong>de</strong>veria confirma<strong>da</strong> pelo uso <strong>de</strong><br />
massa fecal marca<strong>da</strong> com isótopos tais com 15 N e 32 P. Entretanto, indiscutivelmente o enterrio<br />
<strong>de</strong> massa fecal bovina por O. <strong>gazella</strong>, mostrou-se ser importante para a <strong>melhoria</strong> <strong>da</strong>s condições<br />
<strong>de</strong> estabelecimento e crescimento <strong>da</strong>s plantas, nas condições estu<strong>da</strong><strong>da</strong>s. Sua contribuição efetiva<br />
em condições <strong>de</strong> campo ser<strong>á</strong> medi<strong>da</strong> na sequência <strong>de</strong>stes estudos.<br />
Por outro lado, o enterrio <strong>de</strong> massa fecal bovina fresca não influencia somente o<br />
crescimento <strong>da</strong>s plantas pelo aumento <strong>da</strong> disponibili<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> matéria orgânica facilmente<br />
<strong>de</strong>componível. É <strong>de</strong> se esperar que galerias abertas pelos besouros, <strong>de</strong> aproxima<strong>da</strong>mente 5 mm<br />
<strong>de</strong> diâmetro, venham a contribuir para a <strong>melhoria</strong> <strong>de</strong> condições fisicas do solo, tais como<br />
aeração e distribuição <strong>de</strong> <strong>á</strong>gua do solo, por exemplo. Tais fatores não po<strong>de</strong>m ser medidos em<br />
experimentos <strong>de</strong>sse tipo.<br />
Deve-se consi<strong>de</strong>rar, ain<strong>da</strong>, a importância dos sistemas <strong>de</strong> manejo <strong>da</strong>s pastagens como<br />
forma <strong>de</strong> se aproveitar a contribuição potencial <strong>de</strong>ssa reciclagem. Sabe-se que em sistemas <strong>de</strong><br />
pastoreio contínuo os animais preferem agrupar-se em <strong>de</strong>terminados pontos para ruminar\, tais<br />
como agua<strong>da</strong>s e saleiros para ruminar. Isto faz com que gran<strong>de</strong> parte <strong>da</strong> massa fecal produzi<strong>da</strong><br />
seja concentra<strong>da</strong> nestes locais, restringindo-se, assim, sua utili<strong>da</strong><strong>de</strong>. Em sistemas rotativos, com<br />
poucos dias <strong>de</strong> pastejo, a massa fecal seria distribuí<strong>da</strong> mais proporcionalmente por to<strong>da</strong> aréa,<br />
maximizando os efeitos <strong>da</strong> reciclagem dos nutrientes presentes na massa fecal.<br />
Por outro lado, verificou-se <strong>de</strong>s<strong>de</strong> a primeira coleta o aparecimento <strong>de</strong> minhocas nos<br />
vasos dos tratamentos com besouros, cuja espécie predominante não tivemos condições <strong>de</strong><br />
i<strong>de</strong>ntificar. A presença <strong>de</strong>ssas minhocas não foi uniforme nas duas primeiras coletas, mas na<br />
coleta aos 85 dias fêz-se uma contagem do número presente em ca<strong>da</strong> repetição. Os resultados<br />
obtidos são apresentados na Tabela 4.<br />
Os resultados indicam que a massa fecal enterra<strong>da</strong> pelo O. <strong>gazella</strong> possibilitou a<br />
incubação dos ovos e a sobrevivência <strong>da</strong>s minhocas resultantes, o que não aconteceu no solo do<br />
tratamento testemunha. Dessa forma evi<strong>de</strong>nciou-se uma contribuição indireta à <strong>melhoria</strong> <strong>da</strong>s<br />
condições <strong>de</strong> expressão <strong>da</strong> biota do solo, que no caso <strong>da</strong>s minhocas, é <strong>de</strong> indiscutível<br />
importância, <strong>da</strong>do seu papel <strong>de</strong> <strong>de</strong>compositoras <strong>da</strong> matéria orgânica e facilitadoras <strong>da</strong><br />
mineralização <strong>de</strong> nutrientes que se encontram em formas orgânicas, tais como o N e P (LEE,<br />
1982).
BIBLIOGRAFIA<br />
ADLER, P.R. & WILCOX, G.E., 1985. Rapid perchloric acid digest method for analysis of<br />
major elements in plant tissue. Comm. Soil Sci Plant Anal., 16: 1153-1163.<br />
AFZAL, M. & ADAMS, W.A., 1992. Heterogeneity of soil mineral nitrogen in pasture grazed<br />
by cattle. Soil Sci. Am. J., 56: 1160-1166.<br />
BIANCHIN, I; HONER, M.R. & GOMES, A., 1992. Controle integrado <strong>da</strong> mosca-dos-chifres<br />
na região Centro-Oeste. Hora Vet., 11:43-46.<br />
BREMNER, J.M., 1965. Total Nitrogen. In: BLACK, C.A., ed. Methods of soil analysis.<br />
Madison, American Society of Agronomy. Part 2, cap 8, p. 1149-78<br />
DOUBE, B.M.; MACQUEEN, A.; RIDSDILL-SMITH, T.J. & WEIR, T.A. 1991. Native and<br />
introduced dung beetles in Australia. IN: HANSKI, I. & CAMBEFORT, Y. (ed). Dung Beetle<br />
Ecology. Princeton Univ. Press, Princeton, New Jersey, USA. 481p.<br />
GALBIATI,C.; BENSI, C.; CONCEIÇÃO, C.H.C.; FLORCOVSKI, J.L. & CALAFIORI,<br />
M.H., 1995. Estudo comparativo entre besouros do esterco, Dichotomius anaglypticus (Mann.,<br />
1829) e <strong>Onthophagus</strong> <strong>gazella</strong> (F.), sobre as pastagens, em condições brasileiras. Ecossistema,<br />
20: 109-118.<br />
HAYNES, R.J. & WILLIAMS, P.H., 1993. Nutrient cycling and soil fertility in the grazed<br />
pasture ecosystem. Adv. Agron., 49:119-199.<br />
LEE, K.E. 1982. The influences of earthworms and termites on soil nitrogen cycling. VIII<br />
International Colloquium of Soil Zoology. Louvain-la-Neuve, Belgica, 1982. Proceedings... p.<br />
35-48.
Tabela 1 - Peso seco <strong>de</strong> massa fecal bovina fresca (g) e N e P (mg/vaso) incoporados ao solo<br />
por diferentes casais <strong>de</strong> <strong>Onthophagus</strong> <strong>gazella</strong> num período <strong>de</strong> 10 dias, a partir <strong>da</strong> adição total <strong>de</strong><br />
159.0 g. Ca<strong>da</strong> valor é média <strong>de</strong> 15 repetições.<br />
Table 1 - Dry weight of the bovine faeces (g), N and P (mg/pot) burried by <strong>Onthophagus</strong> <strong>gazella</strong><br />
in a ten <strong>da</strong>ys period, from an initial addition of 159.0 g. Each value is the mean of 15 replicates.<br />
Tratamentos<br />
Treatments<br />
Testemunha<br />
Control<br />
3 casais<br />
3 pairs<br />
6 casais<br />
6 pairs<br />
12 casais<br />
12 pairs<br />
Massa incorpora<strong>da</strong><br />
(g/vaso)<br />
Biomass incorporated<br />
(g/pot)<br />
N incorporado<br />
(mg/vaso)<br />
N incorporated<br />
(mg/pot)<br />
P incorporado<br />
(mg/vaso)<br />
P incorporated<br />
(mg/pot)<br />
traços traços traços<br />
75.1 225.0 379.5<br />
110.8 332.4 554.0<br />
132.5 397.5 662.5<br />
CV (%) 28.5 - -
Tabela 2 - Peso seco <strong>da</strong> parte aérea e <strong>da</strong>s raízes (g/vaso) <strong>de</strong> Brachiaria <strong>de</strong>cumbens crescendo em<br />
Latossolo Roxo ao qual foi enterra<strong>da</strong> massa fecal bovina fresca por diferente número <strong>de</strong> casais<br />
<strong>de</strong> <strong>Onthophagus</strong> <strong>gazella</strong>. Ca<strong>da</strong> valor é média <strong>de</strong> cinco repetições.<br />
Table 2 - Dry weight of the tops and roots (g/pot) of Brachiaria <strong>de</strong>cumbens growing on a Purple<br />
Latosol in which bovine faeces were burried by diferent numbers of pairs of <strong>Onthophagus</strong><br />
<strong>gazella</strong>. Each value is the mean of 5 replicates.<br />
Dias após o plantio<br />
Days after planting<br />
Testemunha<br />
Control<br />
3 casais<br />
3 pairs<br />
6 casais<br />
6 pairs<br />
12 casais<br />
12 pairs<br />
Parte aérea<br />
Top<br />
Raízes<br />
Roots<br />
45 65 85 45 65 85<br />
0.31 f 1.40 f 7.07 e 0.11 e 0.41 e 2.19 c<br />
0.84 f 3.69 ef 19.36 c 0.18 e 0.69 <strong>de</strong> 4.05 b<br />
1.19 f 7.31 e 24.65 b 0.28 e 1.38 cd 5.88 a<br />
2.02 f 11.70 d 30.72 a 0.40 e 1.68 c 5.46 a<br />
FV Probabili<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> F<br />
Tratamentos<br />
Treatments<br />
Colheita<br />
Harvest<br />
Trat. x Colheita<br />
Treat x harvest<br />
F probability<br />
p
Tabela 3 - Teores totais <strong>de</strong> N e P (mg/vaso) na parte aérea, raízes e planta inteira <strong>de</strong> Brachiaria<br />
<strong>de</strong>cumbens crescendo em Latosolo roso ao qual foram enterrados diferentes quanti<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>de</strong><br />
massa fecal bovina fresca, por diferente numero <strong>de</strong> casais <strong>de</strong> <strong>Onthophagus</strong> <strong>gazella</strong>. Ca<strong>da</strong> valor é<br />
média <strong>de</strong> 5 repetições.<br />
Table 3 - Total N and P (mg/pot) in the tops, roots and the whole plant of Brachiaria <strong>de</strong>cumbens<br />
growing on a Purple Latosol in which bovine faeces were burried by diferent numbers of pairs of<br />
<strong>Onthophagus</strong> <strong>gazella</strong>. Each value is the mean of 5 replicates.<br />
Tratamentos<br />
Treatments<br />
Testemunha<br />
Control<br />
3 casais<br />
3 pairs<br />
6 casais<br />
6 pairs<br />
12 casais<br />
12 pairs<br />
Parte<br />
aérea<br />
Top<br />
Raiz<br />
Roots<br />
N total<br />
Total N<br />
Total<br />
Total<br />
Excesso 1<br />
Excess<br />
Parte<br />
aérea<br />
Top<br />
Raiz<br />
Roots<br />
P total<br />
Total P<br />
Total<br />
Total<br />
Excesso 1<br />
Excess<br />
158.0 c 21.7 c 179.7 c - 7.7 c 1.8 b 9.6 c -<br />
281.0 b 30.6 b 311.6 b 131.9 26.4 b 4.6 a 31.0 b 21.4<br />
265.2 b 30.3 a 295.5 a 115.8 35.5 a 5.9 a 41.4 a 31.8<br />
349.5 a 34.8ab 384.3 a 204.6 38.3 a 5.4 a 43.7 a 34.1<br />
FV Probabili<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> F<br />
Probability of F<br />
Tratamentos<br />
Treatments<br />
p
Tabela 4. Números mínimo, m<strong>á</strong>ximo, e médias do número <strong>de</strong> minhocas nativas não<br />
i<strong>de</strong>ntifica<strong>da</strong>s coleta<strong>da</strong>s do solo sob Brachiaria <strong>de</strong>cumbens ao qual foi enterrado diferentes<br />
quanti<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>de</strong> massa fecal bovina fresca por diferentes numeros <strong>de</strong> casais <strong>de</strong> <strong>Onthophagus</strong><br />
<strong>gazella</strong>, aos 85 dias após o plantio.<br />
Table 4 - Mean, highest and lowest numbers of unin<strong>de</strong>ntified native worms collected in the<br />
soil un<strong>de</strong>r Brachiaria <strong>de</strong>cumbens in which bovine faeces were burried by diferent numbers of<br />
pairs of <strong>Onthophagus</strong> <strong>gazella</strong>.85 <strong>da</strong>ys after planting.<br />
Tratamentos<br />
Treatments<br />
Testemunha<br />
Control<br />
3 casais<br />
3 pairs<br />
6 casais<br />
6 pairs<br />
12 casais<br />
12 pairs<br />
N o mínimo/vaso<br />
Lowest number/pot<br />
N o m<strong>á</strong>ximo/vaso<br />
Highest number/pot<br />
Média<br />
Mean<br />
0 0 0<br />
7 28 26<br />
16 52 34<br />
27 90 48