o trotskismo no brasil da década de 1930: a historiografia recente e ...

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dos trabalhadores surgidas em fins do século XIX e início do século XX e, ainda, da dissidência comunista do Partido Comunista do Brasil (PCB). É importante ressaltar que foram nos momentos em que o PCB engatinhava seus primeiros movimentos que fricções internas produziram a Oposição de Esquerda (OE), inicialmente na perspectiva de reforma partidária, e organizações políticas que propuseram se diferenciar dos comunistas e afirmar outra política no movimento dos trabalhadores onde lograram intervir, estes conhecidos internacionalmente pelo epíteto do trotskismo. Conforme indica Bensaid (2010, p. 15), a dissidência comunista de modo geral: Assumiram por desafio uma denominação que se queria infamante, os ‘trotskistas’ dos anos 1930 preferiam definir-se como ‘bolcheviques – leninistas’, ‘marxistas revolucionários’ ou ‘comunistas internacionalistas’, pleonasmo tornado necessário para se distinguirem do comunismo confiscado pela reação burocrática. Ainda, este artigo objetiva evidenciar questões concernentes a temática do trotskismo no Brasil da década de 1930, especificamente, os itinerários e fontes de suas pesquisas recentes. É necessário evidenciar que existem duas questões recorrentes e complementares nas pesquisas do trotskismo no Brasil da década de 1930, ou seja: a) a opção de delimitar a trajetória das organizações trotskistas, principalmente, em sua ligação com o PCB e conectada às divergências com as posturas políticas na Internacional Comunista (IC); b) estas divergências com o PCB continham fortes elementos de disputa quanto ao entendimento do momento político que vivenciava o Brasil. Desta forma, o caminho percorrido neste artigo se verifica diante do itinerário exposto acima, o da temática da dissidência comunista que se organizou referenciada teórico-politicamente em Leon Trotsky. AS FONTES DE PESQUISA DA DISSIDÊNCIA DO PCB Pesquisador contemporâneo do trotskismo brasileiro, Dainis Karepovs, tem subsidiado com seus estudos questões de fundamental interesse para a pesquisa desta temática, especialmente, nos períodos entre 1930 – 1960 e 1966 – 2000. Em 2005, em artigo publicado pelos CADERNOS Arquivo Edgard Leuenroth 3 , o autor apresentou a situação das pesquisas do trotskismo no Brasil cujo ponto de partida foram os estudos da década de 1970 4 . 3 AEL da Universidade Estadual de Campinas / UNICAMP. 4 ALEXANDER, R. J. Trotskyism in Latin America. Stanford: Hoover Institution Press, 1973; DULLES, J. W. F. Anarquistas e comunistas no Brasil (1900 – 1935). Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1977; CARO- 1252
No que diz respeito às fontes utilizadas, Karepovs (2005, p. 272 – 273) indica que Alexander ocupou em parte de seu texto depoimentos de antigos militantes trotskistas, que Dulles teve acesso – em fins dos anos 1960 – a documentação do anarquista Edgard Leuenroth e, Carone, que por sua vez, teve como base de pesquisa a documentação do antigo militante trotskista Lívio Barreto Xavier. Em seguida, o autor situa as pesquisas na primeira metade da década de 1980, nas quais, Dulles e Carone 5 tiveram acesso ao acervo do antigo militante Hermínio Sacchetta posteriormente doado ao AEL. Sobre estas obras deve-se destacar o trabalho de Alexander em o dois momentos. Primeiramente, pelo seu imenso valor documental, ou seja, a grande quantidade de materiais e testemunhos orais, em que pese negativamente a falta de elaboração histórica e, consequentemente, a confecção de um trabalho altamente descritivo. De qualquer forma, este é o primeiro trabalho a se ater especificamente na temática do trotskismo na América Latina e no Brasil. Ainda na década de 1980, publicaram-se obras de cunho geral que abordavam de maneira geral as primeiras dissidências dos partidos comunistas. Sobre esta questão, temos na América Latina o livro de Coggiola 6 no qual se apresenta uma breve panorâmica da história do trotskismo brasileiro na década de 1930. As fontes consultadas pelo autor foram essencialmente as do AEL. Outros exemplos são os livros de Campos e Silva. Campos 7 busca esclarecer o que seria a temática do trotskismo e traria um breve capítulo sobre os passos iniciais das dissidências comunistas que formariam a Oposição de Esquerda no Brasil a partir da consulta de poucos números do jornal A Luta de Classe. De outro modo, Silva 8 busca apresentar comunistas e trotskistas com suas divergências nos principais acontecimentos políticos na década de 1930. Não obstante, deve-se ressaltar a escassez das fontes dos trotskistas consultadas e a magnitude do empreendimento que busca tratar das tendências políticas de esquerda até fins da década de 1970, período de surgimento do Partido dos Trabalhadores. Deve-se ressaltar que as obras citadas acima indicam os primeiros movimentos cuja abordagem do trotskismo é fundamental, pois, segundo Karepovs (2005, p. 272): Até então o movimento dos trotskistas brasileiros havia sido objeto de referências pontuais e feitas sob ótica estigmatizante em obras dedicadas à NE, E. A República Nova (1930 – 1937). São Paulo: DIFEL, 1974. 5 CARONE, E. A República Liberal. São Paulo: DIFEL, 1985; DULLES, J. W. F. O Comunismo no Brasil: repressão em meio ao cataclismo mundial. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1985. 6 COGGIOLA, O. O trotskismo na América Latina. São Paulo: Brasiliense, 1984, p. 30 – 37. 7 CAMPOS, José Roberto. O que é Trotskismo. São Paulo: Nova Cultural / Brasiliense, 1986. 8 SILVA, Antônio Ozaí da. História das tendências no Brasil: origens, cisões e propostas. 2. ed. São Paulo, [S.l.: s.n.], [19—]. 1253
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