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O Serviço de Cirurgia Plástica – que integra a Unidade de Queimados

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O <strong>Serviço</strong> <strong>de</strong> <strong>Cirurgia</strong><br />

<strong>Plástica</strong> <strong>–</strong> <strong>que</strong> <strong>integra</strong><br />

a Unida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

<strong>Queimados</strong> <strong>–</strong> do<br />

Centro Hospitalar<br />

Lisboa Norte,<br />

observado pelo seu<br />

Director, Prof.<br />

Doutor Manuel<br />

Caneira<br />

Carlos Gamito<br />

carlos.gamito@hsm.min-sau<strong>de</strong>.pt


O Prof. Doutor Manuel Caneira, Director do <strong>Serviço</strong> <strong>de</strong> <strong>Cirurgia</strong> <strong>Plástica</strong> do Hospital <strong>de</strong> Santa Maria <strong>–</strong> Centro<br />

Hospitalar Lisboa Norte, observou, com <strong>de</strong>talhe, o <strong>Serviço</strong> <strong>que</strong> dirige, no qual está <strong>integra</strong>da a Unida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

<strong>Queimados</strong><br />

O <strong>Serviço</strong> <strong>de</strong> <strong>Cirurgia</strong> <strong>Plástica</strong>, <strong>–</strong> <strong>que</strong> <strong>integra</strong> a Unida<strong>de</strong> <strong>de</strong> <strong>Queimados</strong> <strong>–</strong> do Hospital <strong>de</strong><br />

Santa Maria <strong>–</strong> Centro Hospitalar Lisboa Norte, criado pelo Prof. Doutor Baptista<br />

Fernan<strong>de</strong>s no ano <strong>de</strong> 1967, sensivelmente dois anos após a autonomização da<br />

especialida<strong>de</strong> cirúrgica, está, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> 2007, sob a Direcção do Prof. Doutor Manuel<br />

Caneira, Médico Especialista em <strong>Cirurgia</strong> <strong>Plástica</strong> Reconstrutiva e Estética e ainda em<br />

Farmacologia Clínica.<br />

A longa e documentativa reportagem <strong>que</strong> aqui trazemos ilustra, com rigor, as multi<br />

competências disponibilizadas pelo <strong>Serviço</strong> <strong>de</strong> <strong>Cirurgia</strong> <strong>Plástica</strong> <strong>de</strong> um dos maiores<br />

Centros Hospitalares do País.<br />

A vastidão <strong>de</strong> activida<strong>de</strong>s <strong>integra</strong>das na <strong>Cirurgia</strong> <strong>Plástica</strong><br />

Num primeiro momento convidámos o Professor Manuel Caneira a falar-nos sobre a<br />

abrangência <strong>que</strong> encerra a <strong>Cirurgia</strong> <strong>Plástica</strong>. Atentemos: «A <strong>Cirurgia</strong> <strong>Plástica</strong> é, só por si,<br />

uma especialida<strong>de</strong> muito vasta, sendo <strong>que</strong> também engloba a <strong>Cirurgia</strong> Reconstrutiva <strong>que</strong>,<br />

2


por seu lado, envolve todas as partes do corpo, nomeadamente os traumatismos da<br />

face; cirurgia da mão; cirurgia reconstrutiva dos membros inferiores e dos membros<br />

superiores; do tronco, e afinal <strong>de</strong> todas as outras superfícies corporais. Depois actuamos<br />

na vertente da <strong>Cirurgia</strong> Estética, esta com maior incidência em <strong>de</strong>terminadas zonas do<br />

corpo, e tem aplicação em áreas <strong>de</strong> reconstrução on<strong>de</strong> está incluída a reconstrução<br />

mamária, por exemplo. Saliento também o mundo infindo das <strong>que</strong>imaduras <strong>que</strong> <strong>integra</strong> o<br />

tratamento <strong>de</strong> <strong>que</strong>imados; cuidados intensivos, e também a nossa competência na área<br />

da reconstrução <strong>que</strong> <strong>de</strong>senvolvemos nas outras áreas e <strong>que</strong> transportamos para a<br />

Unida<strong>de</strong> <strong>de</strong> <strong>Queimados</strong>. A acrescer a todas estas activida<strong>de</strong>s refiro-lhe ainda as cirurgias<br />

transexuais, cujo conjunto <strong>de</strong>monstra a quão vasta é a <strong>Cirurgia</strong> <strong>Plástica</strong>».<br />

Um breve olhar à Unida<strong>de</strong> <strong>de</strong> <strong>Queimados</strong><br />

Sobre a Unida<strong>de</strong> <strong>de</strong> <strong>Queimados</strong>, o Professor começou por nos dizer <strong>que</strong> esta Unida<strong>de</strong><br />

funciona como um <strong>Serviço</strong>, e explicou porquê: «A Unida<strong>de</strong> <strong>de</strong> <strong>Queimados</strong> conta com uma<br />

enfermaria <strong>de</strong> cuidados intensivos com cinco quartos e mais um <strong>de</strong> reserva <strong>que</strong> é aberto<br />

sempre <strong>que</strong> necessário; dispõe <strong>de</strong> um bloco operatório; tem uma sala muito específica<br />

on<strong>de</strong> o doente <strong>que</strong>imado é sujeito a um banho para lhe serem retiradas as peles e outras<br />

impurezas resultantes do aci<strong>de</strong>nte, e <strong>de</strong>pois, em estreita colaboração com o <strong>Serviço</strong> <strong>de</strong><br />

Anestesiologia, temos colegas anestesistas ao longo das vinte e quatro horas fisicamente<br />

presentes na Unida<strong>de</strong> <strong>de</strong> <strong>Queimados</strong>».<br />

Os critérios <strong>de</strong> priorida<strong>de</strong> remetem as reconstruções mamárias<br />

para uma <strong>de</strong>morada lista <strong>de</strong> espera<br />

O <strong>Serviço</strong> <strong>de</strong> <strong>Cirurgia</strong> <strong>Plástica</strong> <strong>–</strong> fruto dos doentes assistidos no <strong>Serviço</strong> <strong>de</strong> Urgência <strong>–</strong><br />

recebe diariamente um elevado número <strong>de</strong> pessoas aci<strong>de</strong>ntadas e, pela informação<br />

<strong>de</strong>ixada pelo seu Director, as incidências verificam-se fundamentalmente ao nível da<br />

traumatologia da mão e da face, e adiantou: «Para além das pessoas traumatizadas por<br />

aci<strong>de</strong>ntes <strong>de</strong> todo o tipo, intervencionamos também um gran<strong>de</strong> grupo <strong>de</strong> patologias <strong>que</strong><br />

se pren<strong>de</strong>m com dismorfias corporais, como por exemplo doentes <strong>que</strong> emagreceram<br />

bastante num contexto <strong>de</strong> obesida<strong>de</strong> mórbida, sendo necessário corrigir algumas zonas<br />

do corpo, assim como senhoras com uma acentuada gigantomastia (mamas muito<br />

gran<strong>de</strong>s) <strong>que</strong> se repercute em problemas <strong>de</strong> coluna vertebral, e são estas, entre muitas<br />

outras, situações <strong>que</strong> procuramos restringir na perspectiva do bem-estar das pessoas».<br />

3


Ainda no âmbito da <strong>Cirurgia</strong> <strong>Plástica</strong> está a reconstrução mamária regra geral resultante<br />

das mastectomias provocadas pelo assustador crescimento do cancro da mama, todavia<br />

e <strong>de</strong>ntro da capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> resposta do <strong>Serviço</strong> para a realização <strong>de</strong>stas intervenções<br />

cirúrgicas, o panorama apresenta-se preocupante uma vez <strong>que</strong> a lista <strong>de</strong> espera se situa<br />

actualmente muito próximo dos dois anos, mas o Professor Manuel Caneira <strong>de</strong>ixou bem<br />

saliente <strong>que</strong> este tempo <strong>de</strong> espera se fica a <strong>de</strong>ver aos critérios <strong>de</strong> priorida<strong>de</strong> perante o<br />

lamentável aumento <strong>de</strong> outras patologias com graus <strong>de</strong> gravida<strong>de</strong> muito mais elevados.<br />

A <strong>Cirurgia</strong> <strong>Plástica</strong> em Portugal está nivelada com o resto do<br />

mundo<br />

Segundo o Director do <strong>Serviço</strong> <strong>de</strong> <strong>Cirurgia</strong> <strong>Plástica</strong>, a Unida<strong>de</strong> <strong>de</strong> <strong>Queimados</strong> está equipada <strong>de</strong> modo a<br />

respon<strong>de</strong>r com total eficácia às mais complexas situações, e neste âmbito salientou a estreita e<br />

importantíssima colaboração do <strong>Serviço</strong> <strong>de</strong> Anestesiologia<br />

O <strong>de</strong>senvolvimento da conversa suscitou-nos uma <strong>que</strong>stão <strong>que</strong> aqui transcrevemos em<br />

discurso directo e colocada ao Director do <strong>Serviço</strong> <strong>de</strong> <strong>Cirurgia</strong> <strong>Plástica</strong> do Centro<br />

Hospitalar Lisboa Norte: Senhor Professor, a <strong>Cirurgia</strong> <strong>Plástica</strong> em Portugal está ao nível<br />

da qualida<strong>de</strong> dos restantes países da Europa? Este alto responsável foi peremptório:<br />

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«Posso afirmar-lhe <strong>que</strong> actualmente a nossa qualida<strong>de</strong> está perfeitamente nivelada não<br />

só com a Europa mas com todos os países do mundo. E isto por<strong>que</strong> a informação,<br />

através da Internet, está à distância <strong>de</strong> um “cli<strong>que</strong>”». E retorquiu: «Não, não é só a nível<br />

<strong>de</strong> conhecimentos teóricos, também sob o ponto <strong>de</strong> vista prático estamos ao mesmo<br />

nível, e digo-lhe porquê: por<strong>que</strong> a divulgação <strong>de</strong> conhecimentos já não é só escrita. Hoje<br />

temos acesso a ví<strong>de</strong>os <strong>de</strong>scritivos <strong>de</strong> alta <strong>de</strong>finição e com extrema qualida<strong>de</strong>, e para<br />

além <strong>de</strong>sse vasto material <strong>de</strong> suporte formativo, todos os nossos internos fazem estágios<br />

no estrangeiro». E acrescentou: «Estou em posição <strong>de</strong> lhe garantir <strong>que</strong> qual<strong>que</strong>r técnica<br />

praticada no mundo também se pratica no nosso <strong>Serviço</strong>».<br />

Os transplantes <strong>de</strong> face e <strong>de</strong> mão envoltos em controvérsia<br />

Ainda na linha das capacida<strong>de</strong>s anunciadas pelo Professor Manuel Caneira, instámo-lo<br />

sobre o recente transplante <strong>de</strong> face realizado nos Estados Unidos da América. Será <strong>que</strong><br />

essa cirurgia encontra resposta em Portugal? «O transplante <strong>de</strong> face é, sem dúvida, uma<br />

cirurgia tecnicamente difícil, todavia julgo <strong>que</strong> temos cirurgiões habilitados a realizá-la».<br />

E sublinhou: «Uma cirurgia <strong>de</strong>sse tipo tem uma envolvência muito especial. E porquê?<br />

Por<strong>que</strong> estamos a falar <strong>de</strong> um transplante <strong>de</strong> cadáver para o vivo, e nesse sentido não é<br />

só a cirurgia <strong>que</strong> está em causa. O <strong>que</strong> fica imediatamente em causa são os<br />

medicamentos citotóxicos a <strong>que</strong> o transplantado fica obrigado para toda a sua vida, e<br />

sobre essa matéria existem muitas reticências. Há duas gran<strong>de</strong>s áreas on<strong>de</strong> se acentua<br />

essa controvérsia: no transplante <strong>de</strong> mão e no transplante <strong>de</strong> face. Devo dizer-lhe <strong>que</strong> os<br />

doentes <strong>que</strong> foram sujeitos a essas cirurgias <strong>–</strong> e são muito poucos a nível mundial <strong>–</strong>, a<br />

maioria instaurou processos judiciais contra os Centros on<strong>de</strong> se realizaram os<br />

transplantes exactamente por terem ficado obrigados a uma quimioterapia bastante<br />

agressiva, e isto por ser o único tratamento capaz <strong>de</strong> evitar a rejeição».<br />

A este propósito avançou-nos ainda o Professor Manuel Caneira <strong>que</strong> o transplante <strong>de</strong> face<br />

representa um significativo avanço no campo da microcirurgia, mas lamenta não existir<br />

ainda uma quimioterapia suficientemente inócua e efectiva <strong>de</strong> modo a oferecer o<br />

<strong>de</strong>sejável conforto aos doentes.<br />

5


Cuidados a observar em caso <strong>de</strong> <strong>que</strong>imaduras ou amputação <strong>de</strong><br />

membros<br />

O Professor Manuel Caneira <strong>de</strong>ixou algumas recomendações <strong>de</strong> extrema importância <strong>que</strong> <strong>de</strong>vem ser cumpridas<br />

nos aci<strong>de</strong>ntes <strong>que</strong> envolvam <strong>que</strong>imaduras ou amputação <strong>de</strong> membros<br />

Como os aci<strong>de</strong>ntes espreitam a todo o momento, o Director do <strong>Serviço</strong> <strong>de</strong> <strong>Cirurgia</strong><br />

<strong>Plástica</strong> <strong>de</strong>ixou algumas instruções sobre os procedimentos <strong>que</strong> todos <strong>de</strong>vemos observar:<br />

«Em caso <strong>de</strong> <strong>que</strong>imaduras graves, o primeiro passo é arrefecer imediatamente a zona<br />

<strong>que</strong>imada, e isto porquê? Por<strong>que</strong> se a pele da área <strong>que</strong>imada não for <strong>de</strong> imediato<br />

arrefecida, a <strong>que</strong>imadura continua a progredir e uma parte da zona envolvida po<strong>de</strong> ser<br />

regenerável se a pele arrefecer, caso contrário acaba por necrosar (morrer). Portanto,<br />

em casos <strong>de</strong> <strong>que</strong>imadura, toda a superfície <strong>que</strong>imada <strong>de</strong>ve ser imediatamente arrefecida<br />

com água corrente, e se necessário for levar a pessoa aci<strong>de</strong>ntada para <strong>de</strong>baixo do<br />

chuveiro mesmo com a roupa vestida. Depois, <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ndo da extensão da <strong>que</strong>imadura,<br />

envolver a pessoa num tecido limpo e chamar o INEM <strong>que</strong>, por sua vez, proce<strong>de</strong>rá <strong>de</strong><br />

imediato à administração <strong>de</strong> soros com fórmulas próprias <strong>de</strong> modo a evitar uma eventual<br />

insuficiência renal».<br />

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Nos casos <strong>de</strong> amputação <strong>de</strong> membros, o Professor recomenda: «Em situações <strong>de</strong><br />

membros amputados existem duas or<strong>de</strong>ns <strong>de</strong> preocupação: a primeira passa por<br />

controlar a hemorragia, e para tanto <strong>de</strong>ve ser utilizado um tecido limpo e comprimir<br />

durante vários minutos até parar a hemorragia, mas se a compressão não resultar, po<strong>de</strong><br />

ser aplicado um garrote proximal, mas nunca durante um período superior a duas horas.<br />

A segunda preocupação tem a ver com o membro amputado. Regra geral a tendência é<br />

colocá-lo em gelo, o <strong>que</strong> está errado. O procedimento correcto é acondicionar o membro<br />

<strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> um saco <strong>de</strong> plástico seco e limpo, <strong>de</strong>pois <strong>de</strong>ve ser embrulhado numa toalha,<br />

voltar a metê-lo noutro saco <strong>de</strong> plástico e então sim, acondicioná-lo num recipiente com<br />

gelo. Ou seja, o membro nunca po<strong>de</strong> ficar em contacto directo com o gelo, senão<br />

acabará <strong>que</strong>imado por efeito do próprio gelo». Quanto ao tempo <strong>de</strong> resistência dos<br />

membros amputados e <strong>que</strong> se preten<strong>de</strong>m reimplantados, o Professor explicou: «O tempo<br />

<strong>de</strong> resistência é muito variável. Um <strong>de</strong>do, por exemplo, resiste muito mais tempo do <strong>que</strong><br />

um braço, e porquê? Por<strong>que</strong> os músculos entram em <strong>de</strong>gradação mais rapidamente, e os<br />

<strong>de</strong>dos, ao contrário do braço, não têm massa muscular, pelo <strong>que</strong> o tempo limite para o<br />

reimplante <strong>de</strong> um braço situa-se nas seis horas, já os <strong>de</strong>dos po<strong>de</strong>m ir até às doze<br />

horas».<br />

Investigação e ensino da Medicina<br />

E terminámos esta documentativa conversa com o Professor Doutor Manuel Caneira com<br />

um olhar lançado aos projectos <strong>de</strong> investigação em curso no <strong>Serviço</strong> <strong>que</strong> dirige.<br />

«Lamentavelmente e fruto da forte carga assistencial a <strong>que</strong> o nosso <strong>Serviço</strong> está sujeito,<br />

não nos resta muito tempo para a vertente investigacional, no entanto, na área das<br />

<strong>que</strong>imaduras e em estreita colaboração com a Faculda<strong>de</strong> <strong>de</strong> Farmácia temos<br />

<strong>de</strong>senvolvido e publicado alguns trabalhos. Por outro lado, o Professor Guimarães<br />

Ferreira, actualmente a trabalhar no nosso <strong>Serviço</strong> e a li<strong>de</strong>rar a área crânio-maxilo-facial,<br />

está também a <strong>de</strong>senvolver projectos <strong>de</strong> investigação não só na componente básica<br />

como na componente clínica».<br />

O <strong>Serviço</strong> <strong>de</strong> <strong>Cirurgia</strong> <strong>Plástica</strong> do Centro Hospitalar Lisboa Norte, se<strong>de</strong>ado no Hospital<br />

Universitário <strong>de</strong> Santa Maria, para além do ensinamento a alunos estrangeiros ao abrigo<br />

do Programa Erasmus, participa na leccionação do Curso <strong>de</strong> Medicina ministrado pela<br />

Faculda<strong>de</strong> <strong>de</strong> Medicina da Universida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Lisboa.<br />

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A presença da Anestesiologia na Unida<strong>de</strong> <strong>de</strong> <strong>Queimados</strong><br />

A Dra. Luzalba Krebs (à direita), responsável pela área <strong>de</strong> anestesiologia da Unida<strong>de</strong> <strong>de</strong> <strong>Queimados</strong>,<br />

acompanhada pela Dra. Fátima Xambre, também médica anestesista, afirmaram-nos <strong>que</strong> não são poucas as<br />

vezes em <strong>que</strong> a emoção sai vencedora aquando do confronto com alguns quadros vividos nesta Unida<strong>de</strong><br />

A Unida<strong>de</strong> <strong>de</strong> <strong>Queimados</strong> do Hospital <strong>de</strong> Santa Maria <strong>–</strong> Centro Hospitalar Lisboa Norte,<br />

pelo tipo <strong>de</strong> patologia <strong>que</strong> assiste, encontra na Anestesia um suporte médico<br />

imprescindível ao seu <strong>de</strong>sempenho, contando por isso com onze anestesistas afectos à<br />

Unida<strong>de</strong>.<br />

A Dra. Luzalba Krebs, responsável pela componente <strong>de</strong> Anestesia na Unida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

<strong>Queimados</strong>, acompanhada pela Dra. Fátima Xambre, também médica anestesista,<br />

colaboraram na feitura <strong>de</strong>sta peça com as explicações <strong>que</strong> nos facultaram.<br />

«A Anestesia, na Unida<strong>de</strong> <strong>de</strong> <strong>Queimados</strong>, compreen<strong>de</strong> três vertentes, respectivamente a<br />

vertente anestésica, a vertente da dor e a vertente intensivista», disse-nos a Dra. Fátima<br />

Xambre.<br />

A Dra. Luzalba Krebs, adiantou-nos <strong>que</strong> <strong>de</strong> acordo com os critérios actualmente<br />

estabelecidos, um indivíduo com uma <strong>que</strong>imadura <strong>que</strong> atinja 20% da área corporal, ou<br />

<strong>que</strong> envolva só a face ou só a região genital, já é consi<strong>de</strong>rado um gran<strong>de</strong> <strong>que</strong>imado,<br />

sendo <strong>que</strong> estes doentes, pela susceptibilida<strong>de</strong> do seu estado <strong>–</strong> ausência <strong>de</strong> pele<br />

provocada pela <strong>que</strong>imadura <strong>–</strong> obrigam a cuidados muitos especiais <strong>que</strong> envolvem uma<br />

8


equipa multidisciplinar <strong>integra</strong>da por psiquiatras; pneumologistas; fisiatras;<br />

cardiologistas, e outras especialida<strong>de</strong>s, isto por<strong>que</strong> o doente <strong>que</strong>imado po<strong>de</strong> ter<br />

associada uma ou várias patologias dos mais diversos foros.<br />

A nossa conversa com estas duas médicas, apesar <strong>de</strong> breve, foi suficiente para<br />

enten<strong>de</strong>rmos <strong>que</strong> também elas são, antes <strong>de</strong> médicas com uma larga experiência <strong>de</strong><br />

trabalho hospitalar, seres humanos, condição <strong>que</strong> as sujeita a situações <strong>de</strong> profundo<br />

constrangimento emocional provocadas pelos muitos casos <strong>de</strong>sesperantes vividos na<br />

Unida<strong>de</strong> <strong>de</strong> <strong>Queimados</strong>.<br />

Enfermeira Chefe do <strong>Serviço</strong> <strong>de</strong> <strong>Cirurgia</strong> <strong>Plástica</strong><br />

A Senhora Enfermeira Fernanda Nóbrega, chefia, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> 2001, o corpo <strong>de</strong> enfermagem do <strong>Serviço</strong> <strong>de</strong> <strong>Cirurgia</strong><br />

<strong>Plástica</strong><br />

A complementar a vasta informação sobre o <strong>Serviço</strong> <strong>de</strong> <strong>Cirurgia</strong> <strong>Plástica</strong> do Hospital <strong>de</strong><br />

Santa Maria <strong>–</strong> Centro Hospitalar Lisboa Norte, o qual <strong>integra</strong> a Unida<strong>de</strong> <strong>de</strong> <strong>Queimados</strong>,<br />

ouvimos, ainda <strong>que</strong> <strong>de</strong> forma breve, as Enfermeiras Chefe dos respectivos <strong>Serviço</strong>s.<br />

A Senhora Enfermeira Fernanda Nóbrega, há vinte e oito anos no exercício da profissão,<br />

<strong>de</strong>s<strong>de</strong> 2001 <strong>que</strong> tem a cargo a chefia da enfermagem do <strong>Serviço</strong> <strong>de</strong> <strong>Cirurgia</strong> <strong>Plástica</strong> do<br />

Hospital <strong>de</strong> Santa Maria <strong>–</strong> Centro Hospitalar Lisboa Norte.<br />

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Dada a palavra a esta profissional da saú<strong>de</strong>, as suas afirmações foram elucidativas: «O<br />

internamento dos doentes para este <strong>Serviço</strong> é processado através da Consulta Externa,<br />

do <strong>Serviço</strong> <strong>de</strong> Urgência e pelos vários <strong>Serviço</strong>s <strong>de</strong> Internamento Médico-Cirúrgicos intra e<br />

extra hospitalar. O <strong>Serviço</strong> acolhe uma população versátil, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> a criança ao idoso, <strong>que</strong><br />

necessitam <strong>de</strong> um atendimento personalizado e a<strong>de</strong>quado à sua faixa etária. Caracterizase<br />

ainda por ser uma Unida<strong>de</strong> <strong>de</strong> internamento cujas áreas <strong>de</strong> intervenção traumática e<br />

oncológica re<strong>que</strong>rem cuidados <strong>de</strong> enfermagem exclusivos à especialida<strong>de</strong>». E sublinhou:<br />

«Trata-se <strong>de</strong> uma especialida<strong>de</strong> cirúrgica em <strong>que</strong>, na maioria das vezes, o doente<br />

apresenta alterações da auto-imagem e incapacida<strong>de</strong> física <strong>que</strong> vão interferir no<br />

equilíbrio pessoal, familiar, social e profissional. Estes doentes e as suas famílias<br />

necessitam <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> disponibilida<strong>de</strong> da equipa <strong>de</strong> enfermagem para os acompanhar e<br />

orientar no <strong>que</strong> respeita a dúvidas, receios e medos face à especificida<strong>de</strong> <strong>de</strong> cada uma<br />

das situações. Simultaneamente, os enfermeiros esclarecem/encaminham o doente e<br />

família na continuida<strong>de</strong> <strong>de</strong> cuidados para o domicílio ou para outras instituições <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>,<br />

a fim <strong>de</strong> promover a reabilitação e <strong>integra</strong>ção no meio profissional e familiar».<br />

Enfermeira Chefe da Unida<strong>de</strong> <strong>de</strong> <strong>Queimados</strong><br />

No dizer da Senhora Enfermeira Chefe Ana Paula Prata, a Unida<strong>de</strong> <strong>de</strong> <strong>Queimados</strong> mostrou-lhe uma realida<strong>de</strong><br />

<strong>que</strong> <strong>de</strong>sconhecia por completo<br />

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Ana Paula Prata é a Enfermeira Chefe da Unida<strong>de</strong> <strong>de</strong> <strong>Queimados</strong>.<br />

Dos vinte e oito anos abraçados à enfermagem, vinte e sete já estão <strong>de</strong>dicados ao<br />

Hospital <strong>de</strong> Santa Maria <strong>–</strong> Centro Hospitalar Lisboa Norte.<br />

A solicitação para o cargo <strong>de</strong> chefia para esta Unida<strong>de</strong> só aconteceu há seis meses.<br />

Acerca das razões <strong>que</strong> se pren<strong>de</strong>ram com a pretensão <strong>de</strong> <strong>integra</strong>r e chefiar o corpo <strong>de</strong><br />

enfermagem da Unida<strong>de</strong> <strong>de</strong> <strong>Queimados</strong>, disse-nos esta Enfermeira: «Para além do<br />

<strong>de</strong>safio, quis conhecer uma realida<strong>de</strong> <strong>que</strong> me era <strong>de</strong> todo <strong>de</strong>sconhecida». E agora <strong>que</strong> já<br />

conhece, voltaria a fazer o mesmo percurso profissional? «Sim, o percurso seria<br />

exactamente igual, pese embora seja confrontada com muitos dias francamente difíceis.<br />

Difíceis pela forte carga emocional <strong>que</strong> os envolvem, todavia somos compensadas por<br />

momentos <strong>de</strong> felicida<strong>de</strong> partilhada com os doentes no dia em <strong>que</strong>, após passarem por<br />

situações <strong>de</strong>veras complicadas e <strong>que</strong> obe<strong>de</strong>cem a períodos <strong>de</strong> internamento muito<br />

prolongados, se voltam a sentir bem e regressam às suas vidas». E adiantou: «Como lhe<br />

disse, estou nesta Unida<strong>de</strong> só há seis meses, mas para <strong>que</strong> melhor percepcione a relação<br />

<strong>que</strong> se cria com os doentes, <strong>de</strong>vo dizer-lhe <strong>que</strong> todos os meus colegas <strong>que</strong> aqui<br />

trabalham há mais tempo, sabem o nome das pessoas <strong>que</strong> estiveram internadas nesta<br />

Unida<strong>de</strong>».<br />

A terminar, a Senhora Enfermeira Ana Paula Prata confi<strong>de</strong>nciou-nos <strong>que</strong> ao longo dos<br />

seus vinte e oito anos <strong>de</strong> entrega à nobre causa sustentada pelo exercício da<br />

enfermagem, sempre conseguiu segurar a emoção perante os quadros mais adversos, no<br />

entanto, nestes últimos seis meses, já foram duas as vezes em <strong>que</strong> as lágrimas se<br />

<strong>de</strong>samarraram aqui, na Unida<strong>de</strong> <strong>de</strong> <strong>Queimados</strong>.<br />

O aci<strong>de</strong>nte não lhe roubou o sorriso, e a vida não é culpada<br />

Rui Manuel Quintanilha Cantanhe<strong>de</strong>.<br />

Assim se chama o Homem do Sorriso.<br />

No sombrio dia 7 <strong>de</strong> Abril <strong>de</strong> 2011, este operador <strong>de</strong> máquinas industriais sofreu um<br />

grave aci<strong>de</strong>nte <strong>de</strong> trabalho.<br />

Uma das máquinas manobradas por este operário atraiçoou-o e, em breves segundos,<br />

escalpelizou-o literalmente (arrancou-lhe toda a pele do crânio e o cabelo).<br />

Do aci<strong>de</strong>nte só se recorda <strong>de</strong> ter <strong>de</strong>ixado <strong>de</strong> sentir a cabeça e da cor do sangue <strong>que</strong><br />

jorrava abundantemente da cabeça <strong>que</strong> não sentia.<br />

Dor, nunca sentiu.<br />

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O Senhor Rui Manuel Cantanhe<strong>de</strong>, literalmente escalpelizado por uma máquina industrial <strong>que</strong> manobrava,<br />

apesar do grave aci<strong>de</strong>nte <strong>que</strong> o “atirou” para uma cama do <strong>Serviço</strong> <strong>de</strong> <strong>Cirurgia</strong> <strong>Plástica</strong>, sempre com um<br />

rasgado sorriso fez <strong>que</strong>stão <strong>de</strong> sublinhar <strong>que</strong> as máquinas <strong>que</strong> opera estão à sua espera. “A vida continua”,<br />

disse-nos a sorrir<br />

Tudo eram ausências na vida <strong>de</strong>ste homem <strong>que</strong> hoje rasga um gran<strong>de</strong> sorriso para a<br />

Vida.<br />

Para a vida <strong>que</strong> a<strong>que</strong>la máquina lhe poupou.<br />

Para a vida <strong>que</strong> o Senhor Rui Manuel não culpa pelo aci<strong>de</strong>nte.<br />

«Aconteceu», disse-nos a sorrir.<br />

Com o olhar colado nos profissionais <strong>que</strong> nos acompanharam nesta reportagem, o<br />

Senhor Rui, sempre com um “<strong>de</strong>scarado” sorriso a adornar-lhe a postura, fez <strong>que</strong>stão <strong>de</strong><br />

nos dizer: «Por favor, escreva no seu artigo <strong>que</strong> tenho sido optimamente tratado por<br />

todas a<strong>que</strong>las Senhoras e Senhores (apontou para os médicos e enfermeiras). Não tenho<br />

palavras <strong>que</strong> consigam traduzir o meu gran<strong>de</strong> bem-haja a Todos».<br />

E o Senhor Rui, num gesto <strong>de</strong> reconhecimento, acompanhou-nos à porta da Enfermaria.<br />

Já no corredor, cruzámos um sentido A<strong>de</strong>us…<br />

12


A Mulher tornada uma infinda torre <strong>de</strong> Esperança<br />

A Senhora D. Anabela Ferreira Abreu, internada na Unida<strong>de</strong> <strong>de</strong> <strong>Queimados</strong>, foi violentamente electrocutada, o<br />

<strong>que</strong> obrigou à amputação <strong>de</strong> ambos os braços. Do gravíssimo aci<strong>de</strong>nte, ainda são poucas as memórias, já a fé<br />

e a esperança não cabem no mundo. “Deus ajudou-me e vai continuar a ajudar. Agora só <strong>que</strong>ro as próteses<br />

para voltar a ter braços e po<strong>de</strong>r abraçar a Minha Querida Filha”. Eis palavras <strong>que</strong> nos emu<strong>de</strong>cem…<br />

«Deus vai-me ajudar!».<br />

Foi com estas palavras simples e pejadas <strong>de</strong> fé trazidas por uma voz suave e quase<br />

inaudível <strong>que</strong>, do alto <strong>de</strong> uma interminável torre <strong>de</strong> esperança, a Senhora D. Anabela<br />

Maria Ferreira Abreu, 41 anos <strong>de</strong> ida<strong>de</strong>, nos recebeu no seu quarto esterilizado da<br />

Unida<strong>de</strong> <strong>de</strong> <strong>Queimados</strong> do Hospital <strong>de</strong> Santa Maria <strong>–</strong> Centro Hospitalar Lisboa Norte.<br />

Os factos, esses relatam-se em duas frases, já as palavras <strong>de</strong>ixadas por esta mãe, para<br />

além <strong>de</strong> não caberem no mundo, <strong>de</strong>molem qual<strong>que</strong>r coração esculpido sobre pedra.<br />

Decorria o mês <strong>de</strong> Abril <strong>de</strong> 2011 quando, a D. Anabela Abreu, no cumprimento das suas<br />

tarefas <strong>de</strong> empregada <strong>de</strong> limpeza, foi vítima <strong>de</strong> uma fortíssima electrocussão ao limpar o<br />

interior da caixa on<strong>de</strong> correm os cabos <strong>de</strong> alta tensão da empresa on<strong>de</strong> trabalhava.<br />

O contacto provocou o inevitável: uma <strong>de</strong>scarga eléctrica <strong>de</strong> altíssima voltagem.<br />

Por<strong>que</strong> foi projectada, a Senhora sobreviveu.<br />

Sobrou-lhe um pedaço <strong>de</strong> vida, por<strong>que</strong> a vida por inteiro, essa já não lhe sobra.<br />

Agora sobra-lhe esperança e muita fé em Deus.<br />

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E não lhe sobra a vida inteira por<strong>que</strong> também o seu corpo não ficou inteiro.<br />

Ficou mutilado.<br />

Uma mutilação para a vida sobrante.<br />

Foram-lhe amputados ambos os braços e alguns <strong>de</strong>dos dos pés.<br />

Memória do aci<strong>de</strong>nte não tem.<br />

À data <strong>de</strong>sta “entrevista” (23 <strong>de</strong> Maio <strong>de</strong> 2011), já se recordava do seu nome completo,<br />

o nome da terra <strong>que</strong> a viu nascer ainda está perdido nos <strong>de</strong>stroços do aci<strong>de</strong>nte.<br />

No dizer da equipa médica <strong>que</strong> assiste esta doente, a seu tempo recordar-se-á <strong>de</strong> todos<br />

os nomes violentamente roubados pela tragédia.<br />

Pela fragilida<strong>de</strong> do estado <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> da D. Anabela Abreu, a conversa ia sendo<br />

interrompida por cavos e prolongados silêncios.<br />

E foi <strong>de</strong> um <strong>de</strong>sses ocos silêncios <strong>que</strong> voltou a soar a<strong>que</strong>la voz trémula e mal recortada.<br />

A voz da<strong>que</strong>la Mulher tornada Esperança: «Senhor, <strong>que</strong>ro, do fundo do meu coração,<br />

dizer a todos <strong>–</strong> médicos, enfermeiros e auxiliares <strong>–</strong> um gran<strong>de</strong>, um muito gran<strong>de</strong><br />

obrigado por me terem salvado a vida e por todo o cuidado e carinho com <strong>que</strong> aqui sou<br />

tratada».<br />

Fez-se <strong>de</strong> novo silêncio.<br />

Um silêncio <strong>que</strong> ecoava no silêncio da<strong>que</strong>le quarto mergulhado no mais profundo dos<br />

silêncios.<br />

Depois…<br />

Depois foi o fim da “entrevista”.<br />

«Senhor, agora só peço a Deus <strong>que</strong>, muito rapidamente, me colo<strong>que</strong>m as próteses.<br />

Sabe, é <strong>que</strong> com as próteses eu volto a ter braços para po<strong>de</strong>r abraçar a Minha Querida<br />

Filha!».<br />

E o silêncio foi <strong>de</strong> novo interrompido.<br />

E <strong>de</strong>sta feita foi interrompido pelo rolar inquieto e vagaroso das lágrimas reluzentes<br />

<strong>de</strong>sprendidas e bebidas por a<strong>que</strong>la Mulher tornada uma infinda torre <strong>de</strong> Esperança, <strong>de</strong><br />

seu nome Anabela Maria Ferreira Abreu.<br />

D. Anabela, o beijinho <strong>que</strong> não lhe pu<strong>de</strong> dar pelo risco <strong>de</strong> eventuais infecções, fica agora<br />

aqui.<br />

É um beijinho do tamanho <strong>de</strong> dois mundos, assim como do tamanho <strong>de</strong> dois mundos<br />

será o nosso breve Abraço…<br />

14


Indicadores do <strong>Serviço</strong> <strong>de</strong> <strong>Cirurgia</strong> <strong>Plástica</strong> e da Unida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

<strong>Queimados</strong> do Hospital <strong>de</strong> Santa Maria <strong>–</strong> Centro Hospitalar<br />

Lisboa Norte<br />

15


Reportagem fotográfica ao <strong>Serviço</strong> <strong>de</strong> <strong>Cirurgia</strong> <strong>Plástica</strong> do<br />

Hospital <strong>de</strong> Santa Maria <strong>–</strong> Centro Hospitalar Lisboa Norte<br />

17


Reportagem fotográfica à Unida<strong>de</strong> <strong>de</strong> <strong>Queimados</strong> do Hospital <strong>de</strong><br />

Santa Maria <strong>–</strong> Centro Hospitalar Lisboa Norte<br />

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