Cor Pena - Exército
Cor Pena - Exército
Cor Pena - Exército
Create successful ePaper yourself
Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.
CONTRIBUTO PARA A HISTÓRIA DAS TRANSMISSÕES<br />
MANUTENÇÃO DAS TRANSMISSÕES<br />
(Esboço para permitir decidir da conveniência, ou não, em se apresentar Capítulos<br />
independentes dedicados à Exploração e à Manutenção)<br />
PERÍODO ANTES DE 1930<br />
- Na Batalha de “La Lys” as Transmissões utilizaram postos de<br />
Telegrafia Sem Fios: 1 Estação Wilson e 4 Trench Set, mas no respeitante a<br />
Pessoal as relações observadas apenas mencionam Oficiais.<br />
Se for considerado conveniente organizar um Capítulo independente para o “Sistema<br />
de Manutenção das Transmissões”deve realizar-se investigação neste âmbito.<br />
PERÍODO 1930/1940<br />
Se for considerado conveniente organizar um Capítulo independente para o “Sistema<br />
de Manutenção das Transmissões”deve realizar-se investigação neste âmbito.<br />
PERÍODO 1941/1950<br />
Se for considerado conveniente organizar um Capítulo independente para o “Sistema<br />
de Manutenção das Transmissões”deve realizar-se investigação neste âmbito.<br />
A PARTIR DE 1951<br />
1. Sargentos Radiomontadores não oriundos do Instituto dos Pupilos<br />
do <strong>Exército</strong> (IPE) e Técnicos civis (funcionários do Estado).<br />
A maioria deste conjunto de sargentos tinha prestado serviço como<br />
praças de Engenharia (Especialidade de Radiotelegrafista e outras), mas<br />
outros serviram nas Armas de Infantaria, Artilharia e Cavalaria, como<br />
praças ou sargentos milicianos. Este conjunto, com base em cursos obtidos<br />
nas Oficinas Gerais de Material de Engenharia e outros (Rádio) obtidos por<br />
correspondência, prestou bom serviço antes da chegada do material<br />
proveniente dos Estados Unidos da América.<br />
Os civis (operários e mestres) destacaram-se nas OGME e no IPE<br />
(Mestre Radiomontador Barros, por exemplo).<br />
1/11
Por esta altura realizavam-se cursos do âmbito da Manutenção nas<br />
Escolas do <strong>Exército</strong> dos EUA, nomeadamente na Signal School (Escola de<br />
Transmissões do <strong>Exército</strong> Americano na Europa), curso de radiomontador<br />
(radio-repairman) com a duração de quinze semanas, entre outros<br />
frequentados na Alemanha Ocidental e nos próprios Estados Unidos da<br />
América.<br />
Em termos de testemunho pessoal saliento que encontrei na Índia<br />
Portuguesa (1954/57 – Engenharia), na Escola Militar de Electromecânica<br />
(EMElm) (cursos diversos em 1957, 1958 e 1959) e como colegas dos<br />
cursos para Primeiro-Sargento (1957), para Sargento-Ajudante (1959) e no<br />
curso para Oficial (1960) bons sargentos neste conjunto o mesmo podendo<br />
dizer de alguns dos Oficiais Técnicos não oriundos do IPE com quem<br />
trabalhei na EMElm (1964/65 – Alferes e Tenente) e em Angola (1966/68<br />
– Tenente)<br />
2. Problemática do ingresso no <strong>Exército</strong> (Arma da Engenharia,<br />
Especialidade de Transmissões, de segundos-sargentos radiomontadores<br />
qualificados no Instituto Militar dos Pupilos do <strong>Exército</strong>)<br />
“Tínhamos os melhores sargentos do mundo”<br />
(malta dos Pupilos – Major-General Pedroso de Lima, IESM, 15Nov06)<br />
Para enquadrar a análise inicial deste período é conveniente observar<br />
o Decreto-Lei nº 37136, publicado na OE, 1ªSérie, nº7 de 15 de Novembro<br />
de 1948, que altera o regime de estudos do Instituto Profissional dos<br />
Pupilos do <strong>Exército</strong>. Nesse sentido transcreve-se integralmente o início e<br />
partes de alguns artigos.<br />
“A recente reforma do ensino profissional e técnico, preenchendo<br />
uma das mais instantes necessidades do ensino em Portugal, permite<br />
refundir o regime de estudos do Instituto Profissional dos Pupilos do<br />
<strong>Exército</strong>, transformando-o em escola de recrutamento de artífices e<br />
técnicos indispensáveis à vida e eficiência da força armada, segundo a<br />
modalidade orgânica que lhe é imprimida pelo desenvolvimento da ciência<br />
e pelo progresso da técnica e da indústria.<br />
Num país em que, quase pode afirmar-se, a organização industrial<br />
em bases raciocinadas só agora desponta, e em que o recrutamento de<br />
técnicos indispensáveis à conservação e utilização do material diverso que<br />
equipa as forças militares se tornava absolutamente impossível, mal se<br />
compreendia que não fosse utilizada em toda a extensão uma escola<br />
profissional da índole do Instituto, deixando-a existir como simples<br />
estabelecimento assistencial, em que o Estado despende, através do<br />
orçamento do Ministério da Guerra, avultadas quantias. A reforma que<br />
2/11
constitui a essência do presente diploma, modifica porém, estruturalmente<br />
o estado de coisas existente, transformando o Instituto num<br />
estabelecimento de preparação profissional militar tão basilar para a vida<br />
do <strong>Exército</strong> como é o Colégio Militar em relação a recrutamento e<br />
formação educativa de futuros oficiais de carreira.”<br />
A seguir o DL articula-se em 21 artigos salientando-se:<br />
Art 1º. “A partir do ano lectivo de 1948-1949, o plano de estudos do<br />
Instituto Profissional dos Pupilos do <strong>Exército</strong> comporta:<br />
a) Um ciclo geral preparatório de dois anos, comum a todos os<br />
cursos ministrados no Instituto;<br />
b) Um segundo ciclo de estudos, abrangendo os quatro cursos de<br />
formação profissional seguintes:<br />
1)<br />
2)<br />
3) Cursos de montador-electricista e de radiomontador, com a<br />
duração de quatro anos, sendo os três primeiros anos dedicados à<br />
formação de montadores-electricistas e o último destinado à<br />
especialização de radiomontadores;<br />
Art 2º. Conjuntamente com os estudos literários e profissionais será<br />
ministrada aos alunos instrução militar, que abrangerá os programas dos<br />
cursos de sargentos milicianos de infantaria, a fim de que, terminados os<br />
cursos os alunos possam ingressar directamente no quadro dos serviços<br />
especiais do <strong>Exército</strong>, na categoria correspondente à sua especialização,<br />
como sargentos ou furriéis do quadro permanente.<br />
Art 5º. Os planos dos diferentes cursos, com a enumeração das<br />
matérias que os constituem e a sua distribuição por tempos e pelos<br />
diversos anos, constam dos quadros anexos I e II. Os diferentes cursos são,<br />
para todos os efeitos legais, equivalentes aos correspondentes das escolas<br />
e institutos dependentes do Ministério da Educação Nacional.<br />
Art 6º. Terminados os exames, no final de cada ano os alunos farão<br />
estágios nos estabelecimentos do Ministério da Guerra durante os meses<br />
de Julho e Agosto. O mês de Setembro será exclusivamente destinado a<br />
férias.<br />
No final do curso, e excepção feita para os alunos que se<br />
matricularem no curso médio de comércio, o estágio nas fábricas terá a<br />
duração de seis meses a uma ano.<br />
Art 7º. Os estágios a que se refere o artigo anterior serão<br />
realizados:<br />
a)<br />
b)<br />
c)Nas Oficinas gerais de material de Engenharia, para os alunos do<br />
curso de mecânica de automóveis, de montador-electricista e de<br />
radiomontadores;<br />
3/11
Art 8º. O corpo docente do Instituto é constituído por professores<br />
efectivos e professores provisórios. O número de professores efectivos e a<br />
sua distribuição por grupos constam do quadro seguinte:<br />
(…)<br />
7º grupo, Disciplinas e matérias agrupadas;<br />
Electricidade, Radioelectricidade, Fototecnia, Orçamentos e<br />
Contas de Obras Oficinais, Desenho Profissional e Tecnologia da<br />
profissões eléctricas e ópticas (3 professores).<br />
Art 9º. (…). Os professores dos 4º, 5º, 6º e 7º grupos são sempre<br />
escolhidos entre oficiais do exército ou da Armada da escolha do Ministro<br />
da Guerra.<br />
(…)<br />
Art 11º. Para o exercício do ensino e outras funções auxiliares o<br />
Instituto disporá ainda de:<br />
(…)<br />
1 mestre mecânico electricista;<br />
1 mestre mecânico-montador radioelectricista;<br />
(…)<br />
Art 12º. A instrução militar dos alunos é distribuída pelos diversos<br />
anos e cursos, por forma a abranger o programa estabelecido para a<br />
preparação de sargentos milicianos na arma de infantaria. O director da<br />
instrução é responsável perante o director pela preparação militar dos<br />
alunos e tem superintendência na educação física como elemento base de<br />
tal preparação. (…)<br />
Art 13º. A passagem dos alunos faz-se média no 1º ano do ciclo<br />
preparatório e no 1º ano dos diversos cursos de formação. Nos demais<br />
casos a passagem é feita por meio de exame, que constará de provas<br />
práticas, escritas e orais.<br />
(…)<br />
Art 18º. O número de alunos a matricular anualmente em cada curso<br />
ou ciclo é limitado e fixado pelo Ministério da Guerra, conforme as<br />
conveniências de recrutamento dos quadros. Em regra, os candidatos<br />
filhos de oficiais são destinados ao curso médio de comércio para futuro<br />
ingresso no curso de administração militar da Escola do <strong>Exército</strong>. Além<br />
destes, podem, dentro do número estabelecido, matricular-se outros alunos<br />
que tenham terminado o curso de formação com classificação geral igual<br />
ou superior a 12 valores.<br />
Parágrafo Único. Podem ser concedidas bolsas de estudo em<br />
número limitado pelas disponibilidades orçamentais a alunos que<br />
terminem os cursos industriais de formação com distinção e pretendam<br />
habilitar-se com o curso médio nos institutos industriais.<br />
Art 21º. Podem ser transferidos para os institutos industriais os<br />
actuais alunos do curso médio de indústria presentemente matriculados no<br />
4/11
Instituto dos Pupilos do <strong>Exército</strong>. A adaptação à nova reforma dos<br />
restantes cursos será feita por despacho do Ministro da Guerra, com a<br />
concordância do Ministro da Educação Nacional.<br />
Publique-se e cumpra-se como nele se contém.<br />
Paços do Governo da República, 5 de Novembro de 1948. António<br />
Óscar de Fragoso Carmona – António de Oliveira Salazar – Manuel<br />
Gonçalves Cavaleiro de Ferreira – João Pinto da Costa Leite – Fernando<br />
dos Santos Costa – Américo Deus Rodrigues Thomaz – José Caeiro da<br />
Matta – José Frederico do Casal Ribeiro Ulrich – Teófilo Duarte –<br />
Fernando Andrade Pires de Lima – António Júlio de Castro Fernandes –<br />
Manuel Gomes de Araújo.”<br />
Sobre este DL que efectivamente provocou o ingresso de 2ºSargentos<br />
Radiomontadores na Arma de Engenharia a partir de 1952, a maioria com<br />
18 anos e bem qualificados, importa considera para análise histórica de<br />
alguma profundidade.<br />
- O DL atingiu os alunos que já frequentavam o Instituto desde o ano<br />
lectivo 1944/1945 (saída em 1952), 1945/1946 (saída em 1953) e 1947/48<br />
(saída em 1954), ou seja aplicou-se a quem estava no Instituto a frequentar<br />
cursos muito diferentes e de outro futuro (o signatário entrou para i<br />
Instituto em 1947 como a maioria dos colegas que ingressaram no <strong>Exército</strong><br />
em 1954)<br />
- O largo conjunto que ingressou em 1954 (18 de Maio). Dele<br />
fizeram parte Conceição Dias (primeiro do curso por ter tido 14 valores na<br />
classificação de Instrução Militar, cuja nota tinha o mesmo coeficiente que<br />
o conjunto formado por todas as outras disciplinas, tendo todos os outros<br />
colegas de curso obtido 11 valores), Lourenço (passou á disponibilidade<br />
logo que lhe foi possível não vindo a prestar serviço no Ultramar), <strong>Pena</strong><br />
[único que acedeu ao posto de coronel e prestou o máximo de serviço<br />
activo (18 aos 60 anos)], Cunha [único oficial da Arma de Transmissões<br />
graduado no “Processo do 25 de Abril de 1974” (graduado em tenentecoronel)]<br />
e outros de mérito reconhecido em funções prestadas no Ultramar<br />
e na Metrópole.<br />
- Aspectos gerais (extractos) que estão na blogosfera (este da autoria<br />
do <strong>Cor</strong>onel de Administração da FA, Mestre em História, Luís Alves de<br />
Fraga).<br />
“Na sequência do ingresso na OTAN, houve que reformular e<br />
reestruturar as Forças Armadas para o que largamente contribuíram os<br />
5/11
EUA, quer fornecendo material de guerra, quer oferecendo cursos de<br />
formação em várias especialidades. Impunha-se que os velhos quadros<br />
intermédios — os sargentos — oriundos de soldados, quase sem<br />
preparação técnica nem intelectual, fossem substituídos por outros, mais<br />
jovens, mais aptos e mais competentes. Mas onde ir buscá-los? Como<br />
captar para o serviço militar uma juventude que preferia empregos melhor<br />
pagos e com possibilidades de ascensão acelerada na hierarquia<br />
empresarial? Santos Costa encontrou a solução. Analisemo-la.<br />
Desde há muito o Instituto dos Pupilos do <strong>Exército</strong> vinha formando os<br />
chamados agentes técnicos de engenharia que possuíam aquilo que, na<br />
altura, se designava por curso médio, pois, não sendo superior, abrangia<br />
áreas de conhecimento teórico-prático que estabeleciam a ponte entre os<br />
engenheiros e quadros intermédios das empresas fabris; eram os auxiliares<br />
directos daqueles por lhes ser fácil o diálogo técnico, fosse no plano<br />
teórico fosse no prático. Para a sua formação bastava a conclusão do<br />
curso geral de indústria (o equivalente ao actual 9.º ano numa vertente<br />
essencialmente virada para a indústria) e a de mais três ou quatro anos,<br />
consoante o curso. Quer dizer, com oito ou nove anos de frequência<br />
escolar após o ensino primário tinha-se um quadro de nível médio capaz<br />
de «fazer andar» uma fábrica ou um sector fabril.<br />
Como se deve compreender, estes ex-alunos do Instituto tinham<br />
muita procura no mercado de trabalho tanto em Portugal como,<br />
especialmente, nas colónias onde assumiam funções de chefia por falta de<br />
engenheiros diplomados pelas faculdades respectivas (Coimbra, Porto ou<br />
Instituto Superior Técnico, em Lisboa). Raros eram os que escolhiam a<br />
carreira militar. Quando o faziam optavam, quase maioritariamente, pela<br />
Armada.<br />
Nos últimos anos da década de 40 do século transacto Santos Costa<br />
«arranjou» a solução para o problema que antes delineei: primeiro,<br />
acabar com os cursos médios de indústria, nos Pupilos do <strong>Exército</strong> e<br />
reformular o curso geral de indústria de modo a que se desdobrasse em<br />
três tipos diferentes: mecânica de automóveis, montador electricista e<br />
radiomontador e óptica e aparelhos de precisão; segundo, obrigar os<br />
alunos dos cursos de indústria a assentarem praça, imediatamente após a<br />
conclusão de um estágio profissional em unidades militares da área de<br />
Lisboa, como segundos-sargentos do quadro permanente do <strong>Exército</strong>. O<br />
«requinte» foi tal que, em 1952, quando se criou o terceiro Ramo das<br />
Forças Armadas — a Força Aérea — os ex-alunos que optassem por este<br />
ingressavam como furriéis, ou sejam perdiam um posto.<br />
A decisão foi cruel, foi frustrante para todos aqueles que esperavam<br />
concluir um curso rentável e útil, mas tentemos, por momentos, perceber o<br />
ponto de vista do ministro de Salazar (sem, no entanto, o desculpar ou<br />
desculpabilizar). O <strong>Exército</strong>, financiava uma escola profissional que<br />
6/11
ministrava cursos de alto nível e grande procura pela indústria nacional,<br />
mas, por isso mesmo, não beneficiava de retorno de nenhuma natureza,<br />
especialmente num momento em que carecia de quadros intermédios. Do<br />
ponto de vista da aplicação de capitais, era simplesmente ruinosa a<br />
manutenção dos cursos médios de indústria nos Pupilos. Numa perspectiva<br />
utilitarista e economicista a decisão de Santos Costa foi perfeitamente<br />
justa e aceitável: o <strong>Exército</strong> passou a ter o retorno que pretendia e que lhe<br />
fazia falta.<br />
A reposição dos cursos médios de indústria, nos Pupilos, cerca de<br />
dez anos mais tarde, foi possível a partir do momento em que os quadros<br />
de sargentos estavam renovados e remoçados com técnicos devidamente<br />
aptos para as necessidades. Houve que sacrificar uma geração de alunos<br />
para beneficiar as que se lhe seguiram.<br />
Quem quiser e souber deduzir a partir da História tem aqui material<br />
para pensar e encontrar soluções adaptáveis aos dias de hoje. Quase<br />
sempre não é quem mais alto sonha que melhor equaciona os objectivos<br />
mais realistas...”<br />
- A partir de 1954, BTm3 (Tancos), Escolas Práticas das Armas e<br />
algumas Unidades de Infantaria, Artilharia e Cavalaria e do Estado da Índia<br />
(na Engenharia, Comp e Dest e nos Batalhões de Caçadores) os jovens 2º<br />
sargentos radiomontadores foram importantes para a Manutenção dos<br />
diversos Sistemas de Transmissões, alguns destacaram-se conjuntamente<br />
nos aspectos de Exploração e a maioria interligou-se técnica e socialmente<br />
com os oficiais quer da Arma de Engenharia (Engenheiros Civis) quer com<br />
os Oficiais das Transmissões das Armas (Inf, Art e Cav) das Unidades<br />
Utilizadoras onde estavam integrados.<br />
- Pelos afazeres (missões/tarefas) e por entretanto haver promoções e<br />
saídas do <strong>Exército</strong> para a vida civil grande parte destes jovens sargentos foi<br />
esquecendo a injustiça sofrida no Instituto dos Pupilos do <strong>Exército</strong>. Em<br />
termos de testemunho pessoal posso estar muito enganado, eu próprio<br />
deixei o IPE em 31 de Março de 1954 e só lá voltei depois do 25 de Abril<br />
de 1974 (por influência de dois excelentes funcionários do Colégio Militar<br />
que eram ex-alunos do IPE e lhes custava a compreender que o prestigiado<br />
professor, que também era ex-aluno, não falasse/gostasse do Instituto).<br />
3. Criação no <strong>Exército</strong> do Serviço de Material.<br />
O Decreto-Lei nº 40880 de 24 de Novembro de 1956 criou no<br />
<strong>Exército</strong> o Serviço de Material estabelecendo quadros de Oficiais<br />
Engenheiros, Oficiais dos Serviços Técnicos de Manutenção e Sargentos.<br />
7/11
O quadro dos Serviços Técnicos de Manutenção era composto por:<br />
Tenentes-coronéis ……………………. 3<br />
Majores ……………………………….. 8<br />
Capitães ………………………………. 56<br />
Subalternos ………………………….. 112<br />
Articulando-se em três Ramos nos postos de Capitão e Subalterno:<br />
Armamento e Munições (28 Capitães e 55 Subalternos)<br />
Automóvel (20 capitães e 41 Subalternos)<br />
Eléctrico, Radioeléctrico e Electrónico (8 Capitães e 16 Subalternos)<br />
Os Sargentos também estavam distribuídos três Ramos:<br />
Armamento e Munições (32)<br />
Automóvel (234)<br />
Eléctrico, Radioeléctrico e Electrónico (230)<br />
A partir de 24 de Novembro de 1956, criação no <strong>Exército</strong> do Serviço<br />
de Material os sargentos e oficiais dos quadros de Manutenção das<br />
Transmissões passaram a ter identidade própria. A interligação com a<br />
Engenharia (Especialidade de Transmissões) nas Unidades onde eram<br />
colocados a prestar serviço e nas Unidades Utilizadoras com os Oficiais de<br />
Transmissões das Armas a harmonia foi sempre perfeita assumindo-se a<br />
maioria com pessoal de Transmissões.<br />
Com excepção da EMElm, onde os Oficiais de Engenharia da<br />
Especialidade de Transmissões nunca se salientaram, não havia qualquer<br />
ligação técnica com os Oficiais Engenheiros do Serviço de Material,<br />
embora alguns tivessem sido transferidos da Arma de Engenharia.<br />
4. Desenvolvimento do Sistema de Manutenção face ao empenhamento<br />
na Guerra de África (Angola, Moçambique e Guiné-Bissau).<br />
Os cursos de formação de Cabos e Sargentos Radiomontadores do<br />
Serviço Militar Obrigatório e de 2º Mecânicos Radiomontadores (Furriéis e<br />
2º Sargentos do QP) ministrados na EMElm atingiram níveis elevados,<br />
permitindo resolver as questões das Transmissões de Campanha e das<br />
Transmissões Permanentes nos três Teatros de Operações.<br />
No início de 1962 terminou na Escola Central de Sargentos (Águeda)<br />
o primeiro curso do Serviço Material com um aluno oriundo do IPE,<br />
ingressando no Ramo Eléctrico, Radioeléctrico e Electrónico do Quadro de<br />
Oficiais dos Serviços Técnicos de Manutenção do Serviço de Material o<br />
primeiro Oficial oriundo dos Pupilos (o actual coronel <strong>Pena</strong>).<br />
Nos anos seguintes ingressaram no mesmo quadro de Oficiais outros<br />
ex-alunos, tendo-se constituído um conjunto de Oficiais Técnicos,<br />
8/11
necessário, mas suficiente, para responder às variadas tarefas cometidas à<br />
Manutenção das Transmissões. Na sequência do já referido, com excepção<br />
da EMElm, sempre em interligação com Oficiais da Arma de Engenharia<br />
(normalmente da Especialidade de Transmissões, qualificados em<br />
Engenharia Civil) e alguns Oficiais de Complemento.<br />
5. Criação da Arma de Transmissões.<br />
O Decreto-Lei nº 364/70, de 4 de Agosto de 1970, cria a Arma de<br />
Transmissões com quadros de Oficiais Engenheiros, Oficiais dos Serviços<br />
Técnicos de Exploração e Manutenção das Transmissões, atribuindo ao<br />
Ramo de Manutenção das Transmissões:<br />
Tenentes-coronéis ………………. 1<br />
Majores ………………………….. 2<br />
Capitães ………………………….. 6<br />
Subalternos …………………...... 20<br />
No respeitante a Sargentos o DL atribuía o Ramo de Exploração das<br />
Transmissões e o Ramo de Manutenção das Transmissões, sendo a<br />
Manutenção constituída por:<br />
Mecânicos Radiomontadores<br />
Sargentos-Ajudantes ……………… 8<br />
Primeiros-sargentos ………………. 24<br />
Segundos-sargentos ou Furriéis … 80<br />
Mecânicos de Material Telefónico<br />
e de Teleimpressor<br />
Sargentos-ajudantes ……………….. 2<br />
Primeiros-sargentos ……………….. 6<br />
Segundos-sargentos ou Furriéis …. 15<br />
O ingresso na Quadro de Oficiais do Serviço Técnico de Manutenção<br />
das Transmissões foi obrigatório para os “oficiais oriundos ou pertencentes<br />
aos ramos eléctrico, radioeléctrico e electrónico do serviço de material,<br />
especializados na manutenção de material das transmissões”.<br />
O Ingresso no Quadro de Sargentos fez-se a partir do Serviço de<br />
Material nas seguintes condições:<br />
Sargentos-ajudantes oriundos da especialidade de mecânico<br />
radiomontador;<br />
Primeiros-sargentos, segundos-sargentos e furriéis com a<br />
especialidade de mecânico radiomontador.<br />
9/11
6. Cursos; graduação e promoção, especiais; Resenha Histórico-Militar das<br />
Campanhas de África (1961-1974).<br />
- Em 02 de Outubro de 1972 iniciou-se, na Escola Prática de<br />
Transmissões (Lisboa) o primeiro Estágio de Aperfeiçoamento para Oficial<br />
Superior dos Serviços Técnicos das Transmissões, frequentado por sete<br />
Oficiais, sendo três de Manutenção das Transmissões (Major Graduado<br />
Armindo Carvalho, Capitão António <strong>Pena</strong> e Capitão António Machado).<br />
- Graduação no posto de Tenente-<strong>Cor</strong>onel do Major Barroca da<br />
Cunha para assumir o cargo de Subdirector do DGMT, em 1975, (única<br />
graduação ocorrida na Arma de Transmissões durante o “Processo do 25 de<br />
Abril de 1974”.<br />
- Promoção ao posto de <strong>Cor</strong>onel de António <strong>Pena</strong>, ocorrida em 01 de<br />
Janeiro de 1995, primeira ocorrida no <strong>Exército</strong> na sequência do Decreto-<br />
Lei nº 75/81 de 11 de Abril, mas, infelizmente, ainda única no âmbito da<br />
Manutenção das Transmissões.<br />
- Na “Resenha Histórico-Militar das Campanhas de África (1961-<br />
1974), 1º Volume, Enquadramento Geral, Lisboa, 1988, menciona-se no<br />
número 5. “A Situação Logística em 1974”<br />
a. Portugal Metropolitano<br />
Em 1974, no final das Campanhas de África, não havia<br />
alterações substanciais na estrutura logística da Metrópole.<br />
b. Angola<br />
Os órgãos de apoio logístico pouco variaram a partir de 1971<br />
e o processamento dos serviços manteve-se segundo a forma descrita.<br />
Realçam-se, contudo, em síntese, os pontos mais salientes:<br />
(6) Arma de Transmissões<br />
Havia agora sete Oficinas Avançadas de Transmissões<br />
c. Guiné<br />
Em 1974, não havia alterações substanciais na Guiné no<br />
respeitante a apoio logístico, não obstante se pensar na<br />
concretização de algumas medidas, a principal das quais consistia<br />
na criação do chamado Depósito Avançado do Leste.<br />
(…)<br />
Foi na Arma de Transmissões que a evolução foi mais<br />
sensível.<br />
De início, havia apenas uma Companhia de Transmissões. No<br />
final, dependente do Comando das Transmissões, existia um<br />
Agrupamento de Transmissões com uma Companhia de<br />
Transmissões e uma Companhia de Reabastecimento e Manutenção<br />
10/11
de Material de Transmissões (com as suas Oficinas Avançadas de<br />
Transmissões).<br />
A manutenção do 3º escalão apenas se fazia em Bissau e na<br />
Oficina Avançada em Bafatá.<br />
O apoio prestado pela Direcção da Arma de Transmissões<br />
podia considerar-se já satisfatório, embora com naturais<br />
deficiências, entre as quais se salientava a irregularidade de<br />
fornecimentos, mesmo em relação a dotações de há muito fixadas.”<br />
Paço de Arcos, 09 de Abril de 2007.<br />
António de Oliveira <strong>Pena</strong><br />
<strong>Cor</strong>onel TecnManTm (Sit Ref)<br />
antoniopena@netcabo.pt<br />
919 421 068<br />
11/11