GUIA BREVE EXPOSIÇÃO - Turismo de Portugal

EUROPA l CÂMARAS DE MARAVILHAS
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ESCUDO
Índia portuguesa, c. 1580
Madeira, pele de raia polida, laca preta
com ouro (escudo); veludo, prata (punhos
europeus)
Ø 54 cm
Kunsthistoriches Museum Viena,
Hofjagad – und Rüstkammer | A915
Referido no inventário de 1596 da
propriedade do arquiduque Ferdinando II
de Schloss Ambras, este escudo circular
de madeira apresenta a face exterior
revestida com pele de raia polida. No
interior, revestimento de laca executado
a ouro sobre fundo preto, característico
da Ásia Oriental, e punhos de veludo
vermelho fixados por meio de aplicações
europeias de prata.
O trabalho de laca, em duas camadas,
aponta para uma origem indo-
-portuguesa, origem actualmente
considerada neste tipo de peças,
que terão sido criadas em Goa por
artistas chineses ou nipónicos. Pela
sua complexidade, este escudo deverá
corresponder ao gosto multicultural
do português que o encomendou,
por reunir características da cultura
portuguesa, europeia e asiática.
17 18
COFRE
Veneza, final do século XVI
Cristais lapidados, madeira lacada de
negro e ouro, prata dourada e bronze
58 x 99 x 72 cm
Museu Nacional de Arte Antiga, Lisboa
| inv. 576 Our
Este exemplar pertence a uma tipologia
de cofres constituídos por uma armação
de madeira de planta rectangular onde
se inserem placas de cristal biseladas ou
lapidadas em vulto, emolduradas com
perfis lacados de negro e ouro.
O interior é tratado com o mesmo cuidado
decorativo e idêntica decoração lacada.
As características do desenho são nitida-
mente inspiradas na arquitectura
renascentista. A finalidade destes cofres
não é bem conhecida. Existe no entanto
a tradição de que eram presentes que o
Papa enviava aos monarcas católicos da
Europa por ocasião do nascimento de um
herdeiro, contendo roupas bentas para o
seu baptizado.
Este cofre, o maior dos exemplares
conhecidos, segundo o comprova a vasta
documentação existente, foi oferecido pelo
rei de Ormuz a D. Frei Aleixo de Menezes,
arcebispo e governador de Goa entre 1608
e 1609, e por ele enviado ao Convento dos
Agostinhos da Graça, em Lisboa, onde
passou a servir como Sacrário.
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