GUIA BREVE EXPOSIÇÃO - Turismo de Portugal
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<strong>GUIA</strong> <strong>BREVE</strong> <strong>EXPOSIÇÃO</strong><br />
DA
Museu Nacional <strong>de</strong> Arte Antiga 15 Julho – 11 Outubro 2009<br />
Guia breve da exposição patrocinado por:<br />
INTRODUÇÃO FICHA TÉCNICA<br />
Créditos <strong>de</strong> Fotografia:<br />
Kupferstichkabinett, SMB/ Patrimonio Nacional, Madrid<br />
l Para <strong>Portugal</strong>, país mais oci<strong>de</strong>ntal do continente europeu com<br />
ALBERTINA, Viena: 39 (ERTL, P.) Jörg P. An<strong>de</strong>rs: 40<br />
(Palácio Real): 24<br />
fronteiras a norte e a oriente ANTT, com Lisboa: Espanha, 17 e costas Ministère a sul <strong>de</strong>s e Affaires a oci<strong>de</strong>nte com Património o oceano <strong>de</strong>l Fondo Edifici<br />
Coor<strong>de</strong>nação editorial:<br />
(José António Silva/AN/TT) Etrangères, France, Igreja <strong>de</strong><br />
Atlântico, Ana Castro foi Henriques imperioso <strong>de</strong>scobrir Biblioteca Casanatense, mundo para além S. Luís do dos Franceses, seu território.<br />
Lisboa:<br />
di Culto, amministrato<br />
dal Ministero <strong>de</strong>ll’ Interno<br />
Texto:<br />
Roma. Autorização do<br />
14 (Manuel Palma)<br />
(Dipartimento per le Liberta<br />
Um Paulo movimento Henriques <strong>de</strong> expansão Ministero realizou-se per i Beni e le entre os Musée séculos du Louvre, XV Paris: e XVI, 90 através Civili i da el Immigrazione<br />
Fichas:<br />
Attivita’ Culturali: 102<br />
(© RMN/ Franck Raux)<br />
– Direzione Centrale per l’<br />
navegação, José Alberto Seabra primeiro Carvalho do oceano Biblioteca Atlântico, da Ajuda, Lisboa: <strong>de</strong>pois 8 © Musée do Índico Royal <strong>de</strong> e l’Afrique do Pacífico. Amministrazione <strong>de</strong>l Fondo<br />
Ana Castro Henriques<br />
(Luís Marques/IGESPAR)<br />
Centrale/ Collection RMCA Edifici di Culto), em <strong>de</strong>pósito<br />
Esta expansão marítima, territorial e comercial propiciou a criação <strong>de</strong> gran<strong>de</strong>s re<strong>de</strong>s<br />
Patrícia Milhanas Machado Biblioteca Estense Univer- Tervuren: 76, 54 (J.-M.<br />
na Chiesa <strong>de</strong>l SS. Nome di<br />
Teresa Pacheco Pereira,<br />
sitaria, Mo<strong>de</strong>na. Autorização Vandyck, RMCA Tervuren ©) Gesù, Roma: 173 (© Zeno<br />
mundiais <strong>de</strong> comunicação que geraram mo<strong>de</strong>rnos mercados económicos e sistemas<br />
a partir das entradas do<br />
do Ministero per i Beni e le Museu <strong>de</strong> Arte Sacra <strong>de</strong><br />
Colantoni)<br />
<strong>de</strong> intercâmbio catálogo da exposição cultural, artístico, Attivita’ Culturali: científico 3 e linguístico. São Paulo/Organização <strong>Portugal</strong> tornou-se Santa Casa o centro da Misericórdia do<br />
“Encompassinh the Globe”, Biblioteca Pública <strong>de</strong><br />
Social <strong>de</strong> Cultura/Secretaria Sardoal: 168 (Nuno Fevereiro)<br />
<strong>de</strong> novas Lisboa 2009, estruturas dos autores: económicas, Évora: 139 políticas e culturais <strong>de</strong> Estado que <strong>de</strong> Cultura/ configuraram Schatzkammer o pensamento <strong>de</strong>s<br />
André Ferrand <strong>de</strong> Almeida 79; (José António Silva, AN/TT) Governo do Estado <strong>de</strong><br />
Deutschen Or<strong>de</strong>ns, Viena: 49<br />
europeu Charles Avery e o 40, fenómeno 46; que CGD, hoje Lisboa, <strong>de</strong>signamos <strong>de</strong>pósito no como S. P. – Brasil: comunicação 95 (Foto: Rômulo global. Stift Kremsmünster,<br />
Gauvin A. Bailey 168, 173; MNAA: 12 (Alfredo Dagli Orti) Fialdini)<br />
Kunstsammlungen: 46<br />
Esta José é Alberto a i<strong>de</strong>ia Seabra central Carvalho da exposição: Casa-Museu da mostrar Fundação o <strong>de</strong>sempenho Museu <strong>de</strong> Grão Vasco, <strong>de</strong> <strong>Portugal</strong> © como The British pioneiro<br />
Library Board.<br />
15, 84; Angelo Cattaneo 1; Me<strong>de</strong>iros e Almeida, Lisboa: Viseu: 84 (IMC/DDF/José<br />
Reservados todos os direitos:<br />
na globalização Kathy Curnow 66; Pedro dos conhecimentos, 150 (Nuno Fevereiro) num movimento Pessoa) recíproco <strong>de</strong> comunicação 157 da<br />
Dias 12, 17, 102; Silvia Dolz Colecção particular: 131 170<br />
Europa para o Mundo e <strong>de</strong>ste para a Europa.<br />
63; Francisco Contente<br />
(© Pedro Lobo)<br />
© Museu Estatal Hermitage,<br />
Sampetersburgo, Maria L.<br />
© The Trustees of the British<br />
Museum. Reservados todos<br />
Domingues 8; Maria João Convento <strong>de</strong> Cristo, Tomar: Menshikova: 149<br />
os direitos: 66<br />
Po<strong>de</strong> dizer-se que a tapeçaria flamenga, significativamente <strong>de</strong>signada «à maneira<br />
Pacheco Ferreira 145; Jorge 16 (IGESPAR/Laura Castro Museu Etnográfico da<br />
V&A Images/ Victoria and<br />
<strong>de</strong> <strong>Portugal</strong> Flores 139; João e Carlos da Índia», é Caldas/Paulo uma síntese Cintra) <strong>de</strong>sta i<strong>de</strong>ia: Socieda<strong>de</strong> concentração <strong>de</strong> Geografia <strong>de</strong> barcos, Albert Museum, animais Londres: 122<br />
Garcia 3, 24; Sabine Haag 31; Florença, BNC, MAG1. XIII, 16. Lisboa: 10 (Carlos La<strong>de</strong>ira<br />
exóticos Regina Krahl e fantásticos 150; Angela C. a serem Autorização transportados do Ministero per entre © Socieda<strong>de</strong> o mar <strong>de</strong> e Geografia a terra, encontros Design gráfico: <strong>de</strong><br />
Kudriatseva 45; Jay Levenson i Beni e le Attivita’ Culturali/ <strong>de</strong> Lisboa)<br />
Mafalda Matias<br />
gentes 90; Jean que Michel se Massing <strong>de</strong>sconheciam, 10, Biblioteca Vasco Nacional da Central. Gama chegando © Museu Nacional a Calecute, da ou Capa: a Cochim, a partir <strong>de</strong> imagem e<br />
39, 42, 49, 50, 54, 60, 72, 76, Qualquer publicação sem Dinamarca, Colecções<br />
global da Exposição,<br />
entregando 82, 85, 87; Maria ao Menshikova governante autorização indiano é expressamente uma carta <strong>de</strong> Etnográficas, D. Manuel Copenhaga: I, rei <strong>de</strong> <strong>Portugal</strong>. concebida por É o DDLX início<br />
e Regina Krahl 149; Nathalie proibida: 1<br />
72 (cortesia do museu),<br />
da exposição, Monnet 157; Teresa já Morna invocada Graphische pelo marco Sammlung, colocado no 82, 85, átrio 87 do museu, o Padrão Impressão: <strong>de</strong> Santo<br />
16; Leonor d’Orey e Maria<br />
Agostinho.<br />
da Conceição Borges <strong>de</strong><br />
Friedrich-Alexan<strong>de</strong>r-<br />
-Universität Erlangen-<br />
Museu Nacional <strong>de</strong> Arte<br />
Antiga, Lisboa: 15, 19, 36,<br />
Astrografe - Artes<br />
Gráficas, Lda.<br />
Sousa 36; Orey 19; Teresa -Nuremberga: 42<br />
118, 143, 145 (DDF/ IMC/<br />
Pacheco Pereira 118; Matthias Haia, Koninklijke Bibliotheek, José Pessoa), 163 (DDF/ IMC/ ISBN:<br />
Pfaffenbichler 35; António 129 A 24: 79<br />
Luís Pavão), 158 (DDF/IMC/ 978-972-776-395-5<br />
Estácio dos Reis 6; Nuno<br />
IGESPAR/Museu <strong>de</strong> Marinha, Francisco Matias)<br />
Senos 95; Vítor Serrão 14; Lisboa: 6 (Rui Salta)<br />
Museu Nacional <strong>de</strong> Artes<br />
Depósito legal:<br />
Maria da Conceição Borges Kunsthistorisches Museum Decorativas, Madrid: 60<br />
299496/09<br />
<strong>de</strong> Sousa 143, 158, 163;<br />
Viena, Kunstkammer: 29,<br />
Museum für Völkerkun<strong>de</strong><br />
Nuno Vassallo e Silva 25, 29, 25, 31, 133; Museum für<br />
Dres<strong>de</strong>n: 63<br />
Tiragem:<br />
122, 131, 133, 170; Irina A. Völkerkun<strong>de</strong>: 50;<br />
© Museus do Kremlin,<br />
2500 exemplares<br />
Zagorodnaya 28.<br />
Rüstkammer: 35<br />
Moscovo: 45, 28<br />
3
PADRÃO DE<br />
SANTO AGOSTINHO<br />
<strong>Portugal</strong>, erigido em 1483<br />
Calcário<br />
213 x 30 x 30 cm<br />
Museu Etnográfico da Socieda<strong>de</strong><br />
<strong>de</strong> Geografia <strong>de</strong> Lisboa | SGL-AC-131<br />
Enquanto marcos do domínio<br />
português, os padrões eram<br />
monumentos <strong>de</strong> pedra levados <strong>de</strong><br />
<strong>Portugal</strong> e erigidos por navegadores<br />
para assinalar as terras que tinham<br />
acabado <strong>de</strong> <strong>de</strong>scobrir, sendo também<br />
incluídos em mapas. Este padrão terá<br />
sido erigido por Diogo Cão quando<br />
explorava a costa angolana, no cabo<br />
<strong>de</strong> Santa Maria, a 28 <strong>de</strong> Agosto <strong>de</strong> 1483,<br />
no dia <strong>de</strong> Santo Agostinho, sendo um<br />
testemunho das pretensões portuguesas<br />
sobre África, que mais tar<strong>de</strong> dariam<br />
origem a controvérsias com Espanha,<br />
à bula papal <strong>de</strong> 1493 e ao Tratado <strong>de</strong><br />
Tor<strong>de</strong>silhas <strong>de</strong> 1494.<br />
No topo <strong>de</strong>ste padrão – que era<br />
sobrepujado por uma cruz <strong>de</strong><br />
pedra – encontram-se as armas reais<br />
portuguesas e uma inscrição em latim<br />
e em português nas restantes faces.<br />
Retirado do seu local original em 1892<br />
por or<strong>de</strong>m do governador-geral <strong>de</strong><br />
Angola, o padrão foi trazido para Lisboa<br />
a bordo do Angola.<br />
01 02<br />
DESCOBERTA DA ÍNDIA<br />
Oficina <strong>de</strong> Tournai, Bélgica,<br />
início do século XVI<br />
Seda e lã<br />
400 x 760 cm<br />
Caixa Geral <strong>de</strong> Depósitos, 3721, em <strong>de</strong>pósito<br />
no Museu Nacional <strong>de</strong> Arte Antiga, Lisboa<br />
Integrando um grupo <strong>de</strong> tapeçarias<br />
<strong>de</strong>signadas «à maneira <strong>de</strong> <strong>Portugal</strong> e da<br />
Índia» encomendadas por D. Manuel I,<br />
este exemplar po<strong>de</strong>rá representar a<br />
chegada <strong>de</strong> Vasco da Gama a Calecute,<br />
ou a Cochim, e o encontro com um dos<br />
reis locais. À esquerda, Vasco da Gama<br />
entrega uma carta <strong>de</strong> D. Manuel a um<br />
governante indiano seguido do seu<br />
séquito. À direita, diversas figuras vão<br />
chegando à praia para ver os estrangeiros<br />
que carregam as naus (provavelmente<br />
São Gabriel, São Rafael e Bérrio) com aves e<br />
animais exóticos, entre eles um unicórnio.<br />
Refira-se ainda a inscrição «INDAS NOVAE»<br />
(Nova Índia) no portal entre as duas torres,<br />
à esquerda.<br />
Rapidamente conhecidas na Europa,<br />
e encomendadas igualmente por outros<br />
monarcas, este género <strong>de</strong> tapeçarias<br />
<strong>de</strong>pressa entrou na categoria <strong>de</strong> «Exotica».<br />
Perdido o seu significado inicial <strong>de</strong><br />
registo glorioso das viagens portuguesas,<br />
tornaram-se um repositório <strong>de</strong> imagens<br />
das terras e das gentes <strong>de</strong>sconhecidas.<br />
4 5
EUROPA l NAVEGAÇÃO<br />
8<br />
MAPA-MÚNDI,<br />
SEGUNDO A GEOGRAFIA<br />
DE CLÁUDIO PTOLOMEU<br />
Henricus Martellus Germanus (Arrigo<br />
di Fe<strong>de</strong>rico Martello, activo 1459-1496)<br />
Florença, início da década <strong>de</strong> 1490<br />
Pigmentos e ouro sobre pergaminho<br />
57,5 x 84 cm<br />
Biblioteca Nazionale Centrale, Florença<br />
| Magl. XIII, 16, ff. 88v. 89r<br />
Da autoria <strong>de</strong> Martellus, cartógrafo<br />
alemão e servo <strong>de</strong> uma importante família<br />
florentina, este mapa remete para a<br />
recuperação do conhecimento geográfico<br />
dos antigos por parte da cultura humanista<br />
da segunda meta<strong>de</strong> do século XIV, sendo<br />
o primeiro <strong>de</strong> trinta e nove que ilustram e<br />
recuperam, o mais fielmente possível,<br />
o Guia da Cartografia do cientista<br />
alexandrino Ptolomeu, então traduzido<br />
para latim como Geografia.<br />
Ro<strong>de</strong>ado por doze ventos representados<br />
por cabeças humanas e apresentando<br />
cores vivas com mares <strong>de</strong> lápis-lazúli, o<br />
planisfério <strong>de</strong> Martellus respeita peculiari-<br />
da<strong>de</strong>s geográficas ptolomaicas ao representar<br />
o Oceano Índico como um enorme<br />
lago fechado e o alongamento da bacia<br />
mediterrânica, contrariando assim a antevisão<br />
do papa Pio II acerca do alargamento<br />
e transformação do planisfério (no verso<br />
da folha). Não obstante as imprecisões, a<br />
cartografia ptolomaica constituía para os<br />
cosmógrafos renascentistas o único sistema<br />
válido para a representação <strong>de</strong> todo o<br />
mundo conhecido, tendo sido longamente<br />
reproduzida. Este mapa permite-nos assim<br />
compreen<strong>de</strong>r o lento e meticuloso processo<br />
<strong>de</strong> revisão e evolução da cartografia que<br />
marcou o início do período mo<strong>de</strong>rno.<br />
03 04<br />
PLANISFÉRIO, CONHECIDO<br />
COMO «DE CANTINO»<br />
<strong>Portugal</strong>, c. 1502<br />
Tinta-da-china e cor sobre três folhas <strong>de</strong> velino,<br />
unidas; 105 x 220 cm<br />
Biblioteca Estense Universitaria, Mo<strong>de</strong>na<br />
| C.G.A. 2, ms. século XVI<br />
Este Planisfério foi executado em Lisboa,<br />
em 1502, por encomenda <strong>de</strong> Alberto<br />
Cantino, agente do duque <strong>de</strong> Ferrara.<br />
Provável cópia <strong>de</strong> luxo das «cartas-padrão»<br />
existentes no arquivo e oficina cartográfica<br />
do Armazém da Guiné e da Índia, no<br />
Palácio Real da Ribeira, ele é a imagem<br />
final <strong>de</strong> um puzzle que reúne peças<br />
cartográficas diversas e que representa o<br />
Mundo então conhecido, das ilhas e costas<br />
orientais do continente americano ao<br />
Extremo Oriente.<br />
As áreas mais longínquas ou menos<br />
conhecidas estão representadas segundo<br />
a tradição ptolomaica, o Báltico e mar do<br />
Norte respeitam a herança dos portulanos<br />
mediterrâneos do século XIV e a Europa<br />
Oci<strong>de</strong>ntal, Mediterrâneo e costa oci<strong>de</strong>ntal<br />
africana seguem as cartas atlânticas portuguesas<br />
do último quartel do século XV. A<br />
novida<strong>de</strong> na figuração do Sudoeste Asiático<br />
po<strong>de</strong> explicar-se pelo acesso à náutica<br />
e a fontes cartográficas árabes, hindus e<br />
malaias, sendo ainda vaga ou aproximada a<br />
representação do Atlântico Oci<strong>de</strong>ntal.<br />
EUROPA l NAVEGAÇÃO<br />
9
EUROPA l NAVEGAÇÃO<br />
10<br />
ASTROLÁBIO NÁUTICO<br />
SÃO JULIÃO DA BARRA III,<br />
PERTENCENTE À NAU NOSSA<br />
SENHORA DOS MÁRTIRES<br />
<strong>Portugal</strong>, 1605<br />
Latão<br />
Ø 17,4 cm<br />
IGESPAR, em <strong>de</strong>pósito no<br />
Museu <strong>de</strong> Marinha, Lisboa | IN-II-174<br />
Versão simplificada do astrolábio<br />
planisférico da Grécia Antiga, a utilização<br />
do astrolábio náutico resultou da<br />
necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> calcular a latitu<strong>de</strong> por<br />
meio da altura da Estrela Polar ou do Sol.<br />
Tal facto <strong>de</strong>veu-se à <strong>de</strong>finição <strong>de</strong> uma<br />
nova rota pelos portugueses, a «Volta<br />
pelo Largo» ou «Volta da Mina», que partia<br />
geralmente <strong>de</strong> S. Jorge da Mina,<br />
afastando-se da costa e passando próximo<br />
dos Açores. Este trajecto permitia vencer<br />
os ventos contrários nas viagens <strong>de</strong><br />
regresso do sul.<br />
O astrolábio náutico é composto por uma<br />
roda com dois diâmetros perpendiculares<br />
nos quais gira uma alida<strong>de</strong> provida <strong>de</strong> duas<br />
pínulas com dois orifícios que permitiam<br />
a observação do astro. A altura era lida<br />
na escala gravada no instrumento que se<br />
pendurava pelo anel <strong>de</strong> suspensão.<br />
Este astrolábio recebeu o nome do local<br />
on<strong>de</strong> foi encontrado e da nau portuguesa<br />
Nossa Senhora dos Mártires a que<br />
pertencia, respeitando o método usual <strong>de</strong><br />
<strong>de</strong>nominação <strong>de</strong>stes instrumentos.<br />
05 06<br />
LIVRO DE TRAÇAS<br />
DE CARPINTARIA<br />
Manuel Fernan<strong>de</strong>s<br />
<strong>Portugal</strong>, 1616<br />
Tinta e cor sobre papel<br />
46,7 x 75,5 cm (dupla página aberta)<br />
Biblioteca da Ajuda, Lisboa | BA 52-XIV -21<br />
Abrindo com um auto-retrato do seu<br />
presumível autor, Manuel Fernan<strong>de</strong>s, e<br />
a data <strong>de</strong> 1616, o Livro contém a maior<br />
compilação <strong>de</strong> <strong>de</strong>senhos técnicos<br />
<strong>de</strong> arquitectura naval conhecida até<br />
aos inícios dos séculos XVII (mais <strong>de</strong><br />
trezentos), ilustrando os regimentos<br />
escritos para a construção <strong>de</strong> navios que<br />
os prece<strong>de</strong>m. É todavia uma obra <strong>de</strong><br />
aparato porque alguns erros mostram<br />
que não podia ser usada pelos mestres<br />
do ofício, tendo sido certamente<br />
preparada enquanto oferta a uma<br />
personagem ilustre.<br />
Levantando assim muitas dúvidas<br />
quanto à sua origem, verda<strong>de</strong>ira autoria<br />
e intenção, tal em nada diminui o<br />
seu valor enquanto testemunho <strong>de</strong><br />
eleição das características dos navios<br />
portugueses do início do século XVII,<br />
e o lugar ímpar que <strong>de</strong>tém na<br />
documentação técnica <strong>de</strong> arquitectura<br />
naval europeia do período.<br />
EUROPA l NAVEGAÇÃO<br />
11
EUROPA l CÂMARAS DE MARAVILHAS<br />
18<br />
PRATO<br />
Goa, terceiro quartel<br />
do século XVI<br />
Tartaruga<br />
Ø 42,7 cm<br />
Kunsthistorisches Museum Viena,<br />
Kunstkammer | KK 4131<br />
Totalmente realizado em diversas chapas<br />
<strong>de</strong> tartaruga polida, este prato fundo<br />
encontra-se documentado <strong>de</strong>s<strong>de</strong> 1596<br />
no inventário do arquiduque Fernando II<br />
do Tirol, on<strong>de</strong> é classificado <strong>de</strong> indiano.<br />
Trata-se <strong>de</strong> uma peça <strong>de</strong> aparato, <strong>de</strong>ntro<br />
do gosto renascentista <strong>de</strong> expor em<br />
aparadores obras dos mais diversos<br />
materiais, em que a tartaruga revela<br />
particular exotismo.<br />
Conhecem-se documentadas peças em<br />
tartaruga executadas na Índia, sobretudo<br />
no Guzarate, para exportação para a<br />
Europa. O grosso da exportação<br />
registar-se-á em 1570 com o envio para<br />
Lisboa <strong>de</strong> diversas obras neste material<br />
para a rainha D. Catarina, <strong>de</strong>vendo o<br />
presente exemplar datar <strong>de</strong> época<br />
não muito distante <strong>de</strong>stas aquisições.<br />
Integrando-se na tipologia <strong>de</strong> salva <strong>de</strong><br />
água-às-mãos, utilizada nas refeições,<br />
este exemplar não teria certamente<br />
qualquer função prática dada a sua<br />
fragilida<strong>de</strong> material.<br />
13 14<br />
GOMIL<br />
Antuérpia, Bélgica, 1544-1545<br />
Ouro, concha <strong>de</strong> náutilo, prata,<br />
diamantes, rubis, esmeraldas,<br />
pérolas, vidro<br />
36 cm<br />
Museus do Kremlin, Moscovo | DK-187<br />
O bojo <strong>de</strong>ste raro vaso é constituído<br />
por três conchas nacaradas <strong>de</strong> náutilo<br />
(Nautilus pompilius), montadas em obra<br />
fundida e gravada em relevo, pontuada<br />
por pérolas e gemas, e <strong>de</strong>corada com<br />
camafeus <strong>de</strong> Vénus, uma máscara<br />
grotesca, cachos <strong>de</strong> frutos e flores.<br />
O bico, com a configuração <strong>de</strong> uma<br />
cabeça <strong>de</strong> cisne <strong>de</strong> longo pescoço<br />
curvo, <strong>de</strong>staca-se da máscara grotesca.<br />
No gargalo estreito figuram retratos <strong>de</strong><br />
perfil <strong>de</strong> imperadores romanos.<br />
Em baixo, cada um dos três sátiros<br />
suporta o vaso com uma mão, a outra<br />
agarrando-se a uma cornucópia que<br />
assenta no pé alto. A base triangular<br />
apresenta imagens <strong>de</strong> caranguejos em<br />
relevo.<br />
Este gomil foi uma oferta <strong>de</strong> João II<br />
Casimiro Vasa (r. 1648-68), rei da Polónia,<br />
ao czar Aleixo I Mikhailovich (r. 1645-<br />
-1676).<br />
EUROPA l CÂMARAS DE MARAVILHAS<br />
19
EUROPA l CÂMARAS DE MARAVILHAS<br />
20<br />
FONTE<br />
Augsburgo, Alemanha<br />
1575-1600 (montagem)<br />
41 x 34,3 x 17,5 cm<br />
Coco-das-seychelles e prata dourada<br />
Kunsthistoriches Museum Viena,<br />
Kunstkammer | inv. KK 6849<br />
Apreciados pela sua origem misteriosa<br />
e pelas qualida<strong>de</strong>s naturais, os<br />
cocos-das-seychelles foram muito<br />
procurados pelos coleccionadores<br />
do Renascimento, sendo associados<br />
à água dada a sua origem exótica,<br />
acreditando-se que tinham<br />
nascido no próprio mar. A par das<br />
referências <strong>de</strong> Garcia da Orta quanto<br />
às suas qualida<strong>de</strong>s curativas contra<br />
evenenamentos e outras efermida<strong>de</strong>s,<br />
também Luís <strong>de</strong> Camões lhes <strong>de</strong>dica<br />
alguns versos nos Lusíadas.<br />
Composto pela meta<strong>de</strong> <strong>de</strong> um coco,<br />
permitindo servir <strong>de</strong> recepiente<br />
para líquidos, o presente exemplar<br />
apresenta <strong>de</strong>coração com motivos<br />
marítimos no âmbito da linguagem<br />
do tardo-renascimento: uma ninfa, um<br />
centauro e outras criaturas na base e<br />
peixes e aves na tampa, sugerindo um<br />
mundo aquático superior.<br />
15 16<br />
Praga, 1610<br />
TAÇA<br />
Nikolaus Pfaff (1556? - 1612?)<br />
Corno <strong>de</strong> rinoceronte<br />
22,5 cm<br />
Kunsthistorisches Museum Viena,<br />
Kunstkammer | KK 3737<br />
A partir do início do século XVII, os vasos<br />
<strong>de</strong> corno <strong>de</strong> rinoceronte figurariam entre<br />
os objectos <strong>de</strong> luxo mais procurados<br />
pelos coleccionadores europeus,<br />
baseando-se a sua popularida<strong>de</strong> não<br />
apenas na natureza exótica do material<br />
mas também no efeito mágico atribuído<br />
ao corno (supostamente eficaz contra<br />
venenos).<br />
A combinação imaginativa e animada<br />
das folhas <strong>de</strong> acanto e do «mascarão»<br />
na frente <strong>de</strong>sta invulgar taça, cobrindo o<br />
corno mas <strong>de</strong>ixando a sua forma natural<br />
i<strong>de</strong>ntificável, a<strong>de</strong>qua-se perfeitamente<br />
ao reportório das esculturas <strong>de</strong> Nikolaus<br />
Pfaff, cuja obra se caracteriza pelos mais<br />
elevados padrões <strong>de</strong> execução.<br />
O recorte profundo entre os beiços<br />
pen<strong>de</strong>ntes do mascarão <strong>de</strong>stinar-se-ia<br />
provavelmente a uma guarnição<br />
metálica que nunca foi executada.<br />
EUROPA l CÂMARAS DE MARAVILHAS<br />
21
EUROPA l CÂMARAS DE MARAVILHAS<br />
22<br />
ESCUDO<br />
Índia portuguesa, c. 1580<br />
Ma<strong>de</strong>ira, pele <strong>de</strong> raia polida, laca preta<br />
com ouro (escudo); veludo, prata (punhos<br />
europeus)<br />
Ø 54 cm<br />
Kunsthistoriches Museum Viena,<br />
Hofjagad – und Rüstkammer | A915<br />
Referido no inventário <strong>de</strong> 1596 da<br />
proprieda<strong>de</strong> do arquiduque Ferdinando II<br />
<strong>de</strong> Schloss Ambras, este escudo circular<br />
<strong>de</strong> ma<strong>de</strong>ira apresenta a face exterior<br />
revestida com pele <strong>de</strong> raia polida. No<br />
interior, revestimento <strong>de</strong> laca executado<br />
a ouro sobre fundo preto, característico<br />
da Ásia Oriental, e punhos <strong>de</strong> veludo<br />
vermelho fixados por meio <strong>de</strong> aplicações<br />
europeias <strong>de</strong> prata.<br />
O trabalho <strong>de</strong> laca, em duas camadas,<br />
aponta para uma origem indo-<br />
-portuguesa, origem actualmente<br />
consi<strong>de</strong>rada neste tipo <strong>de</strong> peças,<br />
que terão sido criadas em Goa por<br />
artistas chineses ou nipónicos. Pela<br />
sua complexida<strong>de</strong>, este escudo <strong>de</strong>verá<br />
correspon<strong>de</strong>r ao gosto multicultural<br />
do português que o encomendou,<br />
por reunir características da cultura<br />
portuguesa, europeia e asiática.<br />
17 18<br />
COFRE<br />
Veneza, final do século XVI<br />
Cristais lapidados, ma<strong>de</strong>ira lacada <strong>de</strong><br />
negro e ouro, prata dourada e bronze<br />
58 x 99 x 72 cm<br />
Museu Nacional <strong>de</strong> Arte Antiga, Lisboa<br />
| inv. 576 Our<br />
Este exemplar pertence a uma tipologia<br />
<strong>de</strong> cofres constituídos por uma armação<br />
<strong>de</strong> ma<strong>de</strong>ira <strong>de</strong> planta rectangular on<strong>de</strong><br />
se inserem placas <strong>de</strong> cristal biseladas ou<br />
lapidadas em vulto, emolduradas com<br />
perfis lacados <strong>de</strong> negro e ouro.<br />
O interior é tratado com o mesmo cuidado<br />
<strong>de</strong>corativo e idêntica <strong>de</strong>coração lacada.<br />
As características do <strong>de</strong>senho são nitida-<br />
mente inspiradas na arquitectura<br />
renascentista. A finalida<strong>de</strong> <strong>de</strong>stes cofres<br />
não é bem conhecida. Existe no entanto<br />
a tradição <strong>de</strong> que eram presentes que o<br />
Papa enviava aos monarcas católicos da<br />
Europa por ocasião do nascimento <strong>de</strong> um<br />
her<strong>de</strong>iro, contendo roupas bentas para o<br />
seu baptizado.<br />
Este cofre, o maior dos exemplares<br />
conhecidos, segundo o comprova a vasta<br />
documentação existente, foi oferecido pelo<br />
rei <strong>de</strong> Ormuz a D. Frei Aleixo <strong>de</strong> Menezes,<br />
arcebispo e governador <strong>de</strong> Goa entre 1608<br />
e 1609, e por ele enviado ao Convento dos<br />
Agostinhos da Graça, em Lisboa, on<strong>de</strong><br />
passou a servir como Sacrário.<br />
EUROPA l CÂMARAS DE MARAVILHAS<br />
23
EUROPA l ANIMAIS E PLANTAS EXÓTICAS<br />
24<br />
LEÃO<br />
Albrecht Dürer (1471-1528)<br />
Bruxelas, 1521<br />
Aguarela e guache sobre velino<br />
17,7 x 28,8 cm<br />
Albertina, Viena | 3173<br />
Graças ao Diário da sua Viagem aos Países<br />
Baixos (1520-21) sabe-se que em 1521 Dürer<br />
viu e <strong>de</strong>senhou leões em Ghent, animais<br />
que se haviam tornado uma atracção<br />
popular no início do século XVI, e que<br />
<strong>de</strong>scendiam <strong>de</strong> um grupo <strong>de</strong> animais<br />
pertencentes a um talhante local, um<br />
século antes. Em 1520, o pintor também já<br />
vira leões em Bruxelas no famoso parque<br />
<strong>de</strong> animais, o Waran<strong>de</strong>, por trás do palácio<br />
real. Desta aguarela <strong>de</strong> Viena, uma entre<br />
vários <strong>de</strong>senhos (leão, leoa, lince europeu,<br />
camurça) que terão sido executados pela<br />
mesma altura, é bem conhecido o rasto<br />
ao longo dos tempos: colecção Imhoff,<br />
Nurenberga, 1588, imperador Rudolfo II,<br />
registo <strong>de</strong> 1783, colecção do duque<br />
A. von Sachsen-Teschen, que está na<br />
origem <strong>de</strong> parte da colecção da Galeria<br />
Albertina.<br />
Na precisão da representação do natural,<br />
este leão <strong>de</strong> Dürer é uma <strong>de</strong>monstração <strong>de</strong><br />
espírito científico e <strong>de</strong> mo<strong>de</strong>rnida<strong>de</strong> face à<br />
percepção da realida<strong>de</strong>.<br />
19 20<br />
HANNO, O ELEFANTE<br />
Escola <strong>de</strong> Rafael<br />
Roma, Itália, 1514-1516<br />
Pena e tinta sobre papel<br />
27,8 x 28,5 cm<br />
Staatliche Museen zu Berlin,<br />
Kupferstichkabinett | KDZ 17949<br />
A embaixada que D. Manuel I enviou<br />
ao papa Leão X, em 1514, presidida por<br />
Tristão da Cunha, incluía um elefante<br />
branco que o rei <strong>de</strong> <strong>Portugal</strong> recebera<br />
do rei <strong>de</strong> Cochim. O êxito da missão<br />
diplomática foi assinalado pela oferta da<br />
rosa papal a <strong>Portugal</strong> e Hanno, símbolo<br />
da extensão da fé cristã propagada<br />
pelos portugueses, foi mantido<br />
nos Jardins do Belve<strong>de</strong>re, Vaticano,<br />
tornando-se no animal <strong>de</strong> estimação<br />
<strong>de</strong> Sua Santida<strong>de</strong>. Quatro anos volvidos<br />
e <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> muito festejado, o animal<br />
morreu. O <strong>de</strong>sgosto do Papa levou-o a<br />
escrever um epitáfio em latim e a pedir<br />
a Rafael que o imortalizasse em fresco,<br />
à escala real, numa torre <strong>de</strong> entrada da<br />
Cida<strong>de</strong> pontifícia. Este Hanno é uma<br />
das duas cópias existentes do <strong>de</strong>senho<br />
preparatório do pintor para o fresco que<br />
se per<strong>de</strong>u. À dimensão naturalista da<br />
representação acrescenta-se a dimensão<br />
do animal, expressa no <strong>de</strong>senho: 2,33 m<br />
(10 palmi) <strong>de</strong> altura e 4,95 m (22 palmi )<br />
<strong>de</strong> comprimento.<br />
EUROPA l ANIMAIS E PLANTAS EXÓTICAS<br />
25
EUROPA l ANIMAIS E PLANTAS EXÓTICAS<br />
26<br />
AVES-DO-PARAÍSO<br />
Alemanha, segunda meta<strong>de</strong><br />
do século XVI<br />
Aguarela e guache sobre papel<br />
59,6 x 37,5 cm<br />
ERLANGEN, Graphische Sammlung<br />
<strong>de</strong>r Universität | B. 164.II.C.4<br />
Dividindo-se actualmente em várias<br />
espécies e géneros, as aves-do-<br />
-paraíso eram caçadas <strong>de</strong>vido à sua<br />
plumagem nupcial, sendo os corpos<br />
secos coleccionados e comercializados.<br />
A plumagem surgiu na Europa em<br />
1522 com a chegada <strong>de</strong> pelo menos<br />
cinco corpos secos <strong>de</strong>stas aves que<br />
foram incorporados em colecções<br />
<strong>de</strong> curiosida<strong>de</strong>s como naturalia e<br />
reproduzidos em ilustrações <strong>de</strong> livros e<br />
em <strong>de</strong>senhos. Conhece-se, <strong>de</strong> 1525, um<br />
<strong>de</strong>senho legendado da autoria do artista<br />
alemão Hans Baldung Grien.<br />
Registado pela primeira vez na<br />
kunstkammer do margrave J. F. von<br />
Bran<strong>de</strong>nburg-Ansbach, o exemplar<br />
<strong>de</strong> Erlangen apresenta duas vistas do<br />
mesmo espécime masculino<br />
<strong>de</strong> variadas cores. Testemunhos do<br />
interesse europeu pelo mundo recém-<br />
-<strong>de</strong>scoberto, estes <strong>de</strong>senhos são<br />
também uma tentativa <strong>de</strong> representação<br />
o mais fiel possível da realida<strong>de</strong>.<br />
21 22<br />
1599-1635)<br />
INCENSADOR<br />
Dirich Utermarke (Alemanha,<br />
Hamburgo, primeiro quartel do século XVII<br />
Prata dourada<br />
54 x 54 cm<br />
Museus do Kremlin, Moscovo | MZ-422/1-5<br />
Este incensador foi comprado pelos<br />
emissários do czar Miguel Fedorovich<br />
Romanov (r. 1613-1645), num leilão dos<br />
tesouros do rei Cristiano IV da Dinamarca<br />
(r. 1588-1648) realizado em 1628 na<br />
cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Arkhangelsk.<br />
Destinava-se a ser colocado sobre<br />
uma mesa e po<strong>de</strong>rá ter <strong>de</strong>corado e<br />
perfumado um dos salões do Kremlin.<br />
O incensador assume a forma <strong>de</strong> uma<br />
alta montanha com cumes aci<strong>de</strong>ntados,<br />
encimada por um castelo. Pequenos<br />
elementos <strong>de</strong>corativos em filigrana<br />
fundida encontram-se espalhados<br />
por toda a superfície – rãs, lagartos,<br />
tartarugas, um gafanhoto branco, tufos<br />
<strong>de</strong> erva e galhos secos. Três pináculos<br />
rochosos ocultam longas gavetas<br />
rectangulares on<strong>de</strong> era colocado o<br />
incenso. O castelo possui um telhado<br />
com altas chaminés quadradas com<br />
orifícios que comunicam com as secções<br />
internas do incensador, sendo por elas<br />
que saía o fumo aromático.<br />
Actualmente, apenas são conhecidos<br />
quatro incensadores com a forma <strong>de</strong><br />
uma montanha tendo todos pertencido<br />
ao tesouro do czar Miguel Fedorovich<br />
Romanov.<br />
EUROPA l ANIMAIS E PLANTAS EXÓTICAS<br />
27
EUROPA l ANIMAIS E PLANTAS EXÓTICAS<br />
28<br />
BANCO COM AS ARMAS<br />
DE MAXIMILIANO II<br />
Viena, Áustria, 1554<br />
Osso <strong>de</strong> elefante<br />
82 x 90 x 55 cm<br />
Stift Kremsmünster, Kunstsammlungen<br />
Quatro imponentes ossos são o que<br />
resta <strong>de</strong> um elefante asiático que<br />
D. João III ofereceu ao arquiduque<br />
austríaco Maximiliano (1527-1576),<br />
futuro imperador Maximiliano II.<br />
Ao recomendar que o animal fosse<br />
apelidado <strong>de</strong> Solimão, tornando-o assim<br />
seu escravo, a oferta do rei <strong>de</strong> <strong>Portugal</strong><br />
adquiria uma ressonância internacional,<br />
como sinal <strong>de</strong> agra<strong>de</strong>cimento – em<br />
nome <strong>de</strong> toda a Europa e dos seus<br />
domínios – aos Habsburgos, por<br />
repelirem os «infiéis» piratas turcos sob<br />
o comando <strong>de</strong> Solimão, o Magnífico, às<br />
portas <strong>de</strong> Viena, em 1529. O animal foi<br />
levado <strong>de</strong> Madrid até Viena em cujos<br />
subúrbios morreu um ano <strong>de</strong>pois.<br />
A história <strong>de</strong>ste curioso banco está<br />
ilustrada e inscrita no seu próprio<br />
assento, uma omoplata <strong>de</strong> elefante.<br />
Numa das pernas do banco figuram<br />
os brasões <strong>de</strong> armas da Áustria e <strong>de</strong><br />
Espanha, símbolo da aliança matrimonial<br />
do sacro imperador romano com Maria,<br />
sua prima e filha <strong>de</strong> Carlos V, e numa<br />
outra surge o brasão <strong>de</strong> Maximiliano,<br />
ro<strong>de</strong>ado pelo colar da Or<strong>de</strong>m do Tosão<br />
<strong>de</strong> Ouro.<br />
23 24<br />
KRIS E BAINHA<br />
Goa ou Malaca (?), século XVI<br />
Aço, ma<strong>de</strong>ira lacada, ouro, rubis, safiras,<br />
chifre <strong>de</strong> rinoceronte<br />
49,5 x 12,5 x 2,6 cm<br />
Schatzkammer <strong>de</strong>s Deutschen Or<strong>de</strong>ns, Viena<br />
| DO 175<br />
Este kris <strong>de</strong>corado com rubis e safiras<br />
surge registado pela primeira vez em<br />
1619 entre os bens do arquiduque<br />
Maximiliano III (1558-1618). As primeiras<br />
referências europeias a estes punhais<br />
parecem encontrar-se no inventário do<br />
guarda-roupa <strong>de</strong> D. Manuel I (1522).<br />
A sua história inicial ainda permanece<br />
obscura, mas o kris encontrava-se<br />
completamente <strong>de</strong>senvolvido no século<br />
XIII ou seguinte, talvez relacionado com<br />
o culto xivaísta Bhairava. O viajante<br />
português Tomé Pires refere na Suma<br />
Oriental (1512 e 1515) que «todos os<br />
homens em Java, sejam eles ricos ou<br />
pobres, têm <strong>de</strong> ter um kris em sua casa,<br />
e uma lança e um escudo [...] E nenhum<br />
homem entre os doze e os oitenta anos<br />
po<strong>de</strong> sair <strong>de</strong> casa sem um kris no seu<br />
cinto». A partir <strong>de</strong> então, os viajantes<br />
ficariam fascinados com estas armas<br />
mortíferas frequentemente revestidas<br />
com arsénico, incorporadas <strong>de</strong> um<br />
po<strong>de</strong>r sobrenatural e conce<strong>de</strong>ndo um<br />
elevado estatuto ao seu possuidor.<br />
EUROPA l ETNOGRÁFICA<br />
29
EUROPA l ETNOGRÁFICA<br />
30<br />
MARIONETA<br />
DE SOMBRAS<br />
Java, Indonésia, século XVI<br />
Ma<strong>de</strong>ira policroma, folha <strong>de</strong> ouro<br />
50,5 x 17 cm<br />
Museum für Völkerkun<strong>de</strong> Viena | 12.397<br />
As representações teatrais com<br />
sombras <strong>de</strong>senvolveram-se numa área<br />
geográfica que se esten<strong>de</strong> <strong>de</strong>s<strong>de</strong> a<br />
China, no Oriente, a Marrocos e à Europa<br />
Oci<strong>de</strong>ntal. O teatro <strong>de</strong> sombras javanês<br />
é particularmente famoso <strong>de</strong>vido às<br />
suas marionetas, com o reportório<br />
baseado nos épicos indianos Ramayana<br />
e Mahabharata.<br />
Cada marioneta ostenta as características<br />
faciais e corporais específicas do tipo<br />
humano que representa. A famosa<br />
figura Yudistira, o mais velho dos<br />
Pandava, «expressa a sua absoluta<br />
tranquilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> mente e <strong>de</strong> corpo, a<br />
nobreza dos seus pensamentos e o seu<br />
ódio pela violência». Esta marioneta<br />
apresenta o cabelo apanhado na nuca,<br />
sendo a sua importância realçada pela<br />
opulência do ornamento <strong>de</strong> cabeça<br />
e do colar. A i<strong>de</strong>ntificação da figura é<br />
talvez confirmada pelo inventário do<br />
imperador Rodolfo II, redigido entre<br />
1607 e 1611, que refere uma caixa <strong>de</strong><br />
laca contendo cinco marionetas que<br />
po<strong>de</strong>riam ser as figuras dos cinco<br />
Pandava.<br />
25 26<br />
ESCUDO<br />
Ilhas Molucas, Indonésia,<br />
século XVII, anterior a 1710<br />
Ma<strong>de</strong>ira, fibras, mástique, conchas<br />
136 cm<br />
Museu Nacional da Dinamarca,<br />
Colecções Etnográficas | Db.60<br />
Este tipo <strong>de</strong> escudo das Ilhas Molucas<br />
<strong>de</strong>nominado salawaku, que foi alvo<br />
<strong>de</strong> uma vasta difusão, entre outras<br />
numerosas funções era utilizado nas<br />
danças bélicas tradicionais enquanto<br />
escudo <strong>de</strong> <strong>de</strong>fesa. Talhado numa única<br />
peça <strong>de</strong> ma<strong>de</strong>ira apresenta geralmente<br />
a configuração <strong>de</strong> uma ampulheta,<br />
mais estreito a meio e alargando em<br />
ambos os extremos, sendo muitas vezes<br />
ligeiramente curvo.<br />
O presente exemplar é particularmente<br />
elegante e pormenorizado, com<br />
<strong>de</strong>coração <strong>de</strong> padrão regular e simétrico<br />
<strong>de</strong> conchas discói<strong>de</strong>s e piriformes com<br />
formas elaboradas. Possivelmente, terá<br />
sido produzido directamente para<br />
exportação. Descrito pela primeira vez<br />
no inventário <strong>de</strong> 1710 da kunstkammer<br />
<strong>de</strong> Gottorf, foi transferido para o Palácio<br />
Real <strong>de</strong> Copenhaga em 1751.<br />
EUROPA l ETNOGRÁFICA<br />
31
CHINA<br />
52<br />
Em 1513 os portugueses atingem o sul da China, importante centro produtor<br />
<strong>de</strong> porcelana, material requintado cuja manufactura era <strong>de</strong>sconhecida e muito<br />
<strong>de</strong>sejada na Europa. Criaram-se feitorias na região <strong>de</strong> Cantão on<strong>de</strong> se produziu,<br />
<strong>de</strong>s<strong>de</strong> cerca <strong>de</strong> 1520, uma imensa quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> porcelanas com as armas da Casa<br />
Real e da nobreza <strong>de</strong> <strong>Portugal</strong>, por vezes com inscrições <strong>de</strong> frases religiosas ou<br />
laicas, estas <strong>de</strong> carácter possessório.<br />
Da China chegaram ainda magníficas sedas e marfins, muitos <strong>de</strong>les aplicados em<br />
frontais <strong>de</strong> altar, paramentaria e imaginária cuja iconografia copiava, seguindo os<br />
códigos <strong>de</strong>corativos chineses, as representações religiosas europeias.<br />
Na sequência do comércio português, crescente no sul da China, as autorida<strong>de</strong>s da<br />
província chinesa <strong>de</strong> Guandong ce<strong>de</strong>m um entreposto na península <strong>de</strong> Macau, 1557,<br />
perto da foz do rio das Pérolas. Com o seu próprio senado, Macau transformou-se<br />
num dos portos mais importantes do Oriente.<br />
43<br />
MACAU<br />
Pedro Barreto <strong>de</strong> Resen<strong>de</strong><br />
(<strong>Portugal</strong>-Goa (?) 1651)<br />
in António Bocarro, Livro das Plantas<br />
<strong>de</strong> Todas as Fortalezas, Cida<strong>de</strong>s e<br />
Povoações do Estado da Índia Oriental<br />
c. 1635<br />
Aguarela sobre papel<br />
41 x 61 cm<br />
Biblioteca Pública <strong>de</strong> Évora<br />
| Cód. CXV/ 2-1, Planta nº 47<br />
A Macau do século XVII, aqui retratada,<br />
era uma cida<strong>de</strong> mercantil, marítima e<br />
multiétnica. Albergava uma população<br />
asiática <strong>de</strong> origem variada e era<br />
governada por uma oligarquia do negócio<br />
maioritariamente portuguesa, cujo po<strong>de</strong>r<br />
assentava no controlo do Senado da<br />
Câmara e da Misericórdia. A fortuna <strong>de</strong><br />
Macau <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>u do comércio<br />
sino-japonês até 1640, sabendo a<br />
cida<strong>de</strong> engendrar rotas comerciais<br />
alternativas <strong>de</strong>pois <strong>de</strong>sta data.<br />
Situada na periferia marítima do<br />
«Império do Meio», Macau foi sempre<br />
um espaço <strong>de</strong> compromisso e <strong>de</strong><br />
negociação, lugar simultaneamente<br />
chinês e português, entreposto mercantil<br />
e centro político-administrativo.<br />
Conhecem-se poucas plantas <strong>de</strong><br />
Macau do primeiro terço do século XVII,<br />
mas este <strong>de</strong>senho <strong>de</strong> Pedro Barreto <strong>de</strong><br />
Resen<strong>de</strong> – inserido no Livro <strong>de</strong> António<br />
Bocarro – constitui o gran<strong>de</strong> marco da<br />
cartografia <strong>de</strong> Macau no século XVII.<br />
CHINA<br />
53
CHINA<br />
54<br />
VIRGEM COM O MENINO<br />
China, províncias <strong>de</strong> Guangdong,<br />
Fujian (?), final do século XVI - início do<br />
século XVII<br />
Marfim esculpido, vestígios <strong>de</strong> laca e pintura<br />
policromas, ma<strong>de</strong>ira<br />
43 x 12,9 x 11,5 cm<br />
Museu Nacional <strong>de</strong> Arte Antiga, Lisboa<br />
| Inv. 143 Esc<br />
Ao contrário do que aconteceu em Goa, as<br />
imagens religiosas em marfim produzidas<br />
na China por encomenda portuguesa<br />
são raras. A própria matéria-prima era, em<br />
regra, adquirida pelos portugueses em<br />
Moçambique e levada para Macau.<br />
O tipo <strong>de</strong> representação <strong>de</strong>sta Virgem com<br />
o Menino ao colo é consi<strong>de</strong>rado como uma<br />
adaptação cristã <strong>de</strong> Bodhisattva Guanyin,<br />
divinda<strong>de</strong> associada à misericórdia e<br />
compaixão, <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> <strong>de</strong>voção na China<br />
e na Ásia do Leste.<br />
A Virgem tem traços marcadamente orientais<br />
e contas <strong>de</strong> um rosário suspensas<br />
numa das mãos, o Menino abençoa com a<br />
mão direita e agarra uma pomba com a es-<br />
querda. Ambos vestem uma túnica longa.<br />
Excepcional e muito rara, esta imagem<br />
que foi esculpida aproveitando a curvatura<br />
natural da presa <strong>de</strong> elefante integra um<br />
núcleo restrito <strong>de</strong> idêntica produção e<br />
iconografia <strong>de</strong> que se conhecem mais<br />
três exemplares: numa colecção particular<br />
portuguesa, na capela do hospital <strong>de</strong><br />
Ciudad Rodrigo e na Hispanic Society of<br />
America, Nova Iorque.<br />
44 45<br />
do século XVII<br />
FRONTAL DE ALTAR<br />
China, segunda meta<strong>de</strong><br />
Cetim <strong>de</strong> seda carmesim bordado a fio <strong>de</strong><br />
seda torcido e sem torção apreciável, fio<br />
<strong>de</strong> papel laminado dourado; cordãozinho<br />
<strong>de</strong> seda branco e castanho; enchimento<br />
com fio <strong>de</strong> algodão (?) <strong>de</strong> espessura<br />
apreciável e rolos <strong>de</strong> papel.<br />
105 x 365 cm<br />
Museu Nacional <strong>de</strong> Machado <strong>de</strong> Castro, Coimbra<br />
| inv. T 6382<br />
Frontal <strong>de</strong> altar composto por frontaleira<br />
tripartida, barras laterais e três campos.<br />
O painel do meio apresenta medalhão<br />
central com a representação do Rapto<br />
<strong>de</strong> Ganime<strong>de</strong>s. Aqui, a figuração do mito<br />
recorre ao arquétipo gizado por Miguel<br />
Ângelo por volta <strong>de</strong> 1530. Este imaginário<br />
mitológico e alegórico circulou através<br />
<strong>de</strong> obras publicadas no século XVI,<br />
como o Emblematum Liber <strong>de</strong> Alciato,<br />
1531, ou o Symbolicarum Quaestionum<br />
<strong>de</strong> Universo Genere, da autoria <strong>de</strong> Achile<br />
Bocchi, 1555, ambas ilustradas com<br />
gravuras directamente inspiradas no<br />
mo<strong>de</strong>lo iconográfico daquele pintor<br />
italiano. Eram livros que, a par da Bíblia<br />
ou das Metamorfoses <strong>de</strong> Ovídio, <strong>de</strong>certo<br />
constavam da bagagem dos fidalgos e dos<br />
missionários no Oriente.<br />
CHINA<br />
55
CHINA<br />
56<br />
DEUSA-MÃE<br />
COM MENINO<br />
Província <strong>de</strong> Fujian, China,<br />
dinastia Ming, final do século XVI<br />
ou início do século XVII<br />
Marfim, vestígios <strong>de</strong> tinta ou laca<br />
19,5 cm<br />
Museu Estatal Hermitage, Sampetersburgo<br />
| LN-939<br />
A expansão e missionação católicas na<br />
China e nas ilhas do Su<strong>de</strong>ste Asiático<br />
provocou, no final do século XVI, uma<br />
consi<strong>de</strong>rável produção <strong>de</strong> imagens que<br />
aliava o espírito da encomenda europeia à<br />
forte tradição escultórica local.<br />
Com vestes reconhecidamente chinesas,<br />
esta escultura terá sido diferentemente<br />
interpretada por budistas ou por cristãos.<br />
De traços característicos das peças<br />
do período Ming tardio, este tipo <strong>de</strong><br />
representação era invulgar na escultura<br />
religiosa chinesa, sendo até possível que<br />
esta imagem tenha sido executada como<br />
uma Virgem e o Menino encomendada<br />
por portugueses. Na China, ela teria sido<br />
i<strong>de</strong>ntificada com Guanyin, divinda<strong>de</strong><br />
protectora das crianças e patrona das<br />
mulheres que pretendiam <strong>de</strong>scendência<br />
masculina. Interpretação e forma da figura<br />
remontam à iconografia budista e às<br />
imagens e esculturas pintadas chinesas<br />
pelo que o Bodhisattva original do panteão<br />
budista se transformou numa graciosa<br />
<strong>de</strong>usa-mãe da religião popular, <strong>de</strong> rosto<br />
redondo como a Lua cheia.<br />
46 47<br />
TAÇA<br />
Jing<strong>de</strong>zhen, província<br />
<strong>de</strong> Jiangxi, China, dinastia Ming,<br />
segundo quartel do século XVI<br />
Porcelana com <strong>de</strong>coração azul-cobalto<br />
sob vidrado<br />
10,8 x Ø 25,5 cm<br />
Casa-Museu da Fundação Me<strong>de</strong>iros<br />
e Almeida, Lisboa | FMA 814<br />
Anteriormente na colecção do duque<br />
<strong>de</strong> Leeds, esta taça combina os muitos<br />
símbolos da presença portuguesa na China<br />
com um motivo puramente chinês, um<br />
leão budista a brincar com uma bola. No<br />
interior do bordo corre a inscrição<br />
ave maria gracia plena («Ave Maria,<br />
cheia <strong>de</strong> graça»). No exterior figuram<br />
o monograma sagrado «IHS», as armas<br />
portuguesas com cinco escu<strong>de</strong>tes, a<br />
esfera armilar <strong>de</strong> D. Manuel I, e uma<br />
paisagem chinesa.<br />
Na base tem uma marca espúria do<br />
reinado <strong>de</strong> Xuan<strong>de</strong> (1426-35).<br />
A maioria dos elementos referidos são<br />
conhecidos em várias outras peças, como<br />
por exemplo o leão budista em porcelanas<br />
do reinado <strong>de</strong> Zheng<strong>de</strong> (1505-21) e Jiajing<br />
(1521-67), tendo sido também produzidas<br />
outras taças com forma e <strong>de</strong>coração geral<br />
muito semelhantes.<br />
CHINA<br />
57
CHINA<br />
58<br />
48 VISTA DO OBSERVATÓRIO<br />
ASTRONÓMICO DE PEQUIM<br />
Ferdinand Verbiest, S.J.<br />
(Países Baixos – China, 1623-1688),<br />
e outros In Ilustrações dos Instrumentos<br />
Recém – construídos para o Observatório<br />
China, 1674<br />
Xilogravura sobre papel<br />
38,5 x 77 cm<br />
The British Library, Londres | 15268.B.3<br />
A estratégia dos missionários europeus na<br />
China consistia em convencer os chineses<br />
quanto ao valor das verda<strong>de</strong>s científicas<br />
para assim os conduzir às verda<strong>de</strong>s<br />
teológicas. Ferdinand Verbiest , jesuíta flamengo,<br />
em 1669 foi chamado para exercer<br />
o cargo <strong>de</strong> vice-presi<strong>de</strong>nte do Tribunal<br />
Astronómico Imperial. O jovem imperador<br />
Kangxi aceitou uma proposta sua para<br />
a criação <strong>de</strong> novos instrumentos para o<br />
Observatório da capital. Os instrumentos<br />
foram instalados em 1673 e Verbiest viria<br />
a produzir um guia explanatório. Em 1674,<br />
o seu Xinzhi Lingtai yixiang zhi tornou-se<br />
a primeira obra técnica publicada pela<br />
Imprensa Imperial.<br />
Redigido em chinês por trinta e um colaboradores,<br />
é constituída por catorze capítulos<br />
recheados <strong>de</strong> explicações e <strong>de</strong> cálculos,<br />
seguidos <strong>de</strong> dois capítulos ilustrativos.<br />
À vista geral do Observatório aqui ilustrada<br />
seguem-se cento e cinco estampas todas<br />
elas cuidadosamente impressas num magnífico<br />
papel branco <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> qualida<strong>de</strong>.<br />
Pedro Álvares Cabral encontra a costa do Brasil, 1500, nome dado à ma<strong>de</strong>ira<br />
cor <strong>de</strong> fogo aí existente e que era um corante têxtil. Com uma paisagem<br />
<strong>de</strong>slumbrante e uma flora e fauna extraordinárias, esta terra <strong>de</strong> paraíso era<br />
habitado por índios Tupi, e mesmo sendo motivo <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> fascínio para a Europa,<br />
esta não se revelou, ao longo do século XVI, como fonte para produção <strong>de</strong> riquezas<br />
imediatas.<br />
Foi só durante o século XVII, com a produção do açúcar servida pela mão-<strong>de</strong>-obra<br />
escrava oriunda <strong>de</strong> África, que o Brasil constituiu po<strong>de</strong>roso instrumento <strong>de</strong><br />
<strong>de</strong>senvolvimento económico da Coroa portuguesa.<br />
Ao contrário dos outros territórios do Império português, lugares estratégicos<br />
numa re<strong>de</strong> mundial <strong>de</strong> comunicação, o Brasil era um imenso território cujo<br />
povoamento sistemático, com instalação <strong>de</strong> capitanias, se iniciou <strong>de</strong>s<strong>de</strong> 1530.<br />
O engenho <strong>de</strong> açúcar foi, ao longo do século XVII, a força económica que levou<br />
à mudança do mo<strong>de</strong>lo social, pautado pelos valores da fé cristã. Neste contexto<br />
construiram-se numerosas igrejas cujo equipamento litúrgico se <strong>de</strong>finiu por uma<br />
expressivida<strong>de</strong> excessiva e poética, servindo a iconografia cristã marcadamente<br />
brasileira.<br />
BRASIL<br />
59
BRASIL<br />
60<br />
MAPA DA COSTA DO BRASIL<br />
ENTRE PERNAMBUCO<br />
E O RIO DA PRATA<br />
in Atlas Náutico<br />
França, c. 1538<br />
44,5 x 62,4 cm<br />
Koninklije Bibliotheek, Haia | 129 A 24<br />
Este mapa pertence a um atlas<br />
manuscrito que contém cartas náuticas<br />
da Europa, da África e da América e que<br />
hoje se encontra na Biblioteca Nacional<br />
dos Países Baixos, em Haia.<br />
Trata-se <strong>de</strong> um atlas elaborado na<br />
Normandia, traçado por cartógrafos<br />
portugueses ao serviço <strong>de</strong> armadores<br />
franceses, ou por cartógrafos franceses,<br />
com base em mapas portugueses.<br />
A obra foi, provavelmente, oferecida por<br />
armadores da Normandia, a Henrique,<br />
<strong>de</strong>lfim <strong>de</strong> França, futuro rei Henrique II<br />
(r. 1547-1559), encontrando-se o escudo<br />
<strong>de</strong> armas do príncipe no segundo mapa,<br />
que representa o Mediterrâneo Oriental.<br />
No mapa da costa do Brasil o interior da<br />
América do Sul encontra-se preenchido<br />
com representações <strong>de</strong> contactos entre<br />
europeus e autóctones. O <strong>de</strong>senho dos<br />
índios e dos europeus, da vegetação,<br />
dos animais aponta para um trabalho<br />
feito em Dieppe, pelas semelhanças que<br />
apresenta com os mapas do atlas Vallard<br />
e <strong>de</strong> alguns mapas do cartógrafo Pierre<br />
Desceliers.<br />
49 50<br />
anterior a 1689<br />
COROA DE PENAS<br />
Tupinambá, Brasil,<br />
Rectrizes <strong>de</strong> arara, fibras<br />
65 x 35 cm<br />
Museu Nacional da Dinamarca,<br />
Colecções Etnográficas | HC.56<br />
O primeiro encontro dos viajantes<br />
europeus no Brasil <strong>de</strong>u-se com as tribos<br />
costeiras. Eram os tupis – os tupiniquins,<br />
na primeira fase e os tupinambás,<br />
na segunda – guerreiros que tinham<br />
invadido as áreas da costa.<br />
Antes do seu contacto com os europeus,<br />
os tupinambás não costumavam<br />
usar vestuário. Em ocasiões especiais<br />
adornavam-se com penas, colando-as<br />
directamente na pele ou incorporando-<br />
-as nas suas indumentárias. As peças <strong>de</strong><br />
vestuário mais elaboradas eram as capas<br />
<strong>de</strong> penas.<br />
Um dos tipos <strong>de</strong> toucado tupinambá<br />
é uma espécie <strong>de</strong> gorro com ou sem<br />
penas que pen<strong>de</strong>m sobre o pescoço,<br />
mas mais imponentes são as faixas com<br />
penas que se projectam na vertical em<br />
redor <strong>de</strong> toda a cabeça.<br />
Esta magnífica coroa foi referida pela<br />
primeira vez na Kunstkammer real<br />
dinamarquesa, em 1689.<br />
BRASIL<br />
61
BRASIL<br />
62<br />
ADORAÇÃO DOS MAGOS<br />
Francisco Henriques e<br />
colaboradores, 1501-1506<br />
Óleo sobre ma<strong>de</strong>ira <strong>de</strong> carvalho<br />
130 x 79 cm<br />
Museu <strong>de</strong> Grão Vasco, Viseu | inv. 2145<br />
Substituindo o tradicional negro (ou<br />
«mouro») Baltasar por um índio da etnia<br />
dos tupi-tupinambá, este painel do antigo<br />
retábulo da capela-mor da Sé <strong>de</strong> Viseu é<br />
uma das mais inovadoras representações<br />
da pintura portuguesa dos inícios do<br />
século XVI. A imagem do índio, com<br />
sua lança e vestes emplumadas, parece<br />
traduzir simultaneamente um olhar<br />
maravilhado pelas fabulosas novida<strong>de</strong>s<br />
das terras do Brasil (recém-<strong>de</strong>scobertas<br />
pela armada <strong>de</strong> Cabral a 2 <strong>de</strong> Abril <strong>de</strong><br />
1500) e uma vonta<strong>de</strong> <strong>de</strong> registo <strong>de</strong><br />
tipo «etnográfico». Reflecte também,<br />
inevitavelmente, a vonta<strong>de</strong> <strong>de</strong> integração<br />
do «Outro», da realida<strong>de</strong> <strong>de</strong>sconhecida<br />
e «indomesticada», na velha or<strong>de</strong>m <strong>de</strong><br />
apropriação e conhecimento do mundo<br />
segundo a cultura bíblica. O índio<br />
brasileiro é aqui duplamente integrado<br />
na or<strong>de</strong>m cristã do universo, cristianizado<br />
tanto pelas roupas que cobrem a sua<br />
nu<strong>de</strong>z «pré-adâmica» como pela sua<br />
inserção entre os representantes dos<br />
povos da Terra que reconheceram o<br />
Salvador Menino.<br />
51 52<br />
Brasil, c. 1641<br />
DANÇA TAPUIA<br />
Albert Eckhout (c. 1610-1665)<br />
Óleo sobre tela<br />
168 x 294 cm<br />
Museu Nacional da Dinamarca,<br />
Colecções Etnográficas | EN 38 B<br />
O pintor Albert Eckhout acompanhou,<br />
com Franz Post, a comitiva <strong>de</strong> Maurits van<br />
Nassau ao Brasil, em 1637. Nesta sua gran<strong>de</strong><br />
composição, que <strong>de</strong>nota um interesse<br />
<strong>de</strong> conhecimento e registo etnográfico<br />
da socieda<strong>de</strong> ameríndia, os executantes<br />
da dança tapuia são representados com<br />
notável soma <strong>de</strong> a<strong>de</strong>reços e ornamentos.<br />
A pintura po<strong>de</strong>ria ilustrar o testemunho<br />
<strong>de</strong> um outro artista, Zacharias Wagener,<br />
que fez <strong>de</strong>senhos sobre o mesmo<br />
motivo: «É assim que os índios tapuias<br />
dançam, completamente nus, com gritos<br />
aterradores, num círculo, bem organizados,<br />
uns atrás dos outros durante duas ou três<br />
horas sem parar, o que é visto com prazer<br />
e especial apreço como algo digno <strong>de</strong><br />
gran<strong>de</strong> admiração». O termo «tapuia»<br />
era uma <strong>de</strong>nominação genérica utilizada<br />
pelos primeiros colonos europeus para os<br />
diversos grupos <strong>de</strong> índios, culturalmente<br />
não uniformes, que viviam nas terras do<br />
Brasil Oriental.<br />
BRASIL<br />
63
BRASIL<br />
64<br />
ESPADA COM BAINHA<br />
Gana, povos Ashanti,<br />
anterior a 1674 (ou mesmo 1641)<br />
Metal, ma<strong>de</strong>ira, pele <strong>de</strong> raia,<br />
pele animal, folha <strong>de</strong> ouro<br />
76 cm<br />
Museu Nacional da Dinamarca,<br />
Colecções Etnográficas | Cb.7, Cb.8<br />
Esta espada ashanti foi registada pela<br />
primeira vez em 1674 nas colecções reais<br />
dinamarquesas como «uma espada das<br />
Índias Orientais com uma bainha <strong>de</strong> pele<br />
<strong>de</strong> raia polida». Possui uma lâmina longa<br />
e curva, mais larga na ponta, guarda e<br />
copo bolbosos revestidos, à semelhança<br />
da bainha, com pele <strong>de</strong> raia e um punho<br />
cilíndrico e dourado.<br />
Na sua «Descrição e relato histórico do<br />
Reino do Ouro da Guiné», 1602, Pieter <strong>de</strong><br />
Marees refere que os guineenses usam a<br />
menor quantida<strong>de</strong> possível <strong>de</strong> vestuário<br />
mas que transportam uma clava ou<br />
um punhal no cinto. E acrescenta: «São<br />
muito inteligentes no fabrico <strong>de</strong> armas,<br />
tais como longos Punhais, […] cobrem o<br />
punho com uma folha <strong>de</strong> ouro ou com<br />
a pele <strong>de</strong> uma espécie <strong>de</strong> Peixe que<br />
apanham e que é tão estimado por eles<br />
como o Ouro o é por nós.»<br />
As espadas ashanti eram bastante<br />
coleccionadas nos séculos XVI e XVII,<br />
como hoje se constata com base nos<br />
exemplares sobreviventes.<br />
53 54<br />
VISTA DO RIO<br />
SÃO FRANCISCO<br />
E DO FORTE MAURÍCIO<br />
Frans Jansz. Post (Países Baixos,<br />
c. 1612 – Brasil, 1680)<br />
Brasil, 1639<br />
Óleo sobre tela<br />
62 x 95 cm<br />
Museu do Louvre (Departemento <strong>de</strong><br />
Pintura), Paris | inv. 1727<br />
Em 1637, o príncipe Johan Maurits van<br />
Nassau chegou ao Nor<strong>de</strong>ste do Brasil<br />
para ocupar o cargo <strong>de</strong> governador-<br />
-geral dos territórios que a Companhia<br />
Holan<strong>de</strong>sa das Índias Oci<strong>de</strong>ntais<br />
recentemente conquistara a <strong>Portugal</strong>.<br />
Com ele ia o pintor Frans Post.<br />
Das sete pinturas conhecidas pintadas<br />
por Post no Brasil, esta é talvez a mais<br />
inovadora, graças à atmosfera misteriosa<br />
e <strong>de</strong>solada, incluindo a rara figuração<br />
<strong>de</strong> um cacto, e ao toque poético da<br />
representação realista <strong>de</strong> uma capivara,<br />
o animal que se observa a pastar,<br />
placidamente, à beira do gran<strong>de</strong> rio.<br />
Estas imagens tinham um fim claramente<br />
<strong>de</strong>corativo, em contraste com a<br />
preocupação documental patente nos<br />
<strong>de</strong>senhos <strong>de</strong>ste artista. Combinando uma<br />
precisão refinada com o imediatismo da<br />
<strong>de</strong>scoberta, constituem um momento<br />
excepcional da <strong>de</strong>scoberta da paisagem<br />
americana, da luz e motivos tropicais, por<br />
um artista <strong>de</strong> formação europeia.<br />
BRASIL<br />
65
BRASIL<br />
66<br />
55 S. FRANCISCO DE ASSIS<br />
COM O CRISTO SERÁFICO<br />
São Paulo, Brasil, século XVII<br />
Barro policromado<br />
102 x 63 x 54 cm<br />
Museu <strong>de</strong> Arte Sacra <strong>de</strong> São Paulo | 1298M<br />
Afastando-se da tipologia escultórica<br />
mais frequente no Brasil do princípio do<br />
século XVII, o relicário antropomórfico,<br />
este grupo escultórico <strong>de</strong> barro pertence<br />
a uma produção <strong>de</strong> carácter vernacular e<br />
popular. Para tal contribui o tratamento<br />
rígido das anatomias, o respectivo<br />
esquematismo dos panejamentos e<br />
o facto dos olhares não se cruzarem,<br />
frustrando assim o sentido <strong>de</strong> interacção<br />
entre as duas figuras.<br />
Contudo, do ponto <strong>de</strong> vista estritamente<br />
formal, o maior interesse <strong>de</strong>ste exemplar<br />
resi<strong>de</strong> na sua ambição ao confluir dois<br />
episódios: a visão celestial na qual<br />
Cristo crucificado se liberta da cruz<br />
para abraçar Francisco, e, tema central<br />
da Or<strong>de</strong>m, a representação do santo<br />
em êxtase místico, <strong>de</strong> braços abertos,<br />
esperando receber as chagas do Cristo<br />
seráfico. Esta confluência <strong>de</strong> temas<br />
testemunha um <strong>de</strong>svio relativamente<br />
à ortodoxia no contexto do esforço<br />
missionário dos franciscanos na colónia,<br />
atestando assim a rarida<strong>de</strong> <strong>de</strong>sta peça.<br />
FICHA TÉCNICA<br />
Coor<strong>de</strong>nação editorial:<br />
Ana Castro Henriques<br />
Texto:<br />
Paulo Henriques<br />
Fichas:<br />
José Alberto Seabra Carvalho<br />
Ana Castro Henriques<br />
Patrícia Milhanas Machado<br />
Teresa Pacheco Pereira,<br />
a partir das entradas do<br />
catálogo da exposição<br />
Encompassing the Globe,<br />
Lisboa 2009, dos autores:<br />
André Ferrand <strong>de</strong> Almeida 79;<br />
Charles Avery 40, 46;<br />
Gauvin A. Bailey 168, 173;<br />
José Alberto Seabra Carvalho<br />
15, 84; Angelo Cattaneo 1;<br />
Kathy Curnow 66; Pedro Dias<br />
12, 17, 102, 170; Silvia Dolz<br />
63; Francisco Contente<br />
Domingues 8; Maria João<br />
Pacheco Ferreira 145; Jorge<br />
Flores 139; João Carlos<br />
Garcia 3, 24; Sabine Haag 31;<br />
Regina Krahl 150; Angela G.<br />
Kudriatseva 45; Jay Levenson<br />
90; Jean Michel Massing 10,<br />
39, 42, 49, 50, 52, 54, 60, 72, 76,<br />
82, 85, 87; Maria Menshikova<br />
e Regina Krahl 149; Nathalie<br />
Monnet 157; Teresa Morna<br />
16; Leonor d’ Orey 19; Leonor<br />
d’Orey e Maria da Conceição<br />
Borges <strong>de</strong> Sousa 36; Teresa<br />
Pacheco Pereira 118; Matthias<br />
Pfaffenbichler 35; António<br />
Estácio dos Reis 6; Nuno C.<br />
Senos 95; Vítor Serrão 14;<br />
Maria da Conceição Borges<br />
<strong>de</strong> Sousa 143, 158, 163;<br />
Nuno Vassallo e Silva 25,<br />
29, 122, 131, 133 ; Irina A.<br />
Zagorodnaya 28.<br />
Créditos <strong>de</strong> Fotografia:<br />
ALBERTINA, Viena: 39 (ERTL, P.)<br />
ANTT, Lisboa: 17<br />
(José António Silva/AN/TT)<br />
Biblioteca Casanatense,<br />
Roma. Autorização do<br />
Ministero per i Beni e le<br />
Attivita’ Culturali: 102<br />
Biblioteca da Ajuda, Lisboa: 8<br />
(Luís Marques/IGESPAR)<br />
Biblioteca Estense Universitaria,<br />
Mo<strong>de</strong>na. Autorização<br />
do Ministero per i Beni e le<br />
Attivita’ Culturali: 3<br />
Biblioteca Pública <strong>de</strong><br />
Évora: 139<br />
(José António Silva, AN/TT)<br />
CGD, Lisboa, <strong>de</strong>pósito no<br />
MNAA: 12 (Alfredo Dagli Orti)<br />
Casa-Museu da Fundação<br />
Me<strong>de</strong>iros e Almeida, Lisboa:<br />
150 (Nuno Fevereiro)<br />
Colecção particular: 131 170<br />
(© Pedro Lobo)<br />
Convento <strong>de</strong> Cristo, Tomar:<br />
16 (IGESPAR/Laura Castro<br />
Caldas/Paulo Cintra)<br />
Florença, BNC, MAG1. XIII, 16.<br />
Autorização do Ministero per<br />
i Beni e le Attivita’ Culturali/<br />
Biblioteca Nacional Central.<br />
Qualquer publicação sem<br />
autorização é expressamente<br />
proibida: 1<br />
Graphische Sammlung,<br />
Friedrich-Alexan<strong>de</strong>r-<br />
-Universität Erlangen-<br />
-Nuremberga: 42<br />
Haia, Koninklijke Bibliotheek,<br />
129 A 24: 79<br />
IGESPAR/Museu <strong>de</strong> Marinha,<br />
Lisboa: 6 (Rui Salta)<br />
Kunsthistorisches Museum<br />
Viena, Kunstkammer: 29,<br />
25, 31, 133; Museum für<br />
Völkerkun<strong>de</strong>: 50;<br />
Rüstkammer: 35<br />
Kupferstichkabinett, SMB/<br />
Jörg P. An<strong>de</strong>rs: 40<br />
Ministère <strong>de</strong>s Affaires<br />
Etrangères, France, Igreja <strong>de</strong><br />
S. Luís dos Franceses, Lisboa:<br />
14 (Manuel Palma)<br />
Musée du Louvre, Paris: 90<br />
(© RMN/ Franck Raux)<br />
© Musée Royal <strong>de</strong> l’Afrique<br />
Centrale/ Collection RMCA<br />
Tervuren: 76, 54 (J.-M.<br />
Vandyck, RMCA Tervuren ©)<br />
Museu <strong>de</strong> Arte Sacra <strong>de</strong><br />
São Paulo/Organização<br />
Social <strong>de</strong> Cultura/Secretaria<br />
<strong>de</strong> Estado <strong>de</strong> Cultura/<br />
Governo do Estado <strong>de</strong><br />
S. P. – Brasil: 95 (Foto: Rômulo<br />
Fialdini)<br />
Museu <strong>de</strong> Grão Vasco,<br />
Viseu: 84 (IMC/DDF/José<br />
Pessoa)<br />
© Museu Estatal Hermitage,<br />
Sampetersburgo, Maria L.<br />
Menshikova: 149<br />
Museu Etnográfico da<br />
Socieda<strong>de</strong> <strong>de</strong> Geografia <strong>de</strong><br />
Lisboa: 10 (Carlos La<strong>de</strong>ira<br />
© Socieda<strong>de</strong> <strong>de</strong> Geografia<br />
<strong>de</strong> Lisboa)<br />
© Museu Nacional da<br />
Dinamarca, Colecções<br />
Etnográficas, Copenhaga:<br />
72 (cortesia do museu),<br />
82, 85, 87<br />
Museu Nacional <strong>de</strong> Arte<br />
Antiga, Lisboa: 15, 19, 36,<br />
118, 143, 145 (IMC/DDF/<br />
José Pessoa), 163 (IMC/DDF/<br />
Luís Pavão), 158 (IMC/DDF/<br />
Francisco Matias)<br />
Museu Nacional <strong>de</strong> Artes<br />
Decorativas, Madrid: 60<br />
Museum für Völkerkun<strong>de</strong><br />
Dres<strong>de</strong>n: 63<br />
© Museus do Kremlin,<br />
Moscovo: 45, 28<br />
Patrimonio Nacional, Madrid<br />
(Palácio Real): 24<br />
Património <strong>de</strong>l Fondo Edifici<br />
di Culto, amministrato<br />
dal Ministero <strong>de</strong>ll’ Interno<br />
(Dipartimento per le Liberta<br />
Civili i el Immigrazione<br />
– Direzione Centrale per l’<br />
Amministrazione <strong>de</strong>l Fondo<br />
Edifici di Culto), em <strong>de</strong>pósito<br />
na Chiesa <strong>de</strong>l SS. Nome di<br />
Gesù, Roma: 173 (© Zeno<br />
Colantoni)<br />
Santa Casa da Misericórdia do<br />
Sardoal: 168 (Nuno Fevereiro)<br />
Schatzkammer <strong>de</strong>s<br />
Deutschen Or<strong>de</strong>ns, Viena: 49<br />
Stift Kremsmünster,<br />
Kunstsammlungen: 46<br />
© The British Library Board.<br />
Reservados todos os direitos:<br />
157<br />
© The Trustees of the British<br />
Museum. Reservados todos<br />
os direitos: 66<br />
V&A Images/ Victoria and<br />
Albert Museum, Londres: 122<br />
Design gráfico:<br />
Mafalda Matias<br />
Capa: a partir <strong>de</strong> imagem<br />
global da Exposição,<br />
concebida por DDLX<br />
Impressão:<br />
Astrografe - Artes<br />
Gráficas, Lda.<br />
ISBN:<br />
978-972-776-395-5<br />
Depósito legal:<br />
299496/09<br />
Tiragem:<br />
2500 exemplares<br />
BRASIL<br />
67