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Abrapp responde à reportagem da revista Exame - Postalis

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<strong>Abrapp</strong> <strong>responde</strong> <strong>à</strong> <strong>reportagem</strong> <strong>da</strong> <strong>revista</strong> <strong>Exame</strong><br />

Reproduzimos abaixo carta envia<strong>da</strong> no dia 17 de agosto pelo<br />

Presidente <strong>da</strong> ABRAPP, José de Souza Mendonça, ao Diretor de<br />

Re<strong>da</strong>ção <strong>da</strong> EXAME, a propósito de matéria publica<strong>da</strong> pela<br />

<strong>revista</strong> na edição que começou a circular no dia 16:<br />

"Foi com um travo de surpresa e uma enorme decepção, pela<br />

admiração que a <strong>revista</strong> EXAME sempre nos inspirou, que nos<br />

deparamos com matéria publica<strong>da</strong> sob o título “Pensão sem fundos”.<br />

Muito longe <strong>da</strong> ver<strong>da</strong>de, o texto traz afirmações que não se<br />

sustentam e prestam um grave desserviço aos leitores. Se quem está<br />

lendo é empresário, o risco é que, por força de informações<br />

absolutamente equivoca<strong>da</strong>s, adie por muito tempo e talvez<br />

indefini<strong>da</strong>mente a decisão de um dia patrocinar um plano de<br />

previdência complementar para os seus empregados. Se trabalhador<br />

ou profissional liberal, arrisca-se a não querer deles participar. Em<br />

resumo, o prejuízo é enorme para uns e outros e mesmo para a<br />

economia brasileira, que diante de um histórico de tão baixa<br />

capaci<strong>da</strong>de de poupar precisa mais e mais <strong>da</strong> ampliação <strong>da</strong><br />

poupança previdenciária.<br />

Diferentemente do “rombo bilionário” que a <strong>revista</strong> afirma existir, os<br />

fundos de pensão brasileiros registram atualmente um superávit<br />

global de R$ 47,2 bilhões. Dos 15 maiores fundos, apenas dois se<br />

encontram em déficit em vias de solução. Uma situação de<br />

estabili<strong>da</strong>de e segurança que permite ao regime fechado de<br />

previdência complementar pagar todos os meses regularmente mais<br />

de R$ 2 bilhões em benefícios variados aos seus quase 700 mil<br />

assistidos.<br />

A <strong>revista</strong> erra nos números e num conceito básico. Conceitualmente,<br />

fundos de pensão, por força do distante horizonte de tempo entre o<br />

momento do ingresso do trabalhador no plano até a sua<br />

aposentadoria, atuam com os olhos postos no longo prazo. É essa<br />

característica particular responsável inclusive por uma postura de<br />

investidor estável capaz de fornecer recursos de forma constante a<br />

empresas e projetos, algo que traz enormes benefícios <strong>à</strong> economia<br />

brasileira. É o contrário do que faz o especulador. Mas a matéria<br />

ignora isso e cobra os gestores dos fundos por uma suposta<br />

ina<strong>da</strong>ptação <strong>à</strong> conjuntura de curto prazo. Não condizem com a<br />

ver<strong>da</strong>de nem fazem sentido <strong>à</strong>s afirmações <strong>da</strong> jornalista.<br />

Claro, a visão de longo prazo não torna os fundos de pensão cegos<br />

<strong>à</strong>s mu<strong>da</strong>nças que ocorrem no mundo e na economia brasileira. E<br />

tanto são sensíveis <strong>à</strong>s novas reali<strong>da</strong>des que vêm se a<strong>da</strong>ptando a<br />

elas, mas na veloci<strong>da</strong>de adequa<strong>da</strong> e não aquela pauta<strong>da</strong> pelo<br />

aço<strong>da</strong>mento e que só viria potencializar os riscos. Prova desse<br />

ajustamento aos novos cenários é o fato de que em 2008 na<strong>da</strong><br />

menos de 73,4% <strong>da</strong>s Enti<strong>da</strong>des Fecha<strong>da</strong>s de Previdência


Complementar tinham como meta atuarial 6% mais INPC. Passados<br />

apenas três anos, esse percentual caiu para 43%, sendo que 35%<br />

dos fundos já trabalham com um parâmetro atuarial igual ou inferior a<br />

5%. Isso mostra muito claramente a maturi<strong>da</strong>de de um regime de<br />

previdência complementar capaz de adequar o seu passivo a uma<br />

nova reali<strong>da</strong>de brasileira de juros declinantes.<br />

Em certo momento a <strong>revista</strong> diz que “o problema é que muitos desses<br />

fundos têm, por contrato, a obrigação de render mais do que os juros<br />

de mercado, hoje em 8%”. Tal afirmação revela a confusão que o<br />

texto parece fazer entre meta atuarial e taxas de juros pratica<strong>da</strong>s no<br />

mercado. Já quando a matéria se refere a uma correção anual de<br />

12,4% (“Em média, os valores <strong>da</strong>s aposentadorias têm de ser<br />

corrigidos em 12,4% ano a ano”) no valor <strong>da</strong>s aposentadorias, é difícil<br />

mesmo dizer de onde a jornalista retirou esse percentual. Como é<br />

igualmente impossível descobrir em que se baseiam os 14% que os<br />

fundos segundo a <strong>revista</strong> teriam que render este ano para escapar de<br />

problemas futuros. A ver<strong>da</strong>de é uma só: o regime mostra-se estável e<br />

de 1995 para cá apresenta um retorno que é o dobro <strong>da</strong> meta atuarial<br />

do período. Traduzindo em números: nesses 17 anos a rentabili<strong>da</strong>de<br />

alcança<strong>da</strong> foi de 1,692,2%, enquanto o exigido atuarialmente era de<br />

815,14% (INPC + 6%).<br />

Os poucos casos de intervenção do governo apontados pela <strong>revista</strong><br />

deveram-se todos a inadimplência dos patrocinadores. Em nenhuma<br />

<strong>da</strong>s situações os gestores tiveram a quali<strong>da</strong>de ou a honradez de suas<br />

gestões posta em dúvi<strong>da</strong>. O problema foi um só: as empresas<br />

deixaram de contribuir ou passaram a fazê-lo de modo insuficiente.<br />

Onde a matéria diz que fundos de estatais receberam aportes de<br />

recursos, faltou dizer que isso obedeceu ao fiel cumprimento do que<br />

estava determinado nos contratos previdenciários assinados pelas<br />

empresas e seus trabalhadores. As patrocinadoras apenas sal<strong>da</strong>ram<br />

débitos que tinham com os seus planos e na<strong>da</strong> além disso.<br />

A informação de que 31% dos planos são do tipo Benefício Definido<br />

não compreende to<strong>da</strong> a ver<strong>da</strong>de. Textualmente é afirmado que “ 31%<br />

dos planos do mercado brasileiro ain<strong>da</strong> têm rentabili<strong>da</strong>de defini<strong>da</strong> e o<br />

Ministério <strong>da</strong> Previdência não sabe o que fazer com eles, <strong>da</strong>dos os<br />

riscos que correm no cenário de que<strong>da</strong> dos juros”. Nesse caso faltou<br />

informar ao leitor que esses planos são predominantemente sal<strong>da</strong>dos<br />

e estão fechados a novas adesões e que tal percentual, por ser<br />

bastante menor do que no passado (76% em 1990), revela um<br />

prudente esforço de a<strong>da</strong>ptação <strong>à</strong>s novas reali<strong>da</strong>des. Planos com<br />

esse perfil em sua maioria estão ancorados em aplicações de longo<br />

prazo, nota<strong>da</strong>mente títulos públicos, com rendimentos prefixados que<br />

cobrem as necessi<strong>da</strong>des atuariais. É <strong>da</strong> mesma forma inverídico que<br />

os fundos depen<strong>da</strong>m <strong>da</strong> aju<strong>da</strong> do governo: todos são enti<strong>da</strong>des de<br />

direito privado, guiados por regulamentos aprovados e contratos<br />

assinados há longa <strong>da</strong>ta e que investem na quali<strong>da</strong>de <strong>da</strong> gestão, na


governança, na transparência e no uso de controles e de sistemas de<br />

minimização dos riscos.<br />

A gestão dos ativos a<strong>da</strong>pta-se <strong>à</strong>s novas situações, mas sem perder<br />

de vista o ritmo dessas mu<strong>da</strong>nças, o que significa dizer sem ignorar<br />

ou reforçar as tendências observa<strong>da</strong>s. Até porque há uma distorção<br />

bem conheci<strong>da</strong> dos brasileiros: os juros no Brasil estão de fato em<br />

que<strong>da</strong>, mas ain<strong>da</strong> não são baixos como no resto do mundo. Além<br />

disso, as carteiras estão compostas de títulos públicos com retornos<br />

que superam as metas atuariais e têm vencimentos no longo prazo<br />

(74% dos papéis vencerão em mais de três anos e 46% acima de<br />

10). A ver<strong>da</strong>de é que a grande maioria dos fundos está ancora<strong>da</strong> em<br />

papéis que ain<strong>da</strong> pagam boas remunerações. Na medi<strong>da</strong> em que<br />

vencem e são renovados, ca<strong>da</strong> Enti<strong>da</strong>de Fecha<strong>da</strong> de Previdência<br />

Complementar terá tempo para escolher com critérios técnicos e<br />

profissionais a política mais alinha<strong>da</strong> <strong>à</strong>s suas estratégias.<br />

Os fundos de pensão brasileiros não se encontram de forma alguma<br />

retratados na matéria trazi<strong>da</strong> por EXAME e, se nos apressamos a<br />

corrigir os muitos equívocos ali cometidos, é por respeito a uma<br />

<strong>revista</strong> que sempre praticou o melhor jornalismo e que só por<br />

acidente pode ter publicado um texto com tantos erros.<br />

Esperamos que a <strong>revista</strong> EXAME, com a responsabili<strong>da</strong>de que tem<br />

perante a opinião pública, divulgue com o mesmo destaque esta<br />

correção que estamos fazendo dos lamentáveis equívocos<br />

cometidos”.<br />

Fonte: Diário dos Fundos de Pensão

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