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Alfabetização e escola em Portugal no século XX: Censos ...

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ler, passa de 26% para 38%, um ganho de alfabetizados<br />

de 12%; <strong>no</strong> período que vai de 1930 a<br />

1960, os portugueses das mesmas faixas etárias<br />

declarados como alfabetos, passam dos 38% antes<br />

mencionados para 70%, o que corresponde a<br />

um aumento de 32% de alfabetizados, mais do<br />

dobro do período anterior.<br />

Não estando aqui <strong>em</strong> causa a comparação<br />

entre os méritos político-educativos da 1.ª República<br />

e do Estado Novo, visto que só <strong>em</strong> parte<br />

é que as questões de ord<strong>em</strong> política influenciam<br />

este tipo de números, permitimo-<strong>no</strong>s apesar de<br />

tudo, assinalar a contradição entre estes dados e<br />

o que durante a<strong>no</strong>s foi sendo propagado pelas<br />

historiografias de uso corrente que se tornaram<br />

dominantes até há b<strong>em</strong> pouco t<strong>em</strong>po.<br />

Mas estes dados ainda <strong>no</strong>s mostram outro tipo<br />

de tendências, as quais consideramos capitais na<br />

tentativa de compreender a forma como os portugueses<br />

acederam às letras durante este período.<br />

Na verdade, algo que é aparent<strong>em</strong>ente surpreendente,<br />

e que só se detecta se procedermos a uma<br />

análise destes números por classe etária, é o<br />

facto de até 1940, as classes de idade entre os 7 e<br />

os 14 a<strong>no</strong>s apresentar<strong>em</strong> resultados que são dos<br />

170<br />

QUADRO 2<br />

Percentagens de alfabetização da população de idade igual ou superior a 7 a<strong>no</strong>s,<br />

e sua distribuição por classes de idade entre os 7 e os 54 a<strong>no</strong>s entre 1900 e 1960<br />

1900 1911 1920 1930 1940 1950 1960<br />

Alfabetos com idades 26% 31% 34% 38% 48% 60% 70%<br />

iguais ou superiores a<br />

7 a<strong>no</strong>s<br />

7-14 a<strong>no</strong>s 20% 26% 31% 33% 56% 77% 97%<br />

15-19 a<strong>no</strong>s 29% 35% 40% 45% 56% 68% 91%<br />

20-24 a<strong>no</strong>s 30% 35% 41% 44% 56% 68% 80%<br />

30-34 a<strong>no</strong>s 30% 34% 37% 45% 48% * 70%<br />

40-44 a<strong>no</strong>s 27% 30% 34% 39% 46% * 61%<br />

50-54 a<strong>no</strong>s 22% 26% 30% 34% 39% * 48%<br />

Fontes: Censo da população do Rei<strong>no</strong> de <strong>Portugal</strong> <strong>no</strong> 1.º de Dez<strong>em</strong>bro de 1900; Censo da população de <strong>Portugal</strong> <strong>no</strong> 1.º de Dez<strong>em</strong>bro<br />

de 1911; Censo da população de <strong>Portugal</strong> - Dez<strong>em</strong>bro de 1920; Censo da população de <strong>Portugal</strong> - Dez<strong>em</strong>bro de 1930;<br />

Recenseamento Geral da população <strong>no</strong> Continente e Ilhas Adjacentes <strong>em</strong> 12 de Dez<strong>em</strong>bro de 1940; Recenseamento Geral da<br />

população <strong>no</strong> Continente e Ilhas Adjacentes <strong>em</strong> 15 de Dez<strong>em</strong>bro de 1950; Recenseamento Geral da população às 0 horas de 15 de<br />

Dez<strong>em</strong>bro de 1960.<br />

mais baixos por comparação com as outras classes<br />

de idade expostas.<br />

Tal facto seria muito pouco provável se o modo<br />

fundamental de acesso à cultura escrita por<br />

parte dos portugueses fosse a <strong>escola</strong>. Na verdade,<br />

sendo este o caso, seriam s<strong>em</strong>pre as classes<br />

de idade mais jovens que apresentariam taxas de<br />

alfabetização mais elevadas.<br />

Poder<strong>em</strong>os então pensar que a forma como<br />

uma parte substancial dos portugueses aced<strong>em</strong><br />

às letras até perto de meados deste <strong>século</strong>, passa<br />

por caminhos não inteiramente consonantes com<br />

o modelo <strong>escola</strong>r dominante na Europa e <strong>no</strong><br />

Ocidente a partir dos finais do <strong>século</strong> XIX, ou<br />

seja, a «<strong>escola</strong> de massas» do Estado, laica,<br />

gratuita e obrigatória.<br />

Para melhor percebermos estes ritmos e tipologias<br />

de acesso à alfabetização por parte dos<br />

portugueses neste período de t<strong>em</strong>po, fomos, com<br />

base <strong>no</strong>s <strong>Censos</strong> disponíveis, reconstruir uma<br />

coorte populacional nascida entre os a<strong>no</strong>s de<br />

1906 e 1910, e que por conseguinte teriam entre<br />

10 e 14 a<strong>no</strong>s <strong>em</strong> 1920, entre 20 e 24 a<strong>no</strong>s <strong>em</strong><br />

1930, entre 30 e 34 a<strong>no</strong>s <strong>em</strong> 1940, entre 40 e 44<br />

a<strong>no</strong>s <strong>em</strong> 1950 e entre 50 e 54 a<strong>no</strong>s <strong>em</strong> 1960, e<br />

fomos tentar perceber como é que esta popula-

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