Alfabetização e escola em Portugal no século XX: Censos ...
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QUADRO 9<br />
Variação das competências literácitas enquanto adultos, na freguesia do Beco, Concelho de<br />
Ferreira do Zêzere: a «geração dos bisavôs», nascidos entre 1888/1914, a «geração dos avôs»,<br />
nascidos entre 1926/1936 e a «geração dos pais», nascidos entre 1945/1969<br />
tece na transição da «geração dos bisavôs» para<br />
a «geração dos avôs». A partir daqui, v<strong>em</strong>os o<br />
papel institucional da <strong>escola</strong> reforçar-se da geração<br />
dos avôs para a geração dos pais, mas uma<br />
vez atingido este patamar, os progressos parec<strong>em</strong><br />
ser lentos.<br />
No entanto, se analisarmos de forma independente<br />
a evolução dos percursos de alfabetização/<strong>escola</strong>rização<br />
de homens e de mulheres<br />
constatamos que as diferenças são assinaláveis e<br />
não se enquadram totalmente <strong>no</strong> que antes diss<strong>em</strong>os,<br />
como o Quadro 9 poderá mostrar.<br />
Na verdade, se <strong>no</strong> que concerne aos dados na<br />
sua totalidade, o momento decisivo parece jogarse<br />
na transição da «geração dos bisavôs» para a<br />
«geração dos avôs», ao analisarmos a amostra<br />
f<strong>em</strong>inina isoladamente, constatamos que a evolução<br />
da alfabetização/<strong>escola</strong>rização é mais lenta<br />
que dos seus homólogos masculi<strong>no</strong>s, e que é da<br />
«geração dos avôs» para a «geração dos pais»<br />
que acontece aquilo que para os homens se tinha<br />
182<br />
Bisavôs Avôs Pais<br />
(1888/1914) (1926/1936) (1945/1969)<br />
Masculi<strong>no</strong><br />
Analfabetos 53% (10) 0% (0) 5% (1)<br />
Alfabetizados 26% (5) 0% (0) 5% (1)<br />
Diplomados/estudos pós primários 21% (4) 100% (10) 90% (18)<br />
Total 100% (19) 100% (10) 100% (20)<br />
F<strong>em</strong>ini<strong>no</strong><br />
Analfabetos 75% (15) 30% (3) 5% (1)<br />
Alfabetizados 10% (2) 20% (2) 0% (0)<br />
Diplomados/estudos pós primários 15% (3) 50% (5) 95% (19)<br />
Total 100% (20) 100% (10) 100% (20)<br />
Analfabetos 64% (25) 15% (3) 5% (2)<br />
(Masculi<strong>no</strong> + F<strong>em</strong>ini<strong>no</strong>)<br />
Literatos 36% (14) 85% (17) 95% (38)<br />
(Masculi<strong>no</strong> + F<strong>em</strong>ini<strong>no</strong>)<br />
Total 100% (39) 100% (20) 100% (40)<br />
In Simões, 1998, p. 118.<br />
dado na geração anterior: a totalidade da amostra,<br />
com uma única excepção, torna-se <strong>escola</strong>rizada<br />
e está habilitada com pelo me<strong>no</strong>s o diploma<br />
da «Instrução Primária».<br />
Resumindo os dados que <strong>no</strong>s parec<strong>em</strong> mais<br />
importantes da análise destas três gerações, poderíamos<br />
concluir o seguinte:<br />
a) Como é <strong>no</strong>rmal, quer a alfabetização quer<br />
a <strong>escola</strong>ridade evolu<strong>em</strong> num sentido positivo<br />
da primeira para a terceira destas gerações.<br />
Por outras palavras, não só o analfabetismo,<br />
<strong>em</strong>bora persista <strong>em</strong> pequenas<br />
bolsas até aos <strong>no</strong>ssos dias, t<strong>em</strong> tendência a<br />
desaparecer, como a <strong>escola</strong>ridade se vai<br />
impondo, estandardizando e o nível de<br />
habilitações vai aumentando, ainda que<br />
de forma modesta.<br />
b) Esta evolução <strong>em</strong> termos de <strong>escola</strong>rização<br />
t<strong>em</strong> ritmos diferentes para os homens e para<br />
as mulheres, sendo mais precoce <strong>no</strong> caso<br />
masculi<strong>no</strong>. Nos homens, o momento de-