Alfabetização e escola em Portugal no século XX: Censos ...
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como a família ou por impulsos individuais<br />
que se prend<strong>em</strong> à mobilidade social<br />
e à adaptação às exigências profissionais, a<br />
<strong>escola</strong> podendo ser usada, mas com uma<br />
e<strong>no</strong>rme liberdade por parte das populações.<br />
Trata-se de ritmos e tipologias de alfabetização<br />
não estandardizadas, e portanto<br />
não <strong>escola</strong>rizadas, que anteriormente<br />
caracterizámos como «<strong>Alfabetização</strong> voluntária<br />
e informal» (Candeias, 1996), característica<br />
das formas pré-modernas de<br />
relação entre as populações ocidentais e a<br />
cultura escrita.<br />
b) A partir da década de 50 alfabetização e<br />
<strong>escola</strong> confund<strong>em</strong>-se cada vez mais, e será<br />
através da <strong>escola</strong> e das regras e currículos<br />
por ela imposta, isto é, pelo Sist<strong>em</strong>a Educativo,<br />
que o grosso dos portugueses aced<strong>em</strong><br />
às letras. Ou seja, será a partir da década<br />
de 50 que a <strong>escola</strong> se inscreve como<br />
algo de absoluto e de <strong>no</strong>rmal na juventude<br />
portuguesa, passando-se assim de uma forma<br />
de alfabetização «voluntária e informal»<br />
para uma forma de relação com a<br />
cultura escrita que poderíamos caracterizar<br />
como de «<strong>escola</strong>rização imposta e estandardizada»<br />
característica da modernidade<br />
educativa, primeiro nas culturas ocidentais<br />
e depois <strong>no</strong> Mundo.<br />
A rápida evolução da <strong>escola</strong>ridade juvenil<br />
<strong>em</strong> <strong>Portugal</strong>, que se processa entre a década de<br />
quarenta deste <strong>século</strong> e a de sessenta, mas sobretudo<br />
entre 1950 e 1960, ilustra o que antes<br />
diss<strong>em</strong>os (Quadro 5).<br />
Por este Quadro poder<strong>em</strong>os perceber várias<br />
coisas, a primeira sendo a rápida evolução do<br />
movimento de <strong>escola</strong>rização entre os a<strong>no</strong>s de<br />
1940 e 1960 nas crianças <strong>em</strong> idade de frequência<br />
da «<strong>escola</strong> primária», ou seja com idades entre<br />
os 7 e os 9 a<strong>no</strong>s.<br />
QUADRO 5<br />
Taxas de frequência <strong>escola</strong>r: percentagens diferenciadas entre as crianças com idades<br />
compreendidas entre os 7 e os 9 a<strong>no</strong>s que são declaradas como a) sabendo ler, b) frequentando um<br />
grau de ensi<strong>no</strong>, c) possuindo um grau de ensi<strong>no</strong>, <strong>no</strong>s <strong>Censos</strong> de 1940, 1950 e 1960<br />
Censo de 1940 Total Sab<strong>em</strong> ler Frequentam a <strong>escola</strong> Possu<strong>em</strong> diploma<br />
Total de crianças recenseadas 492.726 212.954 165.661 5.862<br />
entre os 7 e os 9 a<strong>no</strong>s<br />
Percentagens 43% 33% 1%<br />
Censo de 1950<br />
Total de crianças recenseadas 460.742 361.830 335.606 832<br />
entre os 7 e os 9 a<strong>no</strong>s<br />
Percentagens 78% 73% 0.2%<br />
Censo de 1960<br />
Total de crianças recenseadas 510.265 494.971 483.184 7.309<br />
entre os 7 e os 9 a<strong>no</strong>s<br />
Percentagens 97% 95% 1%<br />
Cálculos a partir de: Recenseamento Geral da população <strong>no</strong> Continente e Ilhas Adjacentes <strong>em</strong> 12 de Dez<strong>em</strong>bro de 1940;<br />
Recenseamento Geral da população <strong>no</strong> Continente e Ilhas Adjacentes <strong>em</strong> 15 de Dez<strong>em</strong>bro de 1950; Recenseamento Geral da<br />
população às 0 horas de 15 de Dez<strong>em</strong>bro de 1960.<br />
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