VJ JUN 09.p65 - Visão Judaica
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22<br />
* Dennis Prager é<br />
jornalista,<br />
colunista da<br />
Townhall, e<br />
radialista de<br />
maior audiência<br />
nos EUA. Atua<br />
numa rede<br />
nacional de rádio<br />
com programas<br />
de entrevistas a<br />
partir de Los<br />
Angeles. É autor<br />
de quatro livros, o<br />
mais recente,<br />
"Happiness is a<br />
Serious Problem"<br />
("Felicidade é um<br />
Problema Sério"),<br />
da HarperCollins.<br />
Seu website é<br />
www.dennis<br />
prager.com.<br />
VISÃO JUDAICA junho de 2009 Tamuz / Av 5769<br />
O discurso que Obama deveria ter feito no Egito<br />
Dennis Prager *<br />
a semana passada o<br />
presidente Barack<br />
Obama fez um discurso<br />
no Cairo para o<br />
mundo muçulmano. Lá<br />
ele reiterou o que previamente já<br />
tinha dito a ouvintes muçulmanos,<br />
que a América não tem nenhuma<br />
guerra contra o Islã, tem<br />
profundo respeito pelo Islã e o<br />
mundo muçulmano, e desculpouse<br />
por qualquer sentimento antimuçulmano<br />
que qualquer americano<br />
tenha expressado.<br />
Mas eis aqui como soaria um<br />
discurso honesto:<br />
"Obrigado pela honra de poder<br />
falar ao povo egípcio e ao amplo<br />
mundo muçulmano. Estou aqui<br />
principalmente para dissipar algumas<br />
convicções errôneas que muitos<br />
muçulmanos têm sobre a América<br />
e assegurar que a América não<br />
tem nenhum desejo de estar em<br />
guerra com o mundo muçulmano.<br />
Para minha grande decepção,<br />
muitos muçulmanos acreditam<br />
que meu país declarou guerra aos<br />
muçulmanos e ao Islã.<br />
Por causa desta difundida ideia,<br />
eu disse numa entrevista à al-Arabiya<br />
meses atrás, que precisamos<br />
restabelecer o mesmo respeito e<br />
a parceria que a América tinha há<br />
cerca de 20 ou 30 anos atrás com<br />
o mundo muçulmano.<br />
A verdade é, como notou Charles<br />
Krauthammer, o premiado colunista<br />
do jornal norte-americano<br />
The Washington Post, que recebeu<br />
o Prêmio Pulitzer, nos últimos 20-<br />
30 anos a América não só respeitou<br />
os muçulmanos, como sangrou<br />
pelos muçulmanos. Nós os americanos,<br />
nos ocupamos de cinco campanhas<br />
militares em nome de muçulmanos,<br />
cada uma resultando na<br />
libertação de populações muçulmanas:<br />
na Bósnia, no Kosovo, no<br />
Kuwait, no Afeganistão e no Iraque.<br />
Na Bósnia e no Kosovo, assim<br />
como também na fracassada intervenção<br />
de 1992-93 da Somália,<br />
para alimentar africanos muçulmanos<br />
famintos - foram mortos<br />
43 americanos - eram todas ações<br />
humanitárias. Em nenhuma delas<br />
estávamos lá por algum jogo de<br />
interesse estratégico norte-americano.<br />
Na realidade, nestes últimos<br />
20 anos, meu país, os Estados Unidos<br />
de América fizeram mais pelos<br />
sofridos e oprimidos muçulmanos<br />
que qualquer outra nação,<br />
muçulmana ou não-muçulmana.<br />
Ao mesmo tempo em que eu reconheço<br />
que a gratidão é uma rara<br />
qualidade humana positiva, preciso<br />
dizer-lhes - porque a sinceridade<br />
é a mais alta forma de respeito -<br />
, que a América não só recebeu<br />
pouquíssima gratidão do mundo<br />
muçulmano, como foi objeto de<br />
ódio, assassinato em massa, e ataques<br />
econômicos de indivíduos,<br />
grupos, e países muçulmanos.<br />
Só para citar alguns dos muitos<br />
exemplos dos últimos 40 anos:<br />
Em 1973, terroristas muçulmanos<br />
atacaram a embaixada americana<br />
no Sudão e assassinaram o<br />
embaixador do nosso país, Cleo<br />
Noel, e o principal vice da missão,<br />
George C., Moore. Ainda em 1973,<br />
um embargo de petróleo árabe<br />
contra a América trouxe ao meu<br />
país uma longa e dolorosa recessão.<br />
Em 1977, muçulmanos assassinaram<br />
o embaixador norte-americano<br />
no Líbano, Frances E. Meloy<br />
e Robert O. Waring, conselheiro<br />
econômico norte-americano.<br />
Em 1979 muçulmanos radicais<br />
atacaram violentamente a embaixada<br />
dos EUA em Teerã, e por 14<br />
meses mantiveram reféns diplomatas<br />
americanos, freqüentemente<br />
em condições horríveis. Em<br />
1998, militantes muçulmanos<br />
bombardearam a embaixada americana<br />
em Nairobi, matando 12<br />
americanos e 280 quenianos, e<br />
bombardearam nossa embaixada<br />
na Tanzânia, matando outros 11<br />
americanos. Então, em 11 de setembro<br />
de 2001, 19 muçulmanos<br />
que estavam vivendo na América<br />
cortaram as gargantas dos pilotos<br />
americanos e atendentes de vôos<br />
e jogaram os aviões contra edifícios<br />
civis em Nova Iorque, queimando<br />
até a morte 3.000 americanos<br />
inocentes.<br />
Então, meus amigos aqui do<br />
Egito, entre a América e o mundo<br />
muçulmano quem exatamente<br />
têm feito guerra contra quem?<br />
Tenho enormes diferenças com<br />
meu antecessor, presidente George<br />
W., Bush. Mas por favor, lembrem-se<br />
que menos de uma semana<br />
depois que foram mortos mi-<br />
lhares de americanos em nome de<br />
sua religião, o presidente Bush foi<br />
ao Centro Islâmico de Washington,<br />
D.C., e anunciou que aquele Islã<br />
era a religião de paz. Além disso,<br />
em um país de 300 milhões de pessoas,<br />
das quais só alguns milhões<br />
são muçulmanas, não há virtualmente<br />
nenhum incidente registrado<br />
contra mesquitas ou outra violência<br />
anti-muçulmana apesar da<br />
chacina de 9/11 e o apoio popular<br />
para Osama Bin Laden que tenhamos<br />
visto no mundo muçulmano<br />
depois de 9/11.<br />
"Peço-lhes, por favor, que perguntem<br />
a si mesmos qual teria<br />
sido a reação do Egito se 19 cristãos,<br />
em nome do cristianismo,<br />
matassem 3 mil egípcios. Quanto<br />
os cristãos do Egito e em qualquer<br />
outro lugar do Oriente Médio<br />
teriam que suportar?<br />
Tal como está, por causa da perseguição<br />
pelas maiorias muçulmanas,<br />
os cristãos têm deixado o<br />
Oriente Médio em grandes proporções,<br />
e pela primeira vez desde<br />
Cristo, há grandes partes do<br />
Oriente Médio que ficaram vazias<br />
de judeus e cristãos.<br />
Ao mesmo tempo, contudo, milhões<br />
de muçulmanos mudaram-se<br />
para países ocidentais e para a<br />
América. É justo dizer que o mais<br />
livre, e freqüentemente o mais seguro<br />
dos países no mundo para um<br />
muçulmano praticante são os Estados<br />
Unidos de América.<br />
Os muçulmano-americanos<br />
são tratados exatamente como<br />
outros americanos são tratados. É<br />
extremamente raro ouvir qualquer<br />
tipo fanatismo anti-muçulmano<br />
em meu país. E mesmo havendo<br />
alguma crítica sobre o mundo muçulmano,<br />
há mais crítica do cristianismo<br />
na América do que do Islã.<br />
Infelizmente, na maior parte do<br />
mundo muçulmano hoje em dia os<br />
discursos anti-judaicos e textos<br />
são frequentemente idênticos ao<br />
antissemitismo genocida ouvido e<br />
lido na Alemanha nazista. Isto é o<br />
que corrói em sua civilização.<br />
Como vocês podem acusar seriamente<br />
que a América está em<br />
guerra com Islã, quando na realidade<br />
a maior parte do mundo islâmico<br />
é que está em guerra com<br />
os judeus e cristãos?<br />
Sei que vocês gostariam que eu<br />
anunciasse que a América está<br />
abandonando seu apoio a Israel.<br />
Mas todo presidente desde Harry<br />
Truman, Democrata ou Republicano,<br />
sentiu-se entusiasmado a permitir<br />
a Israel defender-se dos que<br />
desejam destrui-lo. E essa, caros<br />
muçulmanos, é a questão. A América<br />
continuará apoiando a solução<br />
de dois estados ao conflito árabeisraelense,<br />
mas a questão nunca<br />
foi realmente entre dois estados.<br />
Sempre foi entre palestinos e outros<br />
árabes e muçulmanos reconhecerem<br />
o direito de Israel existir<br />
como um Estado judeu.<br />
Como um amigo do Egito e do<br />
mundo muçulmano, quero dizerlhes<br />
algo do fundo de meu coração:<br />
O dia em que o mundo árabe<br />
deixar a obsessão sobre a existência<br />
de um Estado judeu do tamanho<br />
de Belize será um grande dia<br />
para os mundos árabe e muçulmano.<br />
Sua obsessão com Israel custou<br />
caro em todas as áreas de desenvolvimento<br />
social. Isto é facilmente<br />
demonstrável. Se Israel fosse<br />
destruído - e o chamado "direito<br />
de retorno" de milhões da terceira<br />
geração de refugiados palestinos<br />
teria assegurado um resultado<br />
tão efetivo quanto um dispositivo<br />
nuclear do Irã - que diferença<br />
faria isso à economia egípcia, para<br />
falta de liberdade no Egito, ou qualquer<br />
outro assunto importante<br />
para os egípcios? Na minha opinião,<br />
nenhuma.<br />
A preocupação com Israel permitiu<br />
ao mundo árabe simplesmente<br />
não olhar para si próprio<br />
durante 60 anos.<br />
Finalmente, meus colegas americanos<br />
se sentiriam mais confiantes<br />
nas relações americano-muçulmanas<br />
se eles já tivessem visto em<br />
qualquer lugar uma grande demonstração<br />
de muçulmanos contra<br />
o terror cometido por muçulmanos<br />
em nome do Islã - seja em Londres,<br />
Madri, Nova Iorque, Bali, Cairo, ou<br />
Mumbai. A marca de uma grande<br />
civilização - e a civilização árabe<br />
realmente uma vez já foi grande - é<br />
a vontade da autocrítica.<br />
Obrigado mais uma vez por<br />
esta oportunidade de discursar.<br />
Eu poderia ter falado exagerando<br />
as faltas americanas e ignorado<br />
as suas. Mas tenho muito respeito<br />
por vocês.