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VJ JUN 09.p65 - Visão Judaica

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14<br />

* Maria Lucia<br />

Victor Barbosa é<br />

socióloga.<br />

VISÃO JUDAICA junho de 2009 Tamuz / Av 5769<br />

Banalidade do mal<br />

Maria Lucia Victor Barbosa * namentais e políticos estão se lixan- O leitor pode indagar: o que o Bra- de uma polêmica resolução na ONU<br />

staremos no fim de uma<br />

era? Essa pergunta não<br />

pretende uma interpretação<br />

milenarista de cunho<br />

profético ou religioso, que<br />

prevê catástrofes destruidoras<br />

da ordem vigente, a qual seria substituída<br />

por tempos de felicidade. Mesmo<br />

porque, dificilmente dá para imaginar<br />

um mundo onde o mal deixe de<br />

ser o locatário.<br />

Seja como for, não se pode deixar<br />

de constatar que o mal tem estado<br />

bastante ativo. Pior. Está se vivendo<br />

a banalidade do mal, expressão da<br />

filósofa judia, Hannah Arendt, que<br />

tomo emprestado.<br />

Isto não é difícil de constatar, pois<br />

nessa época em que valores foram<br />

perdidos, os horrores da violência, da<br />

impiedade, da indiferença à vida, aumentaram<br />

substancialmente. Lidedo<br />

para a opinião pública. Eles sabem<br />

que na verdade opinião pública inexiste.<br />

Mesmo porque, façam o que fizerem,<br />

são eleitos e reeleitos.<br />

Se tudo é processo, foram gestadas<br />

nas mudanças mundiais figuras<br />

malignas, entre as quais se destacam<br />

Mahmoud Ahmadinejad, o fanático<br />

e despótico presidente do Irã, e<br />

Kim Jong-il, o tirano comunista da<br />

Coreia do Norte.<br />

Ahmadinejad, que nega o holocausto,<br />

tem como obsessão destruir Israel.<br />

E enquanto o presidente norte-americano,<br />

Barack Hussein Obama, prefere<br />

as luvas de pelica da diplomacia, Ahmadinejad,<br />

o odiento, avança em seu<br />

programa nuclear pondo em risco não<br />

só Israel, mas todo o mundo.<br />

Quanto ao ditador Kim Jong-il, deu<br />

demonstração de força ao realizar<br />

neste mês de maio seu segundo tessil<br />

tem a ver com tais turbulências?<br />

Respondo que tem a ver com a banalização<br />

do mal. Isto porque, nossa<br />

política externa, comandada de fato<br />

por Marco Aurélio Garcia, tem demonstrado<br />

uma atração irresistível<br />

para o que não presta.<br />

Por exemplo, Ahmadinejad foi convidado<br />

a nos visitar mesmo após seu<br />

discurso violento contra Israel, pronunciado<br />

na conferência sobre racismo<br />

promovida pela ONU. Felizmente<br />

ele cancelou a vinda e pesaram para<br />

isso os protestos de judeus e de movimentos<br />

sociais contra a presença<br />

nefanda. Ahmadinejad deixou, por<br />

assim dizer, seu anfitrião e presidente<br />

da República, Lula da Silva, esperando<br />

no aeroporto.<br />

Kim, chamado de o "Grande Sol do<br />

século 20", também merece a paixão<br />

de nossa diplomacia. Tanto é que pela<br />

que poupa críticas ao governo da Sri<br />

Lanka e evita investigação internacional<br />

sobre crimes de guerra.<br />

Estamos à beira de perder mais um<br />

cargo internacional, entre os muitos<br />

que já perdemos, diante da escolha do<br />

Itamaraty que recai sobre um egípcio<br />

antissemita para diretor da UNESCO,<br />

em detrimento de um brasileiro.<br />

Na América Latina existe um indisfarçável<br />

caso de amor entre Lula<br />

da Silva e seus admirados companheiros<br />

da esquerda caudilhista: Hugo<br />

Chávez, Evo Morales, Rafael Correia,<br />

Fernando Lugo e o eterno ditador do<br />

Caribe, Fidel Castro. Na África o presidente<br />

da República visita ditadores<br />

e pergunta como fazer para ficar tanto<br />

tempo no poder.<br />

Para culminar, o terrorista e assassino<br />

italiano, Cesare Battisti, é<br />

nosso, sem possibilidade de extradiranças<br />

perniciosas manipulam a maiote nuclear. Ele explodiu um artefato primeira vez o Brasil poria uma emção para a Itália. E, segundo Janio de<br />

ria incapaz de discernir sua própria ruí- que pode ter potência comparável à baixada na Coréia do Norte. O presi- Freitas, colunista da Folha de S. Pauna.<br />

Através de conceitos deturpados bomba que os Estados Unidos lançadente Lula da Silva teve que recolher lo, em 26/05/09, "está preso no Brasil,<br />

governos utilizam o "duplipensar", ram em Hiroshima, em 1945. Isto às pressas a tal embaixada, que fi- sob sigilo rigoroso, um integrante da<br />

termo criado por George Orwell em além dos mísseis que vem lançando, cou postergada para quando o tres- alta hierarquia do Al Qaeda, identifi-<br />

"1984". Desse modo, despotismo pas- o que põe em alerta especialmente a loucado tirano, quem sabe, ficar mais cado como responsável pelo setor insa<br />

por democracia. Populismo é visto Coreia do Sul e o Japão. Um dos mís- calmo e parar de provocar o mundo ternacional da organização".<br />

como defesa dos interesses do povo. seis que fazem parte do arsenal da do alto de seus sapatos de platafor- Posteriormente foi dito que o ho-<br />

Arbitrariedades de toda espécie são Coreia do Norte, o Taepodong, pode ma, tentativa de aumentar sua dimimem chamado apenas de K tinha sido<br />

apresentadas como exercício de so- atingir o Alasca e o Havaí. Naturalnuta estatura.<br />

solto e o ministro da Justiça, Tarso<br />

berania. Intoxicadas pela propaganmente tais atos desencadearam a re- Na ONU o Brasil vem consolidan- Genro, defensor da permanência de<br />

da enganosa as massas louvam e culprovação mundial, inclusive, a do Condo a posição de poupar países acusa- Battisti no Brasil, desmentiu o relaciotuam<br />

personalidades equivocadas. selho de Segurança (CS) da ONU. Até dos de violar direitos humanos, como namento de K com a organização ter-<br />

Evolui no mundo o terrorismo que se a China, que sustenta a miserável a Coréia do Norte e o Congo. Tampourorista. Será isso mesmo?<br />

alimenta do fanatismo religioso. Avo- Coreia do Norte se posicionou contra co menciona esses direitos em seus Tudo é aceito com indiferença.<br />

luma-se a corrupção nos meios gover- as provocações do homenzinho. negócios com a China. E votou a favor Tudo está banalizado. Inclusive, o mal.<br />

Desta coluna anunciamos agora,<br />

para os que ainda não sabem, que na<br />

África, Ásia e América Latina não há mais<br />

problemas: a pobreza foi extinta, já não<br />

existem cidadãos analfabetos, os índices<br />

de mortalidade por carência de alimentos<br />

se reduziram a zero, os sistemas<br />

de saúde pública alcançaram a população<br />

em sua totalidade. Também não existem<br />

mais problemas de discriminação<br />

contra mulheres e homossexuais. Deixaram<br />

de se enviar à prisão, sem julgamento,<br />

os opositores políticos e jornalistas<br />

que fazem denúncias contra os governos.<br />

A democracia voltou aos países<br />

que até ontem estavam dominados por<br />

tiranos repugnantes e não há mais perseguições<br />

por motivos étnicos, nem<br />

crença religiosa.<br />

Não há mais problemas no mundo<br />

Como sabemos que estas afirmações,<br />

surpreendentes por si próprias,<br />

estão corretas? Muito simples: há poucas<br />

semanas reuniu-se a Conferência<br />

Mundial da ONU contra o Racismo, a<br />

Discriminação Racial, a Xenofobia e as<br />

Formas Conexas de Intolerância e seu<br />

principal tema de debate foi a relação<br />

de Israel com seus vizinhos palestinos.<br />

Xeques árabes que mantêm escravos<br />

em Bangladesh e em outros lugares<br />

sentaram-se ao lado dos representantes<br />

de prestigiosos "paladinos da<br />

democracia", como alguns ditadores de<br />

conhecida fama, para condenar a Israel<br />

por sua atitude com os palestinos.<br />

Israel adiantou há muito tempo que não<br />

enviaria delegados ao que, a partir de então,<br />

passou a ser considerado como o even-<br />

to antissemita oficial do presente ano. Logo<br />

depois, os Estados Unidos e outros oitopaíses<br />

se somaram a esta postura.<br />

Os enviados do Departamento de<br />

Estado mantiveram reuniões com delegações<br />

de 30 países na intenção de<br />

"moderar" o texto da resolução final do<br />

encontro, que já havia sido redigida, e<br />

nada mais faltava. Ali diz que "Israel é<br />

uma potência racista e de apartheid".<br />

Contém parágrafos dedicados "ao sofrimento<br />

dos palestinos sob ocupação",<br />

entre outras coisas.<br />

Nem uma palavra, é claro, sobre a<br />

verdadeira discriminação e a intolerância<br />

que supõe o viver em um destes "regimes<br />

democráticos". Os delegados da<br />

Síria e da Arábia Saudita certamente<br />

não deram explicações sobre os enfor-<br />

camentos nas praças públicas por delitos<br />

comuns ou sexuais. Os terroristas<br />

palestinos não foram o centro de uma<br />

condenação pelas centenas de foguetes<br />

que continuam lançando contra populações<br />

civis nem tampouco receberam<br />

protestos por assassinar nas ruas<br />

membros de outros grupos palestinos.<br />

Também não houve críticas por roubar<br />

e vender a ajuda humanitária que<br />

recebem para entregar à população da<br />

Faixa de Gaza nem por reter um soldado<br />

israelense, sem sequer permitir que representantes<br />

da Cruz Vermelha possam<br />

visitá-lo, como impõe a norma internacional.<br />

(Publicado no jornal Aurora, decano<br />

da imprensa israelense em espanhol,<br />

na edição nº 2556, de 11 a 15 de<br />

março de 2009. Tradução: Szyja Lorber).

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