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VJ JUN 09.p65 - Visão Judaica

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ecebo e-mails com críticas<br />

negativas à visita<br />

de Obama ao Egito e a<br />

Arábia Saudita. Há um<br />

descontentamento com<br />

a nova postura do governo americano<br />

em buscar uma reaproximação<br />

com os países árabes. Particularmente,<br />

não vejo motivo para grandes<br />

preocupações e nem julgo que Obama<br />

esteja a favor das causas árabes<br />

em detrimento de Israel. Apesar de<br />

carregar um Hussein no seu nome,<br />

Obama sabe que o único país que<br />

pode contar para deter o Irã, sem<br />

grande estardalhaço, é Israel, e sabe<br />

também que, por mais que se crie um<br />

Estado palestino, não encontrará outro<br />

aliado com tantas afinidades que<br />

se sedimentam há mais de 60 anos.<br />

O jogo continua e os EUA não querem<br />

perder mais do que já perderam<br />

com a guerra do Iraque. Também não<br />

querem fazer do combate à Al Qaeda,<br />

no Afeganistão, uma agressão ao<br />

Islã. O empenho americano é para<br />

restabelecer sua presença no Oriente<br />

Médio, conseguir isolar a Síria e,<br />

principalmente, seu parceiro, o Irã,<br />

que nos últimos meses vem ameaçando<br />

com a construção de armas atômicas<br />

e, igualmente, reconquistar,<br />

com uma suposta paz no Oriente<br />

Médio, o mesmo prestígio que gozava<br />

há alguns anos.<br />

* Etgar Lefkovits-<br />

Dallal é jornalista,<br />

escreve no The<br />

Jerusalem Post,<br />

de Israel, e é o<br />

responsável pela<br />

cobertura dos<br />

assuntos da<br />

cidade de<br />

Jerusalém, desde<br />

políticos, até<br />

policiais e<br />

atentados<br />

terroristas.<br />

Antônio Carlos Coelho *<br />

Os grupos de direitos humanos<br />

israelenses e outras ONGs que estão<br />

sendo generosamente financiadas<br />

pela União Européia promovem interesses<br />

palestinos na capital, segundo<br />

uma organização de pesquisa sediada<br />

em Jerusalém.<br />

Vários grupos, incluindo B'Tselem<br />

e Ir Amim, ostensivamente devotados<br />

a uma maior coexistência, estão "adotando<br />

uma agenda abertamente antiisraelense<br />

em uma guerra de narrativas<br />

que tenta reescrever três mil anos de<br />

história judaica em Jerusalém", declarou<br />

um observador da organização de<br />

pesquisa que monitora as ONGs.<br />

Ambas as ONGs se referem aos<br />

residentes israelenses do bairro judeu<br />

da Cidade Velha como "colonos",<br />

denominação que faz parte de uma<br />

"campanha política" ostensiva, apesar<br />

de que a presença dos judeus nessa<br />

área antecede o estabelecimento<br />

do estado em 1948. A barreira de se-<br />

O jogo da paz<br />

O problema é que os EUA mantêm<br />

o mesmo estilo de jogo, o de não<br />

considerar as implicações internas e<br />

bastante profundas que envolvem as<br />

relações entre países e grupos políticos<br />

e religiosos do Oriente Médio. Sua<br />

pressão sobre Israel, no sentido de<br />

retirar colônias da Cisjordânia e de<br />

impedir sua multiplicação, pôs em risco<br />

a estabilidade de Bibi no Knesset.<br />

Os partidos conservadores apostaram<br />

no Likud esperando uma atuação dura<br />

com os grupos terroristas que ameaçam<br />

as fronteiras de Israel e a manutenção<br />

dos assentamentos na Cisjordânia,<br />

mas, com a pressão americana<br />

as relações terão que se conduzir<br />

de outra maneira e Bibi terá que encontrar<br />

outros apoios no Parlamento.<br />

A posição dos EUA junto aos árabes<br />

é mais complicada. A complexa<br />

relação entre governo, fundamentalistas,<br />

sociedade e outros grupos de<br />

poder impõem limites às pretensões<br />

americanas. Esses são países que se<br />

revestem de uma casca de modernidade<br />

que atende às relações externas,<br />

mas, internamente, ainda mantêm<br />

estruturas tribais. Seus governos,<br />

após a Segunda Guerra, formaram dinastias<br />

de governantes vinculados à<br />

política do Ocidente e, hoje sofrem<br />

pressão dos fundamentalistas com<br />

apoio das classes populares, como a<br />

Fraternidade Islâmica, o Hezbolá e o<br />

Hamas, que juntamente com o xiita<br />

Irã minam a estabilidade dos gover-<br />

gurança da Margem Ocidental é retratada<br />

pela B'Tselem como uma tentativa<br />

de anexar terras, desconsiderando<br />

as preocupações de Israel com<br />

a segurança, de acordo com a análise<br />

do grupo de observadores.<br />

A União Européia pagou 1,7 milhões<br />

em moeda israelense do orçamento<br />

de 4 milhões (em novos shekalim<br />

israelenses) da Ir Amin, declarou<br />

a organização que faz o monitoramento.<br />

A Embaixada Britânica contribuiu<br />

com NIS 800.000 e o governo norueguês<br />

doou NIS 165.000.<br />

Similarmente, a União Européia<br />

financiou cerca de 10% do orçamento<br />

de 7,8 milhões de New Israeli<br />

Shekalim da B'Tselem em 2007, com<br />

sua contribuição de 120 mil euros (cerca<br />

de NIS 675.000), novamente de<br />

acordo com a instituição que faz o<br />

monitoramento.<br />

"O fluxo de fundos governamentais<br />

europeus, inclusive da União Européia<br />

propriamente dita, para organizações<br />

políticas como B'Tselem e<br />

nos vizinhos, que só se garantem a<br />

troco de apoio ao conflito com Israel<br />

e ao terrorismo contra o Ocidente.<br />

A recente derrota eleitoral do Hezbolá<br />

no Líbano, deixa a pensar o quanto<br />

houve de influência dos EUA para<br />

a vitória do partido sunita pró-ocidente.<br />

Isto foi mais um golpe contra a<br />

Síria, que buscará o amparo de Ahmadinejad.<br />

E para Israel o que isto<br />

significa? Segurança? Um novo confronto<br />

na fronteira norte do país patrocinado<br />

pela Síria?<br />

O Egito promove as conversações<br />

entre Hamas e o Fatah buscando, novamente<br />

um acordo entre os partidos<br />

e, consequentemente, o progresso<br />

para a criação de um Estado palestino.<br />

Mas, para isso, é preciso que o<br />

Hamas abandone a bandeira que o<br />

sustenta por tantos anos, a destruição<br />

de Israel, e volte às costas para<br />

a Síria e o Irã.<br />

A iniciativa de Obama é louvável.<br />

Se conseguir seu intento, terá reconquistado<br />

significativa parte do prestígio<br />

de seu país, perdido no tempo de<br />

Bush. No entanto, Obama terá que<br />

contar com a boa vontade dos governos<br />

árabes para a criação do Estado<br />

palestino, e, o que é mais difícil, contar<br />

com a coragem suficiente, desses<br />

governos, para aguentar a pressão dos<br />

grupos fundamentalistas dentro das<br />

suas fronteiras. E terá, também, que,<br />

excluir dos seus discursos qualquer<br />

VISÃO JUDAICA junho de 2009 Tamuz / Av 5769<br />

Ir Amin, com a finalidade de investir<br />

na guerra política contra Israel na<br />

questão de Jerusalém, é um dos aspectos<br />

mais prejudiciais do financiamento<br />

europeu dirigido contra Israel",<br />

disse o professor Gerald Steinberg,<br />

diretor executivo da ONG de<br />

Monitoramento.<br />

"Similarmente, essas ONGs não<br />

deveriam violar suas alegações éticas<br />

baseadas na defesa dos direitos<br />

humanos e na coexistência, fazendo<br />

o relógio voltar aos dias nefastos de<br />

1948 a 1967, quando nenhum judeu<br />

podia residir ou mesmo visitar a Cidade<br />

Velha e os lugares sagrados judeus",<br />

acrescentou.<br />

A B'Tselem negou dias atrás que<br />

defendia qualquer posição política<br />

sobre Jerusalém "ou qualquer outra<br />

questão" e acusou a ONG observadora<br />

de elaborar relatórios "distorcidos<br />

e irresponsáveis".<br />

"A única preocupação da B'TSelem<br />

é com as obrigações legais de Israel<br />

no sentido de assegurar a dignidade<br />

promessa vinculada ao status e a unidade<br />

de Jerusalém, capital de Israel.<br />

Da parte de Israel, sua democracia<br />

permite superar as divergências<br />

políticas internas e resolver a questão<br />

dos assentamentos, mesmo que<br />

isto custe a perda do apoio no Parlamento<br />

dos partidos mais radicais. E,<br />

diante da inquietação causada pela<br />

tentativa de aproximação EUA aos<br />

árabes, podemos ficar tranquilos. Há<br />

uma relação de 400 anos de afinidade<br />

entre americanos e Israel. Uma<br />

afinidade de raiz, baseada em sólidos<br />

princípios e esperanças religiosas<br />

que, nem mesmo Obama ou outro<br />

carismático e bem votado, romperia<br />

esse vínculo centenário. Além disso,<br />

as relações políticas e econômicas<br />

entre os dois países são muito sólidas,<br />

apesar da relutância de alguns<br />

governos em apoiar Israel em momentos<br />

cruciais, o elo de ligação e compromissos<br />

mútuos permanecem.<br />

Obama terá muito a discursar<br />

para árabes até que os convença de<br />

que uma paz será vantajosa para todos<br />

e, mais do que oferecer garantias<br />

de que Israel cederá na criação do<br />

Estado palestino, terá que fortalecer<br />

os regimes árabes atuais para vencer<br />

o terrorismo e os grupos fundamentalistas.<br />

A experiência com o Iraque<br />

ensina que fortalecer governos<br />

árabes pode ter um custo muito alto<br />

no futuro. Será que Obama vencerá<br />

só com discursos?<br />

Você quer financiamento da União Européia?<br />

Então promova os interesses palestinos.<br />

Etgar Lefkovits-Dallal *<br />

11<br />

* Antônio Carlos<br />

Coelho é<br />

professor<br />

universitário,<br />

escritor, diretor do<br />

Instituto de<br />

Ciência e Fé e<br />

colaborador do<br />

jornal <strong>Visão</strong><br />

<strong>Judaica</strong>.<br />

básica de qualquer pessoa que viva<br />

sob sua jurisdição", declarou a diretora<br />

executiva do B'Tselem, Jessica Montell.<br />

"Promover igualdade e direitos<br />

humanos em Jerusalém é um claro interesse<br />

de Israel, algo que todos podemos<br />

defender, independentemente<br />

de nossa posição política".<br />

Em contraste, um funcionário da<br />

Ir Amim disse que o grupo realmente<br />

tinha uma agenda política, e que não<br />

era uma organização destinada a promover<br />

a coexistência.<br />

"Sem dúvida temos concepções<br />

diferentes sobre uma série de questões,<br />

mas esse é o direito de uma ONG<br />

em um estado democrático", declarou<br />

Haim Erlich, funcionário da Ir<br />

Amim. "Ninguém tem o monopólio dos<br />

interesses israelenses".<br />

Os quase 50% do financiamento da<br />

União Européia que a organização recebeu<br />

em 2007, de acordo com a ONG que<br />

faz o monitoramento, se "enquadram nas<br />

disposições da lei israelense".

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