Manual do Budismo - Jardim do Dharma
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- “Vejo o Buda levantan<strong>do</strong> um de seus braços com seu punho fecha<strong>do</strong>, e seu brilho cega meu olhos e<br />
coração”.<br />
- “Com que o enxergas Ananda?”<br />
- “O enxergo com meu olhos Senhor”<br />
Logo, o Buda falou: “Ananda você fala que o Buda levantou um punho brilhante, que incandesceu em<br />
vossos olhos. Agora te pergunto: Se é vosso olho que enxerga o punho, que é a mente à qual o punho<br />
deslumbra?”<br />
Ananda replicou: “Agora me estais perguntan<strong>do</strong> onde está minha mente, ainda que seja através de<br />
minha mente pela qual sou capaz de investigar vossa questão”.<br />
- “Portanto acredito que esta é a mente pela qual sou capaz de investigar vossa pergunta”.<br />
- “Não, não, Ananda”, falou o Buda. – “Esta não é vossa mente”.<br />
Ananda levantou-se e cumprimentan<strong>do</strong> o Buda falou: “Porém, se esta faculdade não é a minha mente,<br />
o que é então?<br />
O Buda falou: - “Esta é a percepção de qualidades falsas que, baixo a capa de vossa verdadeira<br />
natureza, desde o começo te tem engana<strong>do</strong>” Porém, ao ser engana<strong>do</strong>, tens perdi<strong>do</strong> vossa Mente<br />
original, e te tens visto envolvi<strong>do</strong> na roda de nascimentos e morte.”<br />
Ananda falou ao Buda: - “Sou vosso primo, e tens permiti<strong>do</strong> que seja teu discípulo. E quanto a minha<br />
mente, é esta mente a que praticou todas as artes difíceis com resolução e valentia. Se estes atos não<br />
são atividades de minha mente, logo haveria de ser sem mente, como as árvores e a terra. Suprimin<strong>do</strong><br />
esta faculdade de conhecimento fazeis com que o conhecimento seja impossível. Estou confuso”.<br />
O Buda falou que cada fenômeno que se apresenta por si próprio a nosso conhecimento não é senão a<br />
manifestação da própria Mente. Todas as causas de produção através <strong>do</strong>s infinitos mun<strong>do</strong>s são<br />
simplesmente o resulta<strong>do</strong> da Mente. – “Se, como falais, Ananda, todas as variedades de seres nos<br />
mun<strong>do</strong>s, até o menor arbusto, a folha, a fibra da folha, se to<strong>do</strong>s eles tem uma natureza separada<br />
própria, quanto mais tem a pura e resplandecente Mente, que é a base de to<strong>do</strong> conhecimento, seu<br />
essencial e substancial existência?”.<br />
“Se ainda preferis chamar à discriminatória mente com o nome de Mente, ao menos deveis distingui-la<br />
<strong>do</strong> poder que apreende os fenômenos sensuais. No entanto me escutais agora declarar a Lei; estais<br />
discriminan<strong>do</strong> em virtude <strong>do</strong>s sons que escutais. Porém depois <strong>do</strong>s sons terem desapareci<strong>do</strong>s ainda se<br />
continua dentro de um processo de pensamentos, incluin<strong>do</strong> a memória, de mo<strong>do</strong> que há ainda uma<br />
mente que atua por assim dizer na mera sombra das coisas.<br />
Não te proíbo sustentar vossas opiniões acerca desta faculdade discriminativa, porém o peço que<br />
procureis os mais minúsculos elementos da questão mesma.<br />
Se ainda depois de ter elimina<strong>do</strong> a causa da sensação, fica uma faculdade discriminativa, logo esta é a<br />
verdadeira mente à qual designais como vossa; porém se o poder discriminativo deixa de existir<br />
depois que a causa que o iniciou é eliminada, logo esse poder depende unicamente <strong>do</strong>s fenômenos<br />
externos; e quan<strong>do</strong> estes são elimina<strong>do</strong>s, a mente ( assim como a contemplais) chega a ser como o pêlo<br />
de uma tartaruga. Logo o <strong>Dharma</strong>kaya deixaria também de existir, e, quem se esforçaria então pela<br />
emancipação?”<br />
- “Ananda - continuou o Buda - ainda que to<strong>do</strong>s os discípulos atingissem as nove etapas da calma na<br />
Meditação, será estranho que atinjam a libertação última, porque não se desprendem da noção errada<br />
de que este processo <strong>do</strong> pensamento, perece<strong>do</strong>uro e incerto, é verdadeiro e real”.<br />
Em outro momento de sua vida o Buda se dirigiu a uma assembléia de Bodhisatwas para que cada um<br />
comente de que forma tinha atingi<strong>do</strong> a iluminação.<br />
Buda pediu ao Bodhisatwa Manjushiri, que comparasse to<strong>do</strong>s os méto<strong>do</strong>s e indicasse o mais adequa<strong>do</strong><br />
para o beneficio de Ananda e <strong>do</strong>s seres que vivem no tempo final <strong>do</strong> perío<strong>do</strong> <strong>do</strong> <strong>Dharma</strong>.<br />
Então o Buda falan<strong>do</strong> aos grandes Bodhisatwas e principais Arhats da Assambleia lhes falou:<br />
“Agora quero lhes perguntar: Vós que tens pratica<strong>do</strong> meu <strong>Dharma</strong> e tens atingi<strong>do</strong> o esta<strong>do</strong> mais além<br />
<strong>do</strong> estu<strong>do</strong>, esta questão, quan<strong>do</strong> Vocês desenvolviam vossas mentes para despertar aos dezoito reinos<br />
<strong>do</strong>s senti<strong>do</strong>s, qual olhavas como o meio melhor de perfeição, e porque méto<strong>do</strong>s vocês entravam no<br />
esta<strong>do</strong> de Samadhi?”.<br />
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