Manual do Budismo - Jardim do Dharma
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O Yogachara e o Madhyamaka ou Madhyamika representam as principais filosofias Mahayana<br />
Entre os séculos VII e VIII o monge indiano Shantirakshita escreveu o Tattvasamgraha, sintetizan<strong>do</strong><br />
os ensinamentos das filosofias Yogachara e Madhyamaka Svatantrika.<br />
Seu discípulo Kamalashila (século VIII) passou a chamar esta síntese de filosofia Yogachara-<br />
Svatantrika.<br />
Madhyamaka / Madhyamika / Shunyavada:<br />
A escola filosófica <strong>do</strong> Caminho <strong>do</strong> Meio (Madhyamaka) surgiu a partir<br />
<strong>do</strong>s trabalhos <strong>do</strong> monge indiano Nagarjuna (século II-III) e de seu<br />
discípulo cingalês, Aryadeva (ou Kanadeva, século II-III).<br />
Outros filósofos importantes desta escola foram:<br />
Os monges indianos Buddhapalita (470?-540?), Bhavaviveka (500?-570?),<br />
Chandrakirti (século VII), Shantirakshita (680-740), Kamalashila (século<br />
VIII), Shantideva (século VII-VIII).<br />
O termo Madhyamaka refere-se ao nome desta escola, enquanto<br />
madhyamika refere-se aos seus adeptos. Às vezes esta filosofia também é<br />
chamada Ensinamento <strong>do</strong> Vazio (Shunyavada).<br />
O principal trabalho de Nagarjuna é o Trata<strong>do</strong> Fundamental sobre o Caminho <strong>do</strong> Meio, Chama<strong>do</strong><br />
Sabe<strong>do</strong>ria, composto por 400 estrofes em 27 capítulos.<br />
Outros trabalhos também são atribuí<strong>do</strong>s a Nagarjuna, como:<br />
1- A Guirlanda Preciosa de Conselhos ao Rei<br />
2- A Refutação das Objeções<br />
3- As Setenta Estrofes sobre a Vacuidade<br />
4- As Sessenta Estrofes sobre o Raciocínio<br />
5- O Trata<strong>do</strong> Chama<strong>do</strong> Teci<strong>do</strong> Finamente<br />
6- O Trata<strong>do</strong> sobre a Grande Perfeição da Sabe<strong>do</strong>ria (Maha-prajna-paramita Shastra),<br />
7- Comentário sobre a Mente da Iluminação<br />
O monge Aryadeva escreveu as Quatrocentas Estrofes ou Quatro Centúrias e as Cem Estrofes<br />
que Criam o Entendimento.<br />
Já o monge Chandrakirti escreveu o texto intitula<strong>do</strong> Entran<strong>do</strong> no Caminho <strong>do</strong> Meio e também um<br />
Comentário sobre o "Entran<strong>do</strong> no Caminho <strong>do</strong> Meio".<br />
Nagarjuna não pretendia criar uma filosofia e sim elucidar os ensinamentos <strong>do</strong>s Discursos sobre a<br />
Perfeição da Sabe<strong>do</strong>ria (Prajna-paramita Sutras) que teriam si<strong>do</strong> expostos pelo Buddha no "segun<strong>do</strong><br />
giro da roda <strong>do</strong> <strong>Dharma</strong>".<br />
O ponto principal <strong>do</strong> Madhyamika é a vacuidade <strong>do</strong>s fenômenos (dharma-shunyata). Para esta<br />
filosofia, um fenômeno só poderia ser considera<strong>do</strong> inerentemente existente se ele fosse livre (isto é,<br />
independente de causas ou condições), permanente (eternamente o mesmo) e singular (não composto<br />
por partes). Porém, a análise <strong>do</strong>s fenômenos demonstra exatamente o contrário:<br />
Eles são dependentes de causas e condições;<br />
Eles são impermanentes, sujeitos a constantes mudanças;<br />
E são compostos por partes.<br />
Esta ausência de uma essência ou entidade, de uma existência inerente (svabhava), é chamada de<br />
vazio (shunya) ou vacuidade (shunyata).<br />
Como os fenômenos surgem de maneira interdependente, então to<strong>do</strong>s eles são destituí<strong>do</strong>s — isto é,<br />
vazios — de existência inerente.<br />
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