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Manual do Budismo - Jardim do Dharma

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própria. Para romper com a imaginação, o praticante medita sobre a natureza da interdependência ou<br />

inter-relacionamento <strong>do</strong>s fenômenos no processo da criação e destruição.<br />

Essa consideração é uma forma de contemplar e não uma base de <strong>do</strong>utrina filosófica. Se o praticante se<br />

atém apenas ao sistema de conceitos, ele encalha.<br />

A meditação sobre a interdependência é para ajudar a pessoa a penetrar na realidade e assim se tornar<br />

una com ela, não para aprisioná-la a conceitos filosóficos da interdependência. O barco é usa<strong>do</strong> para<br />

atravessar o rio, não para ser carrega<strong>do</strong> sobre os ombros. O de<strong>do</strong> que aponta para a lua não é a lua.<br />

Finalmente chega-se à natureza última, à natureza da perfeição última. Perfeição última significa a<br />

realidade livre de todas as falsas visões produzidas pela imaginação.<br />

Realidade é realidade, ela transcende to<strong>do</strong>s os conceitos. Não existe conceito que possa descrevê-la<br />

adequadamente, nem tampouco o próprio conceito da interdependência. Para assegurar que o<br />

praticante não se apegue à perfeição última como um conceito filosófico, os ensinamentos <strong>do</strong><br />

Vijnanavada falam das três não-naturezas, impedin<strong>do</strong> assim que ele se aprisione à <strong>do</strong>utrina das três<br />

naturezas. Nas escrituras e comentários Mahayana, vemos que os chittamatrins, ou os filósofos <strong>do</strong><br />

"apenas mente", vêem o mun<strong>do</strong> e se relacionam com a realidade no que é conheci<strong>do</strong> com as "quatro<br />

buscas".<br />

1- A primeira é a busca por rótulos ou termos, procuran<strong>do</strong> uma referência verdadeira;<br />

2- A seguinte é a busca pelo significa<strong>do</strong> <strong>do</strong>s termos e conceitos;<br />

3- A terceira é a busca pela natureza ou existência <strong>do</strong> fenômeno; e<br />

4- A quarta é a busca pelas características auto defini<strong>do</strong>ras <strong>do</strong> fenômeno.<br />

Foi indagan<strong>do</strong> sobre essas quatro diferentes dimensões <strong>do</strong>s fenômenos que os chittamatrins chegaram<br />

à sua compreensão da visão verdadeira que eles descrevem como a mera consciência ou "apenas<br />

mente". A partir das idéias desenvolvidas anteriormente pelos sarvastivadins, a filosofia Yogachara<br />

desenvolveu uma visão própria a respeito <strong>do</strong>s três corpos ou kaya de um Buda, relacionan<strong>do</strong>-os com a<br />

sua teoria das naturezas. Estes três corpos não seriam entidades, mas sim aspectos interdependentes,<br />

inter-relaciona<strong>do</strong>s e inseparáveis:<br />

Corpo <strong>do</strong> ensinamento (dharmakaya): a natureza transcende a unidade <strong>do</strong> Buda com to<strong>do</strong> o universo.<br />

Estaria além <strong>do</strong> tempo, <strong>do</strong> espaço, das características e <strong>do</strong> dualismo. O dharmakaya estaria sempre<br />

presente, não-cria<strong>do</strong>, vazio, aberto e puro, não-corrompi<strong>do</strong> pelos venenos da mente. Esse corpo seria a<br />

verdadeira natureza Búdica, idêntica para to<strong>do</strong>s os seres, resulta<strong>do</strong> da acumulação de sabe<strong>do</strong>ria<br />

(prajna). Segun<strong>do</strong> os yogacharins, o dharmakaya é um corpo definitivamente real, de natureza<br />

dependente.<br />

Corpo <strong>do</strong> êxtase completo (sambhogakaya): a forma pela qual o dharmakaya se manifestaria em<br />

terras puras a fim de to<strong>do</strong>s os seres. O sambhogakaya — que só poderia ser percebi<strong>do</strong> por mentes<br />

puras — surgiria para expressar as cinco sabe<strong>do</strong>rias primordiais corporificadas pelos Budas Patriarcas,<br />

assim como manifestar o amor e a compaixão <strong>do</strong>s Bodisatwas. Esses seres arquetípicos são focos de<br />

devoção no budismo Mahayana. Segun<strong>do</strong> os yogacharins, o sambhogakaya é um corpo relativamente<br />

verdadeiro, pois possui uma natureza imaginária.<br />

Corpo de transformação (nirmanakaya): uma emanação física <strong>do</strong> sambhogakaya que, motiva<strong>do</strong> pela<br />

compaixão, se transformaria em um ser vivo comum — por exemplo, um ser humano — a fim de<br />

expor os ensinamentos àqueles que não têm a realização espiritual necessária para perceber o<br />

sambhogakaya. A natureza <strong>do</strong> nirmanakaya seria imaginária.<br />

Por ultimo A filosofia Yogachara teve grande importância no estabelecimento <strong>do</strong> budismo Mahayana<br />

na Índia, no Tibete na China (escolas Ti Lun, Fa Hsiang e Chan) no Japão nas escolas Hosso e Zen.<br />

Ela também influenciou o surgimento da filosofia da natureza Búdica ou Tathagatarbha.<br />

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