Manual do Budismo - Jardim do Dharma
Manual do Budismo - Jardim do Dharma
Manual do Budismo - Jardim do Dharma
Create successful ePaper yourself
Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.
permanente no "eu" e nos "fenômenos". Ela é marcada por pressuposições, preconceitos e predileções.<br />
Como é imputada através da conceituação, esta natureza não existe inerentemente, não possui uma<br />
identidade intrínseca e não é estabelecida por meio <strong>do</strong> seu próprio caráter.<br />
Natureza dependente<br />
Os fenômenos que surgem em dependência de causas e condições.<br />
Esta é uma natureza intermediária entre as outras duas naturezas, referin<strong>do</strong>-se particularmente ao<br />
conjunto de oito consciências. É um fluxo de fenômenos mentais na consciência que cria os conceitos<br />
dualistas de "sujeito" e "objeto", "percebe<strong>do</strong>r" e "percebi<strong>do</strong>".<br />
Esta natureza enfatiza que tu<strong>do</strong> surge em dependência de outras causas e condições, e não de seu<br />
próprio poder e, como os fenômenos não têm a capacidade de se auto produzirem, eles não existem<br />
inerentemente.<br />
O mun<strong>do</strong> externo, portanto, seria uma ilusão projetada pela própria mente, como resulta<strong>do</strong> das marcas<br />
kármicas depositadas na consciência depósito. A natureza dependente possui certas características<br />
auto defini<strong>do</strong>ras e certa existência relativa, sen<strong>do</strong> estabelecidas pelo próprio caráter.<br />
Uma parte da natureza dependente é deludida, enquanto outra parte não é.<br />
Natureza totalmente estabelecida, perfeita, absoluta ou última:<br />
Os fenômenos vazios são por natureza, destituí<strong>do</strong>s da dualidade de "sujeito" e "objeto". É a talidade o<br />
conhecimento das duas naturezas anteriores e responsável pela purificação das delusões da natureza<br />
dependente. Esta natureza também possui certas características auto defini<strong>do</strong>ras e é estabelecida pelo<br />
seu próprio caráter. Mas novamente, como esta natureza não possui uma identidade final, ela não<br />
existe inerentemente, de forma independente.<br />
Quan<strong>do</strong> o reino causalmente dependente é purifica<strong>do</strong> de todas as suas máculas, ele se torna<br />
"ilumina<strong>do</strong>".<br />
Estas auto-naturezas são três:<br />
A primeira é irreal por definição;<br />
A terceira é intrinsecamente vazia de auto-natureza, isto é, a própria definição de não-auto-natureza; e<br />
a segunda (que finalmente é a única "real") é de natureza não-fixa, já que pode ser misturada com<br />
ambas as outras.<br />
Entender a segunda natureza purificada é equivalente a entender a originaçao dependente, o que<br />
todas as escolas <strong>do</strong> budismo aceitam como um ensinamento essencial e que a tradição afirma que o<br />
Buda realizou sob a árvore Bodhi na noite de sua iluminação.<br />
O termo vijnana (consciência) compreende tanto o sujeito quanto o objeto <strong>do</strong> conhecimento. O sujeito<br />
<strong>do</strong> conhecimento não pode existir independente <strong>do</strong> objeto <strong>do</strong> conhecimento. Ver é ver algo, escutar é<br />
escutar algo, estar com raiva é estar com raiva de algo, querer é querer algo, pensar é pensar algo e<br />
assim por diante. Quan<strong>do</strong> o objeto <strong>do</strong> conhecimento (algo) não está presente, também não pode existir<br />
o sujeito <strong>do</strong> conhecimento. Meditan<strong>do</strong> sobre a mente, o praticante será capaz de enxergar a<br />
interdependência <strong>do</strong> sujeito <strong>do</strong> conhecimento e o objeto <strong>do</strong> conhecimento.<br />
Segun<strong>do</strong> os ensinamentos <strong>do</strong> Vijnanavada [isto é, <strong>do</strong> Yogachara], a realidade tem três naturezas:<br />
1- Imaginação,<br />
2- Interdependência e<br />
3- Perfeição última.<br />
Vamos considerar primeiramente a interdependência da forma sugerida pela Vijnanavada.<br />
Por causa <strong>do</strong> esquecimento e <strong>do</strong>s preconceitos, normalmente encobrimos a realidade com o véu da<br />
visão falsa e das opiniões. Isto é ver a realidade através da imaginação. A imaginação é uma ilusão da<br />
realidade que concebe a realidade como uma agregação de entidades separadas e com existência<br />
82