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Manual do Budismo - Jardim do Dharma

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c- Um deus o vê como o néctar que lhe traz bênção;<br />

d- Para o semideus é uma arma;<br />

e- Para o fantasma faminto, pus e sangue pútri<strong>do</strong>;<br />

f- E o ser <strong>do</strong>s infernos vê ali lava derretida.<br />

A água é a mesma, mas ela é percebida de maneiras diferentes e até contraditórias. Essa profusão de percepções mostra que todas as<br />

visões kármicas são ilusões; já que uma substância pode ser percebida de tantas maneiras diferentes, como é que algo pode ter qualquer<br />

realidade verdadeira e inerente? Ela também nos mostra como é possível que algumas pessoas sintam este mun<strong>do</strong> como o céu, e outras<br />

como o inferno.<br />

(Sogyal Rinpoche, O Livro Tibetano <strong>do</strong> Viver e <strong>do</strong> Morrer)<br />

g- O vazio (sânsc. shunya) ou vacuidade (sânsc. shunyata) seria a ausência de dualidades entre o<br />

"eu" e o "outro", sujeito e objeto, mente e fenômeno, interior e exterior.<br />

h- Apesar de poderem se referir a um mesmo fenômeno, as verdades relativa e absoluta seriam<br />

diferentes; segun<strong>do</strong> os yogacharins, to<strong>do</strong>s veriam a verdade absoluta automaticamente se esta<br />

fosse idêntica à verdade relativa.<br />

O reflexo da forma em um espelho é uma imagem sem substância. A dualidade — como essa imagem<br />

— é uma projeção da mente. A percepção de fenômenos externos como realidade é causada por<br />

diversos pensamentos enraiza<strong>do</strong>s no resíduo psíquico de vidas passadas. Isto é a mente transitória; ela<br />

cria todas as formas. O que aparece como realidade externa é realmente não-existente. O "eu"<br />

aparentemente dentro <strong>do</strong> corpo, experiencian<strong>do</strong> os senti<strong>do</strong>s é apenas a mente.<br />

A realidade externa aparece como tal para os seres humanos, de cujas mentes originam-se as diversas<br />

dualidades devi<strong>do</strong> à uma interação entre os pensamentos discriminativos e as marcas psíquicas. A<br />

realidade externa é o produto da mente; todas as aparências são, portanto, completamente<br />

irreais, pois elas são todas as manifestações da mente.<br />

A realidade externa aparece como tal para a mente, que tem si<strong>do</strong> distorcida pelo sedimento psíquico.<br />

Separada da mente, nenhuma realidade externa existe; percebê-la assim seria uma distorção<br />

completa.<br />

Todas as coisas são marcadas com o selo da mente; a mente é marcada com [o selo da] não-substancialidade. Aquele que descobre a<br />

identidade da mente vive em sua pureza intrínseca.<br />

(Jnanamudra Sutra)<br />

A preposição é que apenas podemos conhecer ou experimentar as coisas com nossa mente.<br />

Mesmo a experiência sensorial é cogitada pela mente, portanto as coisas que conhecemos, cada<br />

elemento de nossa cognição, é essencialmente uma parte <strong>do</strong> processo mental.<br />

A escola Yogachara afirma que o universo e tu<strong>do</strong> nele são nada mais que uma grande mente, e que<br />

to<strong>do</strong>s os seres sencientes e to<strong>do</strong>s os buddhas são parte desta mente. Esta grande mente universal tem<br />

aspectos ilumina<strong>do</strong>s e não-ilumina<strong>do</strong>s, e por esta razão a escola Yogachara fala de duas portas que dão<br />

acesso à verdade.<br />

A "porta iluminada" é a porta <strong>do</strong> Tathagata [Buddha] e a "porta não-iluminada" é a porta da mudança<br />

fenomenal.<br />

A porta <strong>do</strong> Tathagata abre-se diretamente na mente iluminada, que está além da mudança fenomenal,<br />

além <strong>do</strong> nascimento e da morte, além <strong>do</strong> aumento e diminuição, e além de toda dualidade.<br />

A porta da mudança fenomenal abre-se na mente não-iluminada, onde ocorrem as mudanças<br />

fenomenais <strong>do</strong> nascimento e da morte, <strong>do</strong> aumento e da diminuição, e de todas as outras formas de<br />

dualismo.<br />

O medita<strong>do</strong>r deve estar consciente da indivisibilidade da mente e <strong>do</strong>s pensamentos, que são como<br />

a água e suas ondas.<br />

As ondas não são diferentes da água, pois a água em si aparece como ondas, que retém a natureza<br />

intrínseca da água. Do mesmo mo<strong>do</strong>, os diversos pensamentos — desde o momento da sua emergência<br />

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