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Manual do Budismo - Jardim do Dharma

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De acor<strong>do</strong> com Kempo Tsultrin Rimpoche<br />

Os Sutantrikas (aqueles que seguem os sutras),<br />

acreditam que os objetos em si mesmos, antes<br />

que lhe seja aplica<strong>do</strong> “um conceito”, são<br />

verdadeiros, e que por si mesmos existem. “Eles<br />

primeiro existem e depois a consciência os<br />

‘percebe”; o conceito aplica<strong>do</strong> ao objeto<br />

observa<strong>do</strong> é considera<strong>do</strong> enganoso e relativo.<br />

Tomemos por exemplo uma montanha: Ela antes<br />

de ser percebida pelo especta<strong>do</strong>r e sua<br />

consciência existe de “por si e em si mesma”. Para os segui<strong>do</strong>res <strong>do</strong>s sutras este ponto é o verdadeiro,<br />

porém ao observa<strong>do</strong>r exclamar “montanha” lhe adjudicou ao objeto observa<strong>do</strong> um conceito<br />

“montanha”, e um julgamento: “isto é uma montanha”. Estes <strong>do</strong>is pontos referenciais são ti<strong>do</strong>s como<br />

enganosos, relativos e falsos. Quan<strong>do</strong> no início <strong>do</strong> treinamento espiritual se aconselha ao estudante a<br />

realizar meditações sobre a natureza defeituosa <strong>do</strong> Samsara, e sobre a impermanência, usam-se estes<br />

enfoques como ponto de partida. Este tipo de treinamento meditativo é conheci<strong>do</strong> como<br />

A Via <strong>do</strong>s Sravakas.<br />

O Caminho <strong>do</strong>s Sravaka: treinamento de meditação sobre a ilusão <strong>do</strong> “eu”<br />

Quan<strong>do</strong> estudamos o enfoque realista com suas diferentes escolas, percebemos que para um<br />

determina<strong>do</strong> tipo de seres os fenômenos e em especial o “eu” é muito “real”, material, denso.<br />

Poderíamos dizer que para os seres comuns é impossível de se desprender deste “eu” que chora, geme,<br />

ri, viaja, toca e é toca<strong>do</strong>, enfim que é constantemente manipula<strong>do</strong> pelas emoções e sensações.<br />

Porém se você que está estudan<strong>do</strong> estas linhas e quer tentar iniciar algum treinamento, já pode ir<br />

fazen<strong>do</strong>-o da seguinte forma:<br />

Alguma vez aconteceu algum fato que lhe causou muito me<strong>do</strong>, porém que depois de algum tempo<br />

descobriu que to<strong>do</strong> esse me<strong>do</strong> não passava de pura imaginação?<br />

Analisemos juntos: certa vez você estava andan<strong>do</strong> por uma rua escura e viu se aproximar uma pessoa<br />

na sua direção, a principio você ficou com me<strong>do</strong>, agora, por quê?<br />

a) porque imaginou;<br />

b) essa imaginação descansa em descrições feitas num passa<strong>do</strong> por pessoas como seu pai, mãe, etc. e<br />

que você tomou por reais, por exemplo: “as ruas escuras sempre são perigosas”;<br />

c) essa imaginação produz uma projeção de imagens que se sobrepõem à que você está enxergan<strong>do</strong>,<br />

você enxerga um inimigo e corre tentan<strong>do</strong> sair dessa situação. Até que você escuta a voz de seu irmão;<br />

d) nesse momento o me<strong>do</strong>, a adrenalina, o desespero imediatamente somem, desaparecem como se na<br />

realidade nunca tivessem existi<strong>do</strong>;<br />

Na realidade nunca houve um “inimigo” e sim houve uma propensão de nossa mente a esta idéia e o<br />

único fator que causou nosso sofrimento foi esta idéia.<br />

Esta meditação foi a primeira que Sidarta Gautama o Buda ensinou como primeiro passo que nos leva<br />

à realização verdadeira da vacuidade. Aplique os mesmos pontos reflexivos, por exemplo, sobre um<br />

sentimento de ciúmes.<br />

Analise cuida<strong>do</strong>samente como é que ele aparece e você perceberá que na realidade ele se fundamenta<br />

em pequenas desconfianças e muita imaginação.<br />

Por exemplo, seu parceiro/a olha para outra pessoa; o seu sentimento de inferioridade que também é<br />

uma ilusão sobre si próprio, lhe faz “imaginar” que sua companhia está queren<strong>do</strong> estabelecer uma<br />

relação com o “estranho”. Porém, como você sabe que sua companhia estava realmente observan<strong>do</strong> a<br />

outra pessoa?<br />

Depois ainda que o observasse, sua companhia poderia estar o confundi<strong>do</strong> com um conheci<strong>do</strong>, pode<br />

estar tentan<strong>do</strong> descobrir de <strong>do</strong>nde conhece essa pessoa, enfim, há inúmeras situações que podem estar<br />

acontecen<strong>do</strong> nesse momento. Porém o mais importante é que “eu” acredito ou me identifico com meu<br />

esta<strong>do</strong> de inferioridade, me considero feio, estúpi<strong>do</strong>, gor<strong>do</strong>, sem jeito, etc. Ou seja, sempre estou me<br />

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