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Manual do Budismo - Jardim do Dharma

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A escola Vaibhashika também enumerava cinco bases <strong>do</strong> conhecimento, que teriam existência<br />

real:<br />

• As formas físicas;<br />

• A mente;<br />

• Os eventos mentais;<br />

• As formações não-concorrentes;<br />

• E os fenômenos incondiciona<strong>do</strong>s (o espaço, a cessação analítica e a não-analítica).<br />

• Os três tempos teriam existência substancial, assim como afirma<strong>do</strong> pelos sarvastivadins.<br />

Sautrantika<br />

Esta escola surgiu a partir da Sarvastivada como uma reação à escola Vaibhashika. O termo<br />

Sautrantika refere-se tanto ao nome da escola quanto aos seus adeptos, os sautrantikas.<br />

O cânone buddhista tradicional, ou Tripitaka, é dividi<strong>do</strong> em três partes: regras monásticas, discursos e<br />

metafísica. Os adeptos desta escola, porém, afirmavam que o verdadeiro ensinamento termina nos<br />

discursos (sautranta) de Buddha. Ao contrário <strong>do</strong>s vaibhashikas, os sautrantikas rejeitavam os textos<br />

sobre metafísica, assim como os comentários sobre as escrituras. Estas rejeições foram apresentadas<br />

no décimo capítulo <strong>do</strong> Abhidharma-kosha Bhashya, texto central da escola Sauntrantika.<br />

A escola Sautrantika também discordava de outros ensinamentos das escolas Sarvastivada e<br />

Vaibhashika, especialmente quanto à existência <strong>do</strong>s fenômenos nos três "mo<strong>do</strong>s" de tempo.<br />

Para os sautrantikas, a realidade tem uma existência meramente imputada, sen<strong>do</strong> uma ilusão<br />

produzida a partir de uma densa sucessão de fenômenos momentâneos.<br />

Segun<strong>do</strong> eles, é impossível perceber os objetos externos de mo<strong>do</strong> direto. As imagens mentais não<br />

seriam experiências reais de objetos externos, mas sim experiências inseparáveis da consciência<br />

percebe<strong>do</strong>ra, produzidas pelos senti<strong>do</strong>s ao entrarem em contato com os objetos momentâneos que são<br />

percebi<strong>do</strong>s.<br />

Apesar de não afirmarem diretamente a existência de partículas indivisíveis, os sautrantikas<br />

acreditavam na existência de componentes ocultas, uma substância invisível que seria o agente<br />

forma<strong>do</strong>r de todas as experiências.<br />

Os objetos percebi<strong>do</strong>s (cores, sons, o<strong>do</strong>res, sabores, tato, pensamento) apareceriam mentalmente para a<br />

consciência percebe<strong>do</strong>ra quan<strong>do</strong> os órgãos <strong>do</strong>s senti<strong>do</strong>s (olhos, ouvi<strong>do</strong>s, nariz, língua, corpo, mente)<br />

entrassem em contato com essa substância invisível. Esta escola enfatizava a impermanencia,<br />

reconhecen<strong>do</strong> que as mesmas condições que fazem os fenômenos surgir — condições dinâmicas,<br />

momentâneas — também são responsáveis pelo seu desaparecimento.<br />

Ela também enfatizava a ação; por exemplo, alguém lhe desferin<strong>do</strong> um golpe seria uma experiência<br />

bem real e <strong>do</strong>lorosa.<br />

A realidade ou verdade absoluta seria qualquer coisa funcional, qualquer coisa que desempenhasse<br />

alguma função, que fosse resulta<strong>do</strong> de causas e que tivesse a capacidade de produzir efeitos; essa<br />

funcionalidade seria algo auto-existente.<br />

As formas e objetos físicos, a mente e os eventos mentais teriam existência inerente; já as coisas<br />

consideradas não-ocorrentes ou permanentes, como o espaço, não eram vistas como reais, pois seriam<br />

apenas abstrações, imputações, e não poderiam ser vistas, ouvidas etc. As características gerais <strong>do</strong>s<br />

fenômenos e as interpretações mentais sobre eles seriam apenas verdades relativas por serem<br />

mentalmente imputadas e por serem funcionais. Já as características próprias <strong>do</strong>s fenômenos, não<br />

sen<strong>do</strong> geradas de forma conceitual, eram consideradas como sen<strong>do</strong> a verdade absoluta. A vacuidade<br />

(shunyata) seria a natureza das pessoas, que apesar de parecerem independentes, existiriam apenas em<br />

dependência <strong>do</strong> corpo e da mente. Tanto o "eu" quanto os fenômenos eram vistos como irreais, porém<br />

os momentos de consciência seriam reais. A base da existência seria uma espécie de consciência<br />

refinada, que absorveria os outros quatro agrega<strong>do</strong>s — forma, sensações, percepções e vontade — no<br />

momento da morte. O karma era explica<strong>do</strong> como o "fruto" (resulta<strong>do</strong>) das "sementes" (ações) que<br />

plantamos.<br />

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