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Manual do Budismo - Jardim do Dharma

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Sarvastivada<br />

A escola Sarvastivada surgiu no século III a.C.<br />

Sarvastivada é deriva<strong>do</strong> <strong>do</strong> sânscrito sarvam-asti, que significa tu<strong>do</strong> existe ou tu<strong>do</strong> é. Esta escola,<br />

originada após um concílio, teve grande influência no norte e noroeste da Índia, incluin<strong>do</strong> Kashmir.<br />

Os adeptos da escola Sarvastivada também questionaram a natureza <strong>do</strong>s seres santos (arhat), assim<br />

como os adeptos da Mahasanghika.<br />

Segun<strong>do</strong> os sarvastivadins, não haveria uma essência permanente, mas apenas setenta e cinco<br />

fenômenos (dharma) momentâneos, percebi<strong>do</strong>s pela consciência através <strong>do</strong> contato direto, sem<br />

imagens mentais. Estes fenômenos teriam existência própria ou inerente (svabhava), sem partes, e<br />

seriam também existentes no passa<strong>do</strong> e no futuro. Os três tempos (passa<strong>do</strong>, presente e futuro) seriam<br />

três "mo<strong>do</strong>s" simultâneos com existência substancial; devi<strong>do</strong> à impermanencia, os fenômenos<br />

passariam de um "mo<strong>do</strong>" para outro; e devi<strong>do</strong> ao karma, os fenômenos <strong>do</strong> "mo<strong>do</strong> passa<strong>do</strong>" teriam<br />

conseqüências no "mo<strong>do</strong> presente", e este teria conseqüências no "mo<strong>do</strong> futuro".<br />

O espaço (akasha), a cessação analítica e a cessação eram consideradas fenômenos incondiciona<strong>do</strong>s.<br />

O espaço, por exemplo, não obstrui qualquer coisa, permeia tu<strong>do</strong> e é imutável. Esta escola foi<br />

precursora de práticas buddhistas mais devocionais e também desenvolveu os sistemas das seis<br />

perfeições (paramita: generosidade, ética, paciência, esforço, concentração e sabe<strong>do</strong>ria) desenvolvidas<br />

por um Bodhisattva. Também foi precursora da teoria <strong>do</strong>s três corpos (trikaya) búddhicos e da roda<br />

da vida ilustran<strong>do</strong> os seis mo<strong>do</strong>s de existência e os <strong>do</strong>ze elos da interdependência. Estes conceitos<br />

foram herda<strong>do</strong>s posteriormente pelo <strong>Budismo</strong> Mahayana, apesar de rejeitar o conceito de existência<br />

inerente da escola Sarvastivada.<br />

Duas obras importantes desta escola foram:<br />

O Grande Comentário <strong>do</strong> monge Vasumitra e o Tesouro <strong>do</strong> Ensinamento Superior (Abhidharmakosha)<br />

<strong>do</strong> monge Vasubandhu (século V). O texto reflete a transição <strong>do</strong> <strong>Budismo</strong> Hinayana para o<br />

<strong>Budismo</strong> Mahayana e trata de nove pontos:<br />

• Elementos<br />

• Faculdades<br />

• Mun<strong>do</strong>s<br />

• Ações<br />

• Propensões<br />

• O caminho da liberação<br />

• Conhecimento<br />

• Concentração<br />

• E teorias sobre a individualidade<br />

Vaibhashika<br />

Esta escola, derivada da Sarvastivada, recebeu o nome sânscrito Vaibhashika porque dava bastante<br />

ênfase aos vibhasas (comentários sarvastivadins sobre as escrituras buddhistas) e aos textos sobre<br />

metafísica, como o Abhidharma Pitaka.<br />

Os vaibhashikas herdaram muitos conceitos da escola Sarvastivada.<br />

Segun<strong>do</strong> eles, a consciência — sujeito o percebe<strong>do</strong>r — entra em contato direto com os objetos — o<br />

objeto percebi<strong>do</strong> — sem haver da<strong>do</strong>s ou imagens mentais atuan<strong>do</strong> como um meio entre os <strong>do</strong>is.<br />

Estes objetos seriam diferentes da consciência, estariam separa<strong>do</strong>s dela, e seriam constituí<strong>do</strong>s por<br />

partículas indivisíveis que se tocariam entre si, mas sem aderirem umas às outras, sen<strong>do</strong> mantidas<br />

juntas pelo vento. No nível da verdade relativa, o "eu" e os fenômenos não existiriam inerentemente<br />

porque não seriam capazes de manter sua identidade após sua desintegração.<br />

No nível da verdade absoluta, as partículas físicas "indivisíveis" — átomos não-compostos por partes<br />

— e os momentos de consciência seriam entidades com realidade inerente, independente, absoluta e<br />

verdadeira, sem serem compostas por partes.<br />

Os vaibhashikas não aceitavam a apercepção, isto é, que a mente deludida possa ver ou conhecer a si<br />

mesma. A liberação final, ou parinirvana, era visto por eles como uma extinção completa.<br />

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