Manual do Budismo - Jardim do Dharma

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Os Dois Aspectos do Co-Surgimento Interdependente Elo Quando condicionado pela mente deludida Quando condicionado pela mente verdadeira 1 Ignorância Entendimento Claro 2 Ações Volicionais Grande Aspiração 3 Consciência (vijnana) Cinco Primeiras Consciências / Quatro Manovijnana Sabedorias Sabedoria da Realização Manas Maravilhosa Alayavijnana Sabedoria da Observação Maravilhosa Sabedoria da Igualdade Sabedoria do Grande Espelho 4 Mente/Corpo Corpo de Transformação (nirmanakaya) 5 Seis Órgãos dos Sentidos e seus Objetos Corpo do Resultado (Sambhogakaya) 6 Contato Atenção do Contato 7 Sentimento Atenção do Sentimento 8 Desejo Quatro Mentes Imensuráveis (os 4 braços de Chenresig) 9 Apego Liberdade 10 Vir a Ser Ser Maravilhoso 11 Nascimento Sabedoria do Não-nascimento 12 Velhice e Morte Sabedoria da Não-morte Há o co-surgimento condicionado pela mente deludida e o co-surgimento condicionado pela mente verdadeira. O mundo, a sociedade e o indivíduo foram formados por um ciclo de condições baseadas na mente deludida. Naturalmente, em um mundo baseado sobre a mente deludida, há o sofrimento e a aflição. Mas quando as condições são baseadas sobre a mente verdadeira, elas refletem a natureza maravilhosa da realidade. Tudo depende de nossa mente. Imagine mil pessoas cujas mentes são cheias de percepções errôneas, visões errôneas, inveja, ciúme e raiva. Se elas vierem juntas, criarão um inferno sobre a Terra. Os ambientes onde viverem, suas vidas diárias e seus relacionamentos serão todos infernais. Se duas pessoas cheias de mal-entendimentos viverem juntas, criarão um reino do inferno um para o outro. Como é muito maior o inferno de mil pessoas! Para transformar o inferno em um paraíso, precisamos apenas mudar a mente no qual é baseado. Para mudar as mentes de mil pessoas, pode ser necessário trazer algum elemento de fora, como um mestre de Dharma ou um grupo de pessoas que pratiquem o Dharma. Imagine mil pessoas que não têm percepções errôneas, raiva ou inveja, mas que têm amor, entendimento e felicidade. Se estas pessoas vierem juntas e formarem uma comunidade, ela será o paraíso. A mente das pessoas é a base do paraíso. Com sua mente deludida, você faz o inferno para você mesmo. Com sua mente verdadeira, você faz o paraíso. Se duas pessoas vierem juntas com uma mente verdadeira, elas farão um pequeno paraíso para si mesmas. Se uma terceira pessoa quiser se juntar às duas, elas devem tomar cuidado. "Devemos deixálo se juntar a nós ou não?". Se o paraíso delas for sólido, podem deixá-lo se juntar a elas. Com duas mentes verdadeiras, há a esperança de que uma mente deludida possa ser gradualmente transformada. Mais tarde, haverá três mentes verdadeiras, e este pequeno paraíso continuará a crescer. Muitos volumes foram escritos sobre os doze elos do co-surgimento interdependente baseados na mente deludida. Temos de abrir uma nova porta e ensinar a prática dos doze elos baseados na mente verdadeira a fim de trazer um mundo de paz e alegria 58

Estudo sobre a Mente – Bokar Tulku Rimpoche Temos certa noção superficial do que é a mente. Para nós, é o que experimenta o sentimento de existir, o que pensa "sou eu", "eu existo". É ainda o que é consciente dos pensamentos e sente os movimentos emotivos, aquilo que, segundo as circunstâncias, tem o sentimento de estar feliz ou infeliz. Fora disso, não sabemos o que é verdadeiramente a mente. Talvez seja mesmo provável que nunca nos tenhamos feito essa pergunta. A mente sente, não os órgãos É evidente, em primeiro lugar, que a mente não tem existência material. Não é um objeto que se possa definir a cor, o tamanho, o volume ou a forma. Nenhuma dessas características é aplicável à mente. Não podemos apontar a mente com o dedo, dizendo: "É isso". Nesse sentido, a mente é vazia. Entretanto, que a mente seja desprovida de forma, de cor, etc., não é suficiente para concluir sobre sua não-existência, pois os pensamentos, os sentimentos, as emoções conflituosas que ela sente e que produz provam que alguma coisa funciona e existe, que a mente não é, portanto, somente vazia. Logo, o que é esse sentimento de existir? Onde ele se situa? No exterior, ou mesmo no interior do corpo? Se ele se situa no interior do corpo, quem o sente? A carne, o sangue, os ossos, os nervos, as veias, os pulmões, o coração? Se vocês refletirem atentamente, irão admitir que nenhum membro, nem nenhum órgão reivindica sua própria existência, dizendo "eu". Assim, a mente não pode ser assimilada a uma parte do organismo. Tomemos o exemplo do olho. O olho não proclama sua própria existência. Ele não diz para si mesmo: "Eu existo", ou ainda: "É preciso que eu olhe uma determinada forma exterior; esta é bonita, aquela não o é; eu me apego a primeira e rejeito a segunda". O próprio olho não tem nenhuma vontade, não experimenta nenhum sentimento, nem apego, nem aversão. É a mente que tem o sentimento de existir, que percebe, julga, se apega ou rejeita. O mesmo vale para o ouvido e os sons, o nariz e os odores, a língua e os sabores, a pele e os contatos, o órgão mental e os fenômenos. Não são os órgãos que percebem, mas a mente. O carro tem necessidade de um condutor Os órgãos, inconscientes por natureza, não são a mente, são como uma casa na qual se mora. Os moradores são o que se chama de consciências: consciência visual; consciência auditiva; consciência olfativa; consciência gustativa; consciência tátil; consciência mental. Essas consciências não existem de maneira autônoma. Elas nada mais são do que a mente. Pode-se dizer ainda que o corpo é como um carro e a mente o seu condutor. Quando o carro está desocupado, apesar de possuir todos os equipamentos para rodar — o motor, as rodas, o combustível, etc., — e de encontrar-se em perfeito estado de funcionamento, ele não pode ir a nenhum lugar. Do mesmo modo, um corpo desprovido de mente, mesmo que possua a totalidade dos órgãos, não passa de um cadáver. Apesar de ter olhos, ouvidos, um nariz, ele não pode ver, nem ouvir, nem cheirar. Alguns pensarão que a morte não atinge apenas o corpo, mas também a mente: o primeiro torna-se cadáver, a segunda deixa simplesmente de existir. Mas não é o que ocorre. A mente não nasce, não morre, e não é atingida pela doença. É eterna. O que percebe as formas vistas pelo olho, os sons ouvidos pelo ouvido e os outros objetos através dos outros órgãos dos sentidos, o que é consciente, o que não é interrompido pela morte do corpo é, portanto, a mente. Como vimos, considerando-se que 59

Os Dois Aspectos <strong>do</strong> Co-Surgimento Interdependente<br />

Elo Quan<strong>do</strong> condiciona<strong>do</strong> pela mente<br />

deludida<br />

Quan<strong>do</strong> condiciona<strong>do</strong> pela mente verdadeira<br />

1 Ignorância Entendimento Claro<br />

2 Ações Volicionais Grande Aspiração<br />

3 Consciência (vijnana)<br />

Cinco Primeiras Consciências / Quatro<br />

Manovijnana<br />

Sabe<strong>do</strong>rias Sabe<strong>do</strong>ria da Realização<br />

Manas<br />

Maravilhosa<br />

Alayavijnana<br />

Sabe<strong>do</strong>ria da Observação Maravilhosa<br />

Sabe<strong>do</strong>ria da Igualdade<br />

Sabe<strong>do</strong>ria <strong>do</strong> Grande Espelho<br />

4 Mente/Corpo Corpo de Transformação (nirmanakaya)<br />

5 Seis Órgãos <strong>do</strong>s Senti<strong>do</strong>s e seus Objetos Corpo <strong>do</strong> Resulta<strong>do</strong> (Sambhogakaya)<br />

6 Contato Atenção <strong>do</strong> Contato<br />

7 Sentimento Atenção <strong>do</strong> Sentimento<br />

8 Desejo Quatro Mentes Imensuráveis (os 4 braços de<br />

Chenresig)<br />

9 Apego Liberdade<br />

10 Vir a Ser Ser Maravilhoso<br />

11 Nascimento Sabe<strong>do</strong>ria <strong>do</strong> Não-nascimento<br />

12 Velhice e Morte Sabe<strong>do</strong>ria da Não-morte<br />

Há o co-surgimento condiciona<strong>do</strong> pela mente deludida e o co-surgimento condiciona<strong>do</strong> pela mente<br />

verdadeira. O mun<strong>do</strong>, a sociedade e o indivíduo foram forma<strong>do</strong>s por um ciclo de condições baseadas<br />

na mente deludida.<br />

Naturalmente, em um mun<strong>do</strong> basea<strong>do</strong> sobre a mente deludida, há o sofrimento e a aflição. Mas quan<strong>do</strong><br />

as condições são baseadas sobre a mente verdadeira, elas refletem a natureza maravilhosa da realidade.<br />

Tu<strong>do</strong> depende de nossa mente. Imagine mil pessoas cujas mentes são cheias de percepções errôneas,<br />

visões errôneas, inveja, ciúme e raiva. Se elas vierem juntas, criarão um inferno sobre a Terra.<br />

Os ambientes onde viverem, suas vidas diárias e seus relacionamentos serão to<strong>do</strong>s infernais. Se duas<br />

pessoas cheias de mal-entendimentos viverem juntas, criarão um reino <strong>do</strong> inferno um para o outro.<br />

Como é muito maior o inferno de mil pessoas!<br />

Para transformar o inferno em um paraíso, precisamos apenas mudar a mente no qual é basea<strong>do</strong>.<br />

Para mudar as mentes de mil pessoas, pode ser necessário trazer algum elemento de fora, como um<br />

mestre de <strong>Dharma</strong> ou um grupo de pessoas que pratiquem o <strong>Dharma</strong>. Imagine mil pessoas que não têm<br />

percepções errôneas, raiva ou inveja, mas que têm amor, entendimento e felicidade. Se estas pessoas<br />

vierem juntas e formarem uma comunidade, ela será o paraíso.<br />

A mente das pessoas é a base <strong>do</strong> paraíso.<br />

Com sua mente deludida, você faz o inferno para você mesmo.<br />

Com sua mente verdadeira, você faz o paraíso.<br />

Se duas pessoas vierem juntas com uma mente verdadeira, elas farão um pequeno paraíso para si<br />

mesmas. Se uma terceira pessoa quiser se juntar às duas, elas devem tomar cuida<strong>do</strong>. "Devemos deixálo<br />

se juntar a nós ou não?".<br />

Se o paraíso delas for sóli<strong>do</strong>, podem deixá-lo se juntar a elas. Com duas mentes verdadeiras, há a<br />

esperança de que uma mente deludida possa ser gradualmente transformada.<br />

Mais tarde, haverá três mentes verdadeiras, e este pequeno paraíso continuará a crescer. Muitos<br />

volumes foram escritos sobre os <strong>do</strong>ze elos <strong>do</strong> co-surgimento interdependente basea<strong>do</strong>s na mente<br />

deludida. Temos de abrir uma nova porta e ensinar a prática <strong>do</strong>s <strong>do</strong>ze elos basea<strong>do</strong>s na mente<br />

verdadeira a fim de trazer um mun<strong>do</strong> de paz e alegria<br />

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