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Manual do Budismo - Jardim do Dharma

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O ser maravilhoso é o equivalente <strong>do</strong> vir a ser <strong>do</strong>s <strong>do</strong>ze elos convencionais. O ser maravilhoso é a base<br />

para o ser nasci<strong>do</strong> sem estar preso em idéias errôneas sobre nascimento e morte. A folha tem a<br />

aparência de nascer e morrer, mas não está presa em nenhum deles. A folha cai na terra sem qualquer<br />

idéia de morrer, e é nascida novamente ao se decompor aos pés da árvore e nutri-la. A nuvem tem a<br />

aparência de morrer e se tornar chuva, mas não sente tristeza ou <strong>do</strong>r.<br />

Há pessoas que sofrem quan<strong>do</strong> vêem uma folha morrer. Na época <strong>do</strong> romantismo, havia jovens que<br />

pegavam pétalas de flor caídas, enterravam-nas, lamentavam e escreviam epitáfios.<br />

Quan<strong>do</strong> uma folha nasce, podemos cantar Feliz Continuação.<br />

Quan<strong>do</strong> uma folha cai, podemos cantar Feliz Continuação.<br />

Quan<strong>do</strong> tivermos desperta<strong>do</strong> o entendimento, o nascimento é uma continuação e a morte é uma<br />

continuação, o nascimento é uma aparência e a morte é uma aparência. As pessoas também parecem<br />

nascer, crescer e morrer.<br />

Estudamos os <strong>do</strong>ze elos <strong>do</strong> co-surgimento interdependente a fim de diminuir o elemento da ignorância<br />

em nós e de aumentar o elemento da claridade.<br />

Quan<strong>do</strong> nossa ignorância é diminuída, o apego, o ódio, o orgulho e as visões também são diminuí<strong>do</strong>s;<br />

e o amor, a compaixão, a alegria e a equanimidade são aumenta<strong>do</strong>s. Isto acontece em to<strong>do</strong>s os nidanas.<br />

Após a claridade, há a bodhichitta, a grande aspiração. A chave é guardar os seis senti<strong>do</strong>s e a atenção<br />

aos sentimentos e ao contato. Este é o lugar por onde podemos entrar no ciclo e começar a transformálo.<br />

Em seu primeiro ensinamento <strong>do</strong> <strong>Dharma</strong>, o Buddha precaveu seus discípulos a não se apegarem nem<br />

ao bhava nem ao abhava, ao ser ou ao não-ser, porque bhava e abhava são apenas construções da<br />

mente. A realidade é algo que está em algum lugar no meio. Quan<strong>do</strong> apresentamos os <strong>do</strong>ze elos da<br />

maneira usual, se dissermos que não há apego, isto significa que não haverá ser, que estamos aspiran<strong>do</strong><br />

ao abhava.<br />

Mas isto é claramente o que o Buddha não queria. Se você disser que o objetivo da prática é destruir o<br />

ser a fim de atingir o não-ser, isto é inteiramente incorreto. Com o não-apego, vemos tanto o ser<br />

quanto o não-ser como criações da mente, e flutuamos sobre a onda <strong>do</strong> nascimento e da morte.<br />

Não nos importamos com o nascimento. Não nos importamos com a morte. Se tivermos que nascer de<br />

novo para continuar o trabalho de ajudar, tu<strong>do</strong> bem. Sabemos que nada nasce e que nada pode morrer.<br />

Temos a sabe<strong>do</strong>ria <strong>do</strong> não-nascimento e da não-morte. Sabemos que há nascimento, velhice e morte,<br />

mas também sabemos que estas são apenas ondas sobre as quais os bodhisatwas flutuam. O<br />

nascimento está tu<strong>do</strong> bem e a morte está tu<strong>do</strong> bem se soubermos que eles são apenas conceitos em<br />

nossa mente. A realidade transcende tanto o nascimento quanto a morte.<br />

No século XI, no Vietnã, um monge perguntou ao seu mestre de meditação: "Onde é o lugar além <strong>do</strong><br />

nascimento e da morte?". O mestre respondeu: "No meio <strong>do</strong> nascimento e da morte". Se você<br />

aban<strong>do</strong>nar o nascimento e a morte a fim de encontrar o nirvana, não encontrará o nirvana. O nirvana<br />

está no nascimento e na morte. O nirvana é nascimento e morte. Depende de como você olha para ele.<br />

De um ponto de vista, é nascimento e morte. De outro, é nirvana.<br />

Não vamos apresentar o ensinamento <strong>do</strong> Buddha com uma tentativa de escapar da vida e de ir para o<br />

nada ou para o não-ser.<br />

Os bodhisatwas fazem o voto de vir de novo e de novo para servir, não por causa <strong>do</strong> apego, mas por<br />

causa de sua preocupação e de sua vontade de ajudar. A prática <strong>do</strong> viver atento desenvolve o mesmo<br />

tipo de sabe<strong>do</strong>ria, preocupação e bondade amorosa em nós, então podemos servir. É a hora de<br />

apresentarmos o ensinamento <strong>do</strong> co-surgimento interdependente de um mo<strong>do</strong> que seja fácil e acessível<br />

para as pessoas de nosso tempo. Aqueles que ensinam os <strong>do</strong>ze elos também precisam entender seu<br />

la<strong>do</strong> positivo.<br />

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