Manual do Budismo - Jardim do Dharma

Manual do Budismo - Jardim do Dharma Manual do Budismo - Jardim do Dharma

jardimdharma.org.br
from jardimdharma.org.br More from this publisher
18.04.2013 Views

os reinos inferiores como uma punição. Como falamos antes, é uma percepção, dependente da sua mente, dependendo do seu estado mental. Vamos discutir os seis reinos Já que o reino do inferno é o pior, vamos falar sobre ele primeiro, de modo que possamos tirá-lo do caminho. Isto é realmente muito profundo. No reino do inferno, todos os tipos de sofrimento são representados. No centro do reino do inferno senta-se Yamaraja, que é como o Senhor do Inferno. Sentado confortavelmente sobre um trono feito de crânios. A pergunta interessante é "Quem é ele?”. A partir de muitos textos Mahayana, sabemos quem ele é. Este é ninguém mais que o Bodisatva Manjushri. E quem é Manjushri? Manjushri é o símbolo da sabedoria. Então, novamente aqui, o Senhor do Inferno, que decide quem deve sofrer o quê, por assim dizer, é realmente a sua própria natureza última de sabedoria, sentada lá. Então, há coisas como ser queimado no inferno quente, cair na armadilha no gelo e nas montanhas de neve do inferno frio, e então há todos os tipos de animais. O Senhor do Inferno, Yamaraja, segura um espelho. Novamente, isto é muito simbólico — para estarem livres do inferno, vocês não procuram por uma fonte externa, vocês olham para si mesmos: a meditação, como meditação shamatha ou meditação vipashyana. Agora, há algo muito interessante sobre o reino do inferno. Dentro deles, vocês podem ver uma luz branca subindo, que simboliza que o inferno também é impermanente. Não é que, se vocês forem uma vez para o inferno, então é isso e não há mais saída. Não é assim. Afinal, é a percepção que vocês têm. Se mudarem sua percepção, vocês também podem sair do inferno. Então, há uma pessoa que é representada deixando o inferno. Então há o reino animal, com todos os tipos de animais. Os tibetanos não viam muitos animais. Os australianos seriam melhores pintando este reino. Os animais nos oceanos e os animais sobre a terra — suponho que eles devem ter esquecido os animais no céu, como os pássaros. E então há o reino dos fantasmas famintos. Os seres aqui têm um estômago muito grande, um pescoço muito fino e uma boca muito pequena, e estão sempre com fome e com sede, procurando por comida em todo lugar. De modo bem interessante, há alguns fantasmas famintos sentados lá que têm jóias, mas eles são tão mesquinhos que não as dão às outras pessoas. Claro que não! Mas também não as usam para si mesmos. Apenas as guardam para o próximo dia ou para o próximo ano. Então há o reino dos deuses — castelos, garotas dançando, belas árvores que têm todos os tipos de ornamentos, pessoas passando sua vida apenas ouvindo música, tocando música, tomando banhos, tudo é muito perfeito. E há o reino dos deuses invejosos. Eles são tão ricos quanto os deuses, mas têm um problema, que é a briga. Eles adoram brigar porque são invejosos todo o tempo. Por exemplo, eles lutam muito com os deuses. Esta árvore é chamada "a árvore que realiza desejos". Ela nasce realmente no reino dos deuses invejosos. Os deuses invejosos ficam ocupados tomando conta desta árvore, mas ela é tão grande que, quando dá flores e frutas, geralmente o faz bem lá em cima, e apenas os deuses podem alcançá-las. Então, o esforço de todos os deuses invejosos em tomar conta da árvore é desperdiçado. Isso realmente engatilha muita raiva e inveja, que então cria muita briga entre o reino dos deuses invejosos e o reino dos deuses. Tristemente, os deuses sempre ganham, mas os deuses invejosos simplesmente não desistem. Eles sentem que um dia poderão derrubar aqueles no reino dos deuses. No reino humano, vemos sofrimento e dor — nascimento, morte, velhice, doença. Ao mesmo tempo, vemos pessoas se divertindo, por exemplo. Também vemos pessoas pensando, contemplando e descobrindo. Então, temos seis reinos. 44

1) Quando têm muito orgulho, vocês renascem no reino dos deuses orgulhosos, onde o sentimento que predomina é o orgulho e a procura neurótica pela satisfação dos desejos. 2) Quando têm inveja, renascem no reino dos deuses invejosos ou deuses guerreiros onde o sentimento prevalecente e a consciência estão fixados na Inveja e na discórdia. 3) Quando têm muita paixão, renascem no reino humano onde o que prevalece é a preocupação, o nascimento, envelhecimento, doença e morte. 4) Quando a percepção é filtrada através da ignorância, então vocês experienciam o reino animal, onde o sofrimento experimentado é o da escravidão propiciado pela escuridão e opacidade mental. 5) Quando a percepção é filtrada através do apego, agarramento ou avareza, vocês experienciam o reino dos fantasmas famintos. O mundo dos fantasmas famintos onde o sofrimento está associado à fome e a sede, e a consciência se apega ao sentimento de avareza. 6) Quando a percepção vem mais da agressão, vocês experienciam as coisas de um modo infernal onde o sofrimento está intimamente ligado ao frio e ao calor. O Calor propiciado pela cólera e o frio pela solidão e a tristeza. Mas a palavra "nascer" ou "renascer" significa muito. Ela não necessariamente significa que, bem agora, estamos todos no reino humano e que não estamos nos outros cinco reinos. Dependendo de qual tipo de karma criamos, nós podemos ir aos outros reinos. Se o karma para experienciar o reino do inferno for o mais forte, então, eu suponho vocês mudarão esta forma e então, com outra forma experienciarão o tipo infernal de percepção. Mas de acordo com o budismo Mahayana, os seis reinos são algo que podem acontecer no decorrer de um único dia. Os 12 Elos da Interdependência – Kalu Rimpoche Temos então no centro os três venenos, os seis mundos ou esferas da consciência e na borda o samsara, a sua manifestação individual que se inicia através da pintura de uma: Mulher cega. Apalpando o seu caminho com um bastão, representando assim a ignorância na sua manifestação feminina (A= negação, não - Vidya= conhecimento). Por causa de sua cegueira espiritual, o homem vagueia pela vida, criando uma auto-imagem completamente ilusória de si mesmo devido ao fato de dirigir toda a sua procura às coisas irreais, formando assim um caráter completamente neurótico e sem sentido. Esta atividade criativa, porém sustentada na forma, está representada pela figura do: Oleiro - da mesma forma que um oleiro cria a forma de seus vasos, o ser humano cria seu caráter e destino, ou mais corretamente nosso karma, sendo este a conseqüência das nossas ações ou atividades, palavras e pensamentos. Entendemos o caráter de um ser humano como uma tendência da nossa vontade, formada pelas ações repetidas. Cada ação deixa um rastro, este rastro transforma-se num hábito, ou seja, algo que realizamos de uma forma espontânea e sem raciocínio. Nossa forma peculiar de andar, sentar, dormir, comer, sentir, etc. Isto é o que conhecemos comumente como Karma ou lei de ação e reação, ou seja, a lei do movimento na direção de menor resistência. Da mesma forma que o oleiro forma vasos da argila amorfa, assim criamos através de ações, palavras e pensamentos, a consciência representada aqui pela terceira figura do quadro; Um macaco brincando. Do mesmo modo que um macaco inquieto pula de um galho ao outro, assim nossa consciência vai de um objeto o outro. A consciência não pode existir somente por si mesma. Além de ela ter o poder de se apegar aos objetos dos sentidos e de sua imaginação ela também tem o poder de se cristalizar ou se polarizar em formas materiais e funções mentais, ou seja, o binômio mente-corpo representado pelo quarto quadro: 45

1) Quan<strong>do</strong> têm muito orgulho, vocês renascem no reino <strong>do</strong>s deuses orgulhosos, onde o sentimento<br />

que pre<strong>do</strong>mina é o orgulho e a procura neurótica pela satisfação <strong>do</strong>s desejos.<br />

2) Quan<strong>do</strong> têm inveja, renascem no reino <strong>do</strong>s deuses invejosos ou deuses guerreiros onde o<br />

sentimento prevalecente e a consciência estão fixa<strong>do</strong>s na Inveja e na discórdia.<br />

3) Quan<strong>do</strong> têm muita paixão, renascem no reino humano onde o que prevalece é a preocupação, o<br />

nascimento, envelhecimento, <strong>do</strong>ença e morte.<br />

4) Quan<strong>do</strong> a percepção é filtrada através da ignorância, então vocês experienciam o reino animal,<br />

onde o sofrimento experimenta<strong>do</strong> é o da escravidão propicia<strong>do</strong> pela escuridão e opacidade<br />

mental.<br />

5) Quan<strong>do</strong> a percepção é filtrada através <strong>do</strong> apego, agarramento ou avareza,<br />

vocês experienciam o reino <strong>do</strong>s fantasmas famintos. O mun<strong>do</strong> <strong>do</strong>s<br />

fantasmas famintos onde o sofrimento está associa<strong>do</strong> à fome e a sede, e a<br />

consciência se apega ao sentimento de avareza.<br />

6) Quan<strong>do</strong> a percepção vem mais da agressão, vocês experienciam as coisas<br />

de um mo<strong>do</strong> infernal onde o sofrimento está intimamente liga<strong>do</strong> ao frio e<br />

ao calor. O Calor propicia<strong>do</strong> pela cólera e o frio pela solidão e a tristeza.<br />

Mas a palavra "nascer" ou "renascer" significa muito. Ela não<br />

necessariamente significa que, bem agora, estamos to<strong>do</strong>s no reino humano e que<br />

não estamos nos outros cinco reinos.<br />

Dependen<strong>do</strong> de qual tipo de karma criamos, nós podemos ir aos outros reinos. Se<br />

o karma para experienciar o reino <strong>do</strong> inferno for o mais forte, então, eu suponho vocês mudarão esta<br />

forma e então, com outra forma experienciarão o tipo infernal de percepção. Mas de acor<strong>do</strong> com o<br />

budismo Mahayana, os seis reinos são algo que podem acontecer no decorrer de um único dia.<br />

Os 12 Elos da Interdependência – Kalu Rimpoche<br />

Temos então no centro os três venenos, os seis mun<strong>do</strong>s ou esferas da consciência e na borda o samsara,<br />

a sua manifestação individual que se inicia através da pintura de uma:<br />

Mulher cega. Apalpan<strong>do</strong> o seu caminho com um bastão, representan<strong>do</strong> assim a ignorância na sua<br />

manifestação feminina (A= negação, não - Vidya= conhecimento). Por causa de sua cegueira<br />

espiritual, o homem vagueia pela vida, crian<strong>do</strong> uma auto-imagem completamente ilusória de si mesmo<br />

devi<strong>do</strong> ao fato de dirigir toda a sua procura às coisas irreais, forman<strong>do</strong> assim um caráter<br />

completamente neurótico e sem senti<strong>do</strong>. Esta atividade criativa, porém sustentada na forma, está<br />

representada pela figura <strong>do</strong>:<br />

Oleiro - da mesma forma que um oleiro cria a forma de seus vasos, o ser humano cria seu caráter e<br />

destino, ou mais corretamente nosso karma, sen<strong>do</strong> este a conseqüência das nossas ações ou atividades,<br />

palavras e pensamentos. Entendemos o caráter de um ser humano como uma tendência da nossa<br />

vontade, formada pelas ações repetidas. Cada ação deixa um rastro, este rastro transforma-se num<br />

hábito, ou seja, algo que realizamos de uma forma espontânea e sem raciocínio. Nossa forma peculiar<br />

de andar, sentar, <strong>do</strong>rmir, comer, sentir, etc. Isto é o que conhecemos comumente como Karma ou lei de<br />

ação e reação, ou seja, a lei <strong>do</strong> movimento na direção de menor resistência.<br />

Da mesma forma que o oleiro forma vasos da argila amorfa, assim criamos através de ações, palavras e<br />

pensamentos, a consciência representada aqui pela terceira figura <strong>do</strong> quadro;<br />

Um macaco brincan<strong>do</strong>. Do mesmo mo<strong>do</strong> que um macaco inquieto pula de um galho ao outro, assim<br />

nossa consciência vai de um objeto o outro. A consciência não pode existir somente por si mesma.<br />

Além de ela ter o poder de se apegar aos objetos <strong>do</strong>s senti<strong>do</strong>s e de sua imaginação ela também tem o<br />

poder de se cristalizar ou se polarizar em formas materiais e funções mentais, ou seja, o binômio<br />

mente-corpo representa<strong>do</strong> pelo quarto quadro:<br />

45

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!