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Manual do Budismo - Jardim do Dharma

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Se perguntarem aos budistas "O que é vida?", eles responderão: "É isto, isto é vida".<br />

De qualquer mo<strong>do</strong>, como disse, a vida é uma percepção. Uma percepção <strong>do</strong> quê? Quem é o<br />

percebe<strong>do</strong>r?<br />

O porco preto no centro.<br />

É muito difícil ensinar sobre isto. Isto tem si<strong>do</strong> o assunto principal <strong>do</strong>s estu<strong>do</strong>s budistas porque vocês<br />

têm de definir o que é ignorância. No budismo, quan<strong>do</strong> julgamos o que é ignorância e o que não é<br />

ignorância, não julgamos algo como ignorante ou mau basea<strong>do</strong> na moralidade ou na ética. Isto tem de<br />

ser julga<strong>do</strong> com base na sabe<strong>do</strong>ria. Então, quan<strong>do</strong> falamos sobre ignorância, estamos falan<strong>do</strong> sobre<br />

uma mente que está no nível da anormalidade.<br />

Quan<strong>do</strong> a mente está no nível da normalidade, então isso é sabe<strong>do</strong>ria.<br />

Brevemente, como vocês definem o que é normal ou o que não é normal?<br />

A definição de Nagarjuna <strong>do</strong> que é normal é quan<strong>do</strong> algo não é dependente. Se uma entidade<br />

depende de outra entidade, então nunca estamos certos se a cor ou a qualidade desta entidade presente<br />

é realmente a natureza última, porque ela é dependente de uma segunda entidade. Há sempre uma<br />

possibilidade de que a segunda entidade possa corromper a primeira entidade. Então, <strong>do</strong> mesmo<br />

mo<strong>do</strong>, uma mente que é dependente de um objeto, uma mente que é dependente de to<strong>do</strong>s os tipos de<br />

educação, influência, meditação, é uma mente anormal de acor<strong>do</strong> com Nagarjuna. Então, o que é uma<br />

mente normal? É quan<strong>do</strong> vocês renunciam completamente a to<strong>do</strong>s estes objetos, todas estas entidades<br />

da qual sua mente é total ou parcialmente dependente.<br />

Então, agora vocês podem dizer que o porco, que representa a ignorância, é aquele que causa toda esta<br />

percepção. Esta não é a melhor pintura. Idealmente, o galo e a cobra deveriam ser vomita<strong>do</strong>s da boca<br />

<strong>do</strong> porco, porque o porco faz nascer à paixão, o galo — é a agressão, faz nascer a cobra.<br />

Agora, por favor, não venham com aquela mentalidade pequena sobre isto ser uma coisa politicamente<br />

incorreta, um porco representan<strong>do</strong> a ignorância e assim por diante. Isto é um debate inútil! Por favor,<br />

vocês têm de entender que isto é um ensinamento simbólico. E, de algum mo<strong>do</strong>, não sei por que, os<br />

porcos sempre têm si<strong>do</strong> desafortuna<strong>do</strong>s.<br />

Os budistas têm representa<strong>do</strong> os porcos como o símbolo da ignorância e os muçulmanos até mesmo se<br />

privaram de comê-los.<br />

De qualquer mo<strong>do</strong>, o porco representa a ignorância. Da ignorância vem à esperança, que é<br />

realmente como a mãe da paixão, e então da ignorância vem o me<strong>do</strong>, que é como a mãe da<br />

agressão.<br />

Então, temos três tipos de fatores mentais.<br />

É claro que o original é a ignorância, que faz nascer à agressão e a paixão. Então, vocês podem dizer<br />

que estes três são os que percebem as coisas. Estávamos falan<strong>do</strong> sobre a percepção. Estes três<br />

percebem as coisas de muitos, muitos mo<strong>do</strong>s diferentes.<br />

Às vezes, a partir da ignorância vem a esperança de querer ser bom. A partir deste querer sem<br />

bom, uma pessoa comporta-se ou manifesta-se de um mo<strong>do</strong> compassivo e não-violento. Neste caso, as<br />

percepções dessa pessoa são mais saudáveis, então vocês podem dizer que este tipo de pessoa<br />

experimenta percepções como o reino humano, o reino <strong>do</strong>s deuses e o reino <strong>do</strong>s semideuses (ou deuses<br />

invejosos).<br />

Às vezes, a partir da ignorância vem à paixão ou agressão, que criam muita confusão — matam,<br />

roubam, destroem a si mesmo ou os outros e fazem nascer percepções não-saudáveis, <strong>do</strong>lorosas,<br />

agressivas. Isso é representa<strong>do</strong> no que chamamos de "três reinos inferiores" — o reino <strong>do</strong> inferno, o<br />

reino <strong>do</strong>s fantasmas famintos e o reino animal. Então, estes são os seis reinos.<br />

Aqui, há uma mensagem muito importante. Quan<strong>do</strong> os budistas falam sobre o inferno, eles não<br />

estão falan<strong>do</strong> de um lugar concreto em algum lugar sob a Terra. E quan<strong>do</strong> falamos sobre o céu, não<br />

estamos falan<strong>do</strong> sobre algum lugar onde tu<strong>do</strong> funciona. Não estamos falan<strong>do</strong> de lugar ao qual se<br />

migra, basicamente. Quan<strong>do</strong> falamos sobre ir para o inferno, não estão falan<strong>do</strong> sobre ser puni<strong>do</strong>. Penso<br />

que o conceito de punição é uma coisa muito nova para os budistas, realmente. Apesar de podermos<br />

dizer, "Se vocês fizerem tal e tal karma negativo, por causa deste karma negativo vocês irão para o<br />

inferno", não estamos falan<strong>do</strong> que há alguém chama<strong>do</strong> "karma" que irá então forçá-los a experienciar<br />

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