18.04.2013 Views

Manual do Budismo - Jardim do Dharma

Manual do Budismo - Jardim do Dharma

Manual do Budismo - Jardim do Dharma

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

Nesse concílio se reuniram 500 monges arahats lidera<strong>do</strong>s pelo Ven. Mahakassapa, onde foram<br />

recita<strong>do</strong>s to<strong>do</strong>s os ensinamentos <strong>do</strong> Buda.<br />

A recitação <strong>do</strong> Vinaya pelo Ven. Upali foi aceita como o Vinaya Pitaka;<br />

A recitação <strong>do</strong> <strong>Dharma</strong> pelo Ven. Ananda ficou estabelecida como o Sutra Pitaka.<br />

Cem anos após o Parinirvana <strong>do</strong> Buda houve o segun<strong>do</strong> concílio em Vesali.<br />

O terceiro concílio ocorreu em Pataliputra duzentos anos depois <strong>do</strong> Parinirvana <strong>do</strong> Buda e nesse<br />

concílio o Abhidharma foi recita<strong>do</strong>. Mas essa explicação não é suficiente para dar resposta à questão<br />

sobre como surgiram esses textos.<br />

Ao contrário <strong>do</strong>s sutras e <strong>do</strong>s relatos das regras monásticas no Vinaya, os livros <strong>do</strong> Abhidharma não<br />

trazem qualquer informação quanto à sua origem. Os comentários, no entanto, atribuem essa<br />

dissertação ao próprio Buda.<br />

O Atthasalini, que traz o relato mais explícito, menciona que o Buda concretizou o Abhidharma na<br />

noite da sua iluminação e que a investigação em detalhe foi realizada durante a quarta semana após a<br />

iluminação.<br />

Depois disso, durante o sétimo retiro das chuvas o Buda ensinou o Abhidharma para as divindades <strong>do</strong><br />

Paraíso de Tavatimsa que incluía uma divindade que havia si<strong>do</strong> antes a sua mãe. Como demonstração<br />

de gratidão para com a sua mãe, que havia faleci<strong>do</strong> sete dias depois <strong>do</strong> seu nascimento, o Buda ensinou<br />

o Abhidharma durante três meses, para que aquela divindade pudesse alcançar a libertação final. A<br />

cada manhã, durante esse perío<strong>do</strong>, ele voltava ao plano humano para a sua refeição diária quan<strong>do</strong> então<br />

ensinava os méto<strong>do</strong>s ou princípios da <strong>do</strong>utrina que ele havia trata<strong>do</strong> para o seu discípulo principal<br />

Sariputra. A elaboração detalhada <strong>do</strong>s ensinamentos <strong>do</strong> Abhidharma a partir <strong>do</strong>s princípios gerais<br />

defini<strong>do</strong>s pelo Buda é atribuída a Sariputra que teria transmiti<strong>do</strong> esses ensinamentos aos seus<br />

discípulos diretos.<br />

Sob o ponto de vista Theravada o esquema exposto pelo Abhidharma é considera<strong>do</strong> como pertencen<strong>do</strong><br />

ao <strong>do</strong>mínio <strong>do</strong>s Budas, ou seja, não é a invenção <strong>do</strong> pensamento especulativo ou discursivo, ou um<br />

mosaico de hipóteses metafísicas, mas a exposição da verdadeira natureza da existência tal como foi<br />

compreendida por uma mente que penetrou a totalidade das coisas tanto nos seus níveis mais<br />

profun<strong>do</strong>s quanto nos seus maiores detalhes.<br />

Da<strong>do</strong> esse caráter, o Abhidharma expressa <strong>do</strong> mo<strong>do</strong> mais perfeito possível o conhecimento onisciente<br />

<strong>do</strong> Buda. É a manifestação de como as coisas são, compreendidas pela mente de um Buda, organizadas<br />

de acor<strong>do</strong> com os <strong>do</strong>is marcos principais <strong>do</strong>s seus ensinamentos: o sofrimento e a cessação <strong>do</strong><br />

sofrimento. Nos países Theravada como o Sri Lanka, Mianmar e Tailândia, o Abhidharma é altamente<br />

aprecia<strong>do</strong> e reverencia<strong>do</strong> como o pináculo das escrituras Budistas. Como exemplo da estima que o<br />

Abhidharma desfruta, o rei Kassapa V <strong>do</strong> Sri Lanka (séc. X da era cristã) ordenou que to<strong>do</strong> o<br />

Abhidharma fosse inscrito em placas de ouro e o primeiro livro decora<strong>do</strong> com gemas preciosas.<br />

A Filosofia <strong>do</strong> Abhidharma<br />

Agora, em que senti<strong>do</strong> o Abhidharma pode ser chama<strong>do</strong> de filosofia?<br />

Façamos a grosso mo<strong>do</strong> uma divisão da filosofia em fenomenologia e ontologia e vamos caracterizálas<br />

de mo<strong>do</strong> sucinto da seguinte forma: a fenomenologia lida, como o nome implica, com os<br />

“fenômenos”, isto é, com o mun<strong>do</strong> da experiência interno e externo.<br />

A ontologia, ou metafísica, investiga e busca a existência e a natureza de uma essência, ou princípio<br />

último, que dá suporte a to<strong>do</strong> o mun<strong>do</strong> <strong>do</strong>s fenômenos.<br />

Em outras palavras, a fenomenologia investiga as questões: O que acontece no mun<strong>do</strong> da nossa<br />

experiência? Como isso acontece?<br />

A ontologia por outro la<strong>do</strong>, insiste que a questão “como” não pode ser respondida sem a referência a<br />

uma essência eterna que dá suporte à realidade, poden<strong>do</strong> essa essência ser concebida como imanente<br />

ou transcendente. Com freqüência neste caso, a pergunta “como” é transformada em “porque”,<br />

assumin<strong>do</strong> a premissa tácita de que a resposta tem que ser encontrada fora da realidade tal como ela se<br />

apresenta. O Abhidharma, sem dúvida, pertence à primeira dessas duas divisões da filosofia, isto é, a<br />

fenomenologia.<br />

Mesmo o termo dharma, tão fundamental no Abhidharma, que inclui as “coisas” corporais bem como<br />

materiais, pode muito bem ser interpreta<strong>do</strong> como “fenômeno”. Portanto, o Abhidharma não é uma<br />

39

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!