Manual do Budismo - Jardim do Dharma
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Sudeste Asiático<br />
Durante o século I d.C., o comércio na parte terrestre da Rota da Sede tendeu a restringir-se devi<strong>do</strong> à<br />
ascensão no Médio Oriente da Pártia, um inimigo de Roma. Ao mesmo tempo, entre os Romanos<br />
crescia a procura por produtos de luxo de origem asiática. Esta procura reavivou os contatos por mar<br />
entre o Mediterrâneo e a China, funcionan<strong>do</strong> a Índia como intermediária. A partir desta altura, graças<br />
aos contatos comerciais e até mesmo intervenções políticas, a Índia passaria a influenciar o sudeste<br />
asiático. Rotas comerciais uniam a Índia com a Birmânia, com o sul e o centro de Sião e com o sul <strong>do</strong><br />
Camboja e <strong>do</strong> Vietnã. Durante mais de mil anos a influência cultural da Índia foi um fator de unidade<br />
cultural entre os países da região. As línguas pali e sânscrita, o budismo Theravada e Mahayana, o<br />
bramanismo e o hinduísmo foram transmiti<strong>do</strong>s à região através de contato direto e de textos literários<br />
como o Ramayana e o Mahabharata. Entre o século V e o século XIII, o Sudeste asiático conheceu<br />
impérios poderosos e tornou-se bastante ativo nas tradições artísticas e arquitectónicas budistas. Da<strong>do</strong><br />
que a influência vinha por via marítima a partir da Índia estes países acabariam por a<strong>do</strong>tar a tradição<br />
Mahayana.<br />
Império Srivijaya<br />
O império marítimo Srivijaya, centra<strong>do</strong> em Palembang na ilha de Sumatra, In<strong>do</strong>nésia, a<strong>do</strong>tou o<br />
budismo nas suas formas Mahayana e Vajrayana por ordem <strong>do</strong>s soberanos Sailendra. Este império<br />
difundiu a arte budista durante a sua expansão no sudeste asiático. As várias estátuas de Bodhisattvas<br />
que se encontram por toda a região datadas deste perío<strong>do</strong> caracterizam-se por um grande refinamento e<br />
sofisticação técnica. Um importante lega<strong>do</strong> deste perío<strong>do</strong> é o templo budista de Borobodur, em Java, a<br />
maior estrutura deste tipo <strong>do</strong> mun<strong>do</strong>, cuja construção iniciou-se em 780.<br />
Império Khmer (séculos IX-XIII)<br />
Entre os séculos IX e XIII o império Khmer, de religião budista Mahayana e hindu, <strong>do</strong>minou a maior<br />
parte da península <strong>do</strong> sudeste asiático. Sob o <strong>do</strong>mínio Khmer, mais de novecentos templos budistas<br />
foram construí<strong>do</strong>s no Camboja e na Tailândia. Angkor foi o centro deste desenvolvimento, com um<br />
complexo de templos e organização urbana capaz de suster um milhão de habitantes. Um <strong>do</strong>s reis<br />
Khmer mais importantes, Jayavarman VII, construiu grandes estruturas budistas em Bayon e Angkor<br />
Thom. Na sequência da destruição <strong>do</strong> budismo Mahayana na Índia no século XI, o budismo Mahayana<br />
entrou em declínio no sudeste asiático, sen<strong>do</strong> substituí<strong>do</strong> pelo budismo Theravada difundi<strong>do</strong> a partir<br />
<strong>do</strong> Sri Lanka.<br />
Emergência <strong>do</strong> budismo Vajrayana (século V)<br />
O budismo Vajrayana, também conheci<strong>do</strong> como budismo tântrico, surgiu em primeiro lugar no leste da<br />
Índia entre os séculos V e VII d.C.. É por vezes visto como uma escola <strong>do</strong> Mahayana ou chama<strong>do</strong><br />
como "terceiro veículo" <strong>do</strong> budismo. O Vajrayana é uma extensão <strong>do</strong> budismo Mahayana no senti<strong>do</strong><br />
em que não oferece novas perspectivas filosóficas; em vez disso, introduz novas técnicas (upaya ou<br />
"méto<strong>do</strong>s eficazes"), entre as quais se incluem o recurso às vizualições e às práticas de ioga. Muitas<br />
das práticas <strong>do</strong> budismo tântrico derivam também <strong>do</strong> bramanismo. Os primeiros praticantes <strong>do</strong><br />
budismo Vajrayana eram homens que viviam nas florestas à margem da sociedade (mahasiddas), mas<br />
por volta <strong>do</strong> século IX o Vajrayana já se tinha introduzi<strong>do</strong> em centros da tradição Mahayana. À<br />
semelhança <strong>do</strong> que sucedeu com os outros budismos da Índia, o Vajrayana entrou em decadência com<br />
as invasões islâmicas <strong>do</strong> século XII. Esta forma de budismo existe ainda hoje no Tibete, onde foi<br />
introduzi<strong>do</strong> no século VII.<br />
O Renascimento <strong>do</strong> <strong>Budismo</strong> Theravada<br />
A partir <strong>do</strong> século XI, a destruição <strong>do</strong> budismo no subcontinente indiano, provocada pelas invasões<br />
islâmicas, levou ao declínio da tradição Mahayana no sudeste asiático. Uma vez que as rotas<br />
continentais pela Índia estavam comprometidas, desenvolveram-se novas rotas marítimas entre o<br />
Médio Oriente e a China que passavam pelo Sri Lanka. Em consequência, o budismo Theravada<br />
acabaria por se difundir pela Ásia. O rei Anawrahta, funda<strong>do</strong>r <strong>do</strong> império birmanês, a<strong>do</strong>tou o budismo<br />
Theravada como religião oficial. Este fato geraria a construção de milhares de templos budistas na<br />
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