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Manual do Budismo - Jardim do Dharma

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Isto significa: «Homenagem ao Buda, homenagem ao dharma, homenagem ao sangha».<br />

Quem rende homenagem, e a quem? Visualizem no espaço à vossa frente o objeto <strong>do</strong> refúgio: um<br />

Buda ou uma assembléia de seres despertos, emitin<strong>do</strong> raios de compaixão e de luz. Em toda a vossa<br />

volta, vejam a infinidade de seres <strong>do</strong> universo a tomarem refúgio convosco: à direita e à esquerda os<br />

vossos pai e mãe atuais, que vos deram esse precioso corpo humano, em seguida os vossos familiares e<br />

amigos e to<strong>do</strong>s os seres sem exceção.<br />

A prática <strong>do</strong>s ensinamentos fundamenta-se na não-violência, pelo que devem pôr à vossa frente os<br />

vossos inimigos. Serão eles realmente inimigos? Examinem em quê eles vos parecem hostis: o mais<br />

freqüente é por causa duma ligação negativa estabelecida pelo passa<strong>do</strong> que um ser será julga<strong>do</strong><br />

ameaça<strong>do</strong>r. Na realidade, nada nem ninguém pode ser qualifica<strong>do</strong> como «inimigo». Mesmo uma<br />

pessoa mal<strong>do</strong>sa não procura fazer mal se não estiver sob a influência <strong>do</strong> seu próprio sofrimento; ela<br />

merece por isso um lugar de eleição nas vossas orações.<br />

Durante a recitação <strong>do</strong> refúgio (ou durante as prosternações), pensem que os raios de luz provenientes<br />

<strong>do</strong>s budas transmutam to<strong>do</strong> o sofrimento: esta luz enche e purifica to<strong>do</strong>s os seres, dissipan<strong>do</strong> os<br />

bloqueios e os véus liga<strong>do</strong>s ao corpo, à palavra e ao espírito. Ela regenera as vossas forças e protegevos,<br />

evitan<strong>do</strong> que executem atos negativos. Inundan<strong>do</strong> o corpo, a palavra e o espírito de to<strong>do</strong>s os seres,<br />

as suas vagas purificam igualmente a atmosfera e o ambiente.<br />

Pratiquem assim o refúgio durante certo tempo, mergulha<strong>do</strong>s na oração e na luz. No fim da sessão,<br />

considerem que vós mesmos e to<strong>do</strong>s os seres sois purifica<strong>do</strong>s. Dissolven<strong>do</strong>-se em luz, estes últimos<br />

dissolvem-se uns nos outros e funde-se em vós. Agora, vocês tornam-se luz, para se dissolverem<br />

finalmente na forma <strong>do</strong> ser desperto que, por sua vez, desaparece em luz.<br />

O espírito fica no momento presente, aqui e agora, sem seguir os pensamentos <strong>do</strong> passa<strong>do</strong>, <strong>do</strong> presente<br />

ou <strong>do</strong> futuro: é a purificação absoluta. É aquilo a que chamamos «repousar no esta<strong>do</strong> natural <strong>do</strong><br />

espírito», um esta<strong>do</strong> de frescor e de simplicidade, além de to<strong>do</strong>s os conceitos.<br />

Treinar encontrar esta simplicidade fundamental permite restaurar a confiança na nossa verdadeira<br />

natureza. A pulsão <strong>do</strong> orgulho, essa necessidade de provar a nossa superioridade que não é mais <strong>do</strong><br />

que um sintoma de falta de confiança em nós, desaparece, completamente liberta dentro <strong>do</strong> esta<strong>do</strong> da<br />

sabe<strong>do</strong>ria equânime.<br />

Conclua cada sessão de prática dedican<strong>do</strong> os méritos ao despertar de to<strong>do</strong>s os seres.<br />

Tomar refúgio é uma forma de dar de si, uma oferenda. Com o voto <strong>do</strong> refúgio, comprometemo-nos a<br />

consagrar o treino espiritual ao bem de to<strong>do</strong>s; esta resolução suporta a nossa prática e atrai, por<br />

intermédio <strong>do</strong> mestre espiritual, o apoio de to<strong>do</strong>s os seres despertos. Pronunciar formalmente o voto <strong>do</strong><br />

refúgio e receber um nome espiritual estabelece, com efeito, uma ligação profunda com a linhagem de<br />

transmissão de Buda. Um praticante sente com freqüência a necessidade de se comprometer de uma<br />

forma tradicional, não porque seria impossível de progredir sem isso, mas simplesmente porque a sua<br />

prática recebe muitos benefícios.<br />

Para concluir este capítulo, citarei três estrofes dum ensinamento de Dilgo Khyentse Rinpoche:<br />

Para desenvolver a verdadeira confiança<br />

Que varre tendências e véus kármicos<br />

Fazen<strong>do</strong>-nos reconhecer o nosso despertar inato,<br />

Tomemos apoio no refúgio relativo.<br />

O refúgio absoluto, nosso despertar inato, é o fruto:<br />

A natureza de Buda, presente, mas ignorada,<br />

O esta<strong>do</strong> natural de cada ser, de cada coisa.<br />

Ao reconhecer o nosso despertar inato, tomamos refúgio absoluto.<br />

O refúgio absoluto é a verdadeira natureza <strong>do</strong> espírito<br />

Cujo conhecimento imediato tem três aspectos:<br />

A vacuidade, que constitui a sua essência, a luminosidade a sua expressão.<br />

E a sua bondade profunda como uma imensidade onde nada faz obstáculo.<br />

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