18.04.2013 Views

Manual do Budismo - Jardim do Dharma

Manual do Budismo - Jardim do Dharma

Manual do Budismo - Jardim do Dharma

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

Cap. 11: – Refúgio: As práticas <strong>do</strong> Refúgio nas Três Jóias e na Bodhicitta (Espírito <strong>do</strong> Despertar)<br />

A prática <strong>do</strong> refúgio<br />

Apesar desta prática ser um antí<strong>do</strong>to eficaz para todas as emoções perturba<strong>do</strong>ras, a prática <strong>do</strong> refúgio<br />

tem efeitos principalmente sobre o orgulho. Esta prática recorre a duas abordagens, uma relativa, outra<br />

absoluta.<br />

No plano relativo, fazemos apelo às técnicas que tomam a luz como suporte da concentração.<br />

Visualizan<strong>do</strong> diante de vós uma forma luminosa e vazia de seres despertos, concentre-se na sua<br />

presença e recitem os diferentes mantras e orações ligadas ao refúgio. Podem por exemplo reportar-vos<br />

ao texto <strong>do</strong> refúgio <strong>do</strong>s «Preliminares <strong>do</strong> Novo Tesouro» de Dudjom Rinpoche:<br />

De hoje em diante, e enquanto eu não tiver atingi<strong>do</strong> o coração <strong>do</strong> despertar,<br />

Tomo refúgio no Lama, no Buda, no dharma e no sangha.<br />

A forma elaborada desta prática é acompanhada de prosternações. Mantenham a mesma visualização e<br />

ofereçam uma prosternação por cada recitação da oração.<br />

No plano absoluto, o refúgio consiste em deixar o espírito repousar no esta<strong>do</strong> livre de to<strong>do</strong>s os<br />

conceitos de sujeito, objeto e ação, experimentan<strong>do</strong> ficar na simplicidade natural <strong>do</strong> espírito. (Aqui o<br />

sujeito é aquele que toma refúgio, o objeto aqueles em quem tomamos refúgio, e a ação o fato de<br />

tomar refúgio. Este tema será aprofunda<strong>do</strong> em capítulos seguintes).<br />

Vejamos mais precisamente este treino. O princípio é de implicar simultaneamente o corpo, a palavra e<br />

o espírito no processo da purificação. Sentem-se confortavelmente manten<strong>do</strong> a coluna vertebral bem<br />

direita. Podem juntar as mãos à frente <strong>do</strong> vosso coração ou pousá-las sobre os joelhos, de acor<strong>do</strong> com<br />

aquilo que melhor vos convier. Na moldura duma meditação extremamente simplificada, é suficiente<br />

concentrar o espírito sobre uma esfera de luz. Com um pouco de treino poderão visualizar no espaço à<br />

vossa frente um ser desperto e considerá-lo como a essência de to<strong>do</strong>s os budas <strong>do</strong> passa<strong>do</strong>, <strong>do</strong> presente<br />

e <strong>do</strong> futuro. Se as inquietações ou os pensamentos começarem a desfraldar, apliquem-se simplesmente<br />

a afinar os detalhes da visualização. Manten<strong>do</strong> quer a visualização, quer o esta<strong>do</strong> de simplicidade,<br />

cantem as estrofes <strong>do</strong> refúgio, recitem mantras e, em casos limites, multipliquem as prosternações.<br />

Consoante o nível da prática, uma prosternação pode ser considerada como uma homenagem, ou como<br />

um meio de se ligar à energia interior. O exercício físico é o seguinte: pomo-nos de pé, os pés uni<strong>do</strong>s,<br />

as mãos em «botão de lótus» diante <strong>do</strong> coração. Elevan<strong>do</strong> as mãos juntas para levá-las sucessivamente<br />

à frente da testa, à garganta e ao coração, abrimo-las seguidamente inclinan<strong>do</strong>-nos para pousá-las no<br />

chão ao la<strong>do</strong> <strong>do</strong>s nossos joelhos, antes de escorregar para frente, de maneira a alongarmo-nos<br />

completamente. A testa vai tocar o chão entre os braços estendi<strong>do</strong>s, as mãos juntam-se na parte mais<br />

elevada <strong>do</strong> crânio. Levantan<strong>do</strong>-se rapidamente no movimento inverso, tomamos a posição inicial.<br />

Este treino de movimentos reveste-se de um simbolismo muito completo. Os pés uni<strong>do</strong>s representam o<br />

equilíbrio das energias solar e lunar que se apóia sobre a terra, recordan<strong>do</strong> também que o relativo e o<br />

absoluto se unem sem conflito. As mãos unidas ao nível <strong>do</strong> coração - a base das palmas das mãos<br />

unidas, as extremidades <strong>do</strong>s outros de<strong>do</strong>s tocan<strong>do</strong>-se ligeiramente, os polegares no interior da cavidade<br />

- formam um botão de lótus representan<strong>do</strong> a sabe<strong>do</strong>ria (ou a vacuidade) inseparável da compaixão.<br />

Aliás. Este gesto ou mudra leva todas as energias positivas ao coração. Levar as mãos sucessivamente<br />

à testa, à garganta e ao coração, exprime a sublimação das energias desviadas <strong>do</strong> corpo, da palavra e<br />

<strong>do</strong> espírito. Tocar o chão com as mãos, os joelhos e a testa (portanto em cinco pontos) simboliza a<br />

libertação <strong>do</strong>s bloqueios físicos.<br />

É uma prática muito eficaz, um yoga completo posto em prática especialmente por praticantes que<br />

dedicam a maior parte <strong>do</strong> seu dia à meditação imóvel. Estaríamos muito erra<strong>do</strong>s se a puséssemos de<br />

parte alegan<strong>do</strong> que ela é muito simples.<br />

A formulação da oração <strong>do</strong> refúgio é especial para cada conjunto de práticas preliminares. A sua<br />

expressão mais breve é:<br />

Namo Boudhâya<br />

Namo Dharmâya<br />

Namo Sanghâya<br />

165

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!