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Manual do Budismo - Jardim do Dharma

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para saudar alguém que está vin<strong>do</strong>. Fazem-no ao longo <strong>do</strong> la<strong>do</strong> da estrada quan<strong>do</strong> Sua Santidade<br />

regressa a Dharamsala. É associa<strong>do</strong> com o fazer-se oferendas aos espíritos locais.<br />

A ênfase nos oráculos no <strong>Budismo</strong> tibetano é frequentemente confundida com o xamanismo, mas os<br />

oráculos e os xamãs são bastante diferentes.<br />

Um oráculo é um espírito que fala através de um médium. Está canalizan<strong>do</strong>. Os xamãs, encontra<strong>do</strong>s na<br />

Sibéria, Turquia, África, etc., são as pessoas que entra num transe em que vão a reinos diferentes e<br />

falam com vários espíritos, geralmente os espíritos <strong>do</strong>s antepassa<strong>do</strong>s. Os espíritos dão-lhes respostas a<br />

várias perguntas. Quan<strong>do</strong> os xamãs saem <strong>do</strong> transe, entregam a mensagem <strong>do</strong>s antepassa<strong>do</strong>s. Em<br />

contraste, um médium geralmente não tem nenhuma memória <strong>do</strong> que o oráculo disse através dele ou<br />

dela. Os oráculos foram associa<strong>do</strong>s aos protetores.<br />

O oráculo de Nechung também é o protetor chama<strong>do</strong> Nechung. Porém, um traço de xamanismo é<br />

refleti<strong>do</strong> numa divisão das coisas como estan<strong>do</strong> na terra, acima e abaixo da terra, que é prevalente no<br />

material Bon e depois chegou ao <strong>Budismo</strong>.<br />

Buda ensinou muitíssimo sobre muitos tópicos. Onde quer que o <strong>Budismo</strong> esteve na Ásia, as pessoas<br />

salientaram os elementos que iam ao encontro da sua cultura. No <strong>Budismo</strong> indiano existe uma menção<br />

de terras puras, porém não foi enfatizada. (Por outro la<strong>do</strong>,) os chineses, que tinham a ideia taoista de<br />

irem para a terra ocidental <strong>do</strong>s imortais, puseram uma enorme ênfase nas terras puras e expandiram-na<br />

muitíssimo. Assim, temos o <strong>Budismo</strong> da terra pura. É uma das escolas budistas chinesas mais<br />

significativas. Do mesmo mo<strong>do</strong>, dentro <strong>do</strong> budismo indiano, nós encontramos a discussão <strong>do</strong>s<br />

protetores, <strong>do</strong>s vários espíritos, <strong>do</strong> oferecimento de pujas, e assim por diante, mas os tibetanos<br />

expandiram muitíssimo estes elementos porque se encontravam na sua cultura.<br />

Conclusão<br />

Eu penso que é muito importante ter-se muito respeito pela tradição Bon. Há muitas coisas que podem<br />

ser identificadas como Bon ou como cultura tibetana que não são completamente em comum com o<br />

<strong>Budismo</strong> tibetano. Há vários elementos nos ensinamentos budistas que também são encontra<strong>do</strong>s no<br />

Bon. O debate sobre quem copiou o que de quem não é útil.<br />

O <strong>Budismo</strong> e o Bon tiveram contato um com o outro e não há razão porque não se influenciariam um<br />

ao outro. É importante compreender que fazer <strong>do</strong>s bonpos os “maus” é, por um la<strong>do</strong>, político – um<br />

resquício de terem si<strong>do</strong> super-conserva<strong>do</strong>res no século VIII. Por outro la<strong>do</strong>, é psicológico – as pessoas<br />

que salientam os seus próprios la<strong>do</strong>s positivos tendem a projetar os seus la<strong>do</strong>s negativos em alguém.<br />

Este fenômeno é encontra<strong>do</strong> especialmente em tradições budistas fundamentalistas com super-devoção<br />

ao guru e uma grande ênfase num protetor.<br />

O protetor torna- se a coisa importante. Os textos dizem coisas terríveis sobre quem quer que seja<br />

contra o <strong>Dharma</strong> ou contra a dita tradição. Esmagar os nossos inimigos espezinhá-los, retirar seus<br />

olhos, etc. Eu penso que é muito mais correto seguir o exemplo de Sua Santidade, de pensar que há<br />

cinco tradições tibetanas, cada uma ensinan<strong>do</strong> caminhos totalmente váli<strong>do</strong>s à iluminação.<br />

Compartilham muitas coisas em comum e falam de alcançar o mesmo objetivo, a iluminação. Dentro<br />

<strong>do</strong> que compartilham em comum, há certas coisas que podem ser identificadas como cultura tibetana e<br />

outras que são mais budistas. Somos nós que temos de decidir o que queremos seguir. Se quisermos<br />

aceitar certas coisas da cultura tibetana, tu<strong>do</strong> bem, porque não? Porém, não é necessário.<br />

Se conseguirmos distinguir os elementos (da cultura) tibetana <strong>do</strong> <strong>Budismo</strong> essencial, então pelo menos<br />

poderemos estar claros sobre o que estamos seguin<strong>do</strong>. Não podemos ser puristas no <strong>Budismo</strong>. Até o<br />

<strong>Budismo</strong> indiano estava de acor<strong>do</strong> com a sociedade indiana. Não podemos divorciar o <strong>Budismo</strong> da<br />

sociedade em que foi ensina<strong>do</strong>, mas podemos estar claros sobre o que é cultural e o que é vali<strong>do</strong> acerca<br />

das quatro verdades nobres, o caminho à iluminação, bodhichitta e assim por diante.<br />

Perguntas e Respostas<br />

Pergunta: Um argumento sobre a diferença entre Bon e o <strong>Budismo</strong> é que o <strong>Budismo</strong> vem de Buda, um<br />

ser inteiramente ilumina<strong>do</strong>, como também está bem <strong>do</strong>cumenta<strong>do</strong> e há uma linhagem, enquanto que o<br />

Bon não vem de um ser inteiramente ilumina<strong>do</strong>.<br />

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