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Manual do Budismo - Jardim do Dharma

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uma ênfase igual na harmonização das forças externas e na situação kármica interna.<br />

Em ambos os casos, estes pujas para a cura usam tormas, que são resquícios atenua<strong>do</strong>s <strong>do</strong>s antigos<br />

rituais de sacrifício. As tormas, feitas de farinha de cevada, moldadas na forma de pequenos animais, e<br />

usadas como bodes espiatórios, vêm indubitavelmente <strong>do</strong> Bon. São dadas aos espíritos nocivos:<br />

“Tomem isto e deixem a pessoa <strong>do</strong>ente em paz”. Toda a questão <strong>do</strong>s sacrifícios é muito interessante.<br />

Os bonpos dizem: “Nós não fizemos isso, isso era uma tradição <strong>do</strong> Tibete mais antigo”. Os budistas<br />

dizem: “Foram os bonpos, nós não fizemos isso”. Obviamente, to<strong>do</strong>s querem negar terem feito<br />

sacrifícios – porém, não há duvida que haviam sacrifícios.<br />

Milarepa menciona que estavam ocorren<strong>do</strong> no seu tempo. Até tão recentemente quanto 1974, quan<strong>do</strong><br />

Sua Santidade o Dalai Lama deu o empoderamento de Kalachakra em Bodhgaya pela primeira vez, ele<br />

falou muito fortemente às pessoas vindas das regiões fronteiriças <strong>do</strong> Tibete sobre o aban<strong>do</strong>no das<br />

práticas <strong>do</strong> sacrifício de animais.<br />

Este é algo que vem ocorren<strong>do</strong> há muito tempo. Retratos de várias deidades são usa<strong>do</strong>s em rituais <strong>do</strong><br />

bar<strong>do</strong> bonpo e também em muitos rituais <strong>do</strong> bar<strong>do</strong> budistas. Isto já vem <strong>do</strong>s rituais de enterro<br />

iranianos/bonpo onde coisas eram colocadas no túmulo com a pessoa morta.<br />

Outra coisa emprestada por Bon ao <strong>Budismo</strong> tibetano é a “teia de harmonia <strong>do</strong> espaço”, uma<br />

configuração, tipo teia de aranha, de cordas multicoloridas representan<strong>do</strong> os cinco elementos. Vem da<br />

ideia de termos de harmonizar os elementos externos antes de podermos trabalhar nos elementos ou<br />

carma interno. Uma teia é desenhada de acor<strong>do</strong> com a predição e outras coisas, e é pendurada lá fora.<br />

São chamadas às vezes agarra-espíritos, mas não é bem isso que são.<br />

Sua função é a de harmonizar os elementos e dizer aos espíritos para nos deixarem em paz. É muito<br />

tibetano. O conceito de espírito vital (bla), que se encontra no Bon e no <strong>Budismo</strong>, vem da ideia turca,<br />

da Ásia Central, de que o espírito de uma montanha.<br />

Quem governava a área em torno de certa montanha sagrada era o Khan, o governa<strong>do</strong>r <strong>do</strong>s turcos e<br />

mais tarde <strong>do</strong>s mongóis. O rei era a pessoa que representava este que ou espírito vital. Ele tinha<br />

carisma e podia governar.<br />

O espírito vital de alguém podia ser rouba<strong>do</strong> por espíritos nocivos. Todas as tradições budistas<br />

tibetanas têm pujas para enganchar de volta um espírito vital que tinha si<strong>do</strong> rouba<strong>do</strong> por espíritos<br />

nocivos. Envolvem um resgate: aqui está uma torma, dá-me de volta o meu espírito vital.<br />

Como é que sabemos que o nosso espírito vital foi rouba<strong>do</strong>?<br />

De um ponto de vista ocidental, podemos chamá-lo um esgotamento nervoso ou estresse póstraumático,<br />

onde não podemos lidar com a vida. Alguém cujo espírito vital foi rouba<strong>do</strong> é incapaz de<br />

organizar a sua vida. Este espírito vital governa a nossa vida como o Khan <strong>do</strong>mina o país. A palavra<br />

tibetana para espírito vital, “lha”, é usada na palavra lama. Um lama é alguém que tem realmente um<br />

espírito vital. “Lha” é usa<strong>do</strong> também em alguns contextos para traduzir a “bodhichitta branca”, por<br />

isso é uma força ou essência material muito forte dentro <strong>do</strong> corpo.<br />

Depois há o espírito da prosperidade. Se for forte, tu<strong>do</strong> correrá bem e seremos prósperos. A palavra<br />

tibetana é “yang” (g.yang). “Yang” também é a palavra chinesa para carneiro. No Losar, o ano novo<br />

tibetano, come-se a cabeça de um carneiro e molda-se uma cabeça de carneiro no tsampa, grão de<br />

cevada torra<strong>do</strong>. Isto representa o espírito da prosperidade. Vem claramente <strong>do</strong>s antigos rituais Bon.<br />

A ideia das bandeiras de orações também vêm <strong>do</strong> Bon. Elas vêm com as cores <strong>do</strong>s cinco elementos e<br />

são penduradas para harmonizar os elementos externos para que as coisas estejam equilibradas para<br />

que possamos fazer o trabalho interno.<br />

Muitas bandeiras de orações têm a imagem <strong>do</strong> cavalo de vento (lungta, rlung-rta), que está associa<strong>do</strong><br />

com o cavalo da fortuna. A China foi o primeiro país a desenvolver um sistema de correio, em que os<br />

carteiros andavam de cavalo. Havia certos lugares onde paravam e mudavam de cavalos. Esses cavalos<br />

<strong>do</strong>s correios eram os cavalos <strong>do</strong> vento. As palavras chinesas são as mesmas.<br />

A ideia é que a boa fortuna virá num cavalo como o carteiro traz bens, cartas, dinheiro, etc. É muito<br />

tibetano/chinês.<br />

Certos aspectos da cura Bon vieram para o <strong>Budismo</strong>, tal como borrifar água consagrada com uma<br />

pena. Em to<strong>do</strong>s os rituais de iniciação budistas, encontramos uma pena de pavão num vaso. O queimar<br />

das folhas e ramos da árvore de junípero, chamada sang em tibetano, é feito nos topos das montanhas<br />

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