Manual do Budismo - Jardim do Dharma
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chamá-los de outra forma de <strong>Budismo</strong> tibetano. Depende de como definimos uma tradição budista. A<br />
maior parte da terminologia é a mesma.<br />
O Bon fala sobre a iluminação, alcançar a iluminação, Budas, e assim por diante. Certos termos são<br />
diferentes, tal como o são os nomes de várias deidades, mas os ensinamentos fundamentais estão lá.<br />
Há algumas diferenças muito triviais, tais como circumbalar no senti<strong>do</strong> anti-horário em vez de no<br />
senti<strong>do</strong> horário. O tipo de chapéu cerimonial é diferente. As vestes <strong>do</strong>s monges são idênticas, exceto<br />
que parte da veste é azul em vez de ser vermelha ou amarela.<br />
O Bon tem uma tradição de debate, tal e qual as tradições budistas tibetanas. A tradição de debate é<br />
muito antiga, por isso, uma vez mais, podemos perguntar quem a começou. Ela estava certamente<br />
presente nos mosteiros indianos muito antes de ter apareci<strong>do</strong> no Tibete. Contu<strong>do</strong>, poderia ter chega<strong>do</strong><br />
à tradição Budista tibetana através <strong>do</strong> Bon. Por outro la<strong>do</strong>,<br />
não tem necessariamente de ser que uma a copiou da outra.<br />
O que é muito interessante é que a tradição de debate <strong>do</strong>s<br />
bonpos segue a tradição de debate Gelug muito<br />
proximamente. Muitos <strong>do</strong>s monges bonpos treinam em<br />
debate nos mosteiros Gelug e até fazem cursos de Geshe.<br />
Isso sugere que embora o Bon tenha dzogchen, a<br />
interpretação Madhyamaka está mais perto da interpretação<br />
Gelug <strong>do</strong> que da interpretação Nyingma. Senão, não<br />
poderiam participar nos debates Gelug. As similaridades entre Bon e o <strong>Budismo</strong> tibetano não são<br />
apenas em relação a Nyingma. Não é apenas um clone de Nyingma com nomes diferentes. É muito<br />
mais complexo <strong>do</strong> que isto. Bon também enfatiza as várias ciências indianas tradicionais, que eles<br />
estudam com muito maior intensidade <strong>do</strong> que nos mosteiros budistas – medicina, astrologia, métrica<br />
poética, e assim por diante. Dentro <strong>do</strong>s mosteiros budistas, estas matérias são enfatizadas muito mais<br />
em Am<strong>do</strong>, no Tibete Oriental, <strong>do</strong> que no Tibete Central.<br />
Tanto o Bon como o <strong>Budismo</strong> Tibetano possuem mosteiros e votos monásticos. É bastante interessante<br />
que embora muitos <strong>do</strong>s votos sejam os mesmos nas duas tradições, o Bon tem certos votos que<br />
esperaríamos que os budistas tivessem, mas não têm. Por exemplo, os bonpos têm um voto de serem<br />
vegetarianos. Os budistas não. A moralidade Bon é um pouco mais rigorosa <strong>do</strong> que a budista. O Bon<br />
tem um sistema de tulkus, que é o mesmo <strong>do</strong> que o <strong>do</strong>s mosteiros budistas. Têm Geshes. Têm<br />
prajnaparamita, madhyamaka, abhidharma, e todas as divisões que encontramos nos textos budistas.<br />
Parte <strong>do</strong> vocabulário e das apresentações são ligeiramente diferentes, mas a variação não é mais<br />
dramática <strong>do</strong> que aquela entre uma linhagem budista e outra. Por exemplo, o Bon tem a sua própria<br />
narrativa da criação <strong>do</strong> mun<strong>do</strong>, mas nós também encontramos uma narrativa particular em Kalachakra.<br />
Este é um retrato geral. Bon não é assim tão estranho.<br />
Cultura Tibetana e Ensinamentos Essenciais<br />
Eu penso que é importante tentarmos discernir os aspectos <strong>do</strong> budismo que foram a<strong>do</strong>ta<strong>do</strong>s <strong>do</strong> Bon,<br />
que refletem a nativa abordagem tibetana, de mo<strong>do</strong> a termos uma ideia mais clara <strong>do</strong> que é a cultura<br />
tibetana e <strong>do</strong> que é <strong>Budismo</strong> essencial. É também importante tentarmos discernir aspectos culturais <strong>do</strong>s<br />
ensinamentos Bon essenciais. Um processo de cura com quatro partes foi a<strong>do</strong>ta<strong>do</strong> por todas as<br />
tradições budistas tibetanas. Para alguém que aparece com uma <strong>do</strong>ença, a primeira coisa que se faz é<br />
jogar um MO, que é um méto<strong>do</strong> de predição. Isso vem <strong>do</strong> Bon.<br />
Em épocas antigas, não se faziam MOS com os da<strong>do</strong>s, como geralmente o fazem agora, mas com uma<br />
corda amarrada em vários nós. O MO indica se espíritos nocivos estão causan<strong>do</strong> a <strong>do</strong>ença e, se assim<br />
for, que rituais executar para fazer paz com eles. Em segun<strong>do</strong> lugar, consulta-se a astrologia para<br />
determinar o momento mais eficaz de fazer os rituais.<br />
A astrologia é feita em termos <strong>do</strong>s elementos (segun<strong>do</strong> a tradição) chinesa – terra, água, fogo, metal e<br />
madeira. Em terceiro lugar, são feitos os rituais para remover as influências nocivas externas. Depois<br />
disso, em quarto lugar, toma-se medicina.<br />
A teoria por trás <strong>do</strong>s rituais é ligeiramente diferente no <strong>Budismo</strong> e no Bon. De um ponto de vista<br />
budista, nós trabalhamos com o carma e olhamos para a situação externa como sen<strong>do</strong> basicamente uma<br />
reflexão <strong>do</strong> carma. Um ritual ou um puja ajudam a ativar potenciais kármicos positivos. O Bon coloca<br />
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