Manual do Budismo - Jardim do Dharma
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e a escuridão. Alguns eruditos russos observaram semelhanças entre os nomes persas antigos e os<br />
nomes tibetanos para vários deuses e figuras. Esta conexão iraniana é para onde estão apontan<strong>do</strong>.<br />
O que é muito único ao antigo Bon é uma ênfase na vida após a morte, especialmente no esta<strong>do</strong><br />
intermediário. Quan<strong>do</strong> os reis morriam, iam para uma vida após a morte. Porque precisavam de coisas<br />
para a sua viagem, havia sacrifício de animais, e possivelmente até sacrifícios humanos, embora isso<br />
seja discutível. Certamente, enterravam retratos, alimentos e todas as coisas que uma pessoa<br />
necessitaria na sua viagem após a morte. É bastante interessante reparar que o <strong>Budismo</strong> tibetano<br />
a<strong>do</strong>tou esta ênfase no esta<strong>do</strong> entre vidas. No <strong>Budismo</strong> indiano há menção <strong>do</strong> bar<strong>do</strong>, mas ele recebe<br />
uma ênfase muito pequena, enquanto que há muitos rituais de bar<strong>do</strong> e assim por diante no budismo<br />
tibetano. Também podemos encontrar uma ênfase na preparação para a vida após a morte na antiga<br />
cultura persa.<br />
O único aspecto <strong>do</strong> antigo Bon de que podemos falar com confiança é a prática de rituais de enterro, e<br />
o que é encontra<strong>do</strong> nos túmulos mostra essa crença na vida após a morte. To<strong>do</strong> o resto é apenas<br />
especulação. Podemos ainda ver os túmulos <strong>do</strong>s reis antigos.<br />
A influência de Zhang-zhung chegou à área Yarlung <strong>do</strong> Tibete Central e durou desde os tempos mais<br />
antigos até a fundação <strong>do</strong> primeiro império tibetano por Songsten-gampo. Ele criou alianças casan<strong>do</strong><br />
com princesas de países diferentes. To<strong>do</strong>s sabem que casou com uma princesa da China e outra <strong>do</strong><br />
Nepal. Contu<strong>do</strong>, ele também se casou com uma princesa de Zhang-zhung. Por conseguinte, este<br />
primeiro impera<strong>do</strong>r tibetano foi influencia<strong>do</strong> por cada uma destas culturas. Os ensinamentos<br />
completos <strong>do</strong> <strong>Budismo</strong> não chegaram ao Tibete durante este perío<strong>do</strong> mais antigo, e a sua influência foi<br />
na verdade muito pequena. No entanto, o impera<strong>do</strong>r construiu templos budistas em vários “pontospoder”.<br />
O Tibete era visto como um demônio deita<strong>do</strong> de costas, e acreditava-se que a construção de<br />
templos em vários pontos de acupuntura iria subjugar as forças selvagens. Ver as coisas em termos de<br />
pontos de acupuntura, subjugar demônios e assim por diante é uma coisa muito chinesa. Esta era a<br />
forma de <strong>Budismo</strong> presente no Tibete naquela época. Aqui, o que é relevante é que o impera<strong>do</strong>r<br />
Songtsen-gampo, apesar da sua a<strong>do</strong>ção <strong>do</strong> <strong>Budismo</strong>, manteve os rituais Bon de enterro que eram<br />
pratica<strong>do</strong>s em Yarlung antes dele. Isto foi obviamente reforça<strong>do</strong> pela sua [esposa] rainha de Zhangzhung.<br />
Assim, os rituais de enterro, com os sacrifícios e assim por diante, continuaram neste primeiro<br />
perío<strong>do</strong> budista.<br />
O Exílio <strong>do</strong>s Bonpos<br />
Por volta de 760, o impera<strong>do</strong>r Songdetsen convi<strong>do</strong>u Guru Rinpoche, Padmasambhava, da India.<br />
Construíram o primeiro mosteiro, Samyay, e começaram uma tradição monástica. Em Samyay, tinham<br />
um departamento de tradução para traduzir textos não só das línguas indiana e chinesa, como também<br />
da de Zhang-zhung, que pelos vistos já era uma língua escrita nessa época. Há <strong>do</strong>is sistemas tibetanos<br />
de escrita. O sistema impresso é aquele que o impera<strong>do</strong>r Songtsen-gampo obteve de Khotan. De<br />
acor<strong>do</strong> com a pesquisa de alguns grandes eruditos, Zhang-zhung teve um sistema de escrita mais<br />
antigo, que era a base para a forma <strong>do</strong> tibetano escrito à mão. Em Samyay, estavam traduzin<strong>do</strong> textos<br />
Bon, supostamente sobre enterros e assim por diante, da língua de Zhang-zhung em sua própria escrita,<br />
para o tibetano.<br />
Em Samyay, houve o famoso debate entre o budismo indiano e chinês; a seguir um conselho religioso<br />
foi estabeleci<strong>do</strong> e, em 779, o <strong>Budismo</strong> foi declara<strong>do</strong> à religião estatal <strong>do</strong> Tibete. Estiveram envolvidas,<br />
sem dúvida, muitas considerações políticas. Pouco depois, em 784, houve uma perseguição à facção<br />
Bon. É aqui que toda a hostilidade começa. É importante analisar isto. O que se estava realmente se<br />
passan<strong>do</strong>?<br />
Dentro da corte imperial havia uma facção pró-China, uma facção pró-India e uma facção nativa<br />
xenófoba ultra-conserva<strong>do</strong>ra. O pai <strong>do</strong> impera<strong>do</strong>r Tri Songdetsen tinha casa<strong>do</strong> uma rainha chinesa que<br />
tinha muita influência e conseqüentemente o pai tinha si<strong>do</strong> pró-Chinês em muitos assuntos políticos.<br />
A facção conserva<strong>do</strong>ra tinha assassina<strong>do</strong> o pai. Eu penso que esta é uma das razões por que os<br />
chineses perderam o debate. Não havia maneira de conseguirem ganhar um debate. Os chineses não<br />
tinham a tradição <strong>do</strong> debate e foram postos contra o melhor debate<strong>do</strong>r da India.<br />
Não tinham uma língua em comum, por isso em que língua debateram? Tu<strong>do</strong> estava sen<strong>do</strong> traduzi<strong>do</strong>.<br />
Obviamente, foi uma estratégia política para se livrarem da facção chinesa. Por causa <strong>do</strong>s chineses, o<br />
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