Manual do Budismo - Jardim do Dharma

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Assim, avançando passo a passo, tanto o ouvido como seu objeto cessaram, porém eu não fiquei quieto ali onde terminavam. Quando percebi que as duas coisas eram fictícias, sujeito e objeto se misturaram no vazio e a consciência de esse vazio o envolveu tudo. Assim quando criação e aniquilamento se desvaneceram se manifestou o estado do nirvana. Subitamente saltei sobre o mundano e o supramundano e percebi um brilho que o atingia tudo nas dez direções e adquiri os méritos insuperáveis. O primeiro estava de acordo com a mente Iluminada fundamental dos Budas, das dez direções, e possuía o mesmo poder misericordioso que o Tathagata. O segundo estava em empatia com todos os seres vivos dos seis reinos e compartia com eles a mesma compaixão. Oh venerado do mundo, quando eu assistia e oferecia oferendas ao Tathagata Avalokiteswara este me ensinou a usar o ouvir ilusório para desenvolver o ouvido absoluto para conseguir o Samadhi do diamante que era o mesmo que o de todos os Budas e me capacitava para transformar-me em trinta e duas formas corpóreas para visitar todos os países do samsara a fim de salvar a todos os seres. E como agora Buda me pergunta pelo melhor meio de perfeição, de acordo com minha experiência falo que o melhor consiste em empregar o órgão do ouvido para conseguir a concentração universal e para facilitar a mente condicionada sua entrada na corrente da meditação, conseguindo com isso o estado de Samadhi. E então Honorável personagem, aquele Buda elogiou minha habilidosa realização da iluminação Completa e em presencia de sua assembleia mediu o nome de Avalokiteswara a causa de minha habilidade de ouvir perfeitamente nas dez direções. Então o Tathagata falou para Manjursi: “Filho do Rei do Dharma, estes vinte e cinco Bodhisatwas e Arhats não precisam mais estudos ou doutrinas, tem relatado seus métodos que tem usado como inicio de seus autocultivos para realizar o despertar. Na realidade cada um desses métodos não difere do outro nem é superior nem inferior aos outros. Fala qual deles é conveniente a Ananda para que possa despertar-lhe e qual fácil de obter para beneficiar aos seres vivos que, após meu Nirvana, desejarem praticar com o veiculo Bodhisatwa na sua busqueda do Bodhi Supremo”. Obedecendo a ordem, Manjushiri se levantou de seu assento, postrou-se diante de Buda e tocando os pés com sua cabeça exclamou: “Perfeito e claro por natureza é o oceano Bodhi, o Bodhi puro e sem mancha, é em essência maravilhoso. Resplandecia seu brilho fundamental, criando assim, por casualidade um objeto que logo obscureceu sua natureza radiante. Assim, no engano, apareceu uma vacuidade unilateral na que o mundo imaginário foi construído arbitrariamente. O processo pensante,tornando-se robusto e forte, fez os continentes, no entanto o ilusório conhecedor se transformou num ser vivo. A vacuidade assim criada no seio de Bodhi é uma borbulha no oceano. Países mundanos incontáveis como o pó, levantaram-se desta relativa vacuidade. Quando a borbulha estala, a irrealidade do vazio colocasse em evidência, quanto mais não se porá a dos três reinos? Ainda que todos voltem à Natureza Uma, à fonte, há vários métodos dispostos para este fim, ainda que a sacra natureza o invada tudo, servem métodos diretos ou inversos. De aqui, as mentes novamente iniciadas, de diferentes atitudes tem que entrar, depressa ou devagar, no Samadhi. A forma que cristaliza nascida do pensamento é demasiado difícil penetrá-la com o olhar. Como pode conseguir a perfeição através desta forma impenetrável? Som, voz, palavra e discurso estão confinados a sua definição específica, que por si mesma não é onipresente, como poderão ajudar a conseguir a perfeição? O cheiro, percebido quando está em contato com o nariz, sem este contato é inexistente, como pode isso, que não sempre está presente ser um médio para lograr a perfeição? 100

O Sabor não existe tampouco por si mesmo, senão que se percebe quando está presente o gosto, já que o sentido do gosto sempre varia, como poderá levar à perfeição? O tacto existe quando existe um objeto tocado, sem um objeto não há tato. Já que o contato e sua ausência não são constantes, como pode o tacto ajudar a lograr a perfeição? O Dharma chama-se mácula interior, apoiar-se nele implica num objeto, já que, sujeito e objeto não são onicompreensivos, como poderá o Dharma conduzir a perfeição? O órgão da vista ainda que perceba claramente, vê o que tem diante, porém não o que tem por detrás. Como pode esta visão parcial dos quatro quadrantes ajudar a perfeição? Na respiração, o inspirar e o expirar não têm laço algum que os relacione, como podem assim desconectados, ser usados para levar a perfeição? A língua é inútil se não toca nada. Quando o sabor está presente, existe o gosto que, ao pouco tempo, se o sabor está ausente se desvanece, como poderá isso levar à perfeição? O corpo deve ser condicionado para o objeto que toca, não podem ser usados ambos para a meditação onicompreensiva, que está mais além dos limites de sujeito e objeto, como pode servir para atingir a perfeição? O tumulto do pensamento na mente, perturba a serenidade da percepção pela mesma mente. Como estes pensamentos são muito difíceis de desarraigar, como pode o intelecto servir para conseguir a perfeição? A união da consciência com o olho e a vista tem três componentes que não estão estatuídos. Como pode o que está desprovido de substancia usar-se como meio de lograr a perfeição? A mente auditiva que penetra no espaço, necessita de uma grande causa para seu desenvolvimento, porem os homens que não estão adestrados não podem consegui-lo, como pode ajudar isto a lograr a perfeição? A meditação sobre o nariz é somente uma forma para controlar a mente e fixar-la num momento. Porém uma permanência equivocada pode criar uma morada ilusória. Como se pode utilizar isto para atingir a perfeição? Predicar o Dharma põe em jogo voz e palavras, porém acordamos já muito tempo durante esta prática, pois palavras e discursos nunca vão mais além da corrente deste mundo. Como pode ser isso um meio para atingir a perfeição? A observação das normas da disciplina controla o corpo, porém jamais aquilo que está além dele. Já que o controle do corpo não é onicomprensivo, como poderá servir para conseguir a perfeição? Os poderes transcendentais vêm de uma causa anterior, como vão derivar da consciência discriminante? Posto que o pensamento não pode apartar-se do externo, como pode servir para lograr a perfeição? Se um elemento de terra é usado para a contemplação, pertencendo ao mundo lhe falta espiritualidade, como pode ser empregado para atingir a perfeição? Se a meditação se faz sobre o elemento água, os pensamentos que surgem então não têm realidade, além do sentir e do olhar, está o absoluto, como pode então a água ajudar a atingir a perfeição? Se para meditar empregamos o elemento fogo, o desafeto ao desejo não é uma renunciarão completa, não é expediente para mentes recém iniciadas. Como o fogo poderá ser um meio para atingir a perfeição? Se a meditação e sobre o vento, movimento e quietude são falsa dualidade da qual não pode se desenvolver o supremo Bodhi, como poderá o vento nos servir para atingir a perfeição?. Se o elemento espaço se usa para a meditação, sua escuridão não pode ser iluminação o não iluminado difere muito de Bodhi. Como poderá o elemento do espaço ajudar a atingir a perfeição? E se meditas sobre o elemento da consciência, olhareis que muda, que não é permanente. Se a mente afixada nisso é falsa, como pode esse elemento ajudar a lograr a perfeição? Os fenômenos são também transitórios, o pensar originariamente vá e vem. Como a causa sempre difere do efeito, como pode este sentido conseguir a perfeição? Eu agora falo ao Honorável do Mundo, que todos os Budas deste mundo escaparam seguindo este ensinamento aqui mais conveniente que consiste em sublimar o som. O estado de Samadhi pode ser conseguido por meio do Som. Assim ganhou sua autoliberação Avalokiteswara Bodhisatwa liberandose do sofrimento. 101

Assim, avançan<strong>do</strong> passo a passo, tanto o ouvi<strong>do</strong> como seu objeto cessaram, porém eu não fiquei quieto<br />

ali onde terminavam. Quan<strong>do</strong> percebi que as duas coisas eram fictícias, sujeito e objeto se misturaram<br />

no vazio e a consciência de esse vazio o envolveu tu<strong>do</strong>.<br />

Assim quan<strong>do</strong> criação e aniquilamento se desvaneceram se manifestou o esta<strong>do</strong> <strong>do</strong> nirvana.<br />

Subitamente saltei sobre o mundano e o supramundano e percebi um brilho que o atingia tu<strong>do</strong> nas dez<br />

direções e adquiri os méritos insuperáveis.<br />

O primeiro estava de acor<strong>do</strong> com a mente Iluminada fundamental <strong>do</strong>s Budas, das dez direções, e<br />

possuía o mesmo poder misericordioso que o Tathagata.<br />

O segun<strong>do</strong> estava em empatia com to<strong>do</strong>s os seres vivos <strong>do</strong>s seis reinos e compartia com eles a mesma<br />

compaixão.<br />

Oh venera<strong>do</strong> <strong>do</strong> mun<strong>do</strong>, quan<strong>do</strong> eu assistia e oferecia oferendas ao Tathagata Avalokiteswara este me<br />

ensinou a usar o ouvir ilusório para desenvolver o ouvi<strong>do</strong> absoluto para conseguir o Samadhi <strong>do</strong><br />

diamante que era o mesmo que o de to<strong>do</strong>s os Budas e me capacitava para transformar-me em trinta e<br />

duas formas corpóreas para visitar to<strong>do</strong>s os países <strong>do</strong> samsara a fim de salvar a to<strong>do</strong>s os seres.<br />

E como agora Buda me pergunta pelo melhor meio de perfeição, de acor<strong>do</strong> com minha experiência<br />

falo que o melhor consiste em empregar o órgão <strong>do</strong> ouvi<strong>do</strong> para conseguir a concentração universal e<br />

para facilitar a mente condicionada sua entrada na corrente da meditação, conseguin<strong>do</strong> com isso o<br />

esta<strong>do</strong> de Samadhi.<br />

E então Honorável personagem, aquele Buda elogiou minha habili<strong>do</strong>sa realização da iluminação<br />

Completa e em presencia de sua assembleia mediu o nome de Avalokiteswara a causa de minha<br />

habilidade de ouvir perfeitamente nas dez direções.<br />

Então o Tathagata falou para Manjursi: “Filho <strong>do</strong> Rei <strong>do</strong> <strong>Dharma</strong>, estes vinte e cinco Bodhisatwas<br />

e Arhats não precisam mais estu<strong>do</strong>s ou <strong>do</strong>utrinas, tem relata<strong>do</strong> seus méto<strong>do</strong>s que tem usa<strong>do</strong> como<br />

inicio de seus autocultivos para realizar o despertar. Na realidade cada um desses méto<strong>do</strong>s não difere<br />

<strong>do</strong> outro nem é superior nem inferior aos outros. Fala qual deles é conveniente a Ananda para que<br />

possa despertar-lhe e qual fácil de obter para beneficiar aos seres vivos que, após meu Nirvana,<br />

desejarem praticar com o veiculo Bodhisatwa na sua busqueda <strong>do</strong> Bodhi Supremo”.<br />

Obedecen<strong>do</strong> a ordem, Manjushiri se levantou de seu assento, postrou-se diante de Buda e tocan<strong>do</strong> os<br />

pés com sua cabeça exclamou:<br />

“Perfeito e claro por natureza é o oceano Bodhi, o Bodhi puro e sem mancha, é em essência<br />

maravilhoso.<br />

Resplandecia seu brilho fundamental, crian<strong>do</strong> assim, por casualidade um objeto que logo obscureceu<br />

sua natureza radiante.<br />

Assim, no engano, apareceu uma vacuidade unilateral na que o mun<strong>do</strong> imaginário foi construí<strong>do</strong><br />

arbitrariamente. O processo pensante,tornan<strong>do</strong>-se robusto e forte, fez os continentes, no entanto o<br />

ilusório conhece<strong>do</strong>r se transformou num ser vivo.<br />

A vacuidade assim criada no seio de Bodhi é uma borbulha no oceano. Países mundanos incontáveis<br />

como o pó, levantaram-se desta relativa vacuidade.<br />

Quan<strong>do</strong> a borbulha estala, a irrealidade <strong>do</strong> vazio colocasse em evidência, quanto mais não se porá a<br />

<strong>do</strong>s três reinos?<br />

Ainda que to<strong>do</strong>s voltem à Natureza Uma, à fonte, há vários méto<strong>do</strong>s dispostos para este fim, ainda que<br />

a sacra natureza o invada tu<strong>do</strong>, servem méto<strong>do</strong>s diretos ou inversos.<br />

De aqui, as mentes novamente iniciadas, de diferentes atitudes tem que entrar, depressa ou devagar, no<br />

Samadhi.<br />

A forma que cristaliza nascida <strong>do</strong> pensamento é demasia<strong>do</strong> difícil penetrá-la com o olhar.<br />

Como pode conseguir a perfeição através desta forma impenetrável?<br />

Som, voz, palavra e discurso estão confina<strong>do</strong>s a sua definição específica, que por si mesma não é<br />

onipresente, como poderão ajudar a conseguir a perfeição?<br />

O cheiro, percebi<strong>do</strong> quan<strong>do</strong> está em contato com o nariz, sem este contato é inexistente, como pode<br />

isso, que não sempre está presente ser um médio para lograr a perfeição?<br />

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