Marley & Eu

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18.04.2013 Views

— O que, agora? — gritei. Eu estava preso. Não conseguia puxá-lo de volta para dentro do carro. Não conseguia abrir a porta. Não conseguia passar meu outro braço para fora. E não ousava soltá-lo senão ele iria passar por um dos motoristas enfurecidos atrás de nós. Eu me segurei, pressionando meu rosto contra o vidro, a poucos centímetros de seus escrotos balançantes. Jenny ligou o pisca-pisca e deu a volta, agarrando-o e segurando-o pela coleira até eu conseguir sair e ajudá-la a colocá-lo de volta dentro do carro. Nosso pequeno incidente havia se desenrolado em frente a um posto de gasolina e quando Jenny partiu com o carro, olhei para trás e vi que os frentistas haviam se juntado para assistir ao espetáculo. Achei que eles iriam se mijar de tanto rir. — Obrigado, rapazes! — gritei. — Estamos muito felizes de tê- los entretido! Quando chegamos à clínica, conduzi Marley com rédea curta, para prevenir qualquer outra escapada. Eu não me sentia mais culpado, minha decisão resolveu-se. ele. — Você não vai se livrar desta, Sr. Eunuco — resmunguei para Ele estava arfando e bufando, puxando a guia para farejar todos os animais que encontrava pelo caminho. Na sala de espera, conseguiu apavorar um casal de gatos e derrubar uma mesinha cheia de panfletos. Entreguei-o à assistente do Dr. Jay e disse: — Dê-lhe o que ele precisa. A noite, quando fui buscá-lo, Marley era outro cão. Estava dolorido por causa da cirurgia e se movia lentamente. Seus olhos estavam avermelhados e abatidos por causa da anestesia, e ele ainda se sentia meio grogue. E onde aquelas magníficas jóias da coroa balançavam-se tão orgulhosas não havia mais... nada. Apenas um pequeno pedaço enrugado de tecido. A linhagem irrepreensível de Marley havia sido permanentemente exterminada.

Capítulo 10 A sorte dos irlandeses Nossas vidas eram definidas cada vez mais pelo trabalho. O trabalho nos jornais. O trabalho em casa. O trabalho no jardim. O trabalho para engravidar. E, praticamente uma dedicação em período integral, o trabalho cuidando de Marley. De muitos modos, ele era como uma criança, requerendo o tempo e a atenção que uma criança exige, e sentíamos um pouco da responsabilidade que nos esperava se acabássemos por aumentar a família. Mas só até certo ponto. Mesmo sendo marinheiros de primeira viagem como futuros pais, sabíamos que não poderíamos prender nossos filhos na garagem com uma vasilha de água ao sair para trabalhar. Ainda não tínhamos completado dois anos de casamento e já sentíamos o peso da vida responsável e amadurecida de casados. Precisávamos relaxar. Precisávamos de férias, apenas nós dois, longe das obrigações do dia-a-dia. Surpreendi Jenny uma noite trazendo duas passagens aéreas para a Irlanda. Iríamos viajar por três semanas. Não faríamos nenhum intinerário, nem passeios com agentes de turismo, nem teríamos obrigação de visitar os lugares. Apenas alugaríamos um carro, teríamos um mapa da estrada e um guia turístico de albergues para dormir pelo caminho. Apenas segurar as passagens nas mãos já elevou o nosso espírito.

Capítulo 10<br />

A sorte dos irlandeses<br />

Nossas vidas eram definidas cada vez mais pelo trabalho. O<br />

trabalho nos jornais. O trabalho em casa. O trabalho no jardim. O<br />

trabalho para engravidar. E, praticamente uma dedicação em período<br />

integral, o trabalho cuidando de <strong>Marley</strong>. De muitos modos, ele era<br />

como uma criança, requerendo o tempo e a atenção que uma criança<br />

exige, e sentíamos um pouco da responsabilidade que nos esperava se<br />

acabássemos por aumentar a família. Mas só até certo ponto. Mesmo<br />

sendo marinheiros de primeira viagem como futuros pais, sabíamos<br />

que não poderíamos prender nossos filhos na garagem com uma vasilha<br />

de água ao sair para trabalhar.<br />

Ainda não tínhamos completado dois anos de casamento e já<br />

sentíamos o peso da vida responsável e amadurecida de casados.<br />

Precisávamos relaxar. Precisávamos de férias, apenas nós dois, longe<br />

das obrigações do dia-a-dia. Surpreendi Jenny uma noite trazendo<br />

duas passagens aéreas para a Irlanda. Iríamos viajar por três<br />

semanas. Não faríamos nenhum intinerário, nem passeios com agentes<br />

de turismo, nem teríamos obrigação de visitar os lugares. Apenas<br />

alugaríamos um carro, teríamos um mapa da estrada e um guia<br />

turístico de albergues para dormir pelo caminho. Apenas segurar as<br />

passagens nas mãos já elevou o nosso espírito.

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