Marley & Eu

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18.04.2013 Views

Marley se contorcia de emoção. O objeto estranho e brilhante em torno do seu pescoço tinha tomado sua atenção. — Um... Dois... Três! — Marley, junto! — ordenei. Assim que dei o primeiro passo, ele disparou como um jato de carreira. Puxei a guia com força e ele tossiu alto assim que o enforcador apertou sua garganta. Ele recuou por um momento, mas assim que a corrente afrouxou, ele se esqueceu do momento de sufocação, anulando a lição que fora ensinada. Ele avançou novamente. Puxei a guia de novo e mais uma vez ele sufocou. Continuamos assim por toda a extensão do estacionamento. Marley arremetendo à frente, eu puxando-o para trás, cada vez com mais força. Ele tossia e arfava; eu gemia e suava. — Controle seu cachorro! — a Sra. Dominatrix gritava. Eu tentava, com todas as minhas forças, mas ele não estava aprendendo a lição, e eu temi que Marley acabaria sendo estrangulado antes de perceber o que deveria fazer. Enquanto isso, os outros cães caminhavam ao lado de seus donos, atendendo a correções menores como a Sra. Dominatrix disse que eles fariam. — Pelo amor de Deus, Marley — eu sussurrei. — O orgulho de nossa família está em jogo aqui! A instrutora fez a turma formar mais uma fila e tentar outra vez. Nova-mente, Marley atravessou a pista arremetendo como um maníaco, olhos esbugalhados, estrangulando-se ao longo do caminho. Na outra ponta, a Sra. Dominatrix apresentou-nos para a turma como um exemplo de como não se deveria fazer um cão ficar junto. — Aqui — ela disse, sem paciência, estendendo a mão. — Deixe- me mostrar a você. Eu lhe passei a guia e ela, de modo ultra-eficaz, conduziu Marley à posição correta, puxando o enforcador ao lhe dar a ordem para se sentar. Ele se sentou nas patas traseiras, olhando para ela, ansioso. Maldito. Com uma puxada rápida da guia, a Sra. Dominatrix saiu andando com ele. Mas quase instantaneamente ele disparou à frente, como se estivesse puxando o trenó de Papai Noel. A instrutora corrigiu-o com

firmeza, tirando seu equilíbrio. Ele tropeçou, engasgou, e lançou-se à frente de novo. Parecia que iria arrancar o braço dela fora. Eu deveria estar envergonhado, mas senti uma estranha sensação de prazer que vem junto com a vingança. Ela não estava fazendo melhor do que eu. Meus colegas tentavam segurar o riso, e eu me refestelava, um pouco orgulhoso: Vêem? Meu cachorro é ruim com qualquer pessoa, não somente comigo! Agora que eu não era mais o único que tinha sido feito de bobo, eu precisava admitir, a cena era um bocado hilária. Ao chegar ao fim do estacionamento, eles viraram e retornaram claudicando em nossa direção; a Sra. Dominatrix com a cara fechada de raiva, e Marley mais feliz impossível. Ela puxou a guia com fúria e Marley, babando até não poder mais, puxava de volta com ainda mais força, visivelmente adorando esse novo e excelente cabo-de-guerra que a professora resolveu jogar. Quando me viu, pisou fundo. Com um novo impulso de adrenalina quase que sobrenatural, avançou em minha direção, forçando-a a correr para não ser arrastada o resto do caminho. Marley só parou ao se jogar em cima de mim com sua costumeira alegria esfuziante. A Sra. Dominatrix me fulminou com o olhar como se eu tivesse cruzado uma linha invisível sem retorno. Marley debochara de tudo que ela ensinara sobre cachorros e disciplina: ele a havia humilhado publicamente. Ela me devolveu a guia e virou-se para a turma como se o pequeno e infeliz incidente não tivesse acontecido, e disse: — Muito bem, turma, quando eu contar três... Quando a aula terminou, ela me perguntou se eu poderia ficar um pouco mais. Esperei com Marley, enquanto ela respondia pacientemente às perguntas dos outros alunos da turma. Depois que o ultimo saiu, ela se virou para mim e, num tom de voz conciliatório totalmente inédito para mim, disse: adestrado. — Acho que seu cachorro ainda está muito novo para ser — Ele é um problema, não é? — repliquei, sentindo um pouco de

<strong>Marley</strong> se contorcia de emoção. O objeto estranho e brilhante em<br />

torno do seu pescoço tinha tomado sua atenção.<br />

— Um... Dois... Três!<br />

— <strong>Marley</strong>, junto! — ordenei.<br />

Assim que dei o primeiro passo, ele disparou como um jato de<br />

carreira. Puxei a guia com força e ele tossiu alto assim que o enforcador<br />

apertou sua garganta. Ele recuou por um momento, mas assim que a<br />

corrente afrouxou, ele se esqueceu do momento de sufocação, anulando<br />

a lição que fora ensinada. Ele avançou novamente. Puxei a guia de novo<br />

e mais uma vez ele sufocou. Continuamos assim por toda a extensão do<br />

estacionamento. <strong>Marley</strong> arremetendo à frente, eu puxando-o para trás,<br />

cada vez com mais força. Ele tossia e arfava; eu gemia e suava.<br />

— Controle seu cachorro! — a Sra. Dominatrix gritava.<br />

<strong>Eu</strong> tentava, com todas as minhas forças, mas ele não estava<br />

aprendendo a lição, e eu temi que <strong>Marley</strong> acabaria sendo estrangulado antes<br />

de perceber o que deveria fazer. Enquanto isso, os outros cães caminhavam<br />

ao lado de seus donos, atendendo a correções menores como a Sra.<br />

Dominatrix disse que eles fariam.<br />

— Pelo amor de Deus, <strong>Marley</strong> — eu sussurrei. — O orgulho de<br />

nossa família está em jogo aqui!<br />

A instrutora fez a turma formar mais uma fila e tentar outra vez.<br />

Nova-mente, <strong>Marley</strong> atravessou a pista arremetendo como um maníaco,<br />

olhos esbugalhados, estrangulando-se ao longo do caminho. Na outra<br />

ponta, a Sra. Dominatrix apresentou-nos para a turma como um<br />

exemplo de como não se deveria fazer um cão ficar junto.<br />

— Aqui — ela disse, sem paciência, estendendo a mão. — Deixe-<br />

me mostrar a você.<br />

<strong>Eu</strong> lhe passei a guia e ela, de modo ultra-eficaz, conduziu <strong>Marley</strong> à<br />

posição correta, puxando o enforcador ao lhe dar a ordem para se sentar.<br />

Ele se sentou nas patas traseiras, olhando para ela, ansioso. Maldito.<br />

Com uma puxada rápida da guia, a Sra. Dominatrix saiu andando<br />

com ele. Mas quase instantaneamente ele disparou à frente, como se<br />

estivesse puxando o trenó de Papai Noel. A instrutora corrigiu-o com

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